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* Formação dos Contratos Aula de Contratos – Prof. Guilherme Tomizawa. * Ofertas com prazo certo/enquanto durar o estoque * Promoções em vitrines! * Promoções em outdoors * Promoções radiofônicas * Aparatos e máquinas automáticas – há contrato? * Cuidado com o que você oferta... * * A manifestação da vontade É o primeiro e mais importante requisito de existência de negócio jurídico. Momento subjetivo – psicológico, representado pela própria formação do querer. Momento objetivo – é aquele em que a vontade se revela por meio de declaração. * Formação do Contrato Proposta e Aceitação O contrato como acordo de vontades, portanto, consensual, pressupõe uma proposta, denominada policitação, feita por uma das partes - o policitante, solicitante ou proponente - à outra - o oblato ou solicitado. * Forma O Contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. A manifestação pode ser expressa ou tácita. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (art. 111, CC) * Expressa é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. Algumas vezes a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença. Não havendo na lei tal exigência, vale a manifestação tácita, que se infere da conduta do agente. * A comunicação tácita é aquela presumida por certas circunstâncias, como o silêncio da outra parte (art. 111, as pessoas podem receber presentes, mas ninguém precisa aceitá-los, todavia o silêncio do donatário é tido como aceitação, ex: arts. 539; 659, CC). Deve-se lembrar que nem todo silêncio deve ser interpretado como aceitação (na assunção de dívida, por exemplo, o silêncio do credor significa a recusa da troca do devedor (art. 299, § ú). * Negociações preliminares O contrato resulta de 2 manifestações de vontade: a proposta e a aceitação. Dá início à formação do contrato e não depende, em regra, de forma especial. Todavia, na maior parte dos casos, a oferta é antecedida de uma fase, de negociações preliminares, com sondagens, conversações, estudos e debates também chamado de “fase da puntuação”. * Fase de “puntuação” Na fase da puntuação, como as mesmas ainda não manifestaram sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Qualquer delas pode afastar-se, alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos. Mesmo quando há uma minuta ou projeto, ainda assim não há vinculação das pessoas. * Gera responsabilidade? Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente, levando-o, por exemplo, a perder outro negócio ou fazendo o mesmo ter despesas. Nesse caso se trata de um ilícito civil (art. 186, CC), e não de um mero inadimplemento contratual. * Embora as negociações preliminares não gerem obrigações, para qualquer dos contraentes, faz surgir deveres jurídicos, com base na boa-fé, na lealdade, correção, informação, proteção, cuidado e sigilo. A violação desses deveres, pode gerar a responsabilidade do contraente, tenha sido celebrado ou não o contrato (culpa aquiliana). * A proposta É a declaração de vontade dirigida por uma parte à outra com a intenção de provocar uma adesão ao destinatário da proposta. A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar, não estando mais sujeito à estudos ou discussões, mas dirigindo-se a outra parte para que a aceite ou não. * Representa ela o impulso decisivo para a celebração do contrato, consistindo em uma declaração de vontade definitiva. A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc. Deve ser séria e consciente. * A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua eficácia depende da declaração do oblato. Não perde o caráter de negócio jurídico receptício, se for endereçada na forma de oferta aberta ao público. Ex: mercadorias expostas em vitrines, feiras ou leilões com o preço à mostra, licitações, etc. * Propaganda na televisão e anúncios comerciais Se uma empresa construtora, menciona na propaganda das unidades habitacionais à venda que estas são dotadas de determinado acabamento (p. ex.: azulejos, metais e pisos de determinada marca ou qualidade), tais informações erigem-se a condição de verdadeira cláusula contratual. Quanto ao “disponível em estoque”, o fornecedor deve assegurar tal disponibilidade do estoque informado sob pena de responsabilidade. * A oferta no Código Civil Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. A proposta vincula o proponente. É o ônus de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, acarretando no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio. * Exceções que excluem a obrigação do proponente Morte ou interdição do policitante. Nesses 2 casos respondem, os herdeiros e o curador do incapaz pelas consequências jurídicas do ato. A morte não desfaz a