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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO A CURTO PRAZO DE CREATINA SOBRE O EIXO GH-IGF-I, FUNÇÃO NEUROMUSCULAR E VIAS DE SÍNTESE E DEGRADAÇÃO PROTÉICA MUSCULAR EM RATOS Any Almeida e Elisama Paes Creatina • 1927 – Fosfocreatina no tecido muscular; • 1962 Cain e Davies- Inibição da Ck e diminuição dos níveis de ATP; • 1977 Atkinson – Função da fosfocreatina (ressíntese rápida de ATP) • Rápida ressíntese de ATP; • Na fosforização e geração do ATP, utiliza além de ADP, prótons de H. Quando ocorre contrações intensas o acoplamento das reaçõs das ATPases e da PCk pode prevenir a acidificação celular; Funções da Fosfocreatina Lançadeira de Fosfocreatina • ATP distribuído homogeneamente no citoplasma e alcançando todos os sítios de utilização rápida por difusão; • Novas evidências com experimento de isquemia no músculo esquelético, interrupção da contração, apesar dos níveis de ATP estarem exauridos apenas 10% e a fosfocreatina estava exaurida; • Creatina promove um estimulo na respiração mitocondrial; • Compartimento mitocondrial e citoplasmático interconectado por um sistema de transferência de energias; • Aumento da hidrolise de ATP se acumula a ADP e ocorre a ativação da enzima Adenilato Quinase (Ak) que catalisa a reação de ATP em AMP a partir de duas moléculas de ADP; • A Ck recicla o ATP e evita a perda de nucleotídeos de adenina na célula; • A Creatina Quinase (Ck) se contra presente presente nos sitios de ligação durante as modificações na contração muscular, acopladas com as ATPases; METABOLISMO DA CREATINA • Formada por Carbono, Hidrogênio e Nitrogênio • Sintetizado nos rins, pâncreas e fígado (Glicina, Arginina, Metionina); • 2g de creatina são convertidos por ação não enzimática que atravessa a membrana livremente • Estoque intracelular de Cr total é de 120g em um individuo de 70kg, 95% encontrado no musculo esquelético; • Concentração 40% de Cr do músculo do quadríceps e 60% na forma livre de PCr; • PCr em fibras do tipo II ( rápidas) é superior as do tipo I ( lentas); • Músculo cardíaco tem menos atividade de Ck e menos níveis de PCr devido a alta utilização mitocondrial; • Músculos esqueléticos tem maiores valores de Ck e PCr, rápida diminuição em exercícios intensos; • Nas fibras glicoliticas onde a principal via de geração de ATP é a via glicolitica, a Ck encontra-se acoplada funcionalmente a glicólise; • No miocárdio e nas fibras oxidativas no músculo esquelético as mitocondriais se organizam em complexos funcionais com o reticulo sarcoplasmático e os sarcomêros, nas chamadas Unidades Energéticas Intracelulares; • A creatina provoca atenuação da fadiga e tem ação antioxidante • Suplementação com creatina proporciona uma melhoria significativa em atividades de alta intensidade; GH • GH ou somatotropina ( Hormônio do crescimento humano) • Leva o nome de “humano” por ser o único que tem a estrutura molecular diferente daquele sintetizado por animais • Duas formas: A principal com 191 aminoácidos e uma segunda forma com 176 aminoácidos; SÍNTESE/ SECREÇÃO • Hipotálamo > Hormônio GHRH > hipófise anterior > O GHRH liga-se a receptores da membrana dos somatotrofos o que induz as secreção > GH • O GH é secretado de forma pulsátil, com pulsos ocorrendo de 2 a 3 horas, variando a amplitude. O maiores pulsos ocorrem a noite, nas fases iniciais do sono. Tem meia vida de 20 min • Outros fatores podem influenciar na secreção de GH : nutricionais, quantidade de sono, gordura corporal, estresse e atividade física ou grau de treinamento; • A síntese de GH também pode ser realizada por feedback negativo (elevada concentração do GH na circulação pode promover redução de estímulos a sua síntese da adenohipofise ou reduzir a interação com os receptores dos tecidos corporais); Excesso/falta de secreção de GH • Hipersecreção: gigantismo • Hiposecreção : nanismo • Uma criança ativa tende a crescer mais que uma criança sedentária; • Problemas com a utilização de GH como agente ergogênico exógeno entre atletas é a acromegalia devido a hipersecreção, que é