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Aula 02 Direito Tributário para o /55/GYN- Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluísio Neto - Aula 02 AULA 02 SUMARIO PAGINA Apresentação In icial 0 1 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 03 Princípios Gerais Tributários 05 Princípio da Irretroatividade 06 Princípio da Leqalidade Tributária 12 Princípio da Anterioridade Anual 32 Princípio da Anterioridade Nonaaesimal 44 Princípio da Isonomia 55 Princípio da Capacidade Contributiva 64 Princípio do Não-Confisco 75 Princípio da Liberdade de Tráfego 86 Princípio da Uniformidade Geográfica 89 Princípio da Tributação I sonômica das Rendas das Obrigações da Dívida Pública e dos Vencimentos dos 94 Agentes Públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios Princípio da Proibição de Concessão de Isenções 96 Heterônomas Princípio da Proaressividade 103 Princípios da Generalidade e da Universa lidade 111 Princípio da não-discriminação quanta à procedência ou 113 ao destino Princípio da Territorial idade 116 Princípio da Seletividade 118 Princípio da Não-Cumulatividade 121 Princípio da Transparência Fiscal 129 Princípio da Praticidade 13 1 Questões Propostas 135 Gabaritos 223 Prof. Aluísio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 223 Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 223 Olá, caro amigo e futuro servidor! Chegamos à segunda aula do nosso curso de direito tributário para concurso de Auditor de Tributos Municipal (ATM) da Prefeitura de Goiânia. E os estudos, a todo vapor? Hoje vamos iniciar uma matéria decisiva na sua aprovação, responsável por uma boa parte dos pontos a serem conquistados pelos futuros aprovados. Nessa aula iremos tratar do seguinte tema: x Princípios Tributários. Os princípios constitucionais são um dos temas preferidos pelas bancas organizadoras de concursos, que sempre costumam abordar o tema em suas provas de direito tributário. Qualquer dúvida que surgir, peço que me envie o mais breve possível um e- mail, ou coloquem suas dúvidas no nosso fórum, para que não ocorram atrasos nos seus estudos. Seguem os meus dois e-mails: aluisioalneto@gmail.com www.facebook.com/prosatributaria www.facebook.com/aluisioalneto Boa sorte! E bons estudos! Vamos em frente! Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 223 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar O poder de tributar dos entes políticos, exercido por meio da outorga de competências tributárias previstas na CF/88, não é absoluto e irrestrito. Pelo contrário, existem limitações impostas pela própria Carta de 1988. Essas limitações impõem restrições ao exercício da competência tributária dos entes políticos, que devem estrita obediência àquelas quando da criação de seus tributos e relações jurídicas a eles concernentes, sob pena de incorrer em inconstitucionalidade, fulminando a imposição tributária. A CF/88 define duas espécies de limitações ao poder de tributar: x Os princípios constitucionais tributários; x As imunidades tributárias. Essas limitações regulam a chamada incompetência tributária, ou competência tributária negativa, uma vez que, ao serem observadas as hipóteses nelas previstas, os Entes políticos ficam impossibilitados de fazer incidir os tributos previstos nas suas respectivas competências tributárias outorgadas expressamente pela CF/88. As disposições relativas às limitações constitucionais ao poder de tributar estão contidas principalmente nos normativos da nossa CF/88 destinados ao Sistema Tributário Nacional, o qual abrange os artigos 145 a 162. As limitações constitucionais ao poder de tributar, por sua vez, estão capituladas principalmente nos artigos 150 a 152 da CF/88. O artigo 150 possui a seguinte redação em seu caput: ³$UW�������Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: �����´ 22828861864 Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 223 Desse modo, não só esse artigo traz limitações impostas aos entes políticos, mas também outros presentes no texto da CF/88 e que visam a proteção do sujeito passivo frente ao poder legiferante tributário do Estado. Logo, o rol de garantias tributárias não possui um rol exaustivo nos artigos 150 a 152 da CF/88, existindo outros ao longo do texto da Carta Federal. Vista essa pequena introdução, vamos ao que interessa nessa aula: as espécies de princípios constitucionais tributários. Vamos em frente! Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 223 Princípios Gerais Tributários Veremos agora os seguintes princípios constitucionais tributários, todos presentes, expressa ou implicitamente, no texto da Carta Federal de 1988: x Princípio da Irretroatividade; x Princípio da Legalidade Tributária; x Princípio da Anterioridade Anual; x Princípio da Anterioridade Nonagesimal; x Princípio da Isonomia; x Princípio da Capacidade Contributiva; x Princípio do Não-Confisco; x Princípio da Liberdade de Tráfego; x Princípio da Uniformidade Geográfica; x Princípio da Tributação Isonômica das Rendas das Obrigações da Dívida Pública e dos Vencimentos dos Agentes Públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios; x Princípio da Proibição de Concessão de Isenções Heterônomas; x Princípio da Progressividade; x Princípios da Generalidade e da Universalidade; x Princípio da não-discriminação quanta à procedência ou ao destino; x Princípio da Territorialidade; x Princípio da Seletividade; Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 223 x Princípio da Não-Cumulatividade; x Princípio da Transparência Fiscal; x Princípio da praticidade tributária. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 223 Princípio da Irretroatividade No primeiro princípio da nossa aula de hoje, iremos tratar do princípio da irretroatividade, o qual está presente no grupo dos princípios relativos à segurança jurídica. Esse princípio é simples: quando falamos em instituição ou em majoração de tributos, a lei só se aplica ao que vier após a sua publicação. Sem exceção. Esse princípio está relacionado ao fato de as leis tributárias somente alcançarem os fatos geradores surgidos após a sua entrada em vigor, não podendo alcançar fatos pretéritos, ou seja, a lei tributária, quanto à instituição e majoração de tributos, possui efeitos prospectivos. Além disso, o princípio da irretroatividade é também uma CLÁUSULA PÉTREA da nossa CF/88, não podendo ser abolida por meio de Emenda Constitucional. Por exemplo, caso determinada lei institua o imposto sobre a realizaçãode concursos, de competência da União (uma vez que é um imposto não previsto expressamente na CF/88, fazendo parte da chamada competência tributária residual quanto aos impostos, exclusiva desse Ente Federativo), estabelecendo como fato gerador o momento de entrega da prova ao candidato, essa lei somente surtirá efeitos em relação aos concursos realizados após a data de vigência da respectiva lei. Logo, os candidatos que fizeram concurso antes do início da vigência da lei não serão obrigados a pagar qualquer tipo de imposto. A irretroatividade da lei tributária, QUANTO À INSTITUIÇÃO E À EXTINÇÃO DE TRIBUTOS, NÃO COMPORTA NENHUM TIPO DE EXCEÇÃO. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 223 (VVH�SULQFtSLR�HVWi�LQVFXOSLGR�QR�DUWLJR������,,,��³D´��GD�&)�����FXMR�WH[WR�p�R� seguinte: ³$UW������ Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver LQVWLWXtGR� RX� DXPHQWDGR�´� (Grifos nosso) Antes de prosseguirmos, atente bem para o que está presente no enunciado do inciso III: TRIBUTOS. Assim, a regra da irretroatividade é válida para todo e qualquer tipo de tributo, e não apenas para impostos, como muitas bancas costumam cobrar em suas provas, tentando confundir e arrancar pontos preciosos dos candidatos menos atentos. O mesmo vale para as taxas e as contribuições de melhoria, bem como contribuições especiais e empréstimos compulsórios. A regra é ampla. O princípio da irretroatividade se relaciona diretamente como o inciso XXXVI do artigo 5º da CF/88, que trata da segurança jurídica de modo amplo: ³Art. 5º (...) XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa MXOJDGD�´ Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 223 Assim, a lei tributária, regra geral, não retroagirá. Quanto à instituição ou extinção de tributos, JAMAIS RETROAGIRÁ, conforme comentamos. Em relação a outros temas, como aplicação de penalidades tributárias e aplicação de leis meramente interpretativas, teremos situação em que a lei tributária poderá ter efeitos retroativos, casos que são visualizados quando do estudo da aplicação da legislação tributária. Essas disposições constam no artigo 106 do CTN, o qual, nesse momento, apenas transcrevo para ilustração da possível retroatividade da lei tributária em relação a leis que não criem ou extinguem tributos: ³$UW�������$�OHL�DSOLFD-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a SUHYLVWD�QD�OHL�YLJHQWH�DR�WHPSR�GD�VXD�SUiWLFD�´ ³$QWHV� TXH� R� VHQKRU� ILQDOL]H�� SURIHVVRU�� H� TXDQWR� DRV� FDVRV� GH� UHGXomR� RX� extinção GH�WULEXWRV"�2�TXH�DFRQWHFH"´ A CF/88 silencia sobre essas duas situações. Mas, uma vez que se traduz num benesse ao contribuinte, ao passo que a instituição e a majoração numa obrigação nova, as leis que extinguem ou reduzem tributos têm aplicação imediata, conforme doutrina dominante, a menos que a própria lei determine o contrário, retardando os efeitos da extinção/diminuição da Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 223 carga tributária anteriormente existente. Ora, não há porque esperar determinado prazo para reduzir ou eliminar a carga tributária imposta a determinado grupo de sujeitos passivos. A surpresa, diferentemente do que acontece no caso da instituição ou majoração de um tributo, é maravilhosa para o sujeito passivo, podendo ser usufruída de imediato. Veja algumas decisões do STF quanto á irretroatividade tributária: ³$� &RUWH� ILUPRX� HQWHQGLPHQWR� VHJXQGR� R� TXDO� D� UHYLVmR� RX� extinção de um benefício fiscal, que por se tratar de política econômica que pode ser revista a qualquer momento pelo Estado, não está restrita à observância dos princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade. (AI 783509 AgR/SP, de 19/01/2010).´ ³$�mudança nos índices de correção monetária, com base em legislação superveniente, não constitui ofensa ao princípio do direito adquirido ou da irretroatividade tributária. (RE 395981 $J5���')��GH�������������´ ³$� QRUPD� OHJDO� TXH� simplesmente altera o prazo de recolhimento de tributo não se sujeita ao princípio da anterioridade especial (CF, art. 195, § 6º). II - Não há falar em "direito adquirido" ao prazo de recolhimento anteriormente previsto, pois, como se sabe, o STF não reconhece a existência de direito adquirido a regime jurídico. III - A circunstância de o fato disciplinado pela norma - isto é, o pagamento do tributo - haver de ocorrer após a sua edição é suficiente para afastar a alegada violação ao princípio da irretroatividade (CF, art. 150, III, a)(RE 219878 3(��GH�������������´ Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 223 Para o STF, na última decisão transcrita, a alteração do prazo de recolhimento de tributo não importa em aumento da carga tributária, bem como de redução desta. Esse prazo, diante da sua natureza, pode ser fixado, inclusive, por ato infralegal, uma vez que a fixação de prazo de pagamento não está entre os temas a serem regulados por lei em sentido estrito, conforme prescreve o artigo 97 do CTN, que estipula os temas a serem obrigatoriamente regulados por lei em sentido estrito. (Questão 01) O princípio segundo o qual é vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os KRXYHU�LQVWLWXtGR�RX�DXPHQWDGR��DUW������,,,��µD¶�GD�&5)%�����p�R�GD� a) anterioridade. b) irretroatividade. c) anualidade. d) imunidade recíproca. e) legalidade. Questão água com açúcar. A proibição de cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado é característica do princípio da irretroatividade. Veremos todos os demais princípios logo adiante. Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão. Vamos agora ao princípio da legalidade outro importante princípio para a sua prova de direito tributário! Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 223 Princípio da Legalidade Tributária O princípio da legalidade é um dos princípios basilares do nosso ordenamento jurídico tributário, por meiodo qual se impõe ao ente tributante instituir ou majorar tributos, ou extinguir ou reduzir tributos, apenas por meio de lei em sentido estrito, não podendo ser utilizado outro normativo infraconstitucional que não esse, regra geral. É outro princípio intrinsecamente relacionado ao princípio da segurança jurídica, sendo ainda uma garantia individual do contribuinte e CLÁUSULA PÉTREA da nossa CF/88. Esse princípio está presente de forma genérica no inciso II do artigo 5º da Carta Federal, cujo texto é o seguinte: ³Art. 5º (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma FRLVD�VHQmR�HP�YLUWXGH�GH�OHL�´ Esse princípio, como comentei, está diretamente relacionado à segurança jurídica, a qual, por sua vez, exige do Estado a previsibilidade e o conhecimento prévio, por parte dos cidadãos, das normas tributárias a que serão submetidos, não sendo pegos desprevenidos por uma nova ordem jurídica ou de maneira arbitrária por parte dos seus governantes. O princípio da legalidade tributária se traduz no fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico tributário e da tributação por ele estabelecida, sem o qual inexiste o próprio direito tributário, já que este é fundado no Estado democrático de direito proclamado por nossa Carta Federal de 1988. Esse princípio, quanto ao direito tributário, especificamente, está contido expressamente no artigo 150, I, da CF/88, cujo texto é o seguinte: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 223 ³$UW������ Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei TXH�R�HVWDEHOHoD�´ (Grifos nossos) Todo tributo é sempre exigido por lei, conforme consta no artigo 3º do CTN: ³tributo é toda prestação pecuniária compulsória, instituído em lei...´�� 6H� p� compulsório, deve estar previsto em lei, conforme mandamento extraído já no artigo 5º, II da CF/88, corroborado pelo que contém o artigo 150, I, da mesma Carta. Assim, o artigo 3º está diretamente relacionado ao princípio da legalidade. Quanto à criação de tributos (e, por meio do princípio do paralelismo das formas, também quanto à extinção e à redução), somente lei em sentido estrito poderá instituí-los, não se admitindo nenhuma exceção. Como veremos mais adiante, para outros temas tributários, a regra da legalidade poderá ser atenuada em relação, por exemplo, à majoração de tributos por meio do aumento de sua alíquota. Mas esse tema trataremos mais adiante. Nesse momento, devemos ter em mente apenas que toda instituição ou extinção de tributos somente pode ser feita por lei em sentido estrito, ou outro instrumento normativo que faça as vezes deste. Desse modo, nada impede que um tributo venha a ser instituído, regulado e extinto por uma medida provisória ou por uma lei delegada. Exceto nos casos de temas adstritos à regulação por lei complementar, e obedecendo as restrições constitucionais, a utilização desses dois instrumentos normativos é perfeitamente possível em matéria tributária. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 223 Antes de continuarmos com o estudo do princípio da legalidade, temos que fazer menção ao que determina o artigo 62, §1º, III, da CF/88, relativamente às medidas provisórias e ao confronto de competências atribuídas a este instituto e à lei complementar: ³$UW����������� § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (...) III ± UHVHUYDGD�D�OHL�FRPSOHPHQWDU�´ Assim, os tributos sujeitos a criação ou extinção por meio de lei complementar jamais poderão ser regulados por medida provisória, o mesmo ocorrendo para as leis ordinárias, cuja medida provisória terá força a esta equivalente. O que uma lei complementar deve regular por disposição expressa na CF/88, nem a lei ordinária nem a medida provisória podem fazer sem incorrer em vício formal. Nada impediria, por exemplo, que o ITR viesse a ser instituído por meio de medida provisória, desde que atendidos os requisitos exigíveis para a edição desta (relevância e urgência). O mesmo não aconteceria, por exemplo, para os empréstimos compulsórios, que exigem lei complementar para a sua criação, extinção, redução ou majoração. Outro tema relativo a medidas provisórias e bastante cobrado em provas é o §2º do mesmo artigo 62 da CF/88, que possui a seguinte redação: ³$UW����������� § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em TXH�IRL�HGLWDGD�´ Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 223 Desse modo, exceto quanto ao II, ao IE, ao IOF, ao IPI e ao IEG, a medida provisória que implique em instituição ou majoração de tributo somente produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Desse modo, caso uma medida provisória publicada em 20 de agosto de 2014 venha a majorar as alíquotas do ITR, por exemplo, a alteração somente surtirá efeitos em 2015 se a medida provisória for convertida em lei até o dia 31 de dezembro de 2014, em obediência ao que consta no artigo 62, §2º, da CF/88. A regra presente no artigo 62, §2º, da CF/88, como se pode notar na sua redação, somente se aplica aos impostos. Quanto às demais espécies tributárias, a regra da anterioridade é plena, devendo ser completamente observada pelos entes políticos. Para esses casos (demais espécies tributárias que não os impostos), deve ser levado em consideração a data de publicação da medida provisória, e não a data de sua conversão em lei. Quanto às contribuições para a seguridade social, a medida provisória que institua essa espécie tributaria e publicada até 31 de dezembro de um ano poderá ser plenamente aplicada já no ano seguinte, devendo ser contado apenas os noventa dias exigidos pelo princípio da noventena, iniciando-se esse prazo na data da publicação da medida provisória, e não na data da conversão desta em lei, como acontece para os impostos. Somente nos casos em que a medida provisória sofre alterações substanciais é que um novo prazo será estabelecido. Caso não, conta-se da publicação da medida provisória. Outro ponto importante sobre as medidas provisórias e de relevância para o direito tributário é o artigo 246 da CF/88, acrescentado pela emenda constitucional nº 32, de 2001. Sua redação é a seguinte: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 223 ³$UW�� ����� e� YHGDGD� D� DGRomR� GH� PHGLGD� SURYLVyULD� QD� regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de MDQHLUR�GH������DWp�D�SURPXOJDomR�GHVWD�HPHQGD��LQFOXVLYH�´ Os temas principais regulados por emenda constitucional publicada no período especificado noartigo 246 da CF/88 são: x Autorização para a progressividade fiscal do IPTU (Emenda constitucional nº 29, de 2002); x Possibilidade de diferenciação de alíquotas do IPTU em razão do uso e da localização do imóvel urbano (Emenda constitucional nº 29, de 2002); x Temas relativos às contribuições para financiamento da seguridade social (Emenda constitucional nº 20, de 1998). Vista essa pequena passagem sobre as medidas provisórias, vamos em frente, retomando com o princípio da legalidade. Quanto à lei em sentido formal, a lei que cria ou extingue tributos será, EM REGRA, lei ordinária. Por sua vez, para a maioria dos tributos, será necessária lei formal também para a redução ou majoração destes (logo adiante veremos que alguns tributos podem ser majorados ou reduzidos por atos infralegais). Por sua vez, para alguns casos previstos na CF/88, a criação ou extinção se dará por lei complementar. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 223 Por sua vez, ao instituir um tributo, cabe à lei criadora definir com clareza os elementos que o caracterizam e o definem, adequando determinada conduta do sujeito passivo ao que consta na norma tributária, hipótese em que falamos do princípio da tipicidade da lei tributária. A tipicidade se relaciona à obrigatoriedade de o legislador definir em lei todos os elementos que delimitam a incidência do tributo instituído. Esses elementos são, principalmente, os seguintes: 9 Fato Gerador (elemento material); 9 Local de ocorrência do fato gerador (elemento espacial); 9 Base de cálculo e alíquota(s) (elementos quantificadores do tributo); 9 Sujeitos passivos (elemento pessoal); 9 Momento da ocorrência do fato gerador (elemento temporal). Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 223 A necessidade de previsão legal para os elementos que acabamos de enumerar é decorrente do que determina o artigo 97 do CTN, que assim nos diz sobre a adoção do princípio da legalidade e a determinação dos elementos nucleares do tributo: ³$UW������Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades�´��*ULIRV�QRVVR�� Assim, uma vez que a definição de vencimento do prazo para pagamento de tributos, bem como a instituição de obrigações tributárias acessórias, não está elencada no artigo 97 do CTN, esse tema não está, assim, submetido ao princípio da legalidade, podendo ser livremente estipuladas por normativos infralegais, como Decretos do Poder Executivo. Veja o que nos diz o STF sobre o tema da fixação do prazo de recolhimento de tributos: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 223 ³6HJXQGR� RULHQWDomR� ILUPDGD� SRU� HVWD� 6XSUHPD� &RUWH�� D� fixação do prazo de recolhimento de tributo pode ser realizada por norma infraordinária, isto é, sem o rigor do processo legislativo próprio de lei em sentido estrito. Se a redução abrupta do prazo de recolhimento implicou a majoração artificial do montante real devido, eventual violação constitucional ocorreria em relação à capacidade contributiva (equilíbrio base de cálculo ' critério material), à segurança jurídica e à proibição do uso de tributo com efeito confiscatório, mas não em relação à regra da legalidade. (RE 546316 AgR/SP, de 18/���������´ Por sua vez, temos também o seguinte: ³,PSURFHGrQFLD�GD�DOHJDomR��WHQGR�HP�YLVWD�QmR�VH�HQFRQWUDU� sob o princípio da legalidade estrita e da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária; já se havendo assentado no STF, de outra parte, o entendimento de que a atualização monetária do débito de ICMS vencido não afronta o princípio da não-cumulatividade. �5(��������$J5�0*��GH�������������´ Quanto à decisão acima, o STF entende que a simples atualização monetária de valores de créditos tributários não se confunde com majoração de tributos. A correção monetária, como se depreende do seu nome, apenas atualiza os valores de tributos em razão da chegada dos efeitos inflacionários, fazendo com que os valores tributários sejam corrigidos pelos percentuais oficiais. Essa é a previsão constante também no artigo 97, §2º, do CTN, que possui a seguinte redação: ³$UW����������� Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 223 § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor PRQHWiULR�GD�UHVSHFWLYD�EDVH�GH�FiOFXOR�´ Na mesma linha temos a Súmula STJ nº 160, que nos diz o seguinte em seu texto: ³6~PXOD� 67-� Q� ����� ³e� GHIHVR� DR� 0XQLFtSLR�� DWXDOL]DU� R� IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice RILFLDO�GH�FRUUHomR�PRQHWiULD�´ Nessa linha, o