Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anotac¸o˜es Sobre Equac¸o˜es Quociente. Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡ rodrigo.uff.math@gmail.com ‡ 2 Suma´rio 1 Equac¸o˜es quociente 3 1.1 Recorreˆncias do tipo f(n+ p) = c p−1∏ k=0 ( f(n+ k) )ak . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Recorreˆncias do tipo f(n+ 1) = f(n). k−1∏ w=1 (kn+w) . . . . . . . . . . . . . 4 1.3 Recorreˆncia do tipo g(n+ p)f(n+ p) = p−1∑ k=0 ck[g(n+ k)f(n+ k)] . . . . . 6 1.3.1 Recorreˆncia do tipo a(n+ p) = bna(n) . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4 Integrac¸a˜o e recorreˆncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.4.1 Recorreˆncia do tipo p∏ k=1 (an+k + t) = an+p+1 . . . . . . . . . . . . . 11 3 4 SUMA´RIO Capı´tulo 1 Equac¸o˜es quociente 1.1 Recorreˆncias do tipo f(n+ p) = c p−1∏ k=0 ( f(n+ k) )ak Vamos considerar uma recorreˆncia do tipo f(n+p) = c p−1∏ k=0 ( f(n+k) )ak de termos positivos, tomando o logaritmo em uma certa base de ambos lados log f(n+ p) = log c+ log p−1∏ k=0 ( f(n+ k) )ak = logc+ p−1∑ k=0 ak log f(n+ k) tomando a mudanc¸a log f(n+ s) = h(n+ s) para todo s de 0 ate´ p, temos h(n+ p) = k+ p−1∑ k=0 akh(n+ k) onde log c = k, que pode ser resolvida com te´cnicas ja´ vistas antes, por se tratar de uma recorreˆncia linear. Z Exemplo 1. Resolver formalmente a recorreˆncia f(n+ 2) = f(n+ 1).f(n)c. Tomando o logaritmo em ambos lados, temos log f(n+ 2) = log f(n+ 1) + c log f(n) 5 6 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES QUOCIENTE tomando h(n) = log f(n) tem-se uma recorreˆncia linear h(n+ 2) = h(n+ 1) + ch(n). 1.2 Recorreˆncias do tipo f(n+ 1) = f(n). k−1∏ w=1 (kn+w) Tomamos uma condic¸a˜o inicial f(0) diferente de zero. f(n+ 1) = f(n). k−1∏ w=1 (kn+w) = f(n)(kn+ 1)× · · · × (kn+ k− 1) mudando n por s f(s+ 1) = f(s). k−1∏ w=1 (ks+w) f(s+ 1) f(s) = Qf(s) = k−1∏ w=1 (ks+w) tomando o produto´rio de ambos lados com s variando de 0 ate´ n− 1 n−1∏ s=0 Qf(s) = f(n) f(0) = n−1∏ s=0 k−1∏ w=1 (ks+w) assim temos f(n) = f(0) n−1∏ s=0 k−1∏ w=1 (ks+w) Agora vamos mostrar que essa expressa˜o pode ser escrita com fatorial da seguinte maneira f(n) = f(0)(kn)! kn(n)! temos que f(n+ 1) = f(0)(kn+ k)! k.kn(n+ 1)(n)! e temos (kn+ k)! = kn+k∏ w=1 w = [ kn∏ w=1 w].[ kn+k−1∏ w=kn+1 w].