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TEORIA GERAL DO CRIME INFRAÇÃO PENAL Conceito de infração penal

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2º BIMESTRE TEORIA GERAL DO CRIME
 INFRAÇÃO PENAL Conceito de infração penal:
 a) formal: típico e antijurídico
 b) material: efetiva lesão a um bem jurídico 
c) analítico: típico, antijurídico e culpável
 	Elementos das infrações penais: verbo que descreve a conduta, objeto material (pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta), objeto jurídico (bem jurídico ou interesse protegido pela norma penal) sujeitos ativo e passivo.
Conceito de crime ou delito
 	Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”. 
Aos crimes a lei comina as seguintes penas:
 reclusão 
reclusão e multa 
reclusão ou multa 
detenção 
detenção e multa
 Conceito de contravenção 
Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: “considera-se contravenção, a infração penal a que lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”. 
Para as contravenções a lei comina as penas de: 
prisão simples 
prisão simples e multa 
prisão simples ou multa 
multa
No Brasil, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal (ou crime anão, delito liliputiano ou crime vagabundo)
 Adotou-se o sistema dualista ou binário.
Conclui-se, com isto, que o rótulo de crime ou contravenção penal para determinado comportamento humano depende do valor que lhe é conferido pelo legislador: as condutas mais graves devem ser etiquetadas como crimes; as menos lesivas, como contravenções penais. Trata-se, portanto, de opção política que varia de acordo com o momento histórico-social em que vive o país, sujeito a mutações 
A título de exemplo, o porte ilegal de arma de fogo, até o ano de 1997, configurava contravenção penal (artigo 19 da Lei de Contravenções Penais), infração de menor potencial ofensivo. No ano de 1997 foi elevado à categoria de crime e, em 2003, algumas figuras chegaram a ser rotuladas como inafiançáveis (Estatuto do Desarmamento). A conduta de portar arma de fogo sem autorização não mudou, mas sim a visão do legislador sobre a sua gravidade do comportamento. O mesmo ocorre com a conduta de fornecer bebida alcoólica a criança ou adolescente. Entendia-se que esta conduta não estava inserida no art. 243 da Lei 8.069/90, mas, sim, no art. 63, inciso I, do Decreto-lei 3.688/41. A Lei 13.106/15 alterou o art. 243 para inserir expressamente a bebida alcoólica naquele tipo penal, e revogou a contravenção penal. 
DIFERENÇAS ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL 
Apesar de ontologicamente idênticos (aplicando-se às contravenções as regras gerais do CP), crime e contravenção possuem algumas diferenças trazidas pela própria lei:
 Quanto à pena privativa de liberdade imposta - Nos termos do que disposto no art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal, "Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas alternativa ou cumulativamente" (art. 1 °). Percebam, portanto, que os crimes serão punidos com penas mais severas (reclusão ou detenção), enquanto as contravenções penais com penas menos severas (destacando-se a prisão simples, art. 6° da LCP, que não segue os rigores penitenciários daquelas). 
Quanto à admissibilidade: da tentativa - A tentativa de crime é punida nos termos do artigo 14, parágrafo único, do Código Penal. Por sua vez, muito embora possa ocorrer, no mundo dos fatos, a tentativa de contravenção penal não é punível, consoante disposição do artigo 4° da Lei de Contravenções Penais. Em regra somente se aplica aos crimes, já que para as contravenções penais vige o artigo 2° da LCP, que determina que "A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território
Quanto à extraterritorialidade da lei penal brasileira Como já estudado, presentes alguns requisitos, é possível a aplicação da lei brasileira a fato praticado fora do nosso território, nos termos do artigo 2° do Código Penal. 
SUJEITOS (ATIVO E PASSIVO) DO CRIME 
Sujeito Ativo
Sujeito ativo do crime é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física capaz e com 18 (dezoito) anos completos pode ser sujeito ativo de crime.
A Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime? A CF/88, no art. 225, § 3° , anuncia: "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados" 
Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime? A CF/88, no art. 225, § 3° , anuncia: "As condutas e atividades comideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados" (grifas aditados).
 Seguindo o mandado constitucional de criminalização, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). Reza seu art. 3° , caput: "As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade". tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes (ambientais), podendo ambas ser responsabilizadas administrativa, tributária, civil c penalmente.
 A pessoa jurídica, no entanto, só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral, conforme dispõe o art. 3° da Lei 9.605/98. Essa rem sido a corrente prevalentc no STf. Note-se, todavia, que, nesse ponto, o STF já decidiu em sentido diverso, concluindo que a responsabilização penal da pessoa jurídica independe da pessoa física. Argumentou-se que a obrigatoriedade de dupla imputação caracterizaria afronta ao art. 225, § 3° , da Constituição Federal, pois condicionaria a punição da pessoa jurídica à condenação simultânea da pessoa física "É admissível a condenação de pessoa juridica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. 
Sujeito passivo
Sujeito passivo pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar como sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica (ex: coletividade, família, etc.), caso em que o crime é chamado pela doutrina de vago.
 (A)sujeito passivo constante será sempre o Estado, interessado na manutenção da paz pública e da ordem social. As normas penais emanam do Estado, de modo que, sendo ele titular do mandato proibitivo, será sempre lesado pela conduta do sujeito ativo.
 B) sujeito passivo eventual: é o titular do interesse penalmente protegido. Embora seja o Estado o sujeito passivo formal, toda norma tem por finalidade a tutela de um interesse específico. É o titular desse interesse específico que se denomina sujeito passivo eventual. Poderá ser o homem (art. 121, Cr: crime de homicídio), a pessoa jurídica (art. 171, § 1º, V, CP, crime de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro) e uma coletividade destituída de personalidade jurídica (crimes contra o respeito aos mortos).
 O morto, não sendo titular de direitos, não é sujeito passivo de crime. Punem-se, entretanto, os delitos contra o respeito aos mortos (arts. 209 a 212 do CP), sendo vítima, nesses casos, a coletividade. De igual modo, é punível a calúnia contra o morto (art. 138, §2o, CP), figurando como sujeito passivo a sua família. 
Os animais não são vítimas de crime, embora possam aparecer como objeto material do delito, figurando como sujeito passivo o proprietário do animal(crime de dano, furto, etc.) ou a coletividade, no caso das infrações ambientais (art. 64 da LCA ou Lei de Crimes Ambientais). 
Pode o homem ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime? O homem não pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de crime, mesmo porque, como informa o princípio da alteridade, ninguém poderá ser responsabilizado pela conduta que não excede a sua esfera individual. Por este motivo é que se pode afirmar que na autolesão haverá, eventualmente, o crime de fraude contra seguro (art. 171, § 2° , V, CP) e na autoacusação falsa a vítima é o Estado (art. 341, CP). De igual modo, a lei não pune a tentativa de suicídio e somente haverá crime no induzimento. instigação ou auxílio para a prática dele (art. 122, CP), figurando como sujeito ativo aquele que induz, instiga ou auxilia e não aquele que suicida ou tenta suicidar. 
OBJETOS (MATERIAL E JURÍDICO) DO CRIME MATERIAL
 Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
É possivel crime sem objeto material? FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS responde: o objeto material situa-se dentro do tipo penal. Entretanto, nem todo o tipo penal tem objeto material. Há, efetivamente, certos delitos cuja conduta não recai sobre pessoa nem coisa, estando, por isso, destituídos de objeto material. Tal ocorre com os delitos de mera conduta (ex: reingresso de estrangeiro expulso - art. 338 do CP) e com todos os crimes omissivos puros (ex: omissão de socorro - art. 135 do CP). Os crimes formais podem ou não ter objeto material. Falso testemunho, por exemplo, não tem objeto material. 
No tocante aos crimes materiais, todos têm objeto material porque o resultado necessariamente deve produzir-se sobre uma pessoa ou coisa.
