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1FísicaEletrodinâmica Rua General Celso de Mello Rezende, 301 – Tel.: (16) 3238·6300 CEP 14095-270 – Lagoinha – Ribeirão Preto-SP www.sistemacoc.com.br SISTEMA COC DE ENSINO Direção-Geral: Sandro Bonás Direção Pedagógica: Zelci C. de Oliveira Direção Editorial: Roger Trimer Gerência Editorial: Osvaldo Govone Ouvidoria: Regina Gimenes Conselho Editorial: José Tadeu B. Terra, Luiz Fernando Duarte, Osvaldo Govone e Zelci C. de Oliveira PRODUÇÃO EDITORIAL Autoria: Wilson Carron Editoria: Naylor F. de Oliveira, Shirlei N. Dezidério e Tiago C. Leme Coordenação Editorial: Luzia H. Fávero F. López Projeto gráfico e direção de arte: Matheus C. Sisdeli Preparação de originais: Marisa A. dos Santos e Silva e Sebastião S. Rodrigues Neto Iconografia e licenciamento de texto: Marcela Pelizaro, Paula de Oliveira Quirino e Cristian N. Zaramella Diagramação: BFS bureau digital Ilustração: BFS bureau digital Revisão: Flávia P. Cruz, Flávio R. Santos, José S. Lara, Leda G. de Almeida, Maria Cecília R. D. B. Ribeiro, Milena C. Lotto e Paula G. de Barros Rodrigues Capa: LABCOM comunicação total Conferência e Fechamento: BFS bureau digital Su m ár io CAPÍTULO 01 CARGA ELÉTRICA E CORRENTE ELÉTRICA 7 1. Introdução 7 2. Carga elétrica 7 3. Condutores e isolantes elétricos 11 4. Corrente elétrica 12 5. Potencial elétrico e diferença de potencial (ddp) 14 6. Potência elétrica 15 7. Energia elétrica 17 CAPÍTULO 02 RESISTORES 21 1. Introdução 21 2. Resistor 21 3. Primeira lei de Ohm 21 4. Potência de um resistor 22 5. Segunda lei de Ohm 23 6. Fusíveis e disjuntores 24 7. Associação de resistores 26 8. Associação em série 26 9. Associação em paralelo 28 10. Associação mista 31 11. Curto-circuito 32 CAPÍTULO 03 GERADORES ELÉTRICOS 34 1. Introdução 34 2. Força eletromotriz (ε) e resistência interna (r) 35 3. Equação de um gerador 35 4. Curva característica de um gerador 36 5. Rendimento de um gerador 36 6. Associação de geradores 37 7. Circuito elétrico simples: gerador e resistor 40 8. Circuito gerador e resistores em série/paralelo 41 CAPÍTULO 04 RECEPTORES ELÉTRICOS 43 1. Introdução 43 2. Força contraeletromotriz (εʼ) e resistência interna (rʼ) 43 3. Equação, curva característica e rendimento de um receptor 44 4. Circuito gerador, receptor e resistores 45 CAPÍTULO 05 MEDIDAS ELÉTRICAS 47 1. Introdução 47 2. Amperímetro 47 3. Voltímetro 48 4. Medidores reais (amperímetro e voltímetro) 48 5. Ponte de Wheatstone 50 6. Ponte de fio 51 CAPÍTULO 06 LEIS DE KIRCHHOFF 53 1. Introdução 53 2. Primeira lei de Kirchhoff (lei dos nós) 53 3. Segunda lei de Kirchhoff (lei das malhas) 53 4. Estudo da polaridade 53 5. Determinação da ddp (tensão) 54 6. Gráfico do potencial elétrico 54 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 57 Capítulo 01 59 Capítulo 02 74 Capítulo 03 93 Capítulo 04 109 Capítulo 05 116 Capítulo 06 125 GABARITO 139 Teoria PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 7 Física CAPÍTULO 01 CARGA ELÉTRICA E CORRENTE ELÉTRICA 1. Introdução O nosso cotidiano está tão impregnado de aparelhos elétricos que dificilmente consegui- mos imaginar a nossa vida sem energia elétri- ca. De acordo com Hinrichs e Kleinbach, em Energia e meio ambiente: A eletricidade é aceita hoje de forma tão trivial e está tão entrelaçada ao nosso modo de vida que raramente pensamos sobre sua origem ou nos preocupamos com sua conservação. A conveniência e a disponibilidade da eletricidade a tornam muito popular. [...] Historicamente, a eletricidade tem sido gerada principalmente em usinas elétricas centrais que utilizam a energia potencial química, nuclear ou gravitacio- nal das fontes: carvão, gás natural, óleo combustível, urânio e água e a convertem em energia elétrica. As primeiras usi- nas desse tipo entraram em operação em 1882, sob a supervisão de Thomas Edison (1847-1931), inventor americano. As duas primeiras eram movidas por turbinas a va- por e a terceira era hidrelétrica. © 1 Ri ca rd o Az ou ry / Ke yd isc B ra sil Usina hidrelétrica de Itaipu. No Brasil, a energia potencial gravitacional das águas represadas em usinas é responsável por valores superiores a 76% da geração de energia elétrica. Embora a eletricidade somente tenha se de- senvolvido como ciência a partir do século XVII, sua história começa na Antiguidade, seis séculos antes de Cristo. Era do conhecimento dos gregos que o âmbar (resina fóssil), quan- do atritado, adquiria a propriedade de atrair corpos leves, tais como pequenos pedaços de palha. No século XVIII, o estudo sobre