crescimento exagerado dos ossos em espessura, casos de morte súbita por para cardíaca e pode ter um efeito diabetogênico por estimular as células beta a secretar insulina extra Nanismo/Gigantismo Acromegalia RECEPTOR DE GH • O GH esta presente na circulação ligado com proteínas especificas a GHBP; • O GHBP também pode regular as funções dos receptores de membranas do GH; Funções do GH • Aumento da captação de aminoácidos e da síntese proteica pela redução da quebra de proteínas; • Estimulação da reprodução celular; • Estimulação do crescimento da cartilagem e do osso; Estimulo/ Inibição de GH • Somatostatina (SRIF) , produzida no fígado, inibe a secreção do GH; • GHRH estimula a secreção de GH; • SRIF e GHRH tem sua síntese influenciada por diversos neurotransmissores, como: serotonina, dopamina, acetilcolina e noradrenalina; AÇÕES • O GH tem ação anabólica ao estimular o crescimento tecidual e metabólica, alterando o fluxo , a oxidação e o metabolismo de praticamente todos os nutrientes da circulação. Os mecanismos envolvidos com estas ações são bastante complexos: AÇÃO DIRETA Após a ligação do GH com seu receptor, ocorre a dimerização do GHR, fato esse essencial para transdução do sinal intracelular, que se inicia a partir da fosforilação um resíduo de tirosina, por meio de proteínas acopladas ao GHR, como a JAK2. Uma vez que o GHR esta fosforilado diversas proteínas intracelulares podem se ligar a ele, resultando em fosforilação das mesmas. Essas proteínas fosforiladas transmitem o sinal do GH para dentro da célula. Entre os principais fatores celulares ativados pelo GH estão a família de proteínas conhecidas como STAT, que após a fosforilação, também sofrem dimerização e migram para o núcleo da célula para regular a expressão dos genes alvos do GH. A parte considerável dos efeitos anabólicos do GH ocorre por meio dessa modulação de expressão genica. O GH também ativa outras proteínas, como a MAP quinase, a proteína quinase C e o substrato receptor de insulina. AÇÃO INDIRETA • Entre os efeitos indiretos do GH, o mais importante é a modulação e a síntese de IGF-I que é um grande mediador do efeito anabólico do GH, principalmente relacionados no crescimento em estatura. O IGF-I hepático age como hormônio, estimulando o crescimento de diversos tecidos, como o muscular e o ósseo. Atualmente se sabe que diversos tecidos podem sintetizar o IGF-I. • Os IGFs exercem suas ações mediante interação com dois receptores diferentes denominados receptores de IGF tipo 1( IGF-1R) e tipo 2 ( IGF-2R). • A tipo 1 IGF-1R,( estrutura similar ao receptor de insulina) uma vez ativada promove fosforilação de resíduos de tirosina do próprio receptor e de proteínas-substrato associadas. Tem múltiplas vias de sinalização. Esse receptor apresenta afinidade tanto pelo IGF-1 quanto pelo IGF-2. • A maioria das ações dos IGFs é mediada via IGF-IR, não sendo muito claro o papel fisiológico do IGF-2R. Recentemente demonstrou-se que poliformos do gene IGF-2R estão associados a menor crescimento nos primeiros anos de vida. • O GH estimula o fígado a secretar as somatomedinas ou fatores de crescimento semelhantes a insulina ( IGF-I, IGF-II), eles atuam em conjunto, acentuando mutuamente seus efeitos tem receptor especifico GHR, comdomínio extracelular na porção transmembranica e domínio citoplasmático IGF • Capaz de estimular a proliferação, diferenciação e fusão das células satélites, sendo um importante mediador no treinamento de força; • Se relaciona com a hipertrofia das fibras musculares e se mostrou elevado após 48 horas após uma sessão de treinamento para membros inferiores; • Isoforma de IGF-I no musculo esquelético MGF, quando o musculo é submetido a sobrecarga; • O IGF-I produzido no fígado não parece ser determinante para a hipertrofia. Nos camundongos transgênicos não expressavam o IGF- 1 hepático, apesar da baixa concentração deste hormônio, não tiveram prejuízos; • A administração de GH ou IGF-I não parece ser um estimulo eficaz para o aumento de massa muscular na ausência de sobrecarga mecânica; GH no exercício físico • Exercício físico