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23 A Estrutura da Escrita Acadêmica

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A ESTRUTURA DA ESCRITA ACADÊMICA:
 ARTIGO CIENTÍFICO
Prof. Dra. Jane Marian (FAE)
ESCRITA ACADÊMICA CIENTÍFICA 
A escrita científica é um gênero textual de comunicação utilizado entre os pesquisadores e cientistas. Este tem como objetivo divulgar os resultados de uma pesquisa
O pesquisador faz observações, pergunta, questiona, levanta hipóteses, conduz procedimentos, coleta dados, elabora gráficos, tabelas, figuras e quadros, apresenta os resultados e conclusões de forma lógica e organizada em um formato e estilo considerado adequado para a escrita científica.
CONTEXTO
No mundo competitivo que vivenciamos, espera-se que os acadêmicos publiquem projetos e pesquisas, o quanto antes, em suas carreiras;
Para publicar um artigo é necessário ter algo importante para dizer, uma descoberta, um resultado importante ou uma boa revisão de literatura que analisa e discute ideias que ainda não foram suficientemente debatidas.
PERGUNTA
Como estruturar um artigo científico que seja aceito na comunidade científica?
 
TIPOS DE ARTIGOS
REVISÃO DE LITERATURA – uma análise e discussão das literaturas existentes sobre o assunto (fonte secundária de informações);
ARTIGO CIENTÍFICO “ORIGINAL” - relata métodos e resultados de um estudo original desenvolvido pelos pesquisadores. Este tipo de estudo pode variar. Os dados podem ser extraídos de uma observação, um experimento, uma entrevista, etc. De maneira geral, apresentam dados coletados e analisados pelos autores. 
Revisãode Literatura
Original
Introdução
Introdução
Fundamentação teórica
Fundamentação teórica
Consideraçõesfinais
Metodologia
Resultados
Discussão
Conclusão
Estrutura do Artigo Científico
IMRD
5
ELEMENTOS PRÉ- TEXTUAIS
TÍTULO
Objetivo
Número de palavras
FILIAÇÃO
Objetivo
Itens importantes: 
formação, instituição e e-mail
RESUMO
Introdução/contexto; 
Problema/Lacuna; 
Objetivos;
Metodologia; 
Resultados Alcançados;
Discussão/Conclusões/Recomendações.
Objetivo;
Método;
Resultados;
Conclusão 
RESUMO
 
OBJETIVO: Este estudo visa conhecer a situação econômico-financeira do setor hospitalar na Região Metropolitana de São Paulo. MÉTODO: Baseada num levantamento, em anos sucessivos, da rentabilidade do capital e dos demais indicadores de dois grupos de hospitais divididos pelo número de leitos: a análise mostra uma inter-relação entre os elementos patrimoniais, cujos números divergem para os dois grupos, mas representam tendências similares. RESULTADOS: Hospitais de maior porte (150-300 leitos) exibem uma situação econômico-financeira mais forte do que os hospitais menores (com menos de 150 leitos) em todos os indicadores empresariais. CONCLUSÃO: Ambos, porém, sofrem das consequências de uma inflação crônica e de um mercado regulamentado.
PALAVRAS-CHAVE: Hospital. Liquidez. Endividamento. Rentabilidade. Alavancagem.
FONTE: FATHEAZAM, Shahbaz. Empresas Hospitalares na Região Metropolitana de São Paulo - Uma Análise Econômico-Financeira (1987-1990).São Paulo: Revista de Administração de Empresas.v.32, n.1, 1992.
RESUMO
 