 A ausência ou a impropriedade absoluta do objeto material faz surgir a figura do crime impossível ou quase-crime, previsto no artigo 17 do Código Penal, a ser estudado mais adiante. 
ESPÉCIES DE CRIMES: 
A)crimes comuns e crimes próprios: Os crimes comuns são aqueles que podem ser praticados pro qualquer pessoa, sem a exigência de qualquer qualidade especial por parte do agente (homicídio, lesão corporal, furto etc). Já os crimes próprios, por sua vez, só podem ser cometidos por agentes dotados de certa qualidade ou condição pessoal. (infanticídio, peculato).
 B)crimes materiais: o tipo penal descreve uma conduta cujo resultado é um conseqüente necessário, integrando o próprio tipo, ou seja, sem a produção do resultado o crime não se consuma, logo, há uma modificação no mundo exterior em razão da conduta anteriormente praticada (homicídio, furto,dano, etc). 
C)crimes formais ou de consumação antecipada: o resultado é descrito pelo tipo penal, a exemplo que acontece com os crimes materiais, porém não há necessidade de sua ocorrência para a consumação do crime, basta, a vontade do agente exteriorizada através de uma ação dirigida finalisticamente para a produção do resultado, prescindível a produção do resultado para que o delito se dê por consumado (ameaça, extorsão, difamação, concussão). 
D) Crimes unissubjetivo: basta um agente para praticar o delito, ou seja, pode ser praticado individualmente pelo agente, aceitando o concurso eventual de pessoas. Ex. estelionato.
 E) Crimes plurissubjetivo: São os crimes onde se faz essencial o concurso de mais de uma pessoa, razão pela qual são também conhecidos como crimes de concurso necessário. (exemplo bigamia).
 E) Crimes permanentes: ocorre quando a consumação é prolongada no tempo. Como diz a doutrina à consumação se protrai no tempo. Depende efetivamente da ação do agente, podendo cessar no momento em que este entender (artigo 148 do CP – seqüestro e cárcere privado e Art. 159 –C.PExtorsão mediante seqüestro.) Se houver lei agravando a pena durante a pratica do crime, esta será aplicada.
F) Crimes Comissivos: a palavra comissivo vem do latim comissus – cometido – ou seja, o que é resultado de uma ação, são crimes praticados através de uma ação, ação esta que é dirigida a uma finalidade, por óbvio, tipificada pela lei penal. 
G) Crimes Omissivos: é aquele em que o agente comete o crime ao deixar de fazer alguma coisa, a proibição está em não fazer o que o tipo exige, o delito se contenta para sua consumação com um simples “não fazer”ou com um “fazer de modo diverso” do que preceitua a norma imperativa; basta o agente se abster de praticar a conduta imposta pela norma penal. Independentemente do resultado o delito está consumado. 
Omissivos próprios ou puros - São os que descrevem a simples omissão de quem tinha dever de agir. São objetivamente descritos na conduta de não fazer. Exemplo: CP, Art. 135 - Omissão de socorro. O Agente não faz o que a norma manda. Portanto são caracterizados por uma infração de uma norma mandamental.
 Omissivos impróprios ou comissivos por omissão – cometido por omissão, estão necessariamente ligados a um resultado, pois este se dá pela omissão do agente. O agente encontra-se em posição de garante, ou seja, tem o dever de evitar o resultado a omissão consiste a transgressão do dever jurídico de impedir o resultado. Exige do sujeito concreta atuação para impedir o resultado que ele poderia e deveria evitar. O agente então não responde somente pela omissão, mas também pelo resultado – art. 13 § 2º do C.P. 
H) Crime habitual: Sãos crimes que se completam com a prática reiterada de certos atos que, conjugados, dão lugar ao crime consumado. (Ex. exercício ilegal da medicina art. 282 C.P., curandeirismo art. 284). 
I) Crime profissional: O crime profissional é qualquer delito praticado por aquele que exerce uma profissão e utiliza-a para atividade ilícita (ex.: aborto praticado por médicos). 
J) Crime complexo: O crime é complexo quando encerra dois ou mais tipos em uma única descrição legal (ex.: roubo = furto + ameaça), ou quando, em uma figura típica, abrange um tipo simples acrescido de fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos (ex.: constrangimento ilegal = crime de ameaça + outro fato, que é a vítima fazer o que não quer ou não fazer o que deseja).
K) Crime multitudinário: é o crime praticado por multidão, impelido pelas massas, contra pessoas ou coisas, como por exemplo: linchamento por multidões, saques a caminhões de alimentos tombados, etc.
L) Crime Simples: Crime Simples é o tipo básico, fundamental, que contem os elementos mínimos e determinam seu conteúdo sem qualquer circunstancia que aumente ou diminua sua gravidade. Há homicídio simples (art. 121 caput), furto simples (art. 155 caput). 
M) Crime qualificado: É aquele em que o tipo básico a lei acrescenta circunstancia que agrava sua natureza, elevando os limites da pena. Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais grave do ilícito. Chama-se homicídio qualificado, por exemplo, aquele praticado mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe (art. 121§ 2º, I) (furto qualificado art. 155, § 4º I).
N) Crime Falho: Em sendo a tentativa perfeita, o resultado não se verifica por circunstâncias alheias à vontade do agente. Vale salientar que em tal crime o agente esgota todo o seu potencial lesivo sem contudo alcançar o resultado esperado.
O) Crimes Unissubsistente: É o que se perfaz com um único ato, como a injúria verbal. 
P) Crimes Plurissubsistente: É aquele que exige mais de um ato para sua realização. Ex: Estelionato (art. 171). 
Q) Crimes de Dupla Subjetividade Passiva: É aquele que tem, necessariamente, mais de um sujeito passivo, como é o caso do crime de violação de correspondência (art. 151), no qual o remetente e o destinatário são ofendidos. 
R) Crime Preterdoloso: É apenas uma das espécies dos chamados crimes qualificados pelo resultado. Estes últimos ocorrem quando o legislador, após descrever uma figura típica fundamental, acrescenta-lhe um resultado, que tem por finalidade aumentar a pena.O resultado vai além do dolo do agente. Ex: O agente desfere um soco na vítima, apenas com a intenção de agredi-lo fisicamente, porém, a vítima sofre uma hemorragia e vem a óbito.
S)Crime Privilegiado: Existe quando ao tipo básico a lei acrescenta circunstância que o torna menos grave, diminuindo, em consequência, suas sanções. São crimes privilegiados, por exemplo, o homicídio praticado por relevante valor moral (eutanásia, por exemplo). Nessas hipóteses, as circunstâncias que envolvem o fato típico fazem com que o crime seja menos severamente apenado. 
T) Crime Qualificado: É aquele em que ao tipo básico a lei acrescenta circunstância que agrava sua natureza, elevando os limites da pena. Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais grave de ilícito. Chama-se homicídio qualificado, por exemplo, aquele praticado “mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe”. (art. 121, parágrafo 2º, I). 
U) Crime Vago: É aquele que tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como a coletividade em seu pudor. É o caso do crime de ato obseno (art. 223). 
V) Crime de Forma Livre: É o praticado por qualquer meio de execução. Ex: O crime de homicídio (art. 121) pode ser cometido de diferentes maneiras, não prevendo a lei um modo específico de realizá-lo. 
X) Crime de Forma Vinculada: O tipo já descreve a maneira pela qual o crime é cometido. Ex: O curandeirismo é um crime que só pode ser realizado de uma das maneiras previstas no tipo penal (art. 284 e incisos, CP).
 Y) Crime Funcional: Cometido pelo funcionário público. Crime Funcional próprio é o que só pode ser praticado pelo funcionário público; crime funcional impróprio é o que pode ser cometido também pelo particular, mas com outro nomen juris (p. ex., a apropriação de coisa alheia pode configurar peculato, se cometida por funcionário público, ou a apropriação indébita, quando praticada por particular).
