Buscar

O CRIME DE TERRORISMO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO - TCC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

20
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAZONAS
CURSO DE DIREITO
ARTIGO CIENTÍFICO
O CRIME DE TERRORISMO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO
IVENA MARINA LEITE GUIMARÃES
MANAUS (AM)
2017
IVENA MARINA LEITE GUIMARÃES
O CRIME DE TERRORISMO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO
Artigo científico apresentado como exigência da disciplina Trabalho Curso II para obtenção do grau de Bacharel no curso de Direito do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas – CIESA, sob a orientação do Prof. MSc. Sebastião Ricardo Braga Braz.
MANAUS (AM)
2017
	Guimarães, Ivena Marina Leite.
O crime de terrorismo no sistema penal brasileiro. / Ivena Marina Leite Guimarães. – Manaus: CIESA, 2017.
 33 f. ; 27 cm.
Artigo Científico (Graduação) apresentado ao Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas - CIESA, Curso de Direito, 2017.
 Orientador(a): Sebastião Ricardo Braga Braz.
1. Direito penal. 2. Processo penal. 3. Terrorismo. 4. Lei antiterrorismo. 5. Crimes hediondos. I. Título. 	 
 CDD 340
FOLHA DE APROVAÇÃO
	Artigo científico exigido como Trabalho de Curso obrigatório para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito do Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas – CIESA.
Título do Artigo: 
O CRIME DE TERRORISMO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO
 
 Autor: 
 IVENA MARINA LEITE GUIMARÃES 
	BANCA EXAMINADORA:
Presidente e Orientador: ______________________________________
	 Prof. MSc. Sebastião Ricardo Braga Braz 
Professor Convidado: ______________________________________
Professor Indicado: _______________________________________
Manaus (AM),_____ de _______________ de 2017.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por todo apoio prestado com tanto carinho e amor, por acreditarem e investirem em mim.
À minha avó, pelo incentivo e amor incondicional.
Ao Leonardo Félix, meu amor, por toda compreensão, companheirismo e por sempre estar ao meu lado.
Aos meus melhores amigos Caroline Godinho, Felipe Araújo e Samya Falcão, por todo suporte nos momentos em que mais precisei e pelos incontáveis anos de amizade.
A todos os amigos que adquiri nesse caminho, Andressa Macedo, Ederson Carlem, Gabriel Neto, José Augusto Prazeres, Lorena Benarrós, Luiz Alberto Vasconcelos e Rodrigo Santos, que de diversas formas fizeram com que essa jornada fosse mais leve.
Ao meu orientador, MSc. Ricardo Braz, pela dedicação, paciência e por todos os ensinamentos que foram compartilhados ao longo desses anos.
“A persistência é o caminho do êxito.“ Charles Chaplin
O CRIME DE TERRORISMO NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO
RESUMO
Este artigo refere-se ao Crime de Terrorismo no Sistema Penal Brasileiro e tem como objetivo analisar o conceito e a regulamentação do ato delituoso, destacando o posicionamento da Constituição Federal de 1988, da recente Lei Antiterrorismo e seu enquadramento penal. Deste modo, o trabalho tem como finalidade o estudo da prática terrorista e seu recente questionamento no âmbito judiciário brasileiro. O método de abordagem será dedutivo, o método de procedimento será descritivo e a técnica de pesquisa utilizada será de documentação indireta. No mais, conclui-se a importância de uma legislação específica e completa para tratar da supracitada temática. 
Palavras-chave: terrorismo; processo penal; lei antiterrorismo; direito penal; crimes hediondos.
THE CRIME OF TERRORISM IN THE BRAZILIAN CRIMINAL SYSTEM
ABSTRACT
This article refers to the Crime of Terrorism in the Brazilian Penal System and aims to analyze the concept and regulation of the criminal act, highlighting the position of the Federal Constitution of 1988, the recent Anti-Terrorism Law and its criminal framework. In this way, the work has as purpose the study of the terrorist practice and its recent questioning in the Brazilian judiciary. The method of approach will be deductive, the procedure method will be descriptive and the research technique used will be indirect documentation. Moreover, the importance of specific and comprehensive legislation to address the above-mentioned subject is concluded.
Keywords: terrorism; criminal proceedings; Anti-terrorism law; Criminal law; heinous crimes.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................8
1 TERRORISMO.......................................................................................9
1.1 Etimologia.........................................................................................11
1.2. O terrorismo no cenário nacional......................................................12
2. PREVISÃO LEGAL DO TERRORISMO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO........................................................................15
2.1. Constituição Federal.........................................................................15
2.2. Lei de Segurança Nacional...............................................................17
2.3. Lei de Crimes Hediondos..................................................................18
2.4. Lei Antiterrorismo.............................................................................19
3 TIPIFICAÇÃO DA CONDUTA DE TERRORISMO ANTES DA LEI ANTITERROR........................................................................................21
3.1 O crime de terrorismo........................................................................24
3.2. A importância da problemática da Lei Antiterrorismo no Brasil.........28
CONCLUSÃO.........................................................................................31
REFERÊNCIAS .....................................................................................33
INTRODUÇÃO
Dentre os diversos temas debatidos no ordenamento jurídico brasileiro, no cenário do Direito Penal, encontrava-se oculto em meio diversas lacunas, o terrorismo. Seu estudo é recente no âmbito judiciário de nosso país, embora a conduta em si esteja presente nas sociedades desde as civilizações mais antigas. Posto isso, o presente artigo abordará pontos indispensáveis e esclarecedores acerca da temática, trazendo informações e confrontando ideias.
No primeiro item será abordado o fenômeno do terrorismo, acompanhado pela sua etimologia e sua incidência no cenário nacional, uma vez que a temática é abrangente e requer um estudo mais específico acerca de sua definição.
Em seguida, no item posterior será discutida a previsão legal da prática terrorista dentro da sistemática penal brasileira, analisando o que predispõe a Constituição Federal de 1988 e incluindo também os dispositivos normativas infralegais, tais como, a Lei de Segurança Nacional, a Lei de Crimes Hediondos e a recente Lei Antiterror, 
Por fim, o terceiro item tratará sobre a tipificação da conduta de terrorismo anterior à Lei nº 13.260/2016, isto é, qual definição era adotada e como as legislações existentes na época contribuíam para a tentativa de preenchimento da lacuna jurídica até então existente. No mais, também será dissertado quanto ao próprio crime de terrorismo, percorrendo principalmente suas classificações e evidenciando quais são seus atos. 
Ademais, será abordada a importância da legislação específica para tratar sobre o tema e a problemática advinda com a aprovação da Lei Antiterrorismo, razão pela qual o assunto torna-se mais relevante e significativo no ramo do Direito Penal brasileiro. 
Ressalta-se que, este artigo visa o aclaramento de forma didática e direta, razão pela qual, para alcançar seu fim, o mesmo fora elaborado conforme o método de abordagem dedutivo, procedimento descritivo e por meio de documentação indireta.De resto, será possível identificar o funcionamento da Magna Carta juntamente com a legislação específica no combate a um delito até pouco tempo impreciso, além dos oportunos posicionamentos jurídicos de doutrinadores e aplicadores do Direito.
1 TERRORISMO
O terrorismo é um fenômeno histórico existente desde os primórdios. Em linhas gerais, pode ser caracterizado como a propagação de atos que provocam terror, com intuito de atingir determinada finalidade, seja esta, geralmente, política ou ideológica.
De acordo com Fragoso (1981, p.13): 
O ato de terrorismo pode ser considerado como a conduta coercitiva individual ou coletiva, com emprego de estratégias de terror e violência, dirigidas contra alvos determinados, com a finalidade de produzir um resultado que se oriente no sentido do poder.
Isto é, pode-se considerar um ato de terrorismo, todo aquele que, cometido em grupo ou individualmente, utiliza-se do pavor das vítimas para atingir finalidade ilícita, esta, por sua vez, geralmente destinada ao intuito de garantir a supremacia de determinado grupo.