(kn+ k) = (kn)![ k−1∏ w=1 (kn+w)](k)(n+ 1) 1.2. RECORREˆNCIAS DO TIPO F(N+ 1) = F(N). K−1∏ W=1 (KN+W) 7 substituindo temos f(n+ 1) = f(0)(kn)![ k−1∏ w=1 (kn+w)](k)(n+ 1) k.kn(n+ 1)(n)! = f(0)(kn)![ k−1∏ w=1 (kn+w)] kn(n)! = f(n+ 1) = f(n) k−1∏ w=1 (kn+w) agora falta mostrar que ela satisfaz a condic¸a˜o inicial f(0) = f(0) f(0) = f(0)(k0)! k0(0)! = f(0). Temos como corola´rio enta˜o que (kn)! kn(n)! = n−1∏ s=0 k−1∏ w=1 (ks+w) lembrando que (kn)! n! pode ser escrita como poteˆncia fatorial da seguinte maneira (kn)! n! = (kn)(n(k−1),1) podemos escrever (kn)! kn(n)! = (kn)(n(k−1),1) kn = n−1∏ s=0 k−1∏ w=1 (ks+w) Z Exemplo 2. Se k = 2 temos (2n)! 2n(n)! = n−1∏ s=0 1∏ w=1 (2s+w) = n−1∏ s=0 (2s+ 1) = (2n) (n,1) 2n e a recorreˆncia f(n+ 1) = (2n+ 1)f(n). Z Exemplo 3. Se k = 3 temos que (3n)! 3nn! 8 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES QUOCIENTE satisfaz a recorreˆncia f(n+ 1) = (3n+ 2)(3n+ 1)f(n). 1.3 Recorreˆncia do tipo g(n+p)f(n+p) = p−1∑ k=0 ck[g(n+ k)f(n+ k)] Para resolver recorreˆncias do tipo g(n+p)f(n+p) = p−1∑ k=0 ck[g(n+k)f(n+k)], onde g(n) e´ conhecida e na˜o se anula, tomamos g(n+ s)f(n+ s) = h(n+ s) h(n+ p) = p−1∑ k=0 ckh(n+ k) que pode ser resolvida por te´cnicas que ja´ conhecemos , tomamos como soluc¸a˜o f(n) = h(n) g(n) Z Exemplo 4. Seja a recorreˆncia de termos positivos (onde g(n) e´ dada) g(n+ 1)f(n+ 1) = g(n)f(n) f(n+ 1) f(n) = g(n) g(n+ 1) = Qf(n) perceba que Q 1 g(n) = g(n) g(n+ 1) , assim Qf(k) = Q 1 g(k) aplicando o produto´rio em ambos lados variando de k = a ate´ k = n− 1 temos n−1∏ k=a Qf(k) = f(n) f(a) = n−1∏ k=a Q 1 g(k) = g(a) g(n) 1.3. RECORREˆNCIA DO TIPO G(N+ P)F(N+ P) = P−1∑ K=0 CK[G(N+ K)F(N+ K)] 9 implicando f(n) = f(a).g(a) g(n). Uma outra maneira simples de resolver essa questa˜o e´ tomar f(n) = h(n) g(n) , assim temos g(n+ 1)h(n+ 1) g(n+ 1) = g(n) h(n) g(n) implicando h(n+ 1) = h(n) onde temos enta˜o h(n) = c, assim a soluc¸a˜o geral fica como f(n) = c g(n) Podemos ainda fazer de uma terceira maneira, tomamos o logaritmo de ambos lados lng(n+ 1) + ln f(n+ 1) = lng(n) + ln f(n) ∆ ln f(n) = −∆ lng(n) aplicando o somato´rio em ambos lados com k variando de a ate´ n− 1 n−1∑ k=a ∆ ln f(k) = ln f(n) − lnf(a) = − n−1∑ k=a ∆ lng(n) = − lng(n) + lng(a) implicando ln f(n) = ln f(a).g(a) g(n) implicando f(n) = f(a).g(a) g(n) 1.3.1 Recorreˆncia do tipo a(n+ p) = bna(n) 10 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES QUOCIENTE b Propriedade 1. Se a(n+ p) = bna(n) enta˜o a(p n+q) = a(q) n−1∏ s=0 b(p s+q). ê Demonstrac¸a˜o. Por divisa˜o euclidiana de n por p temos n = ps + q, daı´ tem-se a(p(s+1)+q) = bps+qa(ps+q) tomando xs = a(ps+q) segue xs+1 = a(p(s+1)+q) daı´ xs+1 = b(ps+q)xs, Qxs = b(ps+q) aplicando o produto de s = 0 ate´ s = n− 1 temos por produto telesco´pico xn = x0 n−1∏ s=0 