libera GH quanto maior for a intensidade do exercício ( Inibe a produção de somatostatina); • Aumentos da quantidade de massa muscular; • Aumento da força; • Sessões com duração maior de 30 minutos aumentam a liberação do GH; • Sessões de maior volume (> 8 e >15 repetições por série) resultam em maior liberação de GH; • Intervalos curtos entre as séries aumentam a liberação de GH; • Aumento no VO2Max; • Aumento de peso corporal; • Individuos mais velhos (> 40 anos) menos liberação de GH; Excreção do GH em exercício Físico PLASTICIDADE MUSCULAR Funções alteradas devido a estímulos que modificam a atividade contrátil: • Exercícios; • Estimulação elétrica; • Desnervação; • Exercícios com carga; • Intervenções nutricionais; • Fatores externos ( hipóxia, estresse térmico); CONTROLE TRADUCIONAL DA SÍNTESE PROTEÍCA • Controlado por intervenções desde o DNA até a tradução do mRNA. O ganho ou perda de proteínas no musculo é determinado pelo balanço entre esses dois; A tradução do mRNA em proteína é um passo fundamental e é dividido em 3 etapas: • Iniciação, no qual o metionil-tRNA iniciador ( contendo o primeiro aminoácido, metionina, da cadeia polipeptídica a ser formada) e o RNAm são ligadas as unidades ribossômicas; • Alongamento, o passo no qual os aminoácidos são incorporados a cadeia peptídica nascente; • Terminação, quando o peptídeo completo é liberado do ribossomo; A iniciação envolve 12 fatores, mas dois são regulados de forma especialmente importante: • Ligação do metRNAi à subunidade 40S mediada pelo Eif2 • Ligação do mRNA a subunidade 40S e envolve proteínas eIF4 PAPEL DO SISTEMA UBIQUITINA-PROTEASSOMA NA ATROFIA MUSCULAR • É um sistema de degradação de proteínas dependente de ATP; • Envolve a participação de um complexo enzimático denominado proteossoma 26S, formado por 2 unidades regulatórias (19S) e uma subunidade catalítica ( 20S); • A subunidade 19S reconhece as proteínas marcadas com uma cadeia de ubiquitina; 3 componentes são necessários para ligar a cadeia de ubiquitina nas proteínas destinadas • Enzima E1 ( ativadora de ubiquitina) • Enzima E2( proteína conjugadora de Ub) • Enzima E3 ( Ub-ligases) enzima chave, confere especificidade, liga a Ub à proteína, que então é reconhecida pelo proteossoma 26 que degrada as proteínas em fragmentos menores. • Atrogin-1 e MuRf tem grande importância na atrofia muscular; • Enzimas desubiquitinadoras desempenham um papel importante, catalisando a remoção de UB das proteínas, livrando da degradação; • Ubiquitinação pode servir como sinal para outros processos também; Experimentos Ubiquitinação • Em condições que levam a atrofia muscular, desnervação, hipertireoidismo e sepse, a utilização de um inibidor de proteossoma reduziu a degradação muscular em 70%, 40-70% e 100%, demonstrando a importância do sistema ubiquitina-proteossoma em condições de intenso catabolismo; proteico muscular EXPERIMENTOS PAPEL DO IGF-I DA ATROFIA MUSCULAR • Camundongos transgênicos que super- expressam IGF-I apresentam hipertrofia muscular, atenuação da atrofia relacionada a idade e melhoria na massa e força muscular, o que parece ser devido ao aumento da replicação das células satélites e, consequentemente , do numero de mionucleicos, evidenciado pelo aumento do conteúdo total de DNA. • Em ratos diabéticos há um declínio na taxa de síntese proteica muscular em consequência da diminuição da iniciação da tradução, devido a uma diminuição na atividade da eIF2B, e inibição da ligação do RNAm ao complexo de iniciação 43S, aumentando a disponibilidade de eF4E ativa. O tratamento destes animais com insulina restaura a taxa de tradução. Algumas intervenções com administração de aminoácidos, hormônios e treinamento de força ativam as vias de sinalização que ativam os fatores de iniciação, levando um aumento na síntese proteica; •Foi demonstrado que a hipertrofia de miotubulos in vitro induzida por IGF-1 depende da via iniciada pela PI3K e Akt, que leva a ativação da mTOR. Foi demonstrado que animais transgênicos que possuíam uma forma da Akt constitutivamente ativa expressa condicionalmente na