Conforme estudo de Dotti (2002, p.27):
O terrorismo pode ser definido como a prática do terror como ação política, buscando atingir, através da violência, objetivos que poderiam ou não ser estabelecidos em função do exercício legal da vontade política. Tendo como suas principais particularidades: a indeterminação do número de vítimas; a generalização da violência contra pessoas e coisas; o extermínio, a vontade de combater o inimigo predeterminado e a paralisação da vontade de reação da população.
Ademais, a prática da conduta terrorista possui um extenso histórico de ocorrência, que vai desde o início dos tempos até os dias atuais. Devido a sua conceituação ampla e por envolver o exercício de mais de um ato, possui abrangência visível e indefinição no que tange aos aspectos legais.
Ao pensar em atentados terroristas, de imediato é possível relacionar ao ataque ao World Trade Center, nos Estados Unidos e do recente atentado Charlie Hebdo, na França. Porém, a busca internacional para a definição de terrorismo não se inicia com o atentado ocorrido em 11 de setembro de 2001, esta surge em 1937, quando a Liga das Nações, instigada pelos assassinatos do Presidente do Conselho da República Francesa, Jean-Louis Barthou e do Rei Alexandre I da Iugoslávia, estes cometidos pelos Croatas, iniciou uma Convenção para a Prevenção e Repressão ao terrorismo (PAULO, 2017).
Tal Convenção discorria acerca de atos terroristas, embora não definisse o conceito de terrorismo. Nesta previsão, as práticas eram definidas como criminosas e direcionados contra um Estado, com a finalidade de induzir, um grupo ou público em geral, a um estado de terror. 
Dentre essas condutas estavam inclusos atos de destruição de bens públicos, ataques ou práticas que colocassem em risco a vida dos cidadãos e Chefes de Estado e, a fabricação ou fornecimento de armas e produtos nocivos, dentre eles explosivos, que tivessem fim de culminar a violência e propagar o pânico. Todavia, a Convenção para a Prevenção e Repressão ao Terrorismo não entrou em vigor (PAULO, 2017). 
Posteriormente, houveram outros diversos atentados, tais como a afronta contra a aviação civil, que influenciou na criação de tratados na Organização da Aviação Civil Internacional e a prática terrorista nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Nesse o período, a ONU entrou no mérito do assunto e tentou comedir práticas terroristas, desenvolvendo diversos dispositivos e posicionando-se contra esse fenômeno. Por fim, posterior ao atentado ocorrido nos Estados Unidos, no final do ano de 2001, fora instituído o Comitê Antiterrorismo (CAT), com finalidade de gerenciar a implementação da Resolução nº 1373, do Conselho de Segurança da ONU, tendo como propósito suprimir o terrorismo (SANTOS, 2014).
Consoante Silva (2017), o terrorismo pode ser identificado pelo resultado psicológico sofrido por suas vítimas, uma vez que tais atos têm como foco principal a indução ao pânico. Esse pavor é a arma utilizada para fragilizar e desestruturar a população e o grupo alvo a ser atingido. Ademais, ressalta-se que, o praticante das atividades terroristas não é um criminoso comum, pois não age por motivos pessoais, por necessidade ou por sadismo, mas sim por acreditar veementemente em suas ideologias e por tentar compelir posicionamentos contrários que ofendam sua verdade.
Normalmente gestos de terror são minuciosos, demandando muito estudo e planejamento, uma vez que, por diversas vezes possuem alvos específicos ou locais determinados, em geral com um grande número de civis. Seus praticantes atentam-se à possibilidade de autoproteção do Estado e à probabilidade de serem capturados, razão pela qual, na maioria das ocorrências acabam sacrificando sua própria vida para resguardar a causa defendida. É justamente a intenção do terrorista em proteger suas convicções que diferencia suas práticas ilícitas de delitos comuns, posto que, além de atingir suas vítimas fisicamente, seu objetivo também é mobilizar a atenção pública para tal causa, isto é, suscitar o temor e convencer outros grupos a aderirem ou se renderem à sua ideologia. Outrossim, pode-se citar que o termo "terrorismo" é bem aplicado, como demonstrado a seguir.
1.1 Etimologia
A palavra "terrorismo" deriva do latim "terrere", que significa causar medo, terror, aterrorizar. Em linhas gerais, trata-se do uso organizado e metódico da violência com propósitos, em sua maioria, políticos ou ideológicos, normalmente, por meio de coação e coerção, com intuito de desestruturar a sociedade e seu governo. Isto é, uma forma de intimidação feita utilizando-se da violência e buscando amedrontar um povo e seus governantes (FRAGOSO, 1981). 
A história do terrorismo possui precedentes na Grécia Antiga e também em Roma, ultrapassando a Idade Média até os dias de hoje, historicamente é comprovado a existência de ataques terroristas. Porém, a partir do século XX, em decorrência do aumento do poder de fogo e da evolução dos meios de comunicação, a organização, planejamento e execução desses atos criminosos foram facilitados.
Nos dias atuais há quem diga que o terrorismo é um regime político adotado por determinados grupos que se pauta em ações de violência, o que torna mais complicado determinar o fenômeno. Conforme destaca Garrido (2001, p. 668):
Existem problemas na hora de separar o terrorismo de outras formas de violência política; em parte porque o terrorismo hoje é um fenômeno de comunicação de massas, e esta emprega o termo de um modo indiscriminado. Ademais, uma vez que um grupo haja sido qualificado de terrorista, qualquer delito que cometa será incluído nessa categoria, ainda que realmente não seja dessa natureza. 
Conforme estudos acerca do tema, o registro da palavra "terrorismo" foi identificada pela primeira vez na obra "Letters on a Regicide Peace", de Edmund Burke. O trabalho do filósofo irlandês referia-se à Revolução Francesa, que também ficou conhecida como "Período do Terror", compreendido entre meados de 1792 a 1794. O termo terrorismo era utilizada pelos próprios jacobinos, que acreditavam que o terror poderia levá-los à libertação (FERNANDES, 2016).
Não obstante, o conceito de terrorismo espalhou-se por diversos países e em alguns desses, passou a ser conhecido também como "guerrilha" ou "guerra irregular", de acordo com Fernandes (2016). Ou seja, uma forma de resistência e defesa de seus ideais de modo não convencional para a época, onde todo conflito era denominado como uma revolução ou guerra. Ademais, a falta de estratégias militares não significava a inércia desses grupos terroristas, uma vez que, estes improvisavam e armavam emboscadas, sequestros, ataques armados, etc. Salienta-se que, essas técnicas foram aperfeiçoadas com o tempo e passaram a ser praticadas por diversos grupos.
Contudo, o crime de terrorismo não possui definição exata adotada pelo cenário internacional de forma geral, uma vez que, cada nação possui experiências distintas e óticas particularesacerca do Direito Penal.
1.2 O crime de terrorismo no cenário nacional
A designação “terrorista” geralmente é utilizada em situações de incongruência político-ideológica para afastar a legitimidade de grupos militantes representados por minorias que se revoltam com os regimes estabelecidos e consequentemente caracterizam suas diversas atividades como ilegais.
Destaca-se que, os atos de terror entram diretamente em confronte aos princípios e garantias presentes na Constituição Federal de 1988, tais como a dignidade da pessoa humana, a vida e os direitos humanos, razão pela qual, foi repudiado expressamente na própria Carta, embora não houvesse tipificação (SILVA, 2017).
Ademais, como dito anteriormente, o terrorismo não era um tipo penal previsto em nossa legislação, tampouco no Direito Internacional. Logo, devido sua inexatidão, antes da Lei nº 13.260/2016, nossos doutrinadores tinham concepções distintas, que se tocavam em pontos esparsos.
Conforme entendimento de Lima (2015, p. 58) "O terrorismo pode ser compreendido como um instituto do Direito Criminal Brasileiro, porém notoriamente carece de normatização útil na legislação ordinária".
Por sua vez, no que tange ao terrorismo de estado, citado anteriormente, pode-se dizer que a ditadura militar, ocorrida no Brasil, em 1964, foi um caso desta. Em meados dos anos 60, um grupo de militares reuniram-se para executar seus opositores políticos, o que resultou no golpe militar e num regime semelhante aos totalitários, embora tenha tido uma menor proporção (PAULO, 2017). O tal golpe espalhou terror no povo e foi um dos principais marcos lamentáveis da história do país.