b(ps+q) substituindo x0 = a(q) e xn = a(pn+ q) a(pn+q) = a(q) n−1∏ s=0 b(ps+q). Z Exemplo 5. Dada a recorreˆncia a0 = 1 = a1 e a(n+2) = n− 1 n+ 1 an, achar a expressa˜o para a2n. Temos que p = 2, q = 0 e b(n) = n− 1 n+ 1 logo b(ps) = b(2s) = 2s− 1 2s+ 1 enta˜o a(2n) = n−1∏ s=0 2s− 1 2s+ 1 = n−1∏ s=0 (2s− 1) n−1∏ s=0 (2s+ 1) = n−1∏ s=0 (2s− 1) n∏ s=1 (2s− 1) = (−1) n−1∏ s=1 (2s− 1) (2n− 1) n−1∏ s=1 (2s− 1) = 1 1− 2n . Z Exemplo 6. Para a recorreˆncia c(n + 2) = c(n) na˜o precisamos aplicar a fo´rmula fechada para descobrir os valores pois ela e´ perio´dica, de perı´odo 2. Por isso temos c(2n) = c(0)e c(2n+ 1) = c(1). 1.4. INTEGRAC¸A˜O E RECORREˆNCIAS 11 Z Exemplo 7. Deduza uma expressa˜o fechada para a recorreˆncia a(n+ 2)(n+ 2)(n+ 1) = a(n). Escrevemos a(n+ 2)(n+ 2)! n! = a(n)⇒ a(n+ 2)(n+ 2)! = a(n)n!. Denote c(n) := a(n)n!, logo temos c(n + 2) = c(n) e caı´mos no caso anterior. Como c(0) = a(0)0! = a(0) e c(1) = a(1)1! = a(1), segue que a(2n)(2n)! = a(0)⇒ a(2n) = a(0) (2n)! e a(2n+2)(2n+1)! = a(0)⇒ a(2n+2) = a(1) (2n+ 1)! . 1.4 Integrac¸a˜o e recorreˆncias Vamos comec¸ar demonstrando fo´rmulas de recorreˆncia para as integrais de poteˆncias da func¸a˜o seno e cosseno. b Propriedade 2.∫ cosnx dx = 1 n cosn−1x senx+ n− 1 n ∫ cosn−2x dx para n ≥ 2 natural. ê Demonstrac¸a˜o. Vamos aplicar a integrac¸a˜o por partes∫ cosnx dx = ∫ cosn−1x cosx dx tomando g(x) = cosn−1x segue que g ′(x) = −(n− 1)senx cosn−2x e f ′(x) = cosx temos f(x) = senx logo ∫ cosnx dx = cosn−1x senx+ (n− 1) ∫ sen2x cosn−2x dx = substituindo sen2x = 1− cos2x temos 12 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES QUOCIENTE ∫ cosnx dx = cosn−1x senx+ (n− 1) ∫ (1− cos2x) cosn−2x dx = = cosn−1x senx+ (n− 1) ∫ cosn−2x dx− (n− 1) ∫ cosnx dx = ∫ cosnx dx segue que ∫ cosnx dx = 1 n cosn−1x senx+ n− 1 n ∫ cosn−2x dx . Z Exemplo 8. Mostre que∫ 1 0 (1− x2)ndx = 2 2n(n!)2 (2n+ 1)! para n natural. Vamos fazer a substituic¸a˜o x = sent, assim 1 − x2 = 1 − sen2t = cos2t e temos quando x = 0 t = 0, x = 1, t = pi 2 e dx = costdt substituindo temos ∫ pi 2 0 cost cos2nt dt = ∫ pi 2 0 cos2n+1t dt = 22n(n!)2 (2n+ 1)! e agora demonstrar por induc¸a˜o, para n = 0 temos∫ pi 2 0 cost dt = sent ∣∣∣∣pi/2 0 = 1 = 22.0(0!)2 (2.0+ 1)! seja agora va´lido para n f(n) = ∫ pi 2 0 cos2n+1t dt = 22n(n!)2 (2n+ 1)! vamos provar para n+ 1∫ pi 2 0 cos2n+3t dt = 22n+2((n+ 1)!)2 (2n+ 3)! = 4(n+ 1)222n(n!)2 (2n+ 3)(2n+ 2)(2n+ 1)! = = 2(2n+ 2)(n+ 1)22n(n!)2 (2n+ 3)(2n+ 2)(2n+ 1)! = 2(n+ 1)22n(n!)2 (2n+ 3)(2n+ 1)! = 2n+ 2 2n+ 3 f(n) e o que devemos