promessa, pois transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação. Logicamente que não se aplica à uma promessa de obrigação personalíssima (infungível). Ex: prestar alimentos, ou pintar um quadro. * Proposta não obrigatória A oferta não obriga o proponente, se contiver cláusula expressa a respeito. É quando o próprio proponente declara que não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la. Nesse caso, a ressalva se incrusta na proposta mesma e o aceitante, ao recebê-la, já a conhece e sabe da sua não-obrigatoriedade. Ex: “proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta”. * A proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio jurídico. É o caso, das propostas abertas em público, que se consideram limitadas ao estoque existente e encontram-se reguladas no art. 429 do CC. Ex: “enquanto durar o estoque...” E, por último, a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso. Não seria qualquer circunstância como se verá a seguir: * I – Se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Ou seja, se o solicitado responde que irá estudar a proposta feita por seu interlocutor, poderá este retirá-la. Ex: É pegar ou largar! Se o oblato não responder logo, dando pronta aceitação, caduca a resposta, liberand0-se o proponente. * E se a conversa for a distância... E se os interlocutores estiverem a distância, em países diferentes através da internet, por exemplo? Vale a mesma regra, que sendo feita pelo telefone, quando menciona a expressão “comunicação semelhante”. Todavia, o mesmo não ocorre se a proposta for por e-mail, pois ambos os usuários devem estar conectados simultaneamente para a realização do negócio. * II – Se, feita sem prazo à pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. Para fins legais, são considerados ausentes os que negociam mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos. O prazo suficiente para resposta, depende das circunstâncias. É o necessário ou o razoável para que chegue ao conhecimento do proponente e denomina-se prazo moral. Ex: Moradores muito próximos não pode ser longo. Mas se morarem em locais distantes, demorado e de difícil acesso, muda-se a interpretação. * III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo. Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente deverá esperar pelo seu término. Passado o prazo, sem resposta, estará o proponente liberado, não prevalecendo a proposta feita. * IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. A lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se desobrigue, e não sujeite a perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela. Por serem contraditórias, nulificam-se e destroem-se reciprocamente. Ex: ligar para a pessoa antes da chegada de uma carta. O que não ocorreria com 2 e-mails enviados à mesma pessoa. * A oferta no CDC O CDC regulamenta (arts. 30 à 35) a proposta nos contratos que envolvem relações de consumo . Ela também deve ser séria, clara, precisa e definitiva. Contudo, no CDC a oferta é mais ampla, pois dirige-se a pessoas indeterminadas (contratação em massa). O art. 30, comenta sobre toda informação ou publicidade que precisa ser veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação à produto ou serviços ofertados, obriga o fornecedor, integrando o contrato. * Art. 35, incisos I, II e III do CDC Pelo art. 35, I, CDC, poderá o “consumidor exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade”. Pode o consumidor: “aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente” (II) – Trata-se de uma faculdade do consumidor, e não um direito do fornecedor. Ou ainda pode: “rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos” (III). * A aceitação A aceitação ou oblação é a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato. Se a resposta for apresentada “fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta” (art. 431, CC) ou comumente denominada contraproposta. * A posterior manifestação do solicitado também não obriga o oblato, pois aceitação não temos, e sim nova proposta. O mesmo pode se dizer quando o oblato não aceita a oferta integralmente, introduzindo-lhe restrições ou modificações. A aceitação pode ser expressa ou tácita. Todavia, alguns cuidados devem ser tomados pelo proponente, sob pena de serem validados juridicamente. * Ex1: Se um fornecedor remete os seus produtos a um comerciante, e este sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se uma praxe comercial. Nesse caso o comerciante deveria avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa. Ex2: Se um turista remete um e-mail a determinado hotel, reservando acomodações, informando que a chegada se dará em tal data, se não receber aviso em contrário. Não chegando a