O quinto Ato Institucional do governo militar respondeu a seus critérios políticos concedendo amplos poderes ao seu próprio Executivo, inclusive o poder de declarar unilateralmente o estado de sítio. A censura à imprensa ampliou-se enormemente, o Congresso foi fechado, todas as garantias constitucionais e individuais foram suspensas - inclusive o habeas corpus - e as detenções foram permitidas sem qualquer mandato ou acusação formal. Os crimes políticos deveriam ser julgados por tribunais militares e suprimiam-se os direitos eleitorais por crimes políticos; as propriedades desses “criminosos” deviam ser confiscadas. (HUGGINS, 1998, p. 74). 
Já de acordo com Guimarães (2007, p. 30) "O Brasil não tem sofrido efetivos atentados terroristas no período mais recente". Segundo o autor, dos tipos de terrorismo, entretanto, o baseado em organizações criminosas é o que se afigura mais presente no país. Isto é, se por ora não existem problemáticas de cunho religioso e político que induzam atos terroristas, há, por sua vez, a consolidação do crime organizado, que por diversas vezes se faz presente no país, compreendendo até mesmo autoridades e a cúpula de algumas esferas da administração pública.    
Por outro lado, consoante Morais (2002, p. 11):
O terrorismo pode se manifestar no Brasil através de grupos organizados que praticam uma série de atos criminosos, coagindo autoridades governamentais e semeando o medo na população com a finalidade de conseguir mudanças políticas, e de demarcação de terras pretendidas por comunidades indígenas, em todo o país. Além disso, o autor cita as táticas de organizações criminosas que, por meio de atentados com artefatos explosivos contrapostos, delegacias e viaturas policiais, deveriam, em sua opinião, ser consideradas terroristas.
Conforme relata Sutti (2003), no Brasil, a falsa sensação de que o país é livre de atentados diminui a atenção que a temática requer, esvaindo-se às discussões doutrinárias e a controversa do pavor, mesmo sendo este um delito que possui natureza transnacional e que pode ser disseminado em diversos país. Por conseguinte, esta é a razão de sua extrema relevância, uma vez que, o terrorismo é tema do Direito Penal que merece ser pesquisado, inclusive em consonância com o Direito Penal Internacional. 
Somente em 16 março de 2016 foi sancionada a Lei Antiterrorismo (Lei nº 13.260/2016). A recente regulamentação tipificou a conduta terrorista, iniciando uma nova era para os aplicadores do Direito e doutrinadores manifestarem-se devidamente com um direcionamento legal.
Em suma, nosso país permaneceu por muito tempo sem uma caracterização unificada para o crime de terrorismo, o que dividiu opiniões, porém atualmente serve para traçar um parâmetro onde é possível analisar o Brasil antes da legislação específica e após a vigência desta.
Apesar das divergências acerca da caracterização exata da conduta terrorista, a Assembleia Geral da ONU, em sua Resolução nº 49/60 da ONU, de 17 de fevereiro de 1995, parágrafo terceiro, definiu que a prática de terrorismo é constituída de atos criminosos intencionais ou calculados para provocar estado de terror no público, em qualquer grupo de pessoas ou particulares (SANTOS, 2014).
Estas condutas criminosas têm fins políticos, sendo estas, em qualquer circunstância injustificáveis, independente de considerações de natureza política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou qualquer outra que possa ser invocada para justificá-las. Este conceito, embora amplo, foi usado como base para diversas nações, uma vez que o crime de terrorismo engloba diversas práticas, dificultando uma unificação conceitual no cenário mundial.
De acordo com Greco (2016, p.94):
[...] atos de terrorismo são, via de regra, executados valendo-se do fator surpresa, ou seja, são atos covardes, em que a violência é exercida sem que haja possibilidade de defesa. Da mesma forma, o terrorismo importa em uma maneira especial de agir, infundindo uma sensação geral de terror, de pânico, tendo em vista que a população em geral sempre ficará apreensiva devido ao fato de desconhecer onde será o próximo ataque, qual será o próximo alvo.
O terrorismo pode ser praticado mediante diversos estímulos, a exemplo daquele de natureza política, em que a violência é exercida com a finalidade de tomada e substituição do poder existente, ou também um cunho racial, religioso, étnico, separatista, dentre outros. De qualquer maneira, não se deve apontar uma única fonte de incentivo terrorista, porém é possível falar em atos de terror, que podem possuir fins diversos.
Segundo PAULO (2017), a prática do terror se vale de sequestros, homicídios, explosões a bomba, agressões físicas, linchamentos, pressões psicológicas e qualquer outro ato com finalidade de infundir o pavor, estes, por sua vez, acabam por amedrontar a população, não somente aos afetados, como também a população que presencia tais atos através dos meios de comunicação. Em geral, os que cometem esse crime almejam enfraquecer os governos e alcançar objetivos que envolvem poder econômico e relativo às influências de forma ampla.
Ademais, posteriormente, será possível analisar todas as legislações que já trataram da temática e as especificações indispensáveis que sanaram dúvidas, advindas com a Lei Antiterror.
2. PREVISÃO LEGAL DO CRIME DE TERRORISMO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
O ordenamento jurídico brasileiro careceu de legislação específica que tipificasse o crime de terrorismo até o ano de 2016, quando foi sancionada a Lei nº 13.260, em 16 de março. Até então os principais dispositivos legais que faziam suave remissão ao repúdio pela conduta terrorista eram a própria Constituição Federal, ao garantir a proteção dos princípios violados pelo delito, e também a Lei de Segurança Nacional que, em seu bojo, trouxe a expressão "atos de terrorismo", embora não o tipificasse.
Conforme o entendimento de Morais (2002, p. 11): 
Não obstante a ausência de tipificação do delito de terrorismo no ordenamento pátrio, ante a possibilidade de que a infração antecedente seja praticada em outro país, poder-se-ia cogitar da possibilidade de aplicação do dispositivo quando o crime de terrorismo fosse praticado no exterior, em país em que tal conduta fosse tipificada.
Diante de tal questionamento, adverte-se que, ante ao princípio da reserva legal (SILVA, 2017), onde nãoexiste crime sem lei anterior que o defina, a situação era alarmante, tendo em vista, a inexistência do tipo penal de terrorismo em nosso ordenamento jurídico. Logo, se um agente cometesse tal conduta terrorista, essa seria atípica diante do Direito Penal.
2.1 Constituição Federal
A Constituição Federal de 1988 faz duas sutis referências ao terrorismo. No art. 4º, inciso VIII, onde é citado que um dos princípios de regência das relações internacionais do Brasil com outras soberanias é o repúdio ao terrorismo e; no art. 5º, inciso XLIII, que dispõe que a lei considerará o terrorismo crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo (BRASIL, 1998).
O Art. 5º, XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem (BRASIL, 1998).
Todavia, como dito anteriormente, atenta-se também ao fato de que a prática terrorista confronta diretamente com princípios e garantias fundamentais previstos na CF/88, dentre elas, a dignidade da pessoa humana, razão pela qual, é evidente o repúdio aos atos, também na forma indireta.
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, constituísse em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos III – a dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1998). 
Na análise de Franco (2000, 109):
Acerca do tratamento constitucional do terrorismo na Constituição Federal de 1988, convém ressaltar, a princípio, que o cometimento de atos de terrorismo vulnera princípios como o da dignidade da pessoa humana, o da prevalência dos direitos humanos e da solução pacífica dos conflitos, expressos no art. 1º, incisos III e art. 4º, inciso II.
 
Já conforme o entendimento de Lima (2015, p. 58):
O repúdio ao terrorismo ganhou força constitucional, já que foi expressamente colocado na Carta Magna brasileira atual, dando fundamento constitucional claro para o seu combate, pois o Direito Penal tem por escopo a proteção dos bens jurídicos mais fundamentais para a vida em sociedade. Ainda que não tenha a tipificação concreta do terrorismo um sentido constitucional preciso, a prática do terrorismo colide com os bens jurídicos protegidos pela Lei Maior do ordenamento jurídico brasileiro, incluído em alguns dos princípios, direitos e garantias fundamentais. 