Z) Crime gratuito: Entende-se por crime gratuito aquele praticado sem motivo. Porém, atenção, crime gratuito não se confunde com motivo fútil. No motivo fútil, o motivo existe, mesmo sendo pequeno ou insignificante.
 Delito Transeunte: Não deixa vestígios.
 Delito Não Transeunte: Deixe vestígios. 
FATO TIPICO
Inicialmente em um conceito analítico, fato típico é o primeiro substrato do crime, ou seja, o primeiro requisito ou elemento do crime. No conceito material, fato típico é um fato humano indesejado norteado pelo princípio da intervenção mínima consistente numa conduta produtora de um resultado e que se ajusta formal e materialmente ao direito penal. É o fato humano descrito abstratamente na lei como infração a uma norma penal. 
São elementos do fato típico a conduta, o resultado, o nexo causal entre a conduta e o resultado e a tipicidade. Na falta de qualquer destes elementos, o fato passa a ser atípico e, por conseguinte, não há crime. 
A) Conduta 
a.1) Conceito Analítico de Conduta: elemento indispensável do fato típico, sendo assim, não existe crime sem conduta.
 a.2) Conceito Material de Conduta: este conceito varia conforme a teoria adotada Vamos trazer o nome das várias teorias da conduta trabalhada pela doutrina e enfocar mais a teoria adota pelo Código Penal: 
1) teoria Naturalista ou causal, 
2)teoria neokantista, 
3) teoria finalista dissidente, 
4) teoria social da ação, 
5)teoria funcionalista teleológica,dualista ou moderado,
6)teoria funcionalista radical, sistêmico ou moderado, por fim a
 7)teoria finalista da ação, adotada pelo nosso Código Penal.
 Para a teoria finalista da ação, todo comportamento do homem tem uma finalidade, a conduta é uma atividade final humana e não um comportamento simplesmente causal. Como ela é um fazer (ou não fazer) voluntário, implica necessariamente uma finalidade. Não se concebe vontade de nada ou para nada, e sim dirigida a um fim. A conduta realiza-se mediante a manifestação da vontade dirigida a um fim. O conteúdo da vontade está na ação, é a vontade dirigida a um fim, e integra a própria conduta e assim dever ser apreciada juridicamente.
 Ainda na visão finalista, na hipótese de ter o agente apertado o gatilho voluntariamente, efetuando o disparo e atingindo outra pessoa que vem a morrer, somente terá praticado um fato típico se tinha como fim esse resultado ou se assumiu conscientemente o risco de produzilo (homicídio doloso) ou se não tomou as cautelas necessárias ao manejar a arma para dispará-la, limpá-la etc.(homicídio culposo). Não haveria fato típico se o agente, por exemplo, com as cautelas exigíveis, estivesse praticando tiro ao alvo, vindo a atingir uma pessoa que se escondera atrás do alvo por estar sendo perseguido por um desafeto. 
Na visão da Teoria Finalista da Ação - Conduta: é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. Os seres humanos são entes dotados de razão e vontade. 
B)Resultado: Conceito – Modificação do mundo exterior provocada pela conduta. O professor Fernando Capez distingue evento de resultado, segundo Capez evento é qualquer acontecimento, resultado é a conseqüência da conduta. E exemplifica dizendo: um raio provoca um incêndio. Trata-se de um evento. 
Teorias (resultado) 
b1)Naturalística: resultado é a modificação provocada no mundo exterior pela conduta (a perda patrimonial no furto, a morte no homicídio, etc) nem todo crime possui resultado naturalístico, uma vez que há infrações penais que não produzem qualquer alteração no mundo natural. De acordo com esse resultado, as infrações penais classificam-se em crimes materiais, formais.
 b2)Juridica ou normativa: resultado é toda lesão ou ameaça a lesão a um interesse penalmente relevante. Todo crime tem resultado jurídico porque sempre agride um bem jurídico tutelado. Quando não houver resultado jurídico não existe crime. Assim, o homicídio atinge o bem jurídico vida, o furto o estelionato, o patrimônio.
 C)Nexo Causal: Conceito – é o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este. 
Nexo normativo: Para e existência de um fato típico, no entanto, não basta a mera configuração do nexo causal. É insuficiente para tanto aferir apenas a existência de um elo físico entre ação e resultado. De acordo com a interpretação do artigo 19 do C.P., é imprescindível que o agente tenha concorrido com dolo ou culpa (quando admitida), uma vez que sem um ou outro não haveria fato típico. Convêm lembrar que o artigo 18 do código penal prevê a existência somente de crimes dolosos e crimes culposos, desconhecendo algum que seja cometido sem um desses elementos. 
Conceito de tipo: O tipo legal é um dos postulados básicos do principio da reserva legal. Na medida em que a C.F brasileira consagra expressamente o principio de que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5º, XXXIX), fica outorgada à lei a relevante tarefa de definir, isto, é de descrever os crimes. 
De fato, não cabe à lei penal proibir genericamente os delitos, senão descrevê-los de forma detalhada, delimitando, em termos precisos, o que o ordenamento entende por fato criminoso.
 Com isso O tipo é o instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes por estarem penalmente proibidas. 
Constitui o tipo na fórmula abstrata que pertence à lei. Localiza-se, portanto, no mundo do “dever-ser”. 
O conceito de tipo é o modelo descritivo das condutas humanas criminosas, criado pela lei penal, com a função de garantia do direito de liberdade.
 D)TIPICIDADE: é a subsunção, justaposição, enquadramento, amoldamento ou integral correspondência de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo constante da lei (tipo legal). Para que a conduta humana seja considerada crime, é necessário que se ajuste a um tipo legal. Temos, pois de um lado, uma conduta da vida real e, de outro, o tipo legal de crime constante da lei penal. A tipicidade consiste na correspondência entre ambos. 
ITER CRIMINIS 
A expressão em latim iter criminis significacaminho do crime, portanto, entende-se por “iter criminis” o conjunto de fases ou atos, que se sucedem para o alcance do intento criminoso. O iter criminis, segundo a maior parte da doutrina, é composto de 4 fases:
 1ª Cogitação; Refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com a visualização do resultado querido, a escolha dos meios possíveis e a opção pelo mais adequado, bem como a previsão dos resultados concomitantes. É a fase interna do iter criminis. (desdobramento logico do principio da materialização do fato) 
2ª Atos preparatórios; atos externos ao agente que passam da cogitação á ação objetiva, como a aquisição da arma para a prática de homicídio. Da mesma forma que a cogitação também não são puníveis. Contudo, há uma exceção no código penal brasileiro, a associação criminosa (art. 288 C.P), cuja a reunião (em tese um ato preparatório) é punido como crime consumado. Há também um certo consenso na jurisprudência de que certos atos preparatórios devem ser punidos autonomamente como crime, por exemplo, as hipóteses de petrechos para a falsificação de moeda (código penal artigo 291). 
3ª Execução: São aqueles dirigidos diretamente á prática do crime. No Brasil o Código Penal em seu artigo 14, inciso II( o crime se diz tentado quando iniciada a execução, esta não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente). Assim exige-se que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria conduta típica, adentrando no núcleo do tipo. È punível como tentativa. . 
4ªConsumação: É aquele no qual estão presentes todos os elementos que constituem o tipo penal. 
CRIME CONSUMADO: o crime se consuma quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal, isto é quando se reúnem todos se seus requisitos legais (C.P., art. 14,I). Qual a importância do momento consumativo do crime? 
Saber o momento exato da consumação do crime é importante pelas seguintes razões: A) a prescrição começa a ser contada (em regra no momento consumativo) art. 111,I C.P. B) A competência de foro é determinada em regra pelo local do consumação do crime (art. 70 cpp) C) em regra só cabe prisão em flagrante quando o crime está se consumando ou quando acabou de se consumar, etc.
