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ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PONTOS DA LEI ANTITERRORISMO

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ANÁLISE DOS PRINCIPAIS PONTOS DA LEI ANTITERRORISMO – LEI 13.260/16
Roosevelt Fontes Dias
Pós-graduação em Ciências Penais – Professores Rodrigo Bello e Felipe Novaes.
RESUMO: O presente artigo tem como escopo principal, uma breve análise dos principais pontos da Lei Federal 13.260, de 16 de Março de 2016, sancionada pela Presidente Dilma Roussef. Lei que criou os tipos penais de terrorismo nos artigos 2° e 6°, operando modificações nas leis de prisão. De forma introdutória, expõe o conceito amplo deste fenômeno global e suas classificações criminológicas. 
Palavras-chave: Lei; Terrorismo; Brasil; tipos penais; análise.
SUMÁRIO: 1 – Introdução; 2 – Conceitos e Classificações; 3 – A Lei Antiterrorismo; 3.1. Dos crimes; 3.2. Manifestações políticas x atos terroristas; 3.3. Medidas investigativas e competência; Conclusão; Referências.
1 – INTRODUÇÃO
Até a entrada em vigor desta lei, embora a constituição de 88 já falasse em terrorismo em vários de seus dispositivos e a lei de crimes hediondos já tratasse de terrorismo equiparando a crimes hediondos. A lei de organização criminosa, também falou em terrorismo. Mas, nós não tínhamos uma lei de terrorismo clara e que o tipificasse. Embora, para alguns autores, a lei 7170/83 em seu art. 20, tratava de terrorismo, ela só nos trazia condutas, sem ficar claro “o que é o terrorismo?” ou “o que são atos de terrorismo?”. Então, como a lei de segurança nacional tenha citado o terrorismo, não o tipificou. O STF julgando um pedido de extradição (n°730) em 2014, a declarou extinta, então o STF acabou constatando pela não existência do crime de terrorismo na época.
O Brasil então ganhou a concorrência pra ser sede dos jogos olímpicos, e no contrato que ele assinou com o Comitê Olímpico Internacional, uma das clausulas era: praticar todos os atos possíveis para impedir, para prevenir e para punir os atos de terrorismo. Para cumprir esta exigência, só em 2016, tramitando em regime de urgência, a lei foi aprovada sem grandes discussões.
2 – CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES
 Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, pânico e, assim, obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do território. É utilizado por uma grande gama de instituições como forma de alcançar seus objetivos, como organizações políticas, grupos separatistas e até por governos no poder.
Ações terroristas típicas incluem assassinatos, sequestros, explosões de bombas, matanças, indiscriminadas, raptos, aparelhamento e linchamentos. É uma estratégia política e não militar, e é levado a cabo por grupos que não são fortes o suficiente para efetuar ataques abertos, sendo utilizada em época de paz, conflito e guerra. A intenção mais comum do terrorismo é causar um estado de medo na população ou em setores específicos da população, com o objetivo de provocar num inimigo (ou seu governo) uma mudança de comportamento.
Como alvo para tal pressão, geralmente, estão civis comuns, tendo feridos tanto os direitos fundamentais como vida, liberdade, segurança e propriedade quanto seus próprios bens e os do Estado, que estão a serviço da sociedade em geral, como Prédios Públicos, exemplificado com o atentado ao Pentágono nos Estados Unidos em 2002, e Sistemas de Transporte, como o ataque ao metrô de Bruxelas, capital da Bélgica.
A definição do conceito não é precisa e pode variar consoantes os interesses de quem o pronuncia. É comum um político acusar um opositor de terrorista pelo simples fato de este não concordar com as suas ideias. O terrorista, por outro lado, tende a negar a sua condição, defendendo o uso da violência como legítima defesa.
Conforme o trabalho de Woloszyn (2006), Major da Polícia Militar do Rio Grande do Sul, há variações terminológicas na classificação de Terrorismo, mas elas vão sempre ao mesmo sentido. Conforme a legislação norte-americana, pelo U.S.A. Patriot Act, há classificação em Internacional, Transnacional e Federal. 
Na mesma linha de raciocínio, a doutrina da Inteligência Brasileira classifica o objeto de estudo em:
- Terrorismo Internacional: quando há envolvimento de mais de um país ou nacionalidade, seja com vítimas, criminosos ou locais de países diferentes; 
- Terrorismo Nacional ou Doméstico: praticados por terroristas dentro do próprio país e contra seus compatriotas; 
- Terrorismo de Estado: “cujos atos de violência são praticados com o apoio ou sob controle de um estado patrocinador”, geralmente utilizado por estados totalitários.