Nota-se que, o constituinte originário reconheceu a gravidade da conduta, equiparando-a aos crimes hediondos, porém preferiu deixar o tratamento da matéria integralmente ao encargo do legislador. 
Os crimes hediondos são considerados crimes de grande gravidade. A designação de hediondo corresponde ao termo utilizado para caracterizar uma conduta particularmente nociva e de grande impacto negativo na sociedade. Crimes hediondos são aqueles cometidos de maneira desumana, impiedosa, brutal e sádica, desta forma, causando imenso abalo social e em decorrência disto, tendo tratamento penal mais severo e inflexível no ordenamento jurídico brasileiro (FRANCO, 2000).
De acordo com Gonçalves (2011, p. 12) “Em nossa legislação, o caráter hediondo depende única e exclusivamente da existência de previsão legal reconhecendo essa natureza para determinada espécie delituosa”.
Certo que "[...] a própria lei, portanto, através de um critério político-criminal de escolha dos comportamentos e dos bens juridicamente protegidos pelos tipos penais incriminadores, que aponta aqueles que considera hediondos" (GRECO, 2016, p. 05).
Em suma, pode-se identificar um processo de etiquetagem, onde o legislador determina as infrações penais que farão parte do rol considerado como hediondo. Além disso, o referido artigo da Constituição também faz menção em seu bojo aos crimes equiparados a hediondos (a tortura, o tráfico de drogas e o terrorismo). Ambos os grupos recebem o mesmo tratamento jurídico, mas há uma diferença substancial entre eles, sua não previsão no rol taxativo da lei específica dos crimes hediondos, ou seja, o que não está previsto, não pode ser denominado propriamente como hediondo, por esta razão é utilizada a expressão "equiparado".
2.2 Lei de Segurança Nacional
A Lei nº 7.170/83 é responsável por definir os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social no Brasil. Dentre esses crimes, encontra-se no tipo penal do artigo 20, a expressão “atos de terrorismo”, mas ainda assim não possuindo clareza objetiva: 
Art. 20. Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos (BRASIL, 1983).
Por sua vez, de acordo com Gonçalves (2002, p.86):
[...] pode encontrar a definição de terrorismo como toda forma de ação política que combate o poder estabelecido mediante o emprego de violência. Desta maneira, todas as condutas do art. 20, por pressuporem emprego de violência, constituem atitudes terroristas. Não se pode exigir que, para constituir um delito dessa espécie, a própria lei defina expressamente a palavra terrorismo, sob pena de concluirmos que também não existe crime de tráfico de entorpecentes porque a Lei nº 6.368/76 não usa a palavra 'tráfico' em seus arts. 12, 13 e 14. Obviamente será a natureza de uma determinada conduta que lhe dará a conotação de ato terrorista. Essa natureza é facilmente encontrada no próprio art. 20, que descreve condutas típicas que exigem o emprego de violência por inconformismo político ou para a obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações clandestinas ou subversivas. Tais organizações evidentemente são as que têm por finalidade lesar ou expor a risco qualquer dos bens jurídicos mencionados no art. 1º da Lei de Segurança Nacional: I- a integridade territorial e a soberania nacional; II- o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito; III- a pessoa dos chefes dos Poderes da União (a fim de tomar-lhes o poder). Em suma, quando somados esses requisitos (conduta típica violenta e finalidade de lesar ou expor a risco um dos bens jurídicos mencionados no art. 1º, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à organizações clandestinas ou subversivas), estará configurado o crime de terrorismo. 
Com a edição desta lei, concluiu-se que, o legislador optou por referir-se genericamente aos atos de terrorismo, sem sequer definir seu significado. Diversos doutrinadores atentaram-se para o fato de que isto feriria o princípio constitucional da legalidade, por não delimitar o âmbito de sua incidência, porém este argumento não foi adiante.
 2.3 Lei de Crimes Hediondos
A Lei nº 8.072/90 também fez referência ao crime de terrorismo sem tipificá-lo e em seu art. 2º, inseriu o terrorismo no rol dos crimes equiparados a hediondos, com preceitos mais rígidos, tal como o regime de cumprimento de pena.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança (BRASIL, 1990).
Segundo Greco (2016, p. 04) "A palavra 'hediondo' dá a ideia de algo grave, que provoca repulsa, sórdido". Ademais, como mencionado no artigo, são considerados crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça, anistia ou indulto.
Portanto, destaca-se que:
A própria CF, em seu artigo 5º, XLIII determina que todos esses crimes são insuscetíveis de anistia, graça e fiança. A Lei de Crimes Hediondos, por sua vez, aumentou as vedações incluindo a proibição ao indulto e à concessão de liberdade provisória. Contra essa providênciainsurgiram-se alguns doutrinadores e parte da jurisprudência, sob o argumento de que as vedações só poderiam ser aquelas do texto constitucional, de forma que a proibição do indulto e da liberdade provisória seriam inconstitucionais. Essa tese. Contudo, foi amplamente rechaçada pela doutrina e jurisprudência, que nada encontraram de inconstitucional no texto legal. Com efeito, haveria tal vício se a lei possibilitasse, por exemplo, a concessão de fiança a algum dos crimes, o que não foi feito. A simples restrição à concessão de benefícios não abordados na Carta Magna nada tem de inconstitucional. No caso da liberdade provisória, por exemplo, o artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, estabelece que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Ora o constituinte deixou claro que a liberdade provisória só será cabível quando a lei ordinária a admitir e nos crimes abrangidos pela Lei nº 8.072/90, a lei não o fez (GONÇALVES, 2002, p. 10).
De acordo com Capez (2012, p.137):
Com efeito, o art. 1º da Lei n. 8.072/90 apresenta o rol taxativo desses crimes, não admitindo ampliação pelo juiz. Não se admite, tampouco, que o magistrado deixe de reconhecer a natureza hedionda em delito que expressamente conste do rol. Adotou-se, portanto, um critério que se baseia exclusivamente na existência de lei que confira caráter hediondo a certos ilícitos penais. Assim, por mais grave que seja determinado crime, o juiz não lhe poderá conferir o caráter hediondo, se tal ilícito não constar do rol da Lei n. 8.072/90.
Em linhas gerais, no aspecto jurídico, há de se falar que estes crimes denominados hediondos são aqueles que o legislador considera abomináveis, logo, em razão deste fato, possuem diferentes procedimentos nos âmbitos penal e processual penal, sendo mais gravoso que as outras violações.
2.4. Lei Antiterrorismo 
A Lei nº 13.260/2016 traz em seu bojo as tipificações das condutas que são consideradas terroristas, além dos desmembramentos processuais e das devidas sanções.
A legislação infraconstitucional regimentou a conduta disposta na Carta Constitucional vigente, em seu artigo 5º, inciso XLIII, abordando acerca de premissas investigatórias e processuais, incluindo também o conceito de organização terrorista, além de pontuais definições que reformularam concepções vagas existentes em outros dispositivos legais não específicos sobre o crime de terrorismo.
A Lei Antiterrorismo designou atribuições à Polícia Federal para realizar os procedimentos investigatórios e competência da Justiça Federal para conduzir o processo judicial. 
Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei são praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal (BRASIL, 2016).
Por fim, ainda garantiu medidas assecuratórias e alienação antecipada de bens, direitos ou valores. Tendo como pena o período de 12 a 30 anos, além das penalidades previstas pela ameaça ou violência. Uma das disposições mais severas da lei supracitada trouxe no bojo de seu artigo 2º, §1º, inciso I, a sanção para quem portar bombas e apetrechos de risco capacitados de articular destruição em massa. Igualmente, no mesmo dispositivo também ficou definido que o crime de terrorismo é tipificado pelas seguintes condutas: 
Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
§ 1o São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa;
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência (BRASIL, 2016).
Por sua vez, o § 2º do supracitado artigo funciona como uma cláusula de exclusão, em proteção aos atos de manifestação popular, justamente para deixar expresso o não cerceamento à liberdade de expressão. 
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei (BRASIL, 2016).
No mais, o artigo 3º refere-se à aceleração da imputação para atingir o indivíduo que busca fundar organização terrorista:
Art. 3o Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista:
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa (BRASIL, 2016).