OBJETIVO: Este artigo objetiva trazer à luz alguns dados de pesquisa acerca do medo e das privações vividos pelos policiais em seu trabalho. MÉTODO: Para isso, procedeu-se à pesquisa qualitativa, com a utilização de um estudo de caso. Os dados foram obtidos através de observação direta e de entrevistas semiestruturadas com oito policiais do DECA (Departamento Estadual da Criança e do Adolescente), da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e analisados com base na análise de conteúdo. RESULTADOS: Os principais resultados dão conta de que o trabalho do policial civil possui características bastante objetivas, como a construção de inquéritos policiais e a investigação de crimes. As características subjetivas do trabalho desses profissionais demonstram que eles realizam suas atividades em condições muitas vezes precárias e muito próximas do perigo, fazendo com que suas rotinas de trabalho e de vida sejam perpassadas pelo medo. CONCLUSÃO: Isso os coloca em situação de duplo alerta, ao se sentirem responsáveis pela segurança da sociedade, se veem também obrigados a permanecer em estado de prontidão para sua própria segurança e daqueles que privam de suas relações.
 
PALAVRAS-CHAVE: Polícia Civil. Trabalho do policial. Medos. Privações.
 
FONTE: GRIZA, Anne; CAVEDON, Neusa Rolita. Como se dá a segurança de quem trabalha com a segurança pública? O trabalho policial, medos e privações. Revista Economia & Gestão: v.16, n.43, 2016.
RESUMO
 
CONTEXTO: A Avaliação do Impacto Regulatório (AIR) é um dos instrumentos que visam melhorar a qualidade de regulação. PROBLEMA: Pesquisas destacam limitações no processo de adoção da AIR em países em desenvolvimento, devido à influência de variáveis políticas que operam no contexto nacional ou à escassez de capacidades organizacionais. OBJETIVO: Este estudo avalia como variáveis políticas e organizacionais influenciam a difusão da AIR no Brasil. MÉTODO: Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas com atores do modelo regulatório, focando na familiaridade com o instrumento, nas capacidades organizacionais existentes, no contexto burocrático, no processo de políticas públicas e na posição dos principais atores do marco regulatório brasileiro sobre AIR. RESULTADOS: Essa pesquisa mostra a relevância das capacidades organizacionais, assim como a influência dos fatores políticos no processo de difusão da AIR. CONCLUSÃO: Esses últimos explicam a resistência perante os modelos organizacionais de supervisão regulatória, necessários para a adoção da AIR.
 
PALAVRAS-CHAVE Avaliação do impacto regulatório, difusão, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento, Econômico (OCDE), governo federal, controle.
 
FONTE: PECI, Alketa. Avaliação do impacto regulatório e sua difusão no contexto brasileiro. São Paulo: RAE. v. 51, n.4, jul/ago. 336-348p. 2011.
INTRODUÇÃO
Estabelecer o Território: apresentar a importância do tema, fazer declarações gerais sobre o assunto, conduzir o leitor para a compreensão do contexto, por meio de um breve histórico, situando o leitor de forma que perceba qual o “lócus” da pesquisa (CONTEXTO);
Determinar um Nicho: apresentar uma tese ou uma lacuna/problema de pesquisa (PROBLEMA)
Estado da Arte: apresentar autores importantes e principais discussões, ou seja, o conhecimento atual sobre o tema, o que está sendo feito e o que precisa ser feito (dependendo da revista em que se pretende publicar, estabelecer o estado da arte para que o leitor compreenda qual o limite da pesquisa pode ser relevante para o fluxo da informação), (AUTORES)
Indicar a Motivação e Organização: expressar a motivação/justificativas e objetivos do projeto. Se necessário escrever uma breve perspectiva sobre a estrutura do artigo (OBJETIVO)
INTRODUÇÃO
1) No Brasil, quando o assunto em referência diz respeito à ação da polícia, independentemente da função e das atividades exercidas pelos profissionais da área, imediatamente o cidadão é remetido para a ideia de violência, da falta de segurança nos grandes centros urbanos e da ineficiência no combate ao crime por parte de determinados setores da polícia. Todavia, a polícia se constitui no aparelho do Estado responsável pela proteção dos cidadãos, além de detentora do direito ao uso legítimo da força quando e onde ela se fizer necessária (WEBER, 1944; MONJARDET, 2003). Na realidade, o trabalho policial vai além do combate ao crime, e se produz mediante a realização de diversas tarefas, muitas vezes difíceis de serem definidas, mesmo por aqueles que as realizam (BRETAS, 1997; BITTNER, 2003; MONJARDET, 2003).
CONTEXTO-PROBLEMA-ESTADO DA ARTE-OBJETIVO
2) Os estudos (BRETAS, 1997; BITTNER, 2003; MONJARDET, 2003; PONCIONI, 2008) acerca da realidade policial normalmente tendem a enfatizar aspectos objetivos do trabalho. Poncioni (2008) afirma que os enfoques desses trabalhos
são normalmente as funções policiais, suas estratégias, sua organização e sua retórica, além da vocação policial e dos conhecimentos teóricos exigidos desses profissionais. Esses estudos, ao mesmo tempo em que buscam caracterizar a profissão de policial, reconhecem que dela faz parte uma grande gama de atividades, muitas vezes de difícil definição ou delimitação (BITTNER, 2003; MONJARDET, 2003), devido ao fato de envolverem aspectos subjetivos importantes.
3) Autores como Adorno e Peralva (1997), Minayo, Souza e Constantino (2007) e Souza et al. (2007) buscam em suas pesquisas contemplar a face subjetiva do trabalho policial, todavia, esses estudos ainda são incipientes, quando se trata da Polícia Civil no Brasil. Desse modo, na busca por ampliar o universo de estudos que versam sobre a subjetividade do trabalho policial, este artigo tenta lançar luz sobre uma questão que permeia a atuação desses profissionais, qual seja, o medo e as privações inerentes à atividade. Em outro trabalho (GRIZA, 2012) foi identificada na cultura organizacional dos policiais civis a proximidade com o perigo, algo que transforma a visão de mundo desses profissionais de maneira peculiar.
4) O medo é uma resposta benéfica aos perigos do mundo. É ele que permite aos seres humanos a sobrevivência, pois gera as respostas de luta e fuga nas situações em que a vida está em perigo (BAUMAN, 2008; SPOSITO, 2009). O medo em demasia, ao contrário, transforma-se em sofrimento, dado o fato de que o estado de alerta e a ansiedade, elementos do medo, prejudicam a qualidade de vida dos indivíduos e daqueles que os cercam (DANTAS, s/d; SPOSITO, 2009).
5) Para Bauman (2008) a sociedade líquido-moderna vive com medo. Os seres humanos precisam lidar com o medo da morte, com o medo dos desastres naturais e com o medo dos demais seres humanos. Nenhuma outra sociedade esteve tão equipada para lidar com os perigos e, ao mesmo tempo, sentiu tanto medo como a sociedade líquido-moderna. 
6) Teme-se tudo, tudo pode acontecer. As casas são como fortalezas e aqueles que não pertencem ao círculo social dos indivíduos tornam-se estranhos, passíveis de maldades até que se prove o contrário. Os indivíduos vivem a ansiedade do medo, mesmo que ele não esteja presente, sentem que necessitam estar alertas, pois suas vidas correm perigo a todo tempo e lugar.
7) Assim, este artigo tem como objetivo compreender os medos e as privações enfrentados pelos policiais na realização cotidiana de suas atividades de trabalho. Para tanto, este trabalho está estruturado de modo a que inicialmente seja traçado um apanhado do trabalho policial, que permita ao leitor uma aproximação com as tarefas e os modos de atuação desse profissional sob uma perspectiva teórica. Em seguida, algumas considerações acerca do medo são expostas. O referencial teórico será apresentado para posteriormente servir de base para as análises dos achados de campo obtidos através de uma abordagem qualitativa com observação sistemática e entrevistas, método também explicitado ao longo do texto. As considerações finais fecham o artigo apontando caminhos para futuras pesquisas.
FONTE: GRIZA, Anne; CAVEDON, Neusa Rolita. Como se dá a segurança de quem trabalha com a segurança pública? O trabalho policial, medos e privações. Revista Economia & Gestão: v.16, n.43, 2016.
FUNDAMENTAÇÃO
Gil (2002, p. 162) aponta que a revisão da literatura "é a contextualização teórica do problema e o que tem sido investigado a seu respeito" 
Deve explicar os pressupostos teóricos que sustentam a tese ou problema investigado.
METODOLOGIA
A metodologia é uma descrição detalhada das etapas dos processos utilizados na pesquisa. 
Os métodos podem variar dependendo da área de estudo e peculiaridades de cada pesquisa (SWALES & FEAK, 2012; GIL, 2002). 
Em alguns campos é comum ter subdivisões que podem lidar com materiais e ferramentas utilizadas, definições empregadas, população do estudo ou procedimentos estatísticos utilizados. 
TIPO DE PESQUISA: deve-se esclarecer se a pesquisa é de natureza exploratória, descritiva ou explicativa. Pode-se também esclarecer o tipo de delineamento a ser adotado (pesquisa experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa bibliográfica etc.);
 