mostrar, usando a recorreˆncia de integrais de poteˆncias de cosseno temos ∫ pi 2 0 cos2n+3t dt = 1.4. INTEGRAC¸A˜O E RECORREˆNCIAS 13 ∫ pi 2 0 cos2n+3x dx = 1 2n+ 3 cos2n+2x senx ∣∣∣∣pi/2 0 + 2n+ 2 2n+ 3 ∫ pi 2 0 cos2n+1x dx = = 2n+ 2 2n+ 3 ∫ pi 2 0 cos2n+1x dx = 2n+ 2 2n+ 3 f(n) . Com esse exemplo vemos que 2 2n(n!)2 (2n+ 1)! satisfaz a recorreˆncia f(n+1) = 2n+ 2 2n+ 3 f(n) com condic¸a˜o inicial f(0) = 1. Podemos expandir a primeira integral para chegar numa outra relac¸a˜o∫ 1 0 (1−x2)ndx = ∫ 1 0 n∑ k=1 ( n k ) (−1)kx2k = n∑ k=1 ( n k ) (−1)k x 2k+1 2k+ 1 ∣∣∣∣1 0 = n∑ k=1 ( n k ) (−1)k 2k+ 1 = 22n(n!)2 (2n+ 1)! . n∑ k=1 ( n k ) (−1)k 2k+ 1 = 22n(n!)2 (2n+ 1)! . Z Exemplo 9. Seja a sequeˆncia definida como f(n + 2) =√f(n+ 1)f(n), com condic¸o˜es iniciais f(1) e f(2), achar a expressa˜o geral e o limite da sequeˆncia. Tomamos ln em cada lado da recorreˆncia e chegamos na recorreˆncia ln f(n+2) = 1 2 ln f(n+ 1) + 1 2 ln f(n), tomando g(n) = ln f(n) tem-se a recorreˆncia g(n+ 2) = 1 2 g(n+ 1) + 1 2 g(n) pela teoria de recorreˆncia a forma dessa recorreˆncia e´ g(n) = c1 + c2 ( −1 2 )n resolvendo o sistema para achar as condic¸o˜es iniciais chegamos em f(n) = f(1) 1 3 f(2) 2 3 ( f(2) f(1) ) 4 2 ( −1 2 ) n o processo de deduc¸a˜o na˜o precisa ser feito novamente, basta mostrar que a expressa˜o encontrada satisfaz as condic¸o˜es iniciais e a recorreˆncia dada. Tem-se tambe´m ln f(n) = ln f(1) 1 3 f(2) 2 3 + 4 3 ( −1 2 )n ln f(2) f(1) 14 CAPI´TULO 1. EQUAC¸O˜ES QUOCIENTE tomando o limite lim ln f(n) tem-se lim ln f(n) = ln f(1) 1 3 f(2) 2 3 e daı´ lim f(n) = f(1) 1 3 f(2) 2 3 . 1.4.1 Recorreˆncia do tipo p∏ k=1 (an+k + t) = an+p+1 Z Exemplo 10. Em recorreˆncia do tipo p∏ k=1 (an+k + t) = an+p+1 + t tomando o logaritmo de ambos lados temos ln(an+p+1 + t) = p∑ k=1 ln(an+k + t) tomando ln(an+k + t) = f(n+ k), temos a recorreˆncia linear f(n+ p+ 1) = p∑ k=1 f(n+ k). Z Exemplo 11. Ache a soluc¸a˜o da recorreˆncia an+1 + anan+1 + an = an+2. O problema aqui e´ escrever a recorreˆncia por fatorac¸a˜o de modo conveniente. A fatorac¸a˜o e´ (an+1 + 1)(an + 1) = an+2 + 1 pois expandindo an+1an + an+1 + an + 1 = an+2 + 1⇔ an+1 + anan+1 + an = an+2 enta˜o basta aplica o logaritmo em (an+1 + 1)(an + 1) = an+2 + 1 e resolver. Equações quociente Recorrências do tipo f(n+p)=cp-1k=0(to.f(n+k))to.ak Recorrências do tipo f(n+1)=f(n).k-1w=1(kn+w) Recorrência do tipo g(n+p)f(n+p)=p-1k=0ck[g(n+k)f(n+k)] Recorrência do tipo a(n+p)=bna(n) Integração e recorrências Recorrência do tipo pk=1(an+k+t)=an+p+1
Compartilhar