Em mesmo sentido, o artigo 5º elucida acerca dos atos preparatórios, além de incriminar o aliciamento e treino de terroristas:
Art. 5o Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.
§ lo Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.
§ 2o Nas hipóteses do § 1o, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços (BRASIL, 2016).
Destaca-se que, ao prever acerca de questões como a preparação de atividades terroristas, a captação de recursos e a disponibilização de material para atos de terror, o legislador teve como base boa parte do conceito adotado pelos americanos. Ademais, no que concerne ao artigo 6º, este dispõe a respeito os instrumentos destinados às práticas:
Art. 6o Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei (BRASIL, 2016).
Outrossim, a legislação supracitada prevê corretamente as motivações que levam ao crime de terrorismo, desde o aspecto teleológico atéo aspecto teatral. O primeiro está diretamente relacionado às ideologias defendidas que suscitam aos atos terroristas e pode ser facilmente identificado no caput do artigo 2º. Por outro lado, o segundo diz respeito às práticas de terror demasiadamente expostas à mídia, sendo nada mais que mais uma estratégia para revelar ao mundo seus ideais e propagá-los, além de espalhar o pânico, visando um impacto internacional (CARVALHO, R., 2017). 
Evidencia-se também que supramencionada lei já foi alicerce jurídico para prisões, estas ocorridas em 21 de julho de 2016, quando a Polícia Federal capturou 15 indivíduos possivelmente envolvidos com planejamento de atendados durante as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
3 TIPIFICAÇÃO DA CONDUTA DE TERRORISMO ANTES DA LEI ANTITERROR
Anteriormente, o Brasil utilizava-se do conceito da ONU, embora esse não possuísse conteúdo normativo. O país chegou a assinar diversos acordos multilaterais, comprometendo-se no plano jurídico, e também no político, a internalizar o conteúdo disposto em tais diplomas, isto porque as conceituações solidificadas em tratados internacionais foram feitas com base em deliberações coletivas. Estas, por sua vez, mais apropriadas como critério de definição do que aquelas concebidas com base na realidade fática e jurídica de cada Estado individualmente considerado (SANTOS, 2014).
Como elucidado anteriormente, cada nação possui seu próprio conceito de terrorismo, para os Estados Unidos são considerados atos terroristas: a preparação de atividades terroristas, a disponibilização de material que colaborem com os ataques, a arrecadação de recursos para financiar organizações e atos terroristas, além do aliciamento de membros para compor tais grupos. Por outro lado, a União Europeia declara que atos de terror são aqueles cometidos por grupos extremistas que, intimidam a população, ofendem a vida, causam danos que cerceiam o uso recursos fundamentais, tais como água ou eletricidade, além da fabricação, posse, transporte e fornecimento de armas de diversos tipos e explosivos, mesmo que todos esses não passem de ameaças. 
Ademais, no entendimento de Guimarães (2007), são tidos como bem jurídicos tutelados, no crime de terrorismo: a segurança, a incolumidade e a paz públicas, ou em outras palavras, a ordem pública e a paz social. Conforme o autor, o dispositivo também tutela, no aspecto do poder público constituído e da ordem constitucional vigente, a estabilidade social e, mais concretamente, a estabilidade política. 
Em outro vértice, de acordo com Franco (1994, p. 67):
O tipo penal previsto no art. 20 da Lei n° 7.170/83, ao referir-se, de forma genérica, a 'atos de terrorismo', sem defini-los e sem apresentar seu significado, fere o princípio constitucional da reserva legal, já que não há delimitação de sua incidência. Isto é, embora a figura criminosa em questão corresponda a um tipo misto alternativo, ao encerrar a descrição de várias condutas que equivalem à concretização de um mesmo delito, força é convir que a prática de atos de terrorismo não se traduz numa norma de encerramento idônea a resumir as condutas anteriormente especificadas.  
Segundo Nucci (2008, p. 600) "A respeito de não ser nominalmente um crime hediondo, o terrorismo em verdade, na prática o é." Consoante o autor, a tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e o terrorismo somente não são considerados hediondos, entretanto são igualmente graves e repugnantes, uma vez que, o constituinte, ao elaborar o art. 5º, XLIII, da CF, optou por mencioná-los expressamente como delitos insuscetíveis de fiança, graça e anistia, abrindo ao legislador ordinário a possibilidade de fixar uma lista de crimes hediondos, que teriam o mesmo tratamento. Assim, essas três modalidades de infrações são, na essência, tão hediondas que os crimes descritos no rol do art. 1º da Lei 8.072/90. Dessa forma, ao ser equiparado a crime hediondo, o terrorismo é insuscetível de anistia, graça e indulto, e também de liberdade provisória e fiança.   
De acordo com o entendimento de Lima (2015, p. 59): 
Apesar de parte da doutrina sustentar que o crime de terrorismo estaria previsto no art. 20 da Lei 7.170/83, no qual o legislador se vale da denominada interpretação analógica, já que, inicialmente, enumera formas de terrorismo como devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, etc, para, depois, fazer menção à expressão genérica atos de terrorismo, justificadas pelo inconformismo político ou para obtenção de fundos voltados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas, aparenta-se que o elemento normativo atos de terrorismo constante neste dispositivo é tão vago e elástico que não permite ao julgador, por  ausência de uma adequada descrição do conteúdo fá tico desse ato, enquadrar qualquer modalidade da conduta humana. Logo crime do art. 20 da Lei n° 7. 170/83 não pode ser tratado como terrorismo, sob pena de evidente violação ao princípio da taxatividade. 
Outrossim, embora a falta de definição exata, destaca-se as categorias abrangentes de atividades que, embora ilícitas, são excluídas do conceito de terrorismo. Tais como atos "ilícitos" desempenhados pelos oficiais designados pelo Estado, uma vez que estes possuem, em tese, legitimidade formal de valer-se da coerção e da rigidez. Além do mais, as práticas delituosas realizadas, não apresentam resguardo legal, visto que, se enquadram na tipificação de diversos crimes comuns do Código Penal. 
Salienta-se ainda que, os estudiosos da política e sociologia discorrem sobre o terrorismo de Estado, referindo-se que as legislações penais atuais não reconhecem como terroristas os atos praticados por agentes públicos, uma vez que, o Estado, na definição clássica do ordenamento brasileiro, é a entidade que possui o monopólio do uso legítimo da força. Práticas de dirigentes oficiais que sejam consideradas ilegais abalam a presunção de legitimidade no uso da força estatal, porém não se enquadrariam na definição de atos de terror, podendo configurar, a depender do contexto, abuso de autoridade, violações de direitos humanos ou até crimes de guerra (PAULO, 2017). 
Ademais, as transgressões diárias que envolvem meios coercitivos para atingir fins ilícitos, isto é, de acordo com a previsão normativa de conceitos como violência e grave ameaça, não se enquadram como condutas de terrorismo, ainda que quando perpetrados por organizações criminosas, caso estas não preconizem ideologias. No mais, essas organizações utilizam a coerção para obter vantagens fraudulentas de qualquer tipo, tentando manter o sigilo de suas atividades e intimidar seus opositores.
À dimensão política internacional do terrorismo foi igualmente conferida extraordinária importância, pois, como as revoluções, o terrorismo é um ato político praticado à margem (ou além) das normas dos sistemas políticos estabelecidos. (MACIONIS, 2005, p.390).
Após apresentado o Projeto de Lei que definia as práticas consideradas terroristas, iniciara as críticas, dentre elas, por parte da Anistia Internacional, alegando que o projeto era muito amplo, deixando muitas lacunas e poderia oferecer risco à liberdade de expressão e à reunião pacífica. Outros movimentos sociais e até mesmo parlamentares posicionaram-se contra o referido projeto, uma vez que, este poderia ser utilizado para cercear as manifestações populares (SILVA, 2017).
A necessidade de uma legislação específica se tornou mais visível diante da Copa do Mundo ocorrida em 2014 e principalmente, das Olimpíadas de 2016, uma vez que, o Brasil ganhara o foco mundial e fora estadia de diversos líderes de Estados e atletas de todas as nações.