Ainda segundo Woloszyn, quanto aos tipos, eles baseiam-se no objetivo das ações. Apud Melo Neto, são cinco tipos distintos, sendo eles:
 - Terrorismo de Guerra: utiliza ações de sabotagem, assassinatos de líderes e sequestro de comandantes militares para desgastar o inimigo, forçando-o a fragmentar suas forças e abalá-los psicologicamente; 
- Terrorismo Político: ações visando derrubar ou depor regime político, minar suas instituições e causar descontentamento na população face às políticas governamentais (outra vertente são grupos que lutam por libertação estatal ou emancipação política);
- Terrorismo Cultural: perseguição à culturas e etnias fragilizadas como na questão dos latinos e africanos nos EUA, dentre outros; 
- Terrorismo Religioso: caracterizado pela intolerância e violência contra grupos e seitas religiosas;
 - Ciberterrorismo: através da internet, com alvos como meios de comunicação, sistemas de energia elétrica e sistemas bancário e financeiro, com o objetivo de entrar nas redes, danificar arquivos e programas de sites estratégicos e conseguir vantagens sobre os sistemas de informações governamentais ou não. Como exemplo, temos o blecaute (blackout) nos EUA e no Canadá em 14 de agosto de 2003.
- Terrorismo suicida: a priori, cometido como um gesto de paixão e fanatismo, porém, racional, premeditado e calculado para destruir e chamar a atenção da mídia. Pode ocorrer em qualquer local e hora, de modo que burle a segurança, como no caso dos homens-bomba, que tem baixo custo e causam grande dano material e efeito moral no inimigo.
Quanto às vítimas, podem ser distinguidas como: 
- vítima tática: vítima direta, aquela que sofre em si a violência do atentado podendo ser escolhida por alguma característica ou ser apenas um alvo aleatório; 
- vítima estratégica: aqueles que sobrevivem ao atentado, mas que estão no grupo de risco dos vitimados, podendo ser alvo de um próximo atentado entrando em estado de pânico; 
- vítima política: o Estado, que deveria garantir a vida dos seus cidadãos mostrando-se impotente perante um inimigo.
Considerando-se que o objetivo do terrorismo é provocar pânico e/ou terror, sua vítima preferencial é aquela que sobrevive e se sente indefesa ante a vontade do terrorista, pois a vítima tática muitas vezes está morta e, assim, não teme. “O fundamento do terror, portanto, não é morte ou aniquilamento, mas a sensação de vulnerabilidade, impotência e desamparo ante o atentado (SAINT-PIERRE, 2005)”.
3 – A LEI ANTITERRORISMO
Como já dito anteriormente, a lei antiterrorismo no Brasil fora criada entre o anúncio do Rio de Janeiro, como sede dos jogos olímpicos e o começo do mesmo, no ano de 2016. A lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista.
Ainda, Esta lei define o crime (os tipos penais) do Terrorismo e regula o julgamento de tal crime. Ainda, prevê os crimes ligados a essa prática (organização terrorista, financiamento, treinamento,...), além de explicitar quando não é aplicável a manifestações públicas.
3.1 – Dos crimes
A definição de terrorismo está no art. 2º da Lei, estabelecendo que o terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça,cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
Este dispositivo estabeleceu as razões para o crime de terrorismo:
•          Xenofobia;
•          Discriminação;
•          Preconceito de raça, cor, etnia e religião.
Quanto à finalidade do crime de terrorismo, a Lei faz menção a:
•          Terror social;
•          Terror generalizado.
As condutas descritas como atos de terrorismo devem ter essas razões e essas finalidades, pois, do contrário, não haverá crime de terrorismo.
Perceba-se que esta finalidade diz respeito ao dolo específico. Trata-se de um delito de tendência, pois além de exigir o dolo natural, exige-se a finalidade específica: terror social ou generalizado.
Mas, o que seria terror social ou generalizado? Seria o medo causado pela prática dos atos terroristas, causado às pessoas. Trata-se de uma expressão demasiadamente abstrata.
Qual seria o bem jurídico tutelado pelos crimes de terrorismo?
O art. 2º estabelece que os bens jurídicos tutelados pelo crime de terrorismo são:
•          Pessoa (vida e integridade corporal);
•          Patrimônio;
•          Paz pública;
•          Incolumidade pública.