princípio da tipicidade não é um princípio autônomo, estando umbilicalmente ligado ao princípio da legalidade, sendo decorrente deste, e definindo os elementos caracterizadores do tributo instituído. Enquanto que o princípio da legalidade está relacionado à forma como serão impostos os normativos tributários (lei em sentido estrito), o princípio da tipicidade está relacionado ao conteúdo que estes terão, ou, sobre o que deve tratar o texto da lei. Fazendo um paralelo entre os dois princípios (legalidade e tipicidade) e uma certidão de nascimento, teríamos que a certidão em si seria o princípio da legalidade, uma vez que uma pessoa natural somente tem existência jurídica com essa formalização, com esse documento. Já o princípio da tipicidade está relacionado às informações constantes nessa certidão e que definem a natureza da pessoa natural (sexo, dia de nascimento, pais, local de nascimento, entre outras) Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 223 (Questão 02) 2�JUXSR�FULRX�XPD� UHGH�GH����HPSUHVDV�GH� IDFKDGD� ������í� todas registradas em nome de laranjas. As empresas importavam produtos químicos, mas não pagavam nenhum tributo sobre as operações. (...) Os SURGXWRV� LPSRUWDGRV� HUDP� µUHYHQGLGRV¶�� HP� RSHUDo}HV� ILFWtFias, a outras empresas do grupo, espalhadas por vários estados. A partir daí, o bando revendia os produtos a seus clientes normalmente, usando empresas reais (...), mas sem arcar com o custo dos impostos. A quadrilha também fraudavaos fiscos estaduais: nessas operações cruzadas, acumulava créditos tributários, mesmo sem nunca recolher ICMS. Nessa outra fraude, pode ter sonegado mais de 1 bilhão de reais. (Revista Veja. Editora Abril. Edição 2231, Ano 44, no 34, 24/08/2011, p. 76) O texto acima está se referindo ao princípio explícito da: a) legalidade. b) irretroatividade da lei tributária. c) anterioridade da lei tributária. d) segurança jurídica. e) igualdade. Observe que em todas as situações apresentadas, a quadrilha em questão burlou o que dizia a lei, sonegando, abrindo empresas fantasmas, realizando operações fictícias, entre outras. O que faz com que as operações sejam ilegais? A presença de lei estipulando o contrário, ou o que deve ser feito corretamente. Logo, estamos diante do princípio da legalidade, o que nos leva D�WHU�FRPR�JDEDULWR�D�DOWHUQDWLYD�³D´� Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 223 Vamos agora às atenuações do princípio da legalidade, conhecidas também como exceções ou mitigações ao princípio, de grande importância para as provas de concursos de direito tributário. As bancas adoram esse tema. Muita atenção! EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Inicialmente temos que fixar que, quanto à criação ou à extinção de tributos, o princípio da legalidade não comporta qualquer exceção, devendo ser sempre por meio de lei em sentido estrito, formal. Ou outro normativo que faça as vezes desta, como as medidas provisórias e as leis delegadas, e desde que o tema não seja exclusivo de regulação por lei complementar. Por sua vez, quase que regra absoluta, as exceções dizem respeito às alterações de alíquotas de determinados tributos, as quais veremos agora. Nenhuma das exceções diz respeito a fatos geradores e sujeitos passivos. 01 ± Alteração das alíquotas dos seguintes impostos federais, todos revestidos de natureza extrafiscal (nos chamados tributos extrafiscais, a função primordial do tributo é a regulação da economia ou uma situações de mercado, e não a simples função arrecadatória): Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre operações de créditos, câmbio e seguros (IOF). Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 223 Essas quatro exceções ao princípio da legalidade estão previstas no artigo 153, §1º, da CF/88, cuja redação é a seguinte: ³$UW�������&RPSHWH�j�8QLmR�LQVWLWXLU�LPSRVWRV�VREUH� I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos LPSRVWRV� HQXPHUDGRV� QRV� LQFLVRV� ,�� ,,�� ,9� H� 9�´ (Grifos nosso) Diante do que consta na redação da Carta Federal, a alteração das alíquotas dos impostos anteriormente enumerados pode ser feita por ato do poder executivo federal, não necessitando de lei formal para tanto. Em geral, essas alíquotas são alteradas por meio de decreto presidencial ou portaria do Ministério da Fazenda. Entretanto, as alterações devem ser apenas para reduzi-las ou restabelecê- las, jamais para superar os valores previstos na lei instituidora do tributo. Assim, caso a lei que institui o IE fixe para determinado produto exportado uma alíquota de 30%, o poder executivo poderá reduzi-la para 5%, mas, ao restabelecê-la, deverá fixá-la, no máximo, em 30%, não podendo superar esse valor, a menos que haja previsão na própria lei. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 223 Veja o que dispõe o Decreto-Lei nº 1.578, de 1977, que regula o imposto de exportação: ³$UW�� �R� $� alíquota do imposto é de trinta por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado neste artigo�´��*ULIRV�QRVVR�� 3RU� ILP�� ³a competência para a fixação das alíquotas do imposto de exportação de produtos nacionais ou nacionalizados não é exclusiva do presidente da República; pode ser exercida por órgão que integre a estrutura do Poder Executivo´�� FRQIRUPH� FLWDGR� HP� SURYD� UHDOL]DGD� SHOR� &(63(� HP� 2010. /RJR�� HPERUD� D� WH[WR� FRQVWLWXFLRQDO� VH� UHILUD� DR� ³3RGHU� ([HFXWLYR´�� essa atribuição (alteração de alíquotas dos impostos previstos no artigo, 153, §1º, da CF/88) pode ser exercida por órgão integrante da estrutura desse Poder, como é o caso da CAMEX (Câmara de Comércio Exterior), a qual possui a competência para, por ato próprio, alterar as alíquotas do II e do IE. 02 ± Definição das alíquotas do ICMS incidente sobre combustíveis e lubrificantes em relação à incidência monofásica desse tributo (chamado de ICMS monofásico, ou unifásico, ou de tributação única). Para esses casos, cabe aos convênios celebrados pelos Estados e pelo Distrito Federal, por meio de seus representantes, a fixação de alíquotas do imposto para essas situações, as quais terão eficácia em todo o território nacional, não sendo utilizada lei em sentido formal. Ou seja, para o ICMS incidente uma única vez, e relativo a combustíveis e lubrificantes, as alíquotas do imposto serão fixadas por meio de Convênio Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 223 celebrados pelos Estados e pelo Distrito Federal, assinado pelos representantes do poder executivo no âmbito do chamado CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária), regulado pela lei complementar federal nº 24, de 1975. No CONFAZ estão presentes representantes das Fazendas Estaduais/Distrital e do Governo Federal, que deliberam, principalmente, sobre a concessão e revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais relativos ao ICMS. As decisões tomadas no âmbito do CONFAZ, por sua vez, serão externadas por meio de Convênios ICMS, os quais terão força de lei quanto aos temas que regulam, devendo ser adotados por todas as Unidades Estaduais. A previsão quanto à alteração das alíquotas do ICMS monofásico pelo CONFAZ, e por meio de convênio celebrado em seu âmbito (portanto, sem a necessidade de lei em sentido estrito), consta no artigo 155, §4º, IV, da CF/88: ³Art. 155 (...) § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (...) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (...) Por sua vez, o §2º, XII, g e h, nos diz o seguinte: ³;,,�- cabe à lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediantedeliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 223 finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no LQFLVR�;��E�´ Nessa situação, temos representantes dos poderes executivos estaduais e distrital regulando temas que, em regra, seriam de competência do poder legislativo, expedindo atos com força de lei e de cumprimento obrigatório pelos sujeitos passivos nas vinte e sete unidades federativas estaduais. 03 ± Alteração das alíquotas da CIDE-combustíveis (redução e restabelecimento) por ato do poder executivo federal, não necessitando de lei em sentido estrito. A CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) somente poderá ter suas alíquotas reduzidas e restabelecidas por ato do poder executivo caso seja feito dentro dos limites previstos na lei que a institua, não podendo seus valores ser majorados além dos previstos nessa lei. (VVD�SUHYLVmR�FRQVWD�QR�DUWLJR���������,��³E´��GD�&)���� ³Art. 177 (...) § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: (...) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, QmR� VH� OKH� DSOLFDQGR� R� GLVSRVWR� QR� DUW�� ����,,,�� E�´� �*ULIRV� nosso) Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 223 O poder executivo federal não pode alterar as alíquotas além do limite permitido em lei, cabendo ao poder legislativo fixar outro limite máximo. Ao poder executivo, por ato infralegal, somente é permitido reduzir a alíquota inicialmente prevista ou restabelecê-la ao patamar inicial. 04 ± Também por meio de convênios interestaduais poderão ser concedidos benefícios fiscais em matéria de ICMS (isenção, concessão de créditos resumidos, remissões, anistias, reduções de base de cálculo). Essa previsão consta no artigo 150, §6º, juntamente com o artigo 155, §2º, XII, g, ambos da CF/88: ³Art. 150 (...) § 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g�´ ³$UW����������� §2º (...) XII - cabe à lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais VHUmR�FRQFHGLGRV�H�UHYRJDGRV�´ Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 223 Assim, as decisões adotadas no âmbito do CONFAZ, regulando a concessão e a revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais não necessitam (e porque não dizer que não podem) de lei em sentido estrito, a qual, em regra, é produzida por um órgão legislativo. Os convênios, que materializam as decisões tomadas no CONFAZ, têm força de lei quanto às matérias que regulam, embora sejam editados por representantes do poder executivo e, quase que em sua totalidade, completamente desvinculados do poder legislativo. Quanto às exceções à legalidade tributária, veja a figura ilustrativa abaixo: Uma característica marcante das regras acima é que, com exceção do ICMS- monofásico, todos os tributos possuem o caráter extrafiscal, ou seja, a função primordial não é a arrecadação, mas sim a intervenção no mercado ou na economia, regulando situações em que se mostra necessária a intervenção do Estado. Para finalizar esse princípio, vamos a algumas decisões proferidas pelo STF quanto ao tema: ³6~PXOD� 67)� Q� ����� 'HFLVmR� TXH� GHFODUD� LQGHYLGD� D� cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores�´ Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 223 ³(VWD� &RUWH� FRQVRlidou entendimento no sentido de caracterizar como taxa a cobrança pecuniária pela SUFRAMA para anuir aos pedidos de guias de importação de insumos e bens de capital e aos pedidos de desembaraço aduaneiro e do controle dos internamentos na Zona Franca de Manaus. 2. A cobrança de taxa por meio de portaria viola o princípio da legalidade tributária. (RE 599450 AgR/AM, GH�������������´ ³$V�contribuições anualmente devidas aos conselhos de fiscalização profissional possuem natureza tributária e, desse modo, sujeitam-se ao princípio da legalidade tributária, previsto no art. 150, I, da Lei Maior. II ± O Plenário desta Corte, no julgamento da ADI 1.717/DF, Rel. Min. Sidney Sanches, declarou a inconstitucionalidade de dispositivo legal que autorizava os conselhos de fiscalização profissional a fixar suas contribuições anuais. (ARE 640937 $J5�35��GH�������������´ ³$� instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias. Precedentes. 4. Inércia da União Federal em editar normas gerais sobre emolumentos. Vedação aos Estados para legislarem sobre a matéria com fundamento em sua competência suplementar. (ADI 1709/MT, de 10����������´ Quanto à última decisão, os emolumentos cartorários, como vimos em aula passada, são tributos. Logo, sujeitos aos princípios constitucionais tributários, uma vez que as taxas não são exceções a nenhum deles. Assim, sujeitam-se ao princípio da legalidade, devendo ser criados, majorados, reduzidos ou extintos apenas por meio de lei formal. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 223 (Questão 03) A competência tributária, assim entendida como o poder que os entes políticos ± União, Estados- Membros, Distrito Federal e Municípios ± têm para instituir tributos, não é ilimitada. Ao contrário, encontra limites na Constituição Federal, entre os quais destacamos o princípio da legalidade tributária, segundo o qual nenhum tributo poderá ser instituído ou majorado a não ser por lei. Porém, a própria Constituição Federal excetua da obrigatoriedade de ser majorados por lei (podendo sê-lo por ato do Poder Executivo) alguns tributos. São exemplos desses tributos: a) imposto sobre renda e proventos / imposto sobre importação de produtos estrangeiros / contribuição para o PIS/PASEP. b) imposto sobre produtos industrializados / CIDE combustível / contribuição para o PIS/PASEP. c) imposto sobre importação de produtosestrangeiros / imposto sobre exportação de produtos nacionais ou nacionalizados / imposto sobre renda e proventos. d) CIDE combustível / imposto sobre produtos industrializados / imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros. e) contribuição para o PIS/PASEP / imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros/ imposto sobre produtos industrializados. Os tributos que são exceções ao princípio da legalidade, seja em relação às alterações de alíquotas seja em relação aos convênios do CONFAZ, são os que seguem: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre operações de créditos, câmbio e seguros (IOF); Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 223 ICMS monofásico; CIDE-combustíveis 'LDQWH�GLVVR��VRPHQWH�D�DOWHUQDWLYD�³G´�DWHQGH�D�HQXPHUDomR�DFLPD��VHQGR�R� gabarito da questão apresentada. Vamos agora ao princípio da anterioridade anual. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 223 Princípio da Anterioridade Anual Esse é outro princípio relacionado ao princípio da segurança jurídica, e visa dotar os sujeitos passivos de um tempo mínimo para se ajustarem aos efeitos de uma nova lei ou imposição tributária. É também conhecido como princípio da não surpresa tributária, juntamente com o princípio da anterioridade nonagesimal, a ser visto logo adiante, sendo conceituado ainda como uma garantia individual dos contribuintes, possuindo status de CLÁUSULA PÉTREA na nossa atual CF/88. O princípio da anterioridade anual, do exercício financeiro ou comum, HVWi�SUHYLVWR�QR�DUWLJR������,,,��³E´��GD�&)�����FXMR�WH[WR�p�R�VHJXLQWH� ³$UW������ Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumHQWRX�´ Como podemos observar no texto constitucional, esse postulado se volta para todos os Entes Federativos, e em relação a todos os tributos por eles instituídos, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES EXPRESSAMENTE PREVISTAS NA CF/88. Logo em seguida veremos essas importantes ressalvas, bastante cobradas em provas de concurso. Conforme o princípio, uma lei publicada no ano X (lei plenamente vigente), e que institua ou majore tributos, somente surtirá efeitos (terá eficácia) no exercício financeiro X + 1. É vedado aos Entes políticos cobrar tributos dentro do mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou majorou, somente podendo fazer isso no exercício financeiro seguinte ao da publicação. Ressalvadas as exceções expressas na CF/88. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 223 Assim, uma lei publicada em 20 de setembro de 2014, e que majora determinado tributo federal (e desde que não seja uma exceção ao princípio) já possui plena vigência no mundo jurídico. Entretanto, sua eficácia (produção dos efeitos junto aos sujeitos passivos) somente se dará, regra geral, em 1º de janeiro de 2015, atendendo o princípio da anterioridade anual. Por sua vez, por exercício financeiro devemos entender o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de um mesmo ano do calendário civil, conforme consta na lei federal nº 4.320, de 1964. Com efeito, o princípio tem como finalidade evitar a surpresa tributária, preparando o sujeito passivo para a nova tributação ou majoração desta, de PRGR� TXH� HOH� SRVVD� RUJDQL]DU� VXDV� ILQDQoDV� SDUD� ³DFRPRGDU´� R� QRYR� {QXV� tributário. O princípio da anterioridade anual impede que Virgulino seja pego desprevenido, já que ele costuma gastar todo seu suado vencimento, seja com contas, seja com o seu sócio (o Governo). Com a publicação de uma nova lei onerando tributariamente seu orçamento, Virgulino vai ter que adequar suas finanças, mas o Estado irá dar um tempo para ele fazer isso. ³&HUWR�� SURIHVVRU�� $FRPRGDU� R� QRYR� {QXV� WULEXWiULR� SDUD� QmR� VHU� SHJR� GH� surpresa. O princípio veda que sejam cobrados ou majorados tributos no mesmo exercício financeiro. Mas e se essa lei for publicada em 31 de dezembro, prevendo que a sua eficácia se dê já a partir de 1º de janeiro do ano seguinte? O princípio será atendido, mas teremos uma surpresa tributária GR�PHVPR�MHLWR��QmR"´ 0XLWR�EHP�� FDUR�DOXQR��3DUD�HYLWDU� LVVR��R� OHJLVODGRU� FRQVWLWXLQWH� ³HODERURX´� também o princípio da noventena, que veremos logo em seguida na nossa aula de hoje. Resumidamente, ele nos diz que, exceto quanto às exceções ao princípio da noventena, os tributos somente poderão ser cobrados depois de decorridos 90 dias após a data da publicação da lei que os houve instituído ou aumentado. Ou seja, em regra, na pior das hipóteses, os sujeitos passivos terão 90 dias antes de terem de pagar mais tributos. Repito: exceto se o Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 223 tributo for uma exceção ao princípio da noventena, que veremos mais adiante. Vamos em frente. Quanto ao princípio da anterioridade, não devemos confundir este com outro princípio anteriormente presente no nosso texto magno: o princípio da ANUALIDADE tributária. Atenção: não confunda o princípio da ANTERIORIDADE anual, presente na nossa Carta de 1988, como o princípio da ANUALIDADE tributária, não mais vigente nosso ordenamento constitucional. O princípio da anualidade rezava que um tributo somente poderia ser cobrado em um determinado exercício caso autorizado previamente em orçamento anual, sendo autorizada a cobrança do tributo em um ano e permitida a cobrança no exercício seguinte. Esse princípio, repito, não mais se aplica aos dias atuais! Cuidado, as bancas costumam cobra-lo como se fosse o princípio da anterioridade tributária. O aumento ou a majoração de tributos, como vimos, submete-se ao princípio da anterioridade tributária. Ok. Mas e a diminuição ou a extinção de um tributo? Submetem-se? Nenhuma das duas se submete, podendo ter aplicação imediata para os sujeitos passivos, se a lei não dispuser em contrário, claro. O princípio se aplica apenas quando há ³SUHMXt]R´�para o contribuinte, aumentando a carga tributária, e não para beneficiá-lo. Por sua vez, a revogação de uma isenção INCONDICIONADA, ainda que venha a aumentar a carga tributária a ser suportada, NÃO SE SUBMETE AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE, uma vez que o tributo já Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 223 era existente ao tempo da concessão, sendo conhecido do contribuinte que passará a suportar o ônus tributário advindo com a revogação da isenção. Assim, passa a ser imediatamente exigido o tributo outrora isentado pelo legislador, caso a lei não preveja de outro modo. Esse entendimentoestá presente em decisão do STF, a qual transcrevo abaixo: ³(0(17$� ± CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. I. Revogada a isenção, o tributo volta a ser imediatamente exigível. Em caso assim, não há de se observar o princípio da anterioridade, dado que o tributo já é existente. (RE �������(6��GH�����������´��*ULIRV�QRVVR�� Na mesma linha, a redução ou extinção de desconto para o pagamento de tributo previsto em lei não ofende o princípio da anterioridade, tendo também aplicação imediata. Veja o que diz o STF sobre o tema: ³(...) A redução ou a extinção de desconto para pagamento de tributo sob determinadas condições previstas em lei, como o pagamento antecipado em parcela única, não pode ser equiparada à majoração do tributo em questão, no caso, o IPVA. Não-incidência do princípio da anterioridade tributária. 6. Vencida a tese de que a redução ou supressão de desconto previsto em lei implica, automática e aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido. (ADI 4016 MC/PR, de ������������´ ³$� UHJUD� OHJLVODWLYD� TXH� VH� OLPLWD� VLPSlesmente a mudar o prazo de recolhimento da obrigação tributária, sem qualquer repercussão, não se submete ao princípio da anterioridade. �5(��������6&��GH�������������´ Diante do que consta acima, o STF editou a seguinte Súmula: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 223 ³6~PXOD� 67)� Q� ����� 1RUPD� legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao SULQFtSLR�GD�DQWHULRULGDGH�´ Outras decisões nos dizem o seguinte quanto à anterioridade: ³$� PRGLILFDomR� GRV� IDWRUHV� GH� LQGH[DomR�� FRP� EDVH� HP� legislação superveniente, não constitui desrespeito a situações jurídicas consolidadas (CF, art. 5º, XXXVI), nem transgressão ao postulado da não-surpresa, instrumentalmente garantido pela cláusula da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, "b"). (RE 200844, de ������������´ ³(0(17$��,��$omR�GLUHWD�GH�LQFRQVWLWXFLRQDOLGDGH��/�������GR� Estado do Amapá, publicada no DOE de 30.12. 2006, que dispõe sobre custas judiciais e emolumentos de serviços notariais e de registros públicos, cujo art. 47 - impugnado - determina que a "lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2006": procedência, em parte, para dar interpretação conforme à Constituição ao dispositivos questionado e declarar que, apesar de estar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2006, a eficácia dessa norma, em relação aos dispositivos que aumentam ou instituem novas custas e emolumentos, se iniciará somente após 90 dias da sua publicação. II. Custas e emolumentos: serventias judiciais e extrajudiciais: natureza jurídica. É da jurisprudência do Tribunal que as custas e os emolumentos judiciais ou extrajudiciais tem caráter tributário de taxa. III. Lei tributária: prazo nonagesimal. Uma vez que o caso trata de taxas, devem observar-se as limitações constitucionais ao poder de tributar, dentre essas, a prevista no art. 150, III, c, com a redação dada pela EC Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 223 42/03 - prazo nonagesimal para que a lei tributária se torne HILFD]���$',������$3��GH�������������´ Por sua vez, temos outra importante decisão do STF, já cobrada literalmente em provas de concurso, que dispõe sobre a simples prorrogação de prazo de aplicação de alíquota anteriormente publicada e já vigente, não sendo necessária obediência ao princípio da anterioridade para que seja novamente aplicável. Segue a sua transcrição: ³(...) A Lei paulista 11.813/04 apenas prorrogou a cobrança do ICMS com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela Lei paulista 11.601/2003. 2. O prazo nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da Constituição Federal somente deve ser utilizado nos casos de criação ou majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de alíquota já aplicada anteriormente. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido para possibilitar a prorrogação da cobrança do ICMS com a alíquota majorada. �5(��������63��GH�������������´ ³(...). 2. O Supremo Tribunal Federal possui entendimento segundo o qual a prorrogação da data originariamente prevista para vigorar o tributo não equivale a sua instituição ou majoração, razão pela qual a anterioridade nonagesimal não incide nessa hipótese. (RE 537688 AgR/RS, de ������������´ Ora, prorrogar o prazo de aplicação de uma alíquota mais gravosa já existente não altera em nada a carga tributária que já vinha sendo suportada pelo contribuinte. Logo, a prorrogação do prazo de vigência de uma alíquota já previamente existente não necessita de obediência ao princípio da anterioridade anual. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 223 Na mesma linha, o STF entende que a redução ou extinção de determinado desconto legalmente previsto não deve obediência ao princípio da anterioridade, uma vez que não se configura como um aumento da carga tributária. Contudo, como toda e boa regra, o princípio da anterioridade comporta algumas exceções, que veremos agora. Elas são de extrema importância para a sua prova, uma vez que são bastante cobradas em provas de concurso que tratam do princípio da anterioridade. O princípio da anterioridade tributária nos diz que nenhum ente político poderá cobrar tributos no mesmo exercício financeiro que em tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumento. Excepcionado essa regra, temos alguns tributos, que, ao serem instituídos ou majorados, já podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que essas mudanças forem impostas aos sujeitos passivos. Observe a figura a seguir, onde constam as exceções ao princípio da anterioridade, bem como aos da legalidade e ao da anterioridade nonagesimal, a ser visto logo adiante na aula: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 223 Assim, temos como exceções ao princípio da anterioridade os seguintes tributos: ¾ Alteração das alíquotas do II, IE, IOF e IPI (os chamados impostos com função extrafiscal) ± Artigo 153, I, II, IV e V; ¾ Instituição dos impostos Extraordinários de Guerra (IEG) ± Artigo 154, II; ¾ Instituição de empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência ± Artigo 148, I; Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 223 ¾ Instituição das Contribuições parafiscais para a seguridade social, ou alteração de suas alíquotas ± Artigo 195, §6º; ¾ Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas da CIDE- Combustíveis ± AUWLJR���������,��³E´� ¾ Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas do ICMS - Monofásico, relativo aos combustíveis e lubrificantes ± Artigo 155, §4, IV. A previsão das exceções está contida nos artigos 148, I;150, §1º; 155, §4º, IV; 177, §4º, II, ³E´�H 195, §6º,todos da CF/88, que assim nos dizem: ³$UWLJR����������� § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos QRV�DUWV�������,,,��H������,�´ ³$UW������������ § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não VH�OKHV�DSOLFDQGR�R�GLVSRVWR�QR�DUW�������,,,���E��´ ³$UW������������ § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: (...) Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 223 b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se OKH�DSOLFDQGR�R�GLVSRVWR�QR�DUW������,,,��E�´ ³$UW���������������1D�KLSyWHVH�GR�LQFLVR�;,,��K��REVHUYDU-se- á o seguinte: (...) IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (..) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes DSOLFDQGR�R�GLVSRVWR�QR�DUW�������,,,��E´� Assim, por exemplo, caso o poder executivo federal majore as alíquotas da CIDE-combustíveis no dia 14 de março de 2014, a alteração já poderá surtir efeito no mesmo exercício financeiro, qual seja, 2014. Para tanto, deverá observar apenas o prazo de 90 dias contados da data da publicação da lei que a majorou, em obediência ao princípio da anterioridade nonagesimal, o qual veremos no item seguinte da aula. Somente para constar, a alteração das alíquotas já poderia produzir efeitos para os contribuintes em 13 de junho de 2014, noventa dias após o dia 14 de março de 2014. (Questão 04) Quanto ao princípio da anterioridade, pode-se dizer que: a) proíbe que se tributem fatos geradores que ocorreram antes do início da vigência da lei que houver instituído ou aumentado um tributo. b) não se aplica ao Imposto de Importação, ao Imposto sobre Operações Financeiras e às Taxas decorrentes do exercício do poder de polícia. c) não se aplica ao Imposto de Importação, ao Imposto sobre Operações Financeiras e ao Imposto de Exportação. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 223 d) se aplica aos empréstimos compulsórios, qualquer que seja o pressuposto de sua instituição. e) se aplica às contribuições para seguridade social da mesma forma que às outras espécies tributárias. Alternativa a) Incorreta. Essa definição está relacionada ao princípio da irretroatividade, e não ao da anterioridade, o qual proíbe, exceto em relação às exceções ao princípio, que se tributem fatos geradores no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumento. Alternativa b) Incorreta. O princípio realmente não se aplica aos dois primeiros impostos, mas se aplica integralmente às taxas devidas em razão do exercício do poder de polícia. Alternativa c) Correta. Essas são algumas das exceções ao princípio da anterioridade, que são os seguintes: ¾ II, IE, IOF e IPI (os chamados impostos com função extrafiscal) ± Artigo 153, I, II, IV e V; ¾ Impostos Extraordinários de Guerra (IEG) ± Artigo 154, II; ¾ Instituição de empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência ± Artigo 148, I; ¾ Instituição ou majoração de alíquotas das Contribuições parafiscais para a seguridade social ± Artigo 195, §6º; ¾ Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas da CIDE- Combustíveis ± $UWLJR���������,��³E´� ¾ Alteração (redução e restabelecimento) das alíquotas do ICMS - Monofásico, relativo aos combustíveis e lubrificantes ± Artigo 155, §4, IV. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 223 Alternativa d) Incorreta. Quanto aos empréstimos compulsórios, o princípio não se aplica nos casos de instituição destes em razão de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência. Porém, será aplicado nos casos de investimento público de caráter urgente ou de relevante interesse nacional. Artigo 148, I e II, da CF/88. Alternativa e) Incorreta. Vale a mesma explicação dada na DOWHUQDWLYD�³F´� (Questão 05) Submete-se integralmente aos princípios da legalidade, anterioridade anual e anterioridade nonagesimal o imposto sobre: a) os produtos industrializados. b) a renda e proventos de qualquer natureza. c) a transmissão de bens causa mortis e doação. d) a propriedade de veículos automotores. e) a propriedade territorial urbana. Consultando a figura apresentada anteriormente, fica fácil encontrar a UHVSRVWD��D�TXDO�VH�DSUHVHQWD�QD�DOWHUQDWLYD�³F´��XPD�YH]�TXH�R�ITCMD não se apresenta como uma exceção a esse princípio. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 223 Princípio da Anterioridade Nonagesimal O princípio da anterioridade nonagesimal foi acrescentado à CF/88 pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003, reforçando o comando relativo ao princípio da anterioridade anual, proibindo a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou�� FRQIRUPH�R�DUWLJR������ ,,�� ³F´��da CF/88, cujo texto é seguinte: ³$UW�������6HP�SUHMXt]R�GH�RXWUDV�JDUDQWLDV�DVVHJXUDGDV�DR� contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b�´��*ULIRV�QRVVR�� Esse princípio, também conhecido como princípio da anterioridade privilegiada, mitigada ou qualificada, veio a reforçar ainda mais a segurança jurídica dos contribuintes contra o aumento inesperado da carga tributária, uma vez que muitos tributos poderiam ter suas alíquotas alteradas no dia 31 de dezembro de 2010, por exemplo, e já produzirem efeitos em 1º de janeiro de 2011, obedecendo estritamente o que determina o princípio da anterioridade anual, mas sendo inócuo quanto ao fato de proteger os contribuintes contra o aumento inesperado da carga tributária. Assim, ressalvadas as exceções à noventena previstas expressamente na CF/88, os tributos, na sua majoração ou instituição, estarão submetidos à observância dos dois princípios: anterioridade anual e nonagesimal. Por exemplo, caso a União venha a alterar a alíquota do ITR (imposto submetido aos dois princípios) por meio de lei publicada em 20 de dezembro de 2011, as alterações somente surtirão efeito em 21 de março de 2012, 90 Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícioscomentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 223 dias após a data da publicação, atendendo ao princípio da anterioridade e da noventena. Caso a mesma lei do ITR seja publicada em 20 de março de 2011, esta somente produzirá efeitos em 1º de janeiro de 2012, uma vez que o prazo de 90 se encerrará ainda dentro do ano de 2011, hipótese em que não será observado ainda o princípio da anterioridade anual. Caso a mesma lei agora seja publicada em 1º de outubro de 2011, depois de decorridos 90 dias após a data da publicação, chegaremos ao dia 31 de dezembro, sendo atendido o princípio da noventena, mas não o da anterioridade anual. Assim, os efeitos da lei somente se darão um dia depois, em 1º de janeiro de 2012. Por fim, caso publicada a lei em 02 de outubro de 2011, depois de decorridos 90 dias após a data da publicação, chegaremos exatamente ao dia 1º de janeiro de 2012, no limiar que atende conjuntamente aos dois princípios: anterioridade e noventena. Com isso, chegamos a duas regras básicas para a contagem dos prazos, considerando que a lei, quanto ao prazo da noventena, somente entre possuirá eficácia no 91º dia após a data de publicação da lei que institui ou majora o tributo, uma vez que o texto da CF/88 fala depois de decorridos 90 diDV�DSyV�D�GDWD�GD�SXEOLFDomR�GD�OHL´� As regras são (GUARDE BEM, CARO ALUNO): Caso a lei seja publicada entre 1º de janeiro e 1º de outubro de um ano, invariavelmente, e desconsiderando as exceções, sua vigência somente se dará em 1º de janeiro do ano seguinte, uma vez que deve atender aos dois princípios tributários temporais; Caso a lei seja publicada entre 02 de outubro e 31 de dezembro de um determinado ano, basta, para atendimento aos dois princípios, estabelecer o 91º dia da contagem, sendo este o dia em que a lei produzirá efeitos junto aos contribuintes. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 223 Assim como o princípio da anterioridade anual, o da noventena também possui exceções constitucionalmente previstas, presentes no artigo 150, §1º, da CF/88: ³$UWLJR����������� § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I�´ Para fixação das exceções à noventena, trago novamente a figura apresentada anteriormente quando do estudo do princípio da anterioridade: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 223 Assim, temos como exceções ao princípio da noventena os seguintes tributos: ¾ Alteração das alíquotas do II, do IE, do IOF e do IR± Artigo 153, I, II, III e IV; ¾ Instituição dos impostos Extraordinários de Guerra (IEG) ± Artigo 154, II; ¾ Instituição dos empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência ± Artigo 148, I; ¾ Fixação da base de cálculo do IPVA ± Artigo 155, III; ¾ Fixação de base de cálculo do IPTU ± Artigo 156, I. Diante do quadro apresentados, SÃO EXCEÇÕES AOS DOIS PRINCÍPIOS (ANTERIORIDADE E NOVENTENA), CUMULATIVAMENTE, OS SEGUINTES TRIBUTOS: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II); IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE); IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF); IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (IEG); EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS, DECORRENTES DE CALAMIDADE PÚBLICA, GUERRA EXTERNA OU SUA IMINÊNCIA (EC). Atenção redobrada quanto aos dois últimos casos de exceção à noventena: as alterações dizem respeito à BASE DE CÁLCULO DO IPVA E DO IPTU, E NÃO SE ESTENDE, POR EXEMPLO, AS ALÍQUOTAS. É comum o elaborador das questões tentar pegar o candidato menos atento. MUITA ATENÇÃO! Desse modo, se o poder legislativo decidir alterar a base de cálculo do IPVA por lei publicada em 30 de dezembro de 2014, por exemplo, as alterações já surtirão efeitos no exercício seguinte, ou seja, em 1º de janeiro de 2015. Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 223 Caso a mesma lei altere também as alíquotas desse imposto, além da chegada do exercício seguinte, a mudança deverá aguardar o prazo de 90 dias a contar da publicação da lei para surtir efeitos junto aos sujeitos passivos. O mesmo ocorre quanto à alteração da base de cálculo do IPTU. Outra observação muito importante para cálculos: 90 dias não é igual a três meses, regra geral. A coincidência somente se dará para a sequencia dezembro-janeiro-fevereiro e janeiro-fevereiro-março, e desde que o ano considerado não seja bissexto. - Vamos agora ao que nos diz a CF/88 em relação às medidas provisórias e aos princípios da anterioridade anual e da noventena. Medidas provisórias O artigo 62, §2º, da CF/88, nos diz o seguinte: ³Art. 62 (...) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi HGLWDGD´ A previsão acima foi instituída pela emenda constitucional nº 32, de 2003, permitindo expressamente a edição de MP para a instituição e majoração de IMPOSTOS. ATENÇAO, CARO ALUNO: O TEXTO DA CF/88 FALA APENAS EM IMPOSTOS! Entretanto, recentes decisões do STF têm estendido a previsão também às taxas e contribuições sociais, antes mesmo da citada emenda constitucional, como podemos notar abaixo: Direito Tributário para o ISS/GYNʹ Com vídeo Aulas Teoria e exercícios comentados Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 02 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 223 ³(0(17$��5HFXUVR�H[WUDRUGLQiULR�����0HGLGD�SURYLVyULD��)RUoD� de lei. 3. A Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e modificar tributos e FRQWULEXLo}HV�VRFLDLV���5(��������0*��GH�������������´ Quanto à MP, os tributos por ela criados devem obediência aos princípios da anterioridade anual e da noventena, assim como os criados por meio de lei, exceto nos casos em que se observam exceções já estudadas por nós anteriormente. Por sua vez, para que possam surtir efeitos no exercício financeiro seguinte, as medidas provisórias devem ter sido CONVERTIDAS EM LEI até o ÚLTIMO DIA DO EXERCÍCIO EM QUE FORAM EDITADAS, sem o qual somente produzirão efeitos no exercício seguinte ao da conversão da medida provisória. Essa regra é válida apenas para os impostos, e ressalvadas as exceções previstas no texto do artigo 62, §2º, da CF/88, quais sejam: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II); IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE); IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF); IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI); IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (IEG). Assim, caso uma MP venha a instituir ou majorar tais impostos, a incidência se dará de imediato, sem que seja necessária a conversão da MP em lei no exercício da publicação da lei para tanto. Entretanto, para o IPI, deverá ser
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