Ressalta-se que, o país já possuía um comprometimento internacional de criar uma legislação específica que confrontasse com as práticas terroristas, porém a mesma só fora sancionada em 2016 e não satisfazendo totalmente as reais necessidades ou coincidindo com a realidade do Brasil.
No mais, também não era especificada acerca da jurisdição internacional ou nacional para julgar crimesterroristas, talvez sendo possível levar o caso ao Tribunal Penal Internacional, embora esse ponto fosse bastante controvertido antes da atual legislação definir a competência da Justiça Federal. 
3.1 O crime de terrorismo
Apesar das divergências acerca da caracterização exata da conduta terrorista, inicialmente, a Assembleia Geral da ONU, em sua Resolução nº 49/60 da ONU, de 17 de fevereiro de 1995, parágrafo terceiro, definiu que a prática de terrorismo é constituída de atos criminosos intencionais ou premeditados para causar estado de terror no público, em qualquer grupo de pessoas ou particulares (SANTOS, 2014).
A falta de definição profusamente adotada pela comunidade internacional, implica diretamente nas variadas concepções do crime de terrorismo existentes ao redor do mundo. Porém, é sabido em todas as nações que as atividades terroristas envolvem não somente ataques que resultam em assassinatos em massa, com armas e explosões de bombas, mas também incluem sequestros, linchamentos, torturas, roubos de armamentos e compostos químicos, dentre outros tipos de práticas ilícitas, como já fora anteriormente citado.
Por diversas vezes, essas condutas criminosas têm fins políticos, ideológicos, raciais, filosóficos, étnicas e religiosos, porém de maneira alguma podem ser consideradas legítimas, visto que, utilizam-se de práticas extremamente violentas para atingir suas finalidades (PAULO, 2017). Este conceito, embora amplo, foi usado como base para diversas nações, uma vez que o crime de terrorismo engloba diversas práticas, dificultando uma unificação conceitual no cenário mundial.
De acordo com Greco (2016, p. 94):
[...] atos de terrorismo são, via de regra, executados valendo-se do fator surpresa, ou seja, são atos covardes, em que a violência é exercida sem que haja possibilidade de defesa. Da mesma forma, o terrorismo importa em uma maneira especial de agir, infundindo uma sensação geral de terror, de pânico, tendo em vista que a população em geral sempre ficará apreensiva devido ao fato de desconhecer onde será o próximo ataque, qual será o próximo alvo.
Isto é, o terrorismo pode ser praticado mediante diversos estímulos, a exemplo daquele de natureza política, em que a violência é exercida com a finalidade de tomada e substituição do poder existente. De qualquer maneira, não existe apenas uma única fonte de incentivo terrorista, sendo mais correto falar em atos de terror, que podem possuir fins diversos.
Como supracitado, a prática do terror se vale de homicídios, explosões a bomba, agressões físicas, pressões psicológicas e qualquer outro ato com finalidade de infundir o pavor, estes, por sua vez, acabam por amedrontar a população, não somente aos afetados, como também a população que presencia tais atos através dos meios de comunicação. Em geral, os que cometem esse crime almejam enfraquecer os governos e alcançar objetivos que envolvem poder econômico e relativo às influências de forma ampla (CARVALHO, R., 2017).
Ademais, ressalta-se que o terrorismo se divide em clássico e moderno. Por volta do século XIX, no terrorismo clássico, as práticas de terror ocorriam em locais regionais dos grupos extremistas. Em razão dos pouquíssimos recursos econômicos suas principais ações eram com armas brancas e bombas caseiras. Por outro lado, a partir do século XX, o terrorismo moderno passou a cometer atos globais, com vítimas indefinidas, utilizando-se de armamentos poderosos, tais como, armas militares e bombas potentes (PAULO, 2017). 
Embora o caminho para compreender devidamente o fenômeno terrorista seja sinuoso, em meados do século XXI, foram iniciados os estudos para diferenciar os tipos de terrorismo existentes no cenário mundial. Dentre eles, temos: o terrorismo indiscriminado, o terrorismo seletivo, o terrorismo de estado e o terrorismo comunal. Suas divergências estão no alvo a ser perseguido e em seus praticantes (CARVALHO, L., 2015).
O terrorismo indiscriminado não escolhe um alvo, é simplesmente uma prática violenta com fim de atingir civis para obter a atenção do governo e do público, tal como ataque de bomba em locais movimentados. Já o terrorismo seletivo possui um alvo específico, podendo ser apenas um indivíduo ou um grupo de pessoas, que geralmente tornam-se vítimas de chantagens, torturas psicológicas e sequestros.
O terrorismo de estado é aquele advindo do próprio Estado praticado contra a sua população, isto é, vindo em sentido contrário aos outros tipos corriqueiros de terrorismo, que buscam subir hierarquicamente e por isso atacam seus superiores. Esse tipo é praticado pelos próprios governantes, como os Estados totalitários Fascistas e Nazistas. Seus atos tencionam a permanência no poder e a limitação aos direitos adquiridos, dentre outros objetivos mais específicos a depender do grupo (CARVALHO, R.,2017). 
De acordo Mello (1999, p.76): 
As ações terroristas cometidas pelo Estado, geralmente se dão em ditaduras militares o que torna o Estado radicalmente opressor e violento contra aqueles que vão de contra a ditadura e a favor da democracia.
Logo, nota-se que o terrorismo parte tanto do governo quanto dos que o refutam. Em sentido contrário, está o terrorismo comunal, que ocorre sem o apoio do Estado e causa extrema desordem para o governo.
Ressalta-se também que, analisando de maneira abrangente é possível encontrar outras diversas classificações acerca da temática, tais como: terrorismo revolucionário, terrorismo nacionalista, terrorismo de organizações criminosas, terrorismo religioso e terrorismo doméstico (CARVALHO, L., 2017).
O terrorismo revolucionário, ocorrido no século XX, foi o período de atos de terror, marcado pelos praticantes denominados guerrilheiros urbanos. Por outro lado, o terrorismo nacionalista fora iniciado por grupos separatistas que visavam tomar o poder estatal para consagrar um novo Estado-nação, buscando tornar um território em um país autônomo.
Segundo, Carvalho (2017), o terrorismo de organizações criminosas é aquele praticado com finalidades econômicas. No que concerne ao terrorismo religioso, este é constituído por grupos de religiões contrárias que entram em conflito buscando a dominância de sua doutrina. Por sua vez, terrorismo doméstico é uma definição utilizada para descrever os atos terroristas praticados por um indivíduo contra seus próprios compatriotas sem ter sofrido intervenção de outro país.
Salienta-se ainda que, existe uma classificação específica, embora não oficial, para as formas de terrorismo utilizadas no mundo. Dentre elas, é possível elencar: o terrorismo físico, o terrorismo psicológico, o terrorismo econômico, o ciberterrorismo, o bioterrorismo e o narcoterrorismo.
No terrorismo físico são englobados todos os atos que incluem uso de violência, tais como tortura, ataques de bomba e assassinatos. Em contrapartida, no terrorismo psicológico, o medo é usado como forma principal de indução ao pânico, também sendo possível citar a disseminação de notícias em proveito particular. No que tange terrorismo econômico é possível a identificação de um grupo tentando atingir a dominância de determinada população subjugando-a financeiramente, impedindo a economia flua corretamente (CÂMARA, 2016). 
Por sua vez, ciberterrorismo é designação para pormenorizar os atos terroristas cometidos na internet, geralmente com a finalidade de roubar informações ou gerar panes nos sistemas e aparelhos de organizações e governos. O ciberterrorismo é um fenômeno de extrema relevância e um grande motivo de preocupação de diversos Estados, uma vez que, a grande maioria faz uso de banco de dados online para armazenar segredos de segurança nacional, economia, dentre outros assuntos não expostos à mídia. Os atos de ciberterrorismo são praticados por hackers experientes, que fazem da tecnologia mais um método criminoso, estes, na maioria das vezes, os cometem com estímulos políticos e para suscitar danos (ARAÚJO, 2010).