Cabe ressaltar que, segundo o próprio dispositivo, o crime de terrorismo não exige dano concreto ao bem jurídico protegido. A mera ameaça de lesão ao bem jurídico é suficiente para caracterizar o delito.
Com isso, é forçoso concluir que há previsão de crimes de perigo abstrato. Não há necessidade da efetiva lesão ao bem jurídico, bastando o perigo de lesão.
3.2 – Manifestações políticas x Atos terroristas
 Importa observar que o § 2º diferencia os atos terroristas dos atos praticados durante manifestações, não caracterizando terrorismo as condutas individuais ou coletivas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais. A parte final do referido parágrafo, no entanto, destaca que não haverá prejuízo da tipificação penal contida em lei.
3.3 – Medidas investigativas e competência
Cabe à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial (artigo 11). A legislação não previu a investigação "criminal" por outros órgãos, portanto, qualquer informação (de inteligência ou não, financeira ou não) produzida por órgãos como Abin, Coaf, Receita Federal, Forças Armadas, Ministérios Públicos, Polícias Civis e Militares, neste meandro, devem ser trabalhadas de forma integrada e coordenada, com protagonismo investigativo da Polícia Federal, não sendo admissível a instrução de processos paralelos simultâneos e espúrios em outras instituições, sob o manto de subsidiariedade ou complementariedade. É de bom alvitre lembrar que uma das mais duras e frequentes críticas às repartições públicas das nações que sofreram atentados terroristas foi justamente o desencontro e falta de centralização de informações sobre organizações terroristas, infelizmente, atribuível a secretismo, "reserva de mercado" e disputas corporativistas de espaço e poder entre órgãos parceiros refratários ao trabalho coordenado.
Frise-se o imperativo legal do artigo 3º da Lei 12.850/2013: "Art. 3º. Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: (...) VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal".
Cabem à Justiça Federal o processamento e julgamento dos crimes previstos na Lei 13.260/2016, nos termos do artigo 11 da LAT, que presumiu ser a prática contra interesse da União. O tema é polêmico, considerando o rol taxativo do artigo 109 da CF.
CONCLUSÃO
 Seria a lei uma demonstração de preparo do Estado Brasileiro? Em se tratando de segurança parece muito audacioso afirmar que estamos preparados, pois é muito difícil constatar com absoluta certeza quais são as armas e meios utilizados pelos agentes agressores ou terroristas. Porém, o que se pode afirmar é que as ações conjuntas das forças policiais e a integração dos órgãos de segurança nacional e internacional, sem sombra de dúvidas, baseados em uma legislação que descreva punição para eventuais atos praticados, resultam em uma certa tranquilidade na população.
Mesmo que a primeira demonstração da efetivação da lei possa ter sido com um grupo tido como amador, é preciso refletir que se o amadorismo der certo, as consequências poderão ser de um ato profissional e aí o estrago poderá ter sido irreversível. Logo há que se considerar a intenção dos envolvidos neste ato, independentemente de haver amadorismo ou não.
É importante lembrar que segurança é uma questão sempre séria, sobretudo quando envolve risco à vida das pessoas, o bem maior protegido pela Constituição Federal. Logo, compete aos governantes e à própria sociedade buscar a conscientização geral do papel de cada um, tanto no que se refere à segurança pessoal quanto à coletiva. Não podemos entender a segurança somente como um dever do Estado e sim, responsabilidade de todos.
Por fim, apenas o tempo dirá se a lei precisará de ajustes ou não. Esperamos que essa constatação não seja feita da pior maneira possível, ou seja, após um ataque terrorista.
REFERÊNCIAS
Ataques terroristas na Bélgica deixam dezenas de mortos e feridos. Disponível em: < http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/aeroporto-de-bruxela-na-belgicaregistra-explosoes.html >. Acesso em 28 de março de 2016.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940: Código Penal
_______. Lei 13,260, de 16 de março de 2016.
_______. Lei 12.850, de 02 de agosto de 2013.
_______. Lei 8.072, de 25 de julho de 1990.
_______. Lei 7.960, de 21 de dezembro de 1989.
GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 7ª. ed. Niterói: Impetus, 2013.
MARTINELLI, João Paulo Orsini, BEM, Leonardo Shmitt de. Os atos preparatórios na nova Lei “Antiterrorismo”.
WOLOSZYN, André Luis. Aspectos gerais e criminais do terrorismo e a situação do Brasil. Disponível em: < http://www.defesanet.com.br/docs/aspectos_socio-criminais_do_terrorismo.pdf>. Acesso em 11 de maio de 2011.

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