Exaurimento ou esgotamento do crime: ocorre quando se realizam acontecimentos típicos posteriores à consumação. Exemplo: obtenção da vantagem ilícita na extorsão (C.P artigo 158).
CRIME TENTADO: 
Tendo sido iniciada sua execução, não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente, nos termos do artigo 14, inciso II, do Código Penal Brasileiro. 
Elementos que caracterizam o crime tentado: para que se possa falar em tentativa, é preciso que: 
A) Conduta seja dolosa, isto é, que exista uma vontade livre e consciente de querer praticar determinada infração penal; 
B) O agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos chamados atos de execução;
 C) Não consiga chegar á consumação do crime, por circunstâncias alheias à sua vontade. 
ESPÉCIES DE TENTATIVA 
Perfeita ou acabada (crime falho): Ocorre quando o agente esgota, segundo o seu entendimento, todos os meios que tinha ao alcance a fim de alcançar a consumação da infração penal, que somente não ocorre por circunstâncias alheias a sua vontade. Ex. o agente munido de uma pistola com capacidade para 15 disparos, depois de efetuar tão somente dois deles contra a vitima, acertando em regiões que considere letal, resolver que não há necessidade de prosseguir porque entende que os ferimentos produzidos certamente a levarão à morte, e se a vitima, depois da prática dos atos tidos pelo agente como necessários e suficientes à consumação do crime de homicídio, vier a ser salva em virtude de uma precisa intervenção cirúrgica, estaremos diante de um caso de tentativa perfeita.
 Imperfeita ou inacabada : Ocorre quando o agente é interrompido durante a prática dos atos de execução, não chegando, assim a fazer tudo aquilo que intencionava, visando a consumar o delito. Ex. considerando o exemplo acima, se o agente, ainda durante o prática dos atos de execução, for interrompido sem que, de acordo com o seu entendimento tenha exaurido tudo aquilo que entendia como necessário à consumação do crime de homicídio, sendo a vitima salva, o caso será de tentativa imperfeita. 
Branca ou incruenta: Ocorre quando a vitima não é atingida, nem vem a sofrer ferimentos. 
Tentativa vermelha ou cruenta: Ocorre quando a vítima é fisicamente atingida, mas mesmo assim o crime não se consuma.
 Idonea: O resultado era possível de ser alcançado e o agente não conseguiu por circuntancias alheias a sua vontade. Inedonêa: O resultado era abosolutamente impossível de ser alcançado. (crime impossível) . 
Crimes que não admitem tentativa CCHOUP
Contravenções penais (art. 4º, da LCP) que estabelece não ser punível a tentativa. 
Crimes culposos nos tipos culposos, existe uma conduta negligente, mas não uma vontade finalisticamente dirigida ao resultado incriminado na lei. Não se pode tentar aquilo que não se tem vontade livre e consciente, ou seja, sem que haja dolo.
Crimes habituais são aqueles que exigem uma reiteração de condutas para que o crime seja consumado. Cada conduta isolada é um indiferente para o Direito Penal. 
Crimes omissivos próprios o crime estará consumado no exato momento da omissão. Não se pode admitir um meio termo, ou seja, o sujeito se omite ou não se omite, mas não há como tentar omitir-se. No momento em que ele devia agir e não age, o crime estará consumado.
Crimes unissubsistentes são aqueles em que não se pode fracionar a conduta. Ou ela não é praticada ou é praticada em sua totalidade. Deve-se ter um grande cuidado para não confundir esses crimes com os formais e de mera conduta, os quais podem ou não admitir a tentativa, o que fará com que se afirme uma coisa ou outra é saber se eles são ou não unissubsistentes. Ex. injuria verbal.Desacato. 
Crimes preterdolosos são aqueles em que há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ex. lesão corporal seguida de morte. Havendo culpa no resultado mais grave, o crime não admite tentativa. 
Crimes de atentado são aqueles em que a própria tentativa já é punida com a pena do crime consumado, pois ela está descrita no tipo penal. Ex. art. 352 do CP evadir-se ou tentar evadir-se.
 OBS. Embora não haja distinção quanto a pena abstratamente cominada no tipo, o juiz deve levar em consideração a espécie de tentativa no momento de dosar a pena, pois quando mais próxima da consumação, menor será a redução (mais próxima de 1/3), e vice versa. 
DESISTENCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
 Conceito: São espécies de tentativa abandonada ou qualificada. Como o próprio nome diz, havia uma tentativa, que foi abandonada. 
Em outras palavras, o agente pretendia produzir o resultado consumativo, mas acabou por mudar de idéia, vindo a impedi-lo por sua própria vontade. 
Desse modo, o resultado, não se produz por força da vontade do agente, ao contrário da tentativa, na qual atuam circunstancias alheias a essa vontade. 
Previsão legal: artigo 15 do C.P. Em consonância com o doutrinador alemão Hans Frank, na tentativa o agente quer praticar o crime, mas não pode, e, na desistência voluntária, o agente pode praticar o crime, mas não quer praticá-lo.
PONTE DE OURO
Liszt afirmou que o legislador, como forma de buscar meios para diminuir a criminalidade e privilegiar o agente que, por ato voluntário, desistisse da consumação do crime, estendeu uma "ponte de ouro" por onde o agente pode sair da atividade criminosa.
 Trata-se do instituto da desistência voluntária e do arrependimento eficaz. Ambos os institutos conferem ao agente uma causa de exclusão da culpabilidade da conduta inicial caso, por ato voluntário (não precisa ser espontâneo), deixe de consumar o crime, seja desistindo ou impedindo que o resultado se ultime. 
Nessa hipótese, o agente responderá somente pelos atos até então praticados. Ex: agente que, mediante ameaça, busca subtrair um bem de outrem (roubo), caso desista voluntariamente responderá apenas pelo crimede Ameaça.
 ARREPENDIMENTO POSTERIOR
 Conceito: Causa de diminuição que ocorre nos crimes cometidos, sem violência ou graves ameaça à pessoa, em que a agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denuncia ou queixa. 
Natureza Jurídica: Causa geral obrigatória de redução de pena (minorante).
Objetivo: Estimular a reparação do dano nos crimes patrimoniais, cometidos sem violência e grave ameaça. 
O arrependimento Posterior, trata-se de inovação trazida pela reforma na Parte Geral do Código Penal, vem previsto no art. 16 do C.P= Nos crimes cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denuncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Requisitos: 
A) crime cometido sem violência ou grave ameaça á pessoa: a lei só se refere à violência dolosa, podendo a diminuição ser aplicada aos crimes culposos em que há violência tais como lesão corporal culposa. Do mesmo modo, se a violência é empregada contra a coisa e não contra a pessoa, como, por exemplo, no crime de dano, é possível a aplicação do beneficio. 
B) Reparação do dano ou restituição da coisa: deve sempre ser integral, a não ser que a vítima ou seus herdeiros aceite parte, renunciando ao restante. 
C) Voluntariedade do agente: Não significa espontaneidade. A reparação ou restituição por conselho ou sugestão de terceiro não impede a diminuição, uma vez que o ato, embora não espontâneo, foi voluntário(aceitou o conselho ou sugestão porque quis). Da mesma forma, é admissível ou beneficio no caso de ressarcimento feito por parente ou terceiro, dede que autorizado pelo agente, por tratar-se de causa objetiva de redução obrigatória da pena, a qual não exige que o ato indenizatório seja pessoalmente realizado pelo sujeito. 
D) Até o recebimento da denuncia ou queixa: Se posterior, é circunstância atenuante genérica (art.65 III,b, C.P.). 
PONTE DE PRATA
Liszt apelidou o instituto do arrependimento posterior (também chamado de tentativa qualificada) de "ponte de prata", isso porque não confere um benefício tão grande quanto a "ponte de ouro", mas possibilita que o réu responda pelo crime como se fosse uma tentativa (diminuição da pena de 1/3 a 2/3). Ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, onde o réu, antes do recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário, repara o dano causado. Exemplo do furto, onde se for devolvido o objeto furtado antes do recebimento da denúncia o réu possui o benéfico da "ponte de prata". 