musculatura esquelética apresentaram um aumento de cerca de 100% na área media das fibras musculares após 2 a 3 semanas. As proteínas p70s6k e 4E-BP1 são alvos da mTOR. Dessa forma, o IGF-1 promove síntese proteica, ao estimular a síntese de proteínas ribossomais e a etapa de inicio de tradução. Rapamicina, um inibidor seletivo da mTOR, bloqueou a hipertrofia em todos os modelos experimentais testados, sem causar atrofia em músculos de controle. Em contrapartida, a inibição da via da calcineuria não bloqueou a hipertrofia nesses modelos. • A administração de IGF-1 a animais em jejum provocou a inibição da expressão de atrogin-1( atrofia muscular), que se mostrou elevada nos animais não tratados. Além disso, a adição deste hormônio inibiu a expressão da ubequitina-ligase ( enzima chave no processo de degredação de proteínas) também em células musculares em cultura submetida a altas doses de glicocorticoides. Assim o IGF-1, além de seus efeitos anabólicos, parece atuar na degradação proteica, via sistema ubiquitina-proteassoma. • Foi demonstrado que durante a atrofia muscular por desuso ou desnervação há um prejuízo na tradução e, consequentemente, na síntese proteica, com aumento de fosforilação da 4E-BP1 ( fator de crescimento) e queda na associação de eIF4E com a eIF4G, além de diminuir a atividade da mTOR e S6k1. O contrário foi verificado nos músculos submetidos a estímulos de sobrecarga durante 14 dias, que levou a hipertrofia das fibras musculares. Em conjunto, esses dados mostram que em condições de diminuição ou aumento de demanda funcional do musculo esquelético estas vias de síntese e degradação proteicas são importante moduladores dos processos de remodelamento do tecido muscular. CREATINA E METABOLISMO PROTEICO MUSCULAR • Em humanos, ganhos no desempenho, exercício de força e potência e ganho de massa magra tem sido atribuídos a Creatina. Buscou-se avaliar os mecanismos celulares pelos quais esta suplementação poderia influenciar no aumento da síntese proteica e hipertrofia muscular; • Células do musculo esquelético e cardíaco, quando incubadas com creatina, apresentam maior incorporação de leucina marcada à cadeia pesada da miosina (MHC). Além disso, o conteúdo proteico total mostrou-se elevado, após 2 a 4 dias de incubação. Foi mostrado também que a fusão das células satélites miogênicas é aumentada quando creatinaé adicionada ao meio durante a fase de diferenciação. Experimentos com Creatina • Foi incubado celular musculares C2C12 com Cr e verificaram aumento da expressão do RNAm do IGF-I a partir de 24 horas, alcançando um aumento de 3,7 vezes após 72 horas. Além disso, houve hipertrofia das fibras musculares, evidenciadas pelo aumento do diâmetro das fibras em cerca de 40% e aumento no conteúdo proteico nos miotubulos. Além do IGF-I fatores de regulação da miogenese tiveram sua expressão aumentada, aumento da diferenciação, com maior incorporação de metionina marcada em proteínas sarcoplasmáticas e miofibrilares . • Além disso a expressão MHC-II, troponina T e titina mostraram-se significativamente aumentadas. A creatina aumentou a fosforização da Akt em 60%. O aumento da expressão de MHC-II não foi abolido quando se utilizou um inibidor do receptor de IGF- I, indicando que a ação da Cr não ocorre exclusivamente via aumento de IGF-I. Estas proteínas estão envolvidas no processo de síntese proteica e, consequentemente, da hipertrofia muscular. • Em humanos, a suplementação com creatina monihidratada também foi capaz de regular as concentrações de IGF-I. A suplementação resultou num aumento do RNAm de IGF-1 muscular em repouso. Após uma sessão de exercícios, a expressão também se mostrou elevada, mas sem diferença significativa entre o grupo suplementado e placebo. Também foi verificado que o exercício, independente da suplementação, foi eficaz em elevar o conteúdo de IGF-1 muscular ( +54%). Entretanto, o grupo que recebeu a suplementação com creatina monohidratada apresentou um aumento significativamente maior no conteúdo deste hormônio ( +67%).
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