O bioterrorismo é caracterizado pela transmissão proposital de agentes biológicos e toxinas, alterados ou não geneticamentepelo homem. Isto é, o alastramento premeditado de vírus, bactérias e outros germes, a fim de causar graves doenças e até mesmo a morte. A alteração de moléstias já existentes é comum, pois é visado o aperfeiçoamento de sua nocividade, podendo torná-las até imunes aos medicamentos efetivos no seu combate (SARZI, 2015).
Por fim, o narcoterrorismo é o conjunto de práticas provocados por traficantes, com objetivo de influir na administração de um Estado, valendo-se da coerção e da coação, como por exemplo, o famigerado caso do traficante Pablo Escobar, ocorrido na Colômbia e dos cartéis ainda existentes ao redor do mundo. Além disso, esses grupos também têm como propósito interferir na mediata execução da legislação antidrogas (STIVE, 2016). Ademais, ressalta-se que, o próprio dinheiro advindo do tráfico é utilizado para financiar práticas terroristas em diversos países.
Portanto, posterior às diversas definições e classificações de terrorismo, é possível identificar que a prática não está tão distante da realidade do nosso país, uma vez que, o Brasil possui uma história repleta de sangue e superação.
3.2 A importância e a problemática da Lei Antiterror no Brasil
Anteriormente, já era sabido que o crime de terrorismo estava completamente inserido no diploma normativo criminal brasileiro, embora não de forma específica. Evidencia-se também o fato de que sempre existiram atos secundários aos de terrorismo formalmente ditos. Além de que, a própria criminalização a incitação ao pavor com finalidades terroristas já poderia ser passível de punição. 
Ressalta-se que o terrorismo, necessitava de mandado expresso de criminalização, uma vez que fora apenas mencionado no art. 5º, XLIII da Constituição e em poucas leis. Todavia, requeria lei específica, que debatesse não apenas sua tipificação, como a competência para julgar tais práticas.
Além disto, da mesma forma como no combate às organizações criminosas, a prisão ou morte de um membro, poderia ser facilmente substituída, posto que, são comuns as trocas hierárquicas e o auto sacrifício no crime de terrorismo (SILVA, 2017). Portanto, o ideal seria a elaboração de uma lei rígida e que contribuísse para a prevenção de práticas de terror e o extermínio dos grupos terroristas.
Dessa forma, nota-se que a conduta deveria ser prontamente conduzida por uma lei penal, uma vez que, suas consequências ecoam também em outras diversas áreas, incluindo os Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. 
No mais, consoante Silva (apud LASMAR, 2017):
O não-debate do terrorismo no Brasil tem 03 causas: 1. O negacionismo do governo em confessar que o país é vulnerável a ataques terroristas e a previsibilidade de atividades no território nacional; 2. Legislar sobre terrorismo poderia dar a impressão de um alinhamento com a política norte-americana da Guerra Global Contra o Terror; 3. A adoção de uma Lei Antiterrorista poderia ser usada para reprimir a oposição constituída e movimentos sociais estabelecidos.
Eis que, tempos depois, fora sancionada a recente Lei Antiterrorismo e a mesma já conduziu expressivas alterações no ordenamento jurídico pátrio. Preliminarmente, ressalta-se que a disposição do legislador, ao repudiar o delito em sua etapa preparatória e viabilizar a liquefação de bens jurídicos, pode ser vista sob diferentes concepções. Isto é, o regulamento prevê a sanção para a tentativa do crime de terrorismo, embora normalmente os atos preparatórios não façam parte do iter criminis.
A fase de preparação, de acordo com Capez (2012, p.241) é "a prática dos atos imprescindíveis à execução do crime". Como nesta etapa o bem jurídico ainda fora atingido, não é aplicável nenhuma sanção. 
Conforme Bitencourt (2012, p. 523) esclarece:
É a preparação da ação delituosa que constitui os chamados atos preparatórios, os quais são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva; arma-se dos instrumentos necessários à pratica da infração penal, procura o local mais adequado ou a hora mais favorável para a realização do crime.
Outrossim, a legislação antiterror não seguiu essa corrente usualmente adotada e optou pela punição dos atos preparatórios. Consoante Dotti (2002, p. 27) "De um lado, alguns entenderão como um temerário flerte com o Direito Penal do Inimigo. Lado diverso, outros irão encarar como uma atuação mais rigorosa da lei penal [...]". Entretanto, caso o indivíduo pratique ações de preparação desconformes e esteja diante de fatos atípicos, o mesmo se livra da responsabilidade criminal. 
Salienta-se que, o cumprimento da supracitada lei culminou na prisão de 15 suspeitos de planejarem atos terroristas. De acordo com Jordão (2017), a Polícia Federal deflagrou a Operação Hashtag e confinou alguns suspeitos através da prisão temporária. A operação passou por três fases em agosto, setembro e outubro de 2016, a primeira delas ocorrendo ainda durante as Olimpíadas. Após efetuadas as prisões, apenas oito suspeitos tornaram-se réus da ação penal nº 5046863-67.2016.4.04.7000/PR e ao final do julgamento do processo, o juiz Marcos Josegrei da Silva, titular da 14ª Vara Federal de Curitiba, condenou todos os acusados por promoverem o terrorismo e violarem os artigos 3º da Lei nº 13.260/2016 e 228 do Código Penal.
Embora este tenha sido o primeiro caso de terrorismo divulgado publicamente posterior à sanção da Lei Antiterror, o Brasil nunca fora um Estado tão pacífico no que tange aos incidentes terroristas, segundo Silva (apud INSTITUTE OF ECONOMICS & PEACE, 2017), já foram registrados 267 casos de práticas terroristas ocorrendo em território nacional, entre 1970 e 2016. De acordo com Silva (apud GLOBAL TERRORISM DATA BASE, 2017) dentre 124 países, nossa nação encontra-se na 80ª posição, possuindo um "risco moderado".
Entretanto, tipificar uma conduta com um conceito tão abrangente e aprovar uma legislação que dispunha de um assunto tão delicado e pouco debatido, obviamente traria críticas duras. De acordo com Moraes (2016):
Pergunta-se: Como aprovar em regime de urgência, sem o devido debate – acadêmico inclusive – uma lei penal definidora de um conceito tão importante se sequer há consenso internacional quanto a uma definição clara daquilo que se convencionou chamar de “terrorismo"?
Portanto, é possível identificar que a falta de discussão acerca da temática trouxe insatisfação e a aprovação da lei não agradou a todos, posto que, houveram múltiplos tópicos atingidos pelas práticas terroristas que não foram esclarecidos, tais como, a proteção de lugares públicos e empresas, o campo turístico, a sistemática econômica, políticas protecionistas para reforçar a segurança contra o bioterrorismo e o ciberterrorismo. 
Ademais, a legislação carece de posicionamento específico no que tange ao bioterrorismo e ao ciberterrorismo, além disto, falta orientação para conduzir negociações e realizar resgates em casos de sequestros e cárceres, táticas muito utilizadas por grupos terroristas.
CONCLUSÃO
É sabido que o terrorismo como infração penal no Brasil, em virtude do preceito constitucional brasileiro, é enunciado como crime. Todavia, o dispositivo normativo específico para tipificar tal conduta demorou um considerável período para ser elaborado. 
A conduta terrorista é um aspecto histórico e o fato da prática delituosa não possuir um conceito amplamente adotado pela maioria das nações, apenas evidencia sua complexidade. As concepções de terrorismo no Brasil são diversas, uma vez que, boa parte da população não considera a existência de atos terroristas em nosso país e além disso, parte da doutrina diverge acerca da tipificação do delito.
O crime de terrorismo possui definição mundial difusa e utiliza-se de diversos delitos complementares para atingir sua finalidade, seja ela, tanto a defesa de sua ideologia, quanto a disseminação do terror. Outrossim, as ações terroristas podem se dar pelo uso de agentes biológicos, explosivos, químicos, nucleares, além de outros diversos mecanismos habilitados para causar destruição e terror. Diante disso, nota-se queum diploma normativo que aborde a respeito do enunciado, nada mais é que, uma ação imediata diante de uma ameaça reflexa que pode se tornar real a qualquer minuto, desestruturando um governo, arrebatando vidas e a paz da coletividade.