Nos crime de competência do Juizado 
Especial Criminal, a composição dos danos, nos crime em que a ação penal seja de iniciativa privada ou publica condicionada a representação, tem um efeito muito superior. Isso porque diz o parágrafo único do art. 74 da lei 9.099/95: Parágrafo Único: Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal publica condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renuncia ao direito de queixa ou representação. 
CRIME IMPOSSÍVEL 
Artigo 17 do Código Penal: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
Conceito: Ocorre quando pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de se consumar. 
O crime impossível é também chamado de tentativa inidônea, tentativa inadequada, ou quase- crime.
HIPÓTESES DE CRIME IMPOSSIVEL 
A) Ineficácia Absoluta do Meio: O meio empregado ou o instrumento utilizado para a execução do crime jamais o levará a consumação. Uma arma de fogo inapta a efetuar disparos ou uma falsificação grosseira facilmente perceptível, por exemplo, são meios absolutamente ineficazes 
B) Impropriedade Absoluta do objeto material: pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Exemplo matar um cadáver; Nelson Hungria traz o seguinte exemplo – Mulher ingeri substância abortiva imaginandose grávida, quando descobre que não está. 
O CRIME IMPOSSIVEL E A SUMULA Nº 145 DO STF - Diz a Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 
Com a edição dessa Súmula foi pacificado o entendimento no STF no sentido de que, em determinadas situações, se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar impossível a consumação do delito, tal situação importará em crime impossível, não havendo, por conseguinte, qualquer conduta que esteja a merecer a reprimenda do Estado.
 Uma vez preparado o flagrante pela policia, a total impossibilidade de se consumar a infração penal pretendida pelo agente pode ocorrer tanto no caso de absoluta ineficácia do meio por ele utilizado como no de absoluta impropriedade do objeto. 
Temos visto a distinção entre o chamado flagrante preparado e o flagrante esperado. Mas qual a diferença entre os dois tipos de flagrante? No primeiro, isto é, no flagrante preparado, o agente é estimulado pela vítima, ou mesmo pela autoridade policial, acometer a infração penal com o escopo de prende-lo.
 A vítima e autoridade policial, e até terceiros que se prestem a esse papel, são conhecidos como agentes provocadores.
 Já no flagrante esperado não haveria essa estimulação por parte da vítima, da autoridade policial ou mesmo de terceiros, no sentido de induzir o agente à prática do delito.
O agente, aqui, não é induzido a cometer delito algum.Nesses casos, tendo a autoridade policial prévio conhecimento da intenção do agente em cometer a infração penal, o aguarda, sem estimula-lo a absolutamente nada, e cuida de todos os detalhes de modo a evitar a consumação do crime. 
CRIMES DOLOSOS Art. 18 – I, CP
DOLO CONCEITO: é a vontade livre e consciente dirigida a realizar ou aceitar a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. 
ELEMENTOS DO DOLO: são elementos do dolo, a consciência (conhecimento do fato que constitui a ação típica) e a vontade (elemento volitivo de realizar esse fato)
 TEORIAS DO DOLO 
1)Teoria da vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. 
2)Teoria do assentimento: Fala-se em dolo sempre que o agente prevendo o resultado como possível continua agindo, assumindo o risco de produzi-lo.
 ESPÉCIES DE DOLO: 
Dolo eventual = O agente prevê pluralidade de resultados dirigindo sua conduta na busca de um assumindo o risco de realizar os demais (eu não quero, mas se acontecer, para mim tudo bem, Não é por esse risco que eu vou parar de praticar minha conduta-Não quero, mas também não me importo com sua ocorrência) 
Exemplos da doutrina – A prática de roleta russa.Outro exemplo é o caso do motorista que conduz o veiculo em velocidade incompatível com o local, e realizando manobras arriscadas, mesmo prevendo que pode perder o controle do veiculo, atropelar e matar alguém, não se importa, pois é melhor correr este risco, do que interromper o prazer de dirigir (não quero mas se acontecer tanto faz). (Teoria do assentimento explica o dolo eventual.) 
Dolo Especifico: O agente tem vontade de realizar a conduta, visando um fim especifico.Ex. artigo 159 do C.P. sequestrar pessoa com o fim de obter ... 
Dolo Generico: Exemplo o tipo de homicídio: agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo sem fim especial, basta à simples vontade de matar alguém, para que a ação seja típica, pois não é exigida nenhuma finalidade especial do agente (o tipo não tem elemento subjetivo). 
Dolo de Perigo: Vontade de expor o bem a um perigo de lesão. Ex. art. 132 C.P. 
Dolo Geral, erro sucessivo ou “aberratio cause” : Ocorre quando o agente supondo ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. EX. sujeito após acreditar ter matado a vitima com disparos de arma de fogo, joga ao mar o que supõe ser um cadáver, posteriormente verifica que a vitima morreu afogado. 
CRIMES CULPOSOS 
Previsão legal art. 18 II, C.P. Culpa é a inobservância do dever objetivode cuidado manifestada em conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente previsível. A estrutura do tipo de injusto culposo é diferente da do tipo de injusto doloso: neste, é punida a conduta dirigida a um fim ilícito, enquanto no injusto culposo se pune a conduta mal dirigida. 
Modalidades de Culpa: 
Imprudência: É a pratica de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter comissivo, se caracteriza pela intempestividade, precipitação, insensatez ou imoderação. EX. motorista que embriagado, viaja com seu veiculo automotor, com visível diminuição de seus reflexos. .
Negligência: é a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, que podendo adotar as cautelas necessárias não o faz. È não fazer o que deveria ser feito. 
Negligente será, por exemplo, o motorista de ônibus que trafegar com as portas do coletivo abertas, causando a queda e morte de um passageiro.
Imperícia: É a falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos, para o exercício de arte, profissão ou oficio. Ex um motorista pode gozar de excelente conceito profissional,mas, em determinada manobra, pode ter atuado sem a sua reconhecida habilidade, agindo com imperícia. 
Espécies de Culpa: 
Culpa Consciente: Ocorre quando, o agente embora prevendo o resultado, não deixa de praticar o conduta acreditando sinceramente, que este resultado não venha a ocorrer. O Resultado embora previsto, não é assumido pelo agente ou aceito pelo agente, que confia na sua não ocorrência.
 Culpa Inconsciente: È a culpa sem previsão, o resultado embora previsível não foi previsto pelo agente. 
O crime preterdoloso é considerado um crime misto, em virtude de haver uma conduta dolosa, dirigida a um fim típico, sendo também culposa, por causar resultado diverso do desejado; há uma conduta inicial dolosa, da qual advém um resultado final culposo. 
No dizer de Mirabete, há "dolo no antecedente e culpa no consequente".
Erro de tipo 
Está previsto no artigo 20, caput, do Código Penal: "O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei': Nesse caso, o agente ignora ou tem conhecimento equivocado da realidadade. Cuida-se de ignorância ou erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinada figura típica. 
São exemplos de erro de tipo 
(A) a mulher que sai às pressas da sala de aula e, por engano, leva a bolsa de sua colega, muito parecida com a sua; 
(B) ou o caçador que atira e mata o seu colega de caça, depois que este, sem avisar, se disfarçara de urso para pregar-lhe uma peça. 
Nas duas hipóteses, a conduta do sujeito se amolda a um tipo penal (furto - art. 155, CP e homicídio - art. 121, CP, respectivamente), entretanto é fácil concluir que faltou em cada uma das situações a correta representação da realidade por parte do autor. 