tempo a negativa do turista, reputar-se-á concluído o contrato. A primeira decorre da declaração do aceitante, manifestando sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento. * Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação a) Se a aceitação, embora expedido a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente (art. 430, 1ª. Parte) Se a aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do proponente, quando este, estando liberado em virtude de atraso involuntário, já celebrara negócio com outra pessoa, o proponente deverá comunicar imediatamente ao oblato, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído, sob pena de responder por perdas e danos. * b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente, a “retratação do aceitante”; Considera inexistente a aceitação, pois nesse caso, a declaração de vontade, que continha a aceitação, desfez-se, antes que o proponente pudesse tomar qualquer deliberação no sentido da conclusão do contrato. Ex: Uma ligação telefônica, ser feita antes da chegada de um e-mail. * Momento da conclusão do contrato Contrato entre presentes Nesta modalidade as partes estarão vinculadas na mesma ocasião em que o oblato aceitar a proposta. Nesse momento caracterizou-se o acordo recíproco de vontades, e a partir dele, o contrato começa a produzir efeitos jurídicos. * Contrato entre ausentes Quando o contrato é celebrado entre ausentes, por correspondência (carta, telegrama, fax, e-mail, etc.) ou intermediários (correio), a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases. Existem 2 teorias: A) A teoria da informação ou cognição, é o da “chegada da resposta” ao conhecimento do policitante, que deveria se inteirar de seu teor. Existe o arbítrio do proponente de abrir ou não a correspondência e tomar conhecimento da resposta do teor da resposta. B) a teoria da declaração ou da agnição sub-divide-se em 3 sub-teorias: * 1ª. ) teoria da declaração propriamente dita: o contrato se formaria no momento em que o aceitante ou oblato redige, datilografa ou digita a sua resposta. 2ª.) teoria da expedição: não basta a redação da resposta, sendo necessária que tenha sido expedida, isto é, saído do controle e alcance do oblato. 3ª.) teoria da recepção: além de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário e este tomado conhecimento dela. A diferença desta teoria com a “teoria da informação”, é justamente que o proponente tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor. Na teoria da informação cabe ao arbítrio do proponente de abri-la. * Qual teoria é aceita pela doutrina aos ausentes? Arts. 433 e 434. do CC A teoria aceita pelo atual CC é a da expedição, senão vejamos: Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I – no caso do artigo antecedente (Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante); II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III – se ela não chegar no prazo convencionado. * Aqui no inciso I, recusa-se efeito à expedição, se tiver havido retratação oportuna do oblato, ou se a resposta não chegar ao conhecimento do proponente no prazo, desfigura-se a teoria da expedição. Ora, se sempre é permitida a retratação antes da resposta chegar as mãos do proponente, e se ainda não reputa-se concluído o contrato na hipótese de a resposta não chegar no prazo convencionado, se faz menção à teoria da recepção e não da expedição. A última exceção (inciso III) apresentada é inútil e injustificável, pois se há prazo convencionado e a resposta não chega no intervalo determinado, não houve acordo e sem ele não há contrato. * Lugar da celebração e propositura O art. 435 diz: “Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. Optou o legislador, pelo local onde a proposta foi feita. Tal questão de foro de competência é relevante, à pessoas que residem em países diferentes, e o uso costumeiro da internet, parece que a interpretação do art. 9, parág. 2º. da LICC seja oportuno: ”a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.” * Denota-se que o legislador preferiu a uniformização de critérios, levando em conta o local em que o impulso oficial teve origem. Ressalve-se que, dentro da autonomia da vontade, podem as partes eleger o foro competente (foro de eleição) e a lei aplicável à espécie. O CDC, por sua vez, diz que os consumidores brasileiros podem promover ações fundadas na responsabilidade do fornecedor perante o foro de seu próprio domicílio. Ou seja, o consumidor teria 2 opções: mover ação judicial no país sede da empresa (Brasil ou estrangeiro); ou ajuíza-la no Brasil, amparado pela CF, art. 5º. , XXXII, LICC, art. 9º., parág. 2º., CPC (art. 88, II) e CDC (art. 101, I).
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