A Lei 13.260 de 2016, também conhecida como Lei Antiterrorismo, surgiu para exercer o compromisso assumido pelo Brasil perante o cenário internacional de repudiar as práticas terroristas, além de resguardar os princípios e direitos fundamentais previstos na Constituição Federal e adentrar o teor anteriormente abordado nas Leis de Crimes Hediondos e de Segurança Nacional. 
A referida lei definiu que o terrorismo se dá por variados atos, tais como, o atentado contra a vida e o uso ou ameaça de utilizar agentes que causem destruição em massa, podendo essas práticas terem motivações de cunho xenofóbicos, discriminatórios, dentre outros. Além de inovar, prevendo a sanção para os atos preparatórios. 
Entretanto, a normatização deparou-se com duras críticas em seu projeto inicial, posto que, o mesmo ameaçava à liberdade de expressão e à reunião pacífica, fazendo com que o povo temesse o cerceamento de suas manifestações, um dos principais meios empregados para demonstrar o descontentamento político-social. Certo que deve haveria proporcionalidade para não suprimir direitos e garantias, entretanto também existia necessidade de firmeza na implementação da legislação especial, visto que, esta é para ser a base dos ditames de segurança do país ao deparar-se com práticas terroristas.
Em meio às divergências existentes, o debate acerca da temática ainda é de extrema importância, uma vez que, ainda restam lacunas na legislação, pois a supracitada norma possui termos vagos e versou imprecisamente sobre cenários importantes. No mais, é evidente que embora as normas dispusessem a respeito, as entidades nacionais não estão devidamente qualificadas para suportar um ataque terrorista de grande porte, tal como os fenômenos de bioterrorismo e de ciberterrorismo, visto que, nosso país carece de preparação profissional, instalações devidas e de ferramentas apropriadas.
Salienta-se que, a Lei Antiterror também deveria prever uma reunião de táticas e estratégias para que o Estado se proteja de grupos terroristas. Sendo ideal o reforço de instituições especializadas, tais como, grupos de tomada e controle, unidades antibombas, pilotos e atiradores de elite e combatentes integrantes de forças especiais, com a finalidade não somente de reagir ao ataque, mas também de evitar seu acontecimento, isto é, a ação preventiva, além de ostensiva, mobilizando diversos setores do país no embate global contra os terroristas.
Por fim, conclui-se que o legislador deixou de analisar profundamente todos os vértices em que o terrorismo poderia ser disseminado e suas variadas modalidades. Por conseguinte, o diploma normativo recentemente sancionado poderá ser objeto de alterações legais no decorrer dos anos. Espera-se que as futuras modificações ocorram em decorrência das problemáticas e debates acerca do tema e não da lacuna jurídica fronte a um caso em concreto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
ARAÚJO. José Mariano de. Ciberterrorismo e Cibercrime. 2010. Disponível em: <http://mariano.delegadodepolicia.com/ciberterrorismo-e-cibercrime-o-brasil-esta-preparado-parte-1/>. Acesso em: 27 de setembro de 2017.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 17ª. Ed. Rev. Ampl e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 24 de junho de 2017.
______. Lei Antiterrorismo. Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13260.htm>. Acesso em 24 de junho de 2017.
______. Lei de Crimes Hediondos. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm>. Acesso em: 24 de junho de 2017.
______. Lei de Segurança Nacional. Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7170.htm>. Acesso em: 24 de junho de 2017.
CÂMARA, Elisonaldo. Terrorismo e suas divisões. 2016. Disponível em: <http://elisonaldohistoria.blogspot.com.br/2016/03/terrorismo-e-suas-divisoes.html>. Acesso em: 27 set. 2017.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 16º ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.
CARVALHO, Leandro. Terrorismo; Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/historia/terrorismo.htm>. Acesso em: 03 de outubro de 2017.
CARVALHO, Raphael. Os elementos motivadores do crime de terrorismo e suas especificidades. 2017. Disponível em: <https://raphaelcrf1995.jusbrasil.com.br/artigos/476600917/os-elementos-motivado-res-do-crime-de-terrorismo-e-suas-especificidades?ref=topic_feed>. Acesso em: 27 de setembro de 2017.
DOTTI, René Ariel. Artigo: Terrorismo e Devido Processo Legal, ano VI, Brasília: Revista Centro de Estudos Judiciários - RCEJ, setembro, 2002. 
FERNANDES, Cláudio. Terrorismo. 2017. Disponível em: <http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/terrorismo.htm>. Acesso em: 23 de setembro de 2017.
FRANCO, Alberto Silva. Crimes Hediondos: anotações sistemáticas à Lei nº 8.072/90. 4ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000. 
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Terrorismo e Criminalidade Política. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1981. 
GARRIDO, Vicente. Princípios de Criminologia. 2ª ed. Valência: Tirant lo Blach, 2001.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Crimes Hediondos - Tóxicos, Terrorismo e Tortura. 2ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. 
GRECO, Rogério. Leis Penais Especiais Comentadas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2016.
GUIMARÃES, Marcello Ovídio Lopes. Tratamento Penal do Terrorismo. 1ª edição, São Paulo: Editora Quartier Latin, 2007. 
HUGGINS, Martha K. Polícia e política: relações Estados Unidos/América Latina. 1ª Ed. São Paulo: Cortez, 1998.
JORDÃO, R. Pacheco. A controversa história das primeiras condenações por terrorismo do Brasil. 2017. Disponível em: <https:/brasil.elpais.com/brasil/2017/05/06/politica/1494076153_663185.html>. Aces-so em: 03 de outubro de 2017.
LASMAR, Jorge Mascarenhas. A legislação brasileira de combate e prevenção do terrorismo quatorze anos após 11 de Setembro: limites, falhas e reflexões para o futuro. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 23, n. 53, p. 47-70, Mar. 2015.
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial Comentada, 3ª Edição rev. ampl. e atual. Bahia: Editora JusPODIVM, 2015.
MORAES, Cássio Rebouças de. Terrorismo: mais uma lei desnecessária e defeituosa. 2016. Disponível em: <http:/justificando.cartacapital.com.br/2016/06/24/terrorismo-mais-uma-lei-desneces-saria-e-defeituosa>. Acesso em: 04 de outubro de 2017.
MORAIS, Márcio . Aspectos do combate ao terrorismo: prevenção e repressão legal no exterior e no Brasil. 1ª Edição, Florianópolis: Editora JusPODIVM, volume 6, 2002.  
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 3 ed. rev.e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
PAULO, Marcos. Terrorismo e o Estado fundamental de direito no Brasil. 2017. Disponível em: <https://kinho431.jusbrasil.com.br/artigos/419642506/terrorismo-e-o-estado-fundamental-de-direito-no-brasil?ref=topic_feed>. Acesso em: 04 de outubro de 2017.
SILVA, William Barbosa Pimentel da. O lacunoso combate ao terrorismo no Brasil e a problemática adequação da Lei 13.260/16 à realidade doméstica. 2017. Disponível em: <https://willpimentel.jusbrasil.com.br/artigos/496484735/o-lacunoso-combate-ao-terrorismo-no-brasil-e-a-problematica-adequacao-da-lei-13260-16-a-realidade-domestica?ref=topic_feed>. Acesso em: 03 de outubro de 2017.
SANTOS, Michelly. Tipificação do crime de terrorismo. 2014. Disponível em: <https://michellysantos.jusbrasil.com.br/artigos/170271504/tipificacao-do-crime-de-terrorismo.>. Acesso em: 27 de setembro de2017.
SARZI, Lucas. Brasil não está preparado para conter ataques bioterroristas. 2015. Disponível em: <http://www.tribunapr.com.br/painel-do-crime/brasil-nao-esta-preparado-para-conter-ataques-bioterroristas/>. Acesso em: 27 de setembro de 2017.
STIVE, Law Enforcement. Narcoterrorismo. 2016. Disponível em: <https://www.stive.com.br/4357-narcoterrorismo.html>. Acesso em: 27 de setembro de 2017.
SUTTI, Paulo; RICARDO, Sílvia. As diversas faces do terrorismo. São Paulo: Editora Harbra, 2003.

Continue navegando