Erro de tipo: 
Espécies: O erro de tipo pode ser dividido em duas espécies: o erro de tipo essencial e o erro de tipo acidental. No essencial, o erro recai sobre os dados principais do tipo penal, enquanto que no acidental, recai sobre dados secundários. No primeiro, se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente; no segundo, o agente corrige os caminhos ou sentido da conduta e continua agindo de forma ilícita. 
O erro de tipo essencial pode ser inevitável ou evitável, enquanto que o erro de ripo acidental possui cinco subespécies: erro sobre o objeto, erro sobre a pessoa, erro na execução, resultado diverso do pretendido e erro sobre o nexo causal. 
Erro de tipo essencial 
O erro de tipo essencial recai sobre elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinada figura típica. 
Sua disciplina se encontra no artigo 20, caput, do Código Penal, que dispõe: "O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei". 
Imaginemos um caçador que atira contra um arbusto pensando que lá se esconde um animal. Ao se aproximar, percebe que matou alguém. O atirador não sabia da existência da elementar "alguém", praticando um homicídio sem ter consciência. As consequências desta espécie de erro vão depender se inevitável ou evitável: 
1)inevitável: também conhecido como justificável, escusável ou invencível, configura o erro imprevisível, excluindo o dolo (por não haver consciência) e culpa (pois ausente a previsibilidade). 
2) Evitável também conhecido como injustificável, inescusável ou vencível, cuida-se do erro previsível, só excluindo o dolo (por não existir consciência), mas punindo
(B) Erro de tipo acidental
 Acidental é o erro que recai sobre dados secundários, periféricos do tipo, a intenção criminosa é manifesta, incidindo naturalmente a responsabilidade penal. 
Erro de tipo acidental sobre o objeto (error in objecto)
 O erro sobre o objeto não tem previsão legal, mas é discutido pela doutrina, Trata-se da hipótese em que o agente confunde o objeto material (coisa) visado, atingindo outro que não o desejado. 
Exemplo: a pessoa ingressa numa loja para subtrair um relógio de ouro, mas acaba furtando um relógio dourado, confundindo, portanto, o objeto visado.
 A consequência do erro sobre o objeto é punição do agente pela conduta praticada, respondendo pelo delito considerando-se o objeto material (coisa) efetivamente atingido. Percebe-se, portanto, que o erro sobre o objeto não exclui dolo, não exclui a culpa e não isenta o agente de pena, considerando-se na sua punição o objeto diverso do pretendido. 
Erro de tipo acidental quanto à pessoa (error in persona) 
O erro quanto à pessoa está previsto no artigo 20, §3° , do Código Penal, que assim dispõe: "O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime': Nesta espécie de erro, há uma equivocada representação do objeto material (pessoa) visado pelo agente. Em decorrência deste erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa. 
Exemplo: "A" quer matar seu próprio pai,que tem 70 anos porém, representando equivocadamente a pessoa que entra na casa, acaba matando o seu tio com 59 anos. "A" será punido por parricídio, embora seu pai permaneça vivo. 
O erro quanto à pessoa não exclui o dolo, não exclui a culpa e não isenta o agente de pena, mas na sua punição devem ser consideradas as qualidades ou condições pessoais da vítima virtual (pretendida). Artigo 20 do C.P. §3º. 
Erro de tipo acidental na execução 
Também conhecido como aberratio ictus, o erro na execução é disciplinado pelo artigo 73 do Código Penal: "Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3" do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código". 
São duas as possíveis consequências do erro na execução. 
1) Se o agente atingir apenas a pessoa diversa da pretendida (aberratio ictus de resultado único), será punido pelo crime, considerando-se, contudo, as condições e qualidades da vítima desejada (no nosso exemplo, pai) e não da vítima efetivamente atingida (o vizinho). 
2) no entanto, se o agente atingir também a pessoa diversa da pretendida (aberratio ictus com unidade complexa ou resultado duplo), será punido pelos dois crimes, em concurso formal. No exemplo acima, se "A" atingir seu pai, ceifando a sua vida, e, sem querer, também seu vizinho, que sofre lesões, será punido por homicídio doloso (do pai) e lesões culposas (do vizinho), aplicando-se o sistema concurso formal de delitos (art. 70, CP).
 Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)
Ocorre quando o agente acaba por atingir resultado diverso do pretendido, neste caso, o agente quer atingir uma pessoa e atingeuma coisa, observem que há desvio no crime, há erro no crime, o indivíduo pretendia produzir uma lesão corporal, por exemplo, e acaba causando dano. 
Aberratio Criminis se subdivide em duas modalidades, podendo ser de resultado único ou de resultado duplo, ou complexo, como denominam alguns autores. 
Aberratio criminis com resultado único o agente tem a intenção de atingir uma coisa mas acaba por atingir uma pessoa somente, não acertando a coisa inicialmente pretendida, o mesmo vale se ele tinha a intenção de atingir uma pessoa e atinge uma coisa, somente. Nesta modalidade, há o erro de pessoa/coisa ou coisa/pessoa, mas o agente atinge somente uma delas. 
Aberratio criminis com resultado duplo o agente tem a intenção de atingir uma coisa mas, além de atingir tal coisa, acaba por atingir também uma pessoa, ou vice e versa, o que se deve observar nesta modalidade é que houve o erro pessoa/coisa ou coisa/pessoa e o agente atingiu ambas. 
Erro sobre o nexo causal ou “aberratio causae” 
Aberratio causae revela-se como sendo o erro no tocante ao meio de execução empregado pelo agente. Ou seja, o agente acredita ter matado a vítima de um modo, quando na verdade foi outro o meio por ele empregado e que causou a morte. 
Como o resultado prático é exatamente o mesmo (o agente será condenado por homicídio), a aberractio causae carece de relevância empírica. Como exemplo, imagine-se a clássica situação em que o agente deseja matar seu desafeto e, para tanto, desfere-lhe um golpe na cabeça, que o faz desmaiar. Acreditando na morte da vítima, atira-a de cima de uma ponte, para esconder o cadáver, em direção ao rio que ali passa. Posteriormente, a vítima é localizada e, mediante exame necroscópico, constata-se que a causa da morte foi asfixia por afogamento: o agente será responsabilizado por homicídio, da mesma forma. 
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE 
Conceito: é o que contraria o ordenamento jurídico ou seja é a relação de contrariedade entre o fato típico praticado e o ordenamento jurídico. Em princípio, todo fato típico presumese ilícito/ antijurídico. Existem, entretanto, na lei penal, causas que excluem a ilicitude do fato típico. Assim, se em princípio o fato típico é ilícito, não será contrário ao Direito, se estiver protegido, justificado pela própria lei penal. 
Por exemplo, matar alguém voluntariamente é fato típico, mas não será antijurídico, ou seja, não será contrário ao Direito, se o agente praticar a conduta em legítima defesa ou em estado de necessidade. Nesse caso, não haverá crime, pois para que haja crime é necessário que o fato seja típico e antijurídico.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE 
São também denominadas cláusulas de exclusão da antijuridicidade, justificativas ou descriminantes. 
São condições especiais em que o agente atua que impedem que elas venham a ser antijurídicas. 
O artigo 23, do CP, prevê quatro formas de exclusão da ilicitude: Não há crime quando o agente pratica o fato:
 I - em estado de necessidade;
 II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Contudo, vale ressaltar que esse rol não é taxativo, existindo causas de exclusão da ilicitude também na parte especial do código penal, como nos artigos parte especial do C.P aborto permitido art.128 e 146, §3. legislação extravagante lei 9.605/98 – traz legitima defesa e estado de necessidade. Existem ainda outras causas que, embora não constem no rol do artigo 23, nem estejam expressamente previstas na lei penal, constituem causas justificantes. São as chamadas causas supralegais de exclusão da ilicitude, tal como o consentimento do ofendido. 
I - ESTADO DE NECESSIDADE Conceito: causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal de enfrentar uma situação de perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica um bem jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro, próprio ou alheio, cuja perda não era razoável exigir. No estado de necessidade existem dois ou mais bens jurídicos postos em perigo, de modo que a preservação de um depende da destruição dos demais. Como o agente não criou a situação de ameaça, pode escolher, dentro de um critério de razoabilidade ditado pelo senso comum, qual deve ser salvo. Exemplo: um pedestre joga-se na frente de um motorista, que, para preservar a vida humana, opta por desviar seu veículo e colidir com outro que se encontrava estacionado nas proximidades. 
REQUISITOS OBJETIVOS: 
1) PERIGO ATUAL É o risco presente causada por um conduta humana (carro desgovernado), comportamento de animal (ataque de um cachorro) ou por fato da natureza(desmoronamento). O perigo não tem destinatário certo. A maioria da doutrina ensina que o perigo iminente não autoriza a descriminante.
B) QUE A SITUAÇÃO DE PERIGO NÃO SIDO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE. Não pode invocar estado de necessidade aquele que “provocou por sua vontade” o perigo. Voluntariamente é indicado somente de dolo, não abrangendo a culpa. Assim diante do perigo gerado pelo incêndio o seu causador DOLOSO não pode invocar a descriminante.
C)SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO Direito próprio (estado de necessidade próprio) direito alheio (estado de necessidade de terceiro) 
D) INEXISTENCIA DE DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO Conforme preceitua 0 § 1º do art. 24 do C.P Não pode alegar estado de necessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo. Se refere a pessoas que em razão de função ou oficio tem o dever de enfrentar a situação de perigo (desde que possível de ser enfrentado)
E) INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO O comportamento deve ser absolutamente inevitável para salvar o direito próprio ou de terceiro diante da concreta situação de perigo. É preciso que o único meio para salvar o direito próprio ou de terceiro seja o cometimento de fato lesivo, sacrificando-se bem jurídico alheio. Ex. o homicídio não será amparado pelo estado de necessidade quando possível a lesão corporal. Configura excesso doloso.
F) INEXIGIBILIDADE DE SACRIFICIO DO INTERESSE AMEAÇADO No estudo do fato necessitado, impõe-se a analise de ponderação de bens, leia-se a proporcionalidade entre o bem protegido e o bem sacrificado 
SE O COMPORTAMENTO DO AGENTE, DIANTE DE UM PERIGO ATUAL, BUSCA EVITAR MAL MAIOR, SACRIFICANDO DIREITO DE IGUAL OU MENOR VALOR PROTEGIDO, PODE-SE INVOCAR A DESCRIMINANTE DO ESTADO DE NECESSIDADE; SE O BEM JURIDICO SACRIFICADO FOR MAIS VALIOSO QUE O PROTEGIDO, HAVERÁ REDUÇÃO DA PENA. TEORIA UNITÁRIA (§2º do artigo 24 do C.P) 
CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE
 Ultimo requisito acrescentado pela doutrina de caráter subjetivo, justamente o conhecimento da situação de fato justificante (consciência e vontade de salvar direito próprio e alheio) 
Furto famélico: 
a)Que o fato seja praticado para mitigar a fome; 
b) que seja o único e derradeiro recurso do agente (inevitabilidade do comportamento lesivo) ;
c) que haja subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência; 
d)a insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente com o trabalho ou a impossibilidade de trabalhar. 
II - LEGITIMA DEFESA 
Quem usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, justifica a sua conduta pela legitima defesa, segundo preceitua o artigo 25 do código penal. 
REQUISITOS DA LEGITIMA DEFESA . 
a) a reação a uma agressão atual ou iminente e injusta;
 b) a defesa de um direito próprio ou alheio;
 c) a moderação no emprego dos meios necessários à repulsa; 
d) o elemento subjetivo. 
Agressão contra direito próprio ou alheio: Somente se pode invocar a legítima defesa quem estiver defendendo bem ou interesse juridicamente protegido. Por exemplo: não há que se falar em legítima defesa contra agressão a bem sem proteção jurídica, como é o caso dos entorpecentes. O “terceiro” a que se refere a lei, pode ser alguém que a pessoa nem mesmo conhece, essa é uma das hipóteses em que o direito admite e incentiva a solidariedade. O terceiro pode, ainda, ser pessoafísica ou jurídica, inclusive porque esta não pode agir sozinha Agressão contra direito próprio ou alheio 
Moderação no emprego dos meios necessários: Meios necessários são definidos por NUCCI da seguinte forma: “são os eficazes e suficientes para repelir a agressão ao direito, causando o menor dano possível ao atacante” Deve haver proporcionalidade entre a defesa empreendida e o ataque sofrido, que deverá ser apreciada no caso concreto, não se tratando, portanto, de um conceito rígido. Se o meio fundar-se, por exemplo, no emprego de arma de fogo, a moderação basear-se-á no número de tiros necessários para deter a agressão. 
Uso moderado 
Exemplo 1: Mulher de 50 Kg agride homem de 100 Kg, faixa preta de Karatê com tapas. Homem revida com cinco disparos de arma de fogo, matando a agressora. Nesse caso, considerada a distância física entre os agentes e a incapacidade da agressora em causar qualquer dano à vítima, pode-se caracterizar o excesso na legítima defesa. 
Exemplo 2: Homem de 100 Kg, com uma barra de ferro na mão, avança agressivamente contra jovem asmático de 70 kg, que atira uma pedra que acerta o crânio do agressor, levando-o a óbito. Trata-se de caso típico de legítima defesa, amparado pelo Art. 25 do Código Penal. 
Agressão atual ou iminente 
Ao contrário do que o senso comum prega, não é necessário à vítima aguardar o primeiro ataque do agressor para iniciar a sua defesa. O que é bem razoável, pois se fosse o cidadão forçado a sofrer o primeiro disparo para que pudesse, finalmente, efetuar o seu próprio, haveria enorme desvantagem à vítima. 
Assim, a Legítima Defesa pode ser utilizada em situações em que a agressão é atual ou iminente, ou seja, ainda está por vir. Significa dizer que se o ataque do agressor é inequívoco e inexorável, a vítima já pode se defender. 
Exemplo: Depois de receber diversas ameaças de morte de B, A encontra B em um beco escuro. B levanta a camiseta com a mão esquerda enquanto sua mão direita aproxima-se do cós de sua calça. Mesmo sem esperar B sacar sua arma, A já está autorizado pela Lei a iniciar sua defesa contra B. 
Elemento Subjetivo da Legítima Defesa Para a doutrina dominante basta que a pessoa tenha conhecimento da situação justificante para se caracterizar a legítima defesa, já outra parte da doutrina entende que além de conhecimento da situação justificante deve haver vontade de defesa, conhecida como animus defendi. Assim, a mulher que pensando atirar em seu marido que voltava de uma farra noturna atinge um ladrão armado que adentrava sua casa, não encontra-se em situação justificada, pois não tinha conhecimento da situação de legítima defesa, havendo um desvalor da ação.
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
A lei penal apenas menciona o instituto, mas não o conceitua, deixando a cargo da doutrina fazê-lo. 
Nas palavras do Professor Rogério Sanches: "Os agentes públicos, no desempenho de suas atividades, não raras vezes, devem agir interferindo na esfera privada dos cidadãos, exatamente para assegurar o cumprimento da lei. Essa intervenção redunda em agressão a bens jurídicos como a liberdade, a integridade física ou a própria vida. Dentro de limites aceitáveis, tal intervenção é justificada pelo estrito cumprimento de um dever legal"
 Assim, o oficial de justiça, que arresta e remove um bem, por exemplo, e o policial, que cumpre mandado de prisão, estão agindo de acordo com a lei. Portanto, não há o que se falar, respectivamente, em crime de furto e de sequestro 
Exercício regular de direito Previsto na 2ª parte do art. 23, III do Código Penal, o exercício regular de um direito compreende ações do cidadão comum autorizadas pela existência de direito definido em lei e condicionadas a regularidade do exercício desse direito. O exercício regular de direito são situações em que o Estado não pode estar presente para evitar a lesão ao bem jurídico ou recompor a ordem pública. Como pode ser também Direito de castigo, que consiste na educação e no exercício do poder familiar. 
Possui 3 requisitos: 
1º) Indispensabilidade (impossibilidade de recurso útil aos meios coercitivos normais); 
2º) Proporcionalidade; 
3º) Conhecimento da situação de fato justificante (subjetivo). Um exemplo de adoção prática ao exercício regular do direito, dentro da realidade das grandes cidades, são os ofendículos, consistentes em aparato preordenado para a defesa do patrimônio. Ex.: cacos de vidro no muro, cerca elétrica, lanças nos portões, etc. 
Violência desportiva: esportes que podem provocar danos à integridade corporal ou à vida das pessoas, como o boxe, a luta livre, o futebol etc. Havendo lesões ou morte ocorridas durante a prática esportiva, não ocorrerá crime por ter o agente atuado em exercício regular de direito. É necessário, porém, que o esporte esteja regulamentado por lei e que a agressão esteja dentro dos limites previstos na norma. 
O consentimento do ofendido significa, em linhas gerais, o ato da vítima (ou do ofendido) em anuir ou concordar com a lesão ou perigo de lesão a bem jurídico do qual é titular O consentimento do ofendido só pode ser reconhecido validamente se presentes os seguintes requisitos, em caráter cumulativo: bem jurídico disponível, ofendido capaz, consentimento livre, indubitável e anterior ou, no máximo, contemporâneo à conduta, bem como que o autor do consentimento seja titular exclusivo ou expressamente autorizado a dispor sobre o bem jurídico. Vejamos, com maior detalhe, cada uma dessas exigências. 
a) que o bem jurídico sobre o qual incida a conduta lesiva seja passível de disposição pelo seu titular.
Bem jurídico disponível é aquele exclusivamente de interesse privado (que a lei protege somente se é atingido contra a vontade do interessado). O consentimento jamais terá efeito quando se tratar de bem jurídico indisponível, ou seja, aquele bem em cuja conservação haja interesse coletivo. 
Alguns bens jurídicos são facilmente identificados pela doutrina, em geral, como sendo disponíveis (ex.: patrimônio) ou indisponíveis (ex.: vida). Outros, no entanto, causam certa polêmica. Cite-se, por exemplo, a integridade física ou corporal. Fragoso entende tratar-se de bem indisponível. Já Rogério Greco diverge, sustentando “que a integridade física é um bem disponível desde que as lesões sofridas sejam consideradas de natureza leve.
Caso as lesões sejam graves ou gravíssimas, o consentimento do ofendido não terá o condão de afastar a ilicitude da conduta levada a efeito pelo agente. inválido é o consentimento de vítima particular em face de bens jurídicos coletivos. “O consentimento de uma vítima concreta não possui nenhum efeito nos delitos contra a coletividade (ou contra a incolumidade pública), nos quais são afetados bens jurídicos supra-individuais.
 Como são muitos os titulares desse bem jurídico, o consentimento de um só não afasta nem a tipicidade nem a antijuridicidade do fato. 
CULPABILIDADE
Conceito: A culpabilidade é um juízo de reprovação pessoal que recai sobre o autor do fato típico e ilícito, que pode se comportar em conformidade com o Direito, mas opta livremente em praticar atos ou omissões de forma contrária ao Direito. Como já visto anteriormente, o crime é aceito como fato típico, ilícito e culpável. O fato típico e ilícito são valorações em relação a um fato, em contrapartida, a culpabilidade é uma valoração acerca da condição pessoal do autor do fato. 
Elementos da Culpabilidade: Considera-se elementos da culpabilidade: A Imputabilidade, a capacidade de responder penalmente pelos atos ilícitos que pratica. A Exigibilidade de Conduta Diversa, a possibilidade razoável de se comportar em conformidade com o Direito. O Potencial Consciência de Ilicitude, a possibilidade de obter o conhecimento e a informação de que determinada ação ou omissão é ilícita ou contrária ao Direito. 
Os elementos da Culpabilidade são: 
IMPUTABILIDADE: é a capacidade de entender e querer. Via de regra, todos nós somos imputáveis. 
Causa de exclusão (art. 26, CP): doença mental,desenvolvimento mental incompleto, desenvolvimento mental retardado e embriaguez completa oriunda de caso fortuito ou força maior. 
Causas de inimputabilidade em razão de anomalia psíquica: Prevista no artigo 26, caput, do C.P = significa a incapacidade de imputação daquele que por doença mental, desenvolvimento mental incompleto, desenvolvimento mental retardado era ao tempo da ação inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” 
Causas de inimputabilidade em razão da idade: Prevista no artigo 27, do C.P adotou o critério biológico levando em conta apenas o desenvolvimento mental do acusado (idade) art. 288 da CF e art. 104 do ECA lei 8.069/90(politica criminal) 
Causas de inimputabilidade em razão da embriaguez acidental (completa caso fortuito ou força maior) Embriaguez patológica: embriaguez doentia Embriaguez preordenada: Agente ingere bebida alcoólica com o objetivo de cometer crimes 
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: "consciência profana do injusto”, basta que o agente tenha condições suficientes para saber que o fato praticado está juridicamente proibido e que é contrário às normas mais elementares que regem a convivência. Exemplo É o caso de um índio não integrado e totalmente isolado da sociedade que prática ilícito penal, mas que na cultura local trata-se hábito comum sem qualquer tipo de censura ou repúdio. Nesta circunstância pode-se afirmar que o agente não tinha conhecimento da ilicitude e sequer teria condição de chegar a este conhecimento. 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: permite a formação de um juízo de reprovabilidade de uma conduta típica e ilícita. Entendendo culpabilidade como juízo de reprovação, só posso estabelecer juízo de reprovação contra alguém, se no caso concreto, eu podia exigir dessa pessoa comportamento diverso. Excludentes: coação moral irresistível e obediência hierárquica.
 De acordo com o artigo 22 do Código Penal: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 
A norma do art. 22 do Código Penal trata de situação em que o autor do fato tem sua vontade suprimida pela ação de terceiro que o subjugou ou lhe é funcionalmente superior, prevendo que a responsabilidade pelo fato, nas hipóteses de coação irresistível e obediência hierárquica, incide apenas contra o autor da coação ou o superior hierárquico que deu a ordem, conforme o caso. 
A coação irresistível pode ser física ou moral. A física se caracteriza quando o esforço físico/muscular do autor é insuficiente para livrá-lo da ação do coator. Um exemplo clássico é o do gerente bancário, que acaba por colocar suas digitais do cofre da agência, pois está sendo coagido fisicamente pelo assaltante.
 A coação moral se apresenta sob forma de ameaça feita pelo autor que é compelido a praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo maior. 
Como exemplo: a mãe que é coagida a subtrair uma bolsa pelo indivíduo que ameaça o seu filho de morte, caso esta não venha a realizar a conduta (subtrair a bolsa de um terceiro), seu filho será morto. Portanto, deve-se observar não o terreno da tipicidade nessa situação, mas o da culpabilidade na conduta diversa inexigível. A mãe poderia ter outra conduta a não ser subtrair a bolsa? A resposta é não. Ou ela praticava o ato ou seu filho morreria. Assim, entende-se que a Coação Moral Irresistível exclui a Culpabilidade por conduta diversa inexigível. 
A doutrina fala que nessas hipóteses não há culpabilidade, pois verificada a inexigibilidade de conduta diversa. 
Para que a culpabilidade do autor não se estabeleça, contudo, a coação deve ser irresistível, invencível. Se o autor do fato puder resistir ou se opor à coação, é excluída a incidência do artigo 20 do Código Penal, remanescendo, no máximo, a atenuante do artigo 65, inciso III, c, do Código Penal.

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