os fenômenos elétricos apresentou um avanço significativo, graças aos trabalhos de cientistas como Benja- mim Franklin (1706-1790), a quem devemos os termos “eletricidade positiva” e “eletricidade negativa”, e de Alessandro Volta (1745-1827), com o desenvolvimento da pilha voltaica. A associação da eletricidade com o magne- tismo, estabelecida por Hans Oersted (1777- 1845), os trabalhos de André Marie Ampère (1775-1836) no campo da eletroquímica, o desenvolvimento da indução eletromagnéti- ca por Michael Faraday (1791-1867), além de outros trabalhos, permitiram a construção de máquinas e motores que consolidou definiti- vamente a era da eletricidade no século XX. 2. Carga elétrica A maioria dos objetos com os quais convi- vemos é eletricamente neutra, ou seja, não apresenta efeitos elétricos. Mas, por meio de experimentos simples, podemos fazer com que um corpo apresente efeitos elétricos; em outras palavras, que ele se torne eletrizado. Por exemplo, o simples fato de caminharmos sobre um tapete pode fazer com que nosso corpo se eletrize. A seguir, ilustramos um experimento básico que nos permite observar o fenômeno da ele- trização. Consideremos dois bastões de vidro e um pe- daço de seda. Vamos, com esses objetos, reali- zar o seguinte experimento: inicialmente, cada bastão de vidro é atritado com o pedaço de seda. Em seguida, um dos bastões de vidro é suspenso por um fio e o outro bastão de vidro é aproximado do primeiro. Observamos que os dois bastões de vidro se repelem. Os bastões de vidro se repelem após terem sido atritados com a seda. Eletrodinâmica PV -1 3- 11 8 Física Vamos, agora, repetir o experimento com duas barras de plástico atritadas com um pedaço de lã ou pele de animal. Observamos que as duas barras de plástico se repelem, da mesma ma- neira que os bastões de vidro do experimento anterior. As barras de plástico se repelem após terem sido atritadas com lã. Finalmente, aproximamos a barra de plástico atritada com lã do bastão de vidro atritado com seda. Observamos, agora, uma atração entre eles. Esses experimentos realizados com o vidro, seda, plástico e lã podem ser repetidos com muitos outros materiais. Chegaremos sempre às seguintes conclusões: 01. corpos feitos do mesmo material, quando atritados pelo mesmo proces- so, sempre se repelem; 02. corpos feitos de materiais diferentes, atritados por processos diferentes, po- dem atrair-se ou repelir-se. Os bastões de vidro e as barras de plástico, quando atritados com a seda e a lã, respec- tivamente, adquirem uma propriedade que não possuíam antes da fricção: eles passam a se atrair ou a se repelir quando colocados convenientemente um em presença do outro. Nessas condições, dizemos que os bastões de vidro e as barras de plástico estão eletrizados. Verificamos, então, através de experiências, que os corpos eletrizados podem ser classifi- cados em dois grandes grupos: um semelhante ao vidro – eletricidade vítrea – e o outro, se- melhante ao plástico – eletricidade resinosa. Benjamin Franklin, cientista, político e escritor americano, por volta de 1750, introduziuos termos eletricidade positiva e negativa para as eletricidades vítrea e resinosa, respectiva- mente. Para entender cientificamente o que ocorre no processo de fricção envolvendo o vidro e a seda, ou o plástico e a lã, precisamos de alguns conceitos básicos a respeito de carga elétrica e estrutura da matéria. Hoje, sabemos que a matéria é formada de átomos e, de acordo com o modelo atômico vigente, os átomos são constituídos por: • um pequeno núcleo central, onde se localiza praticamente toda a massa do átomo, e onde se encontram as partícu- las denominadas prótons e nêutrons; • e por uma eletrosfera, região do espaço em torno do núcleo onde são encontra- dos os elétrons. Elétrons Nêutrons Prótons Núcleo Eletrosfera Ilustração do modelo atômico com prótons e nêutrons no núcleo e elétrons na eletrosfera Das três partículas que compõem um átomo, tanto os prótons como os elétrons apresentam a propriedade denominada carga elétrica, ou seja, trocam entre si, ou com outras partícu- las, ações elétricas de atração ou de repulsão. Por convenção, a carga elétrica de um próton é positiva e, a carga elétrica de um elétron é negativa. Os nêutrons são partículas que apresentam carga elétrica nula. Isso significa dizer que os nêutrons não trocam ações elétricas de atra- ção ou de repulsão. PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 9 Física Observação De acordo com o modelo atual, das três partículas que constituem o átomo (prótons, elé- trons e nêutrons), somente os elétrons são partí- culas elementares (indivisíveis). Tanto os prótons como os nêutrons são formados por partículas ainda menores, denominadas quarks. 