POPULAÇÃO E AMOSTRA: inclui informações acerca do universo a ser estudado, da extensão da amostra e da maneira como será selecionada;
 
COLETA DE DADOS: envolve a descrição das técnicas a serem utilizadas para coleta de dados;
 
ANÁLISE DOS DADOS: compreende a descrição dos procedimentos a serem adotados tanto para análise quantitativa quanto qualitativa.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na seção dos resultados são apresentados os dados da pesquisa:
Os dados são apresentados em tabelas, quadros ou figuras;
Os resultados são declarações que resumem ou explicam os dados apresentados.
Na seção das discussões esses dados e resultados são analisados:
na discussão é apresentado e defendido um ponto de vista a partir das análises dos dados e fundamentação teórica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Discute-se os objetivos;
Alguma lacuna identificada na revisão da literatura;
A metodologia e os principais resultados;
Esclarece qual foi a contribuição para a comunidade científica;
Quais das abordagens relacionadas ou extensões seriam interessantes serem investigadas futuramente.
A conclusão faz um esforço final para convencer o leitor que a tese foi defendida e que os argumentos foram convincentes, assim como os dados foram suficientes para dar suporte ao proposto inicialmente
CONCLUSÃO
As pesquisas no Brasil estão em movimento ascendente, mas existem poucas pesquisas sobre artigo estruturado, portanto, é um campo que precisa ser melhor explorado, pois mesmo que se produza pesquisas excelentes não há como progredir sem apresentar comunicações escritas de qualidade. 
O objetivo desta revisão de literatura foi apresentar a estrutura de um artigo científico original para que o pesquisador/acadêmico iniciante consiga perceber algumas características importantes de um artigo estruturado. 
REFERÊNCIAS
HENGL, Tomislav; GOULD, Michael. Rules of Thumb for Writing Research Articles. 2002.
SWALES, John M.; FEAK, Cristine B. Academic writing for graduate students. (3rd ed.). Ann Arbor, MI: The University of Michigan Press, 2012.
SWALES, John M.; FEAK, Cristine B. Abstracts and the Writing of Abstracts. Michigan: University of Michigan Press, 2009.
DERNTL, Michael. Basics of research paper writing and publishing. Int. J. Technology Enhanced Learning, v.6, n.2, 2014. 
BELT, Pekka; MOTTONEN, Matti; HARKONEN, Janne. Tips for Writing Scientific Journal Articles. Oulun Yliopisto: University of OULU, 2011.
DUDENHEFER, Paul. A Guide to Writing in Economics. EcoTeach Center and Department of Economics, Duke University, 2009.
CALIFORNIA STATE UNIVERSITY. Biology Research Paper Format. Bakersfield. Department of Biology, v.2, n.19, 2014. Disponível em: <http://www.csub.edu/biology/_files/Science_writing_standards.pdf> Acesso em: abril de 2016.
PORTMORE, Douglas W. Tips on Writing a Philosophy Paper. PhilPapers, 2012. Disponível em: <http://philpapers.org/rec/PORTOW> Acesso em: abril de 2016. 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2013.

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