2.1. Quanti dade de carga elétrica Aos corpos, ou às partículas, que apresentam a propriedade denominada carga elétrica, po- demos associar uma grandeza escalar deno- minada quantidade de carga elétrica, repre- sentada pelas letras Q ou q, e que no Sistema Internacional de Unidades (SI) é medida em coulomb (C). A quantidade de carga elétrica positiva do próton e a quantidade de carga elétrica nega- tiva do elétron são iguais em valor absoluto, e correspondem à menor quantidade de carga elétrica encontrada na natureza, até os dias atuais. Essa quantidade é representada pela letra e e é chamada de quantidade de carga elétrica elementar. Em 1909, o físico americano Robert A. Millikan (1868-1953) determinou experimentalmente o valor da quantidade de carga elementar. O resultado obtido foi, aproximadamente: e = 1,6 · 10 –19 C Nessas condições, podemos escrever as quan- tidades de carga elétrica do próton e do elé- tron como sendo: qp = + e = +1,6 · 10–19C qe = – e = –1,6 · 10–19C Para o nêutron temos qn = 0. A tabela abaixo apresenta os valores aproxi- mados da massa e da quantidade de carga elé- trica das principais partículas atômicas: Partícula Massa (kg) Quantidade de carga elétrica (C) Elétron 9,1 · 10–31 –1,6 · 10–19 Próton 1,7 · 10–27 +1,6 · 10–19 Nêutron 1,7 · 10–27 0 2.2. Quanti zação da quanti dade de carga elétrica A carga elétrica do próton é igual em módu- lo à carga elétrica do elétron, constituindo a menor quantidade de carga elétrica que é en- contrada livre na natureza. Esse fato faz com que a quantidade de carga elétrica não possa assumir quaisquer valores, sendo possíveis so- mente valores múltiplos da quantidade de car- ga elementar (e). Dizemos que a quantidade de carga elétrica de um corpo é quantizada. Assim, um corpo com carga elétrica positiva só pode apresentar quantidade de carga elétrica (Q) dada por: +1·e; +2·e; +3·e; ...; +n·e (n = número inteiro) E um corpo com carga elétrica negativa só pode apresentar quantidade de carga elétrica dada por: –1·e; –2·e; –3·e; ...; –n·e (n = número inteiro) De modo geral, podemos escrever que a quan- tidade de carga elétrica de um corpo é dada por: Q = n · e 2.3. Conservação da quanti dade de carga elétrica Voltemos ao processo de fricção envolvendo vidro/seda e plástico/lã. Antes da fricção, os bas- tões de vidro e o pedaço de seda não apresentam efeitos elétricos. O mesmo é válido para o plásti- co e a lã. Isso significa dizer que a quantidade de carga elétrica de cada corpo é zero, ou seja, eles possuem o número de elétrons igual ao número de prótons. Com a fricção, os corpos envolvidos ficam ele- trizados. Nesse processo, fornecemos energia suficiente para que cargas elétricas (elétrons) se transfiram de um corpo para o outro. Por- tanto, em cada corpo, o número de elétrons (ne) é diferente do número de prótons (np): um corpo cede elétrons e o outro recebe elétrons. Assim, temos: • se ne = np, o corpo é eletricamente neu- tro; • se ne > np, o corpo é eletricamente ne- gativo (recebeu elétrons); • se ne < np, o corpo é eletricamente posi- tivo (cedeu elétrons). Eletrodinâmica PV -1 3- 11 10 Física Se os corpos envolvidos na fricção estão isola- dos, ou seja, não sofrem a influência de outros corpos, a quantidade de carga elétrica cedida por um é exatamente igual à quantidade de carga elétrica recebida pelo outro: os corpos adquirem quantidades de carga elétrica iguais em módulo, mas de sinais contrários. Em sistemas isolados, a quantidade de carga elétrica total permanece constante. Isso tra- duz uma importante lei da natureza: a lei da conservação da quantidade de carga elétrica. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Leia o texto seguinte. [...] Um típico relâmpago negativo da nuvem para o solo transfere 25 cou- lombs de carga negativa da nuvem para o solo ao longo de toda sua duração. Nos casos em que haja grande quantidade de descargas de retorno, cargas maiores que 100 coulombs podem ser transferidas em um intervalo de tempo que chega a atingir dois segundos. PINTO Jr., Osmar; PINTO, Iara R. C. de A. Relâmpagos. São Paulo: Brasiliense, 1996. p. 57. De acordo com o texto, podemos afirmar que, em um relâmpago, o número de elétrons en- volvidos na transferência de carga elétrica ne- gativa da nuvem para o solo é: a. sempre maior que 6,25 · 1020. b. sempre menor que 1,56 · 1020. c. é igual a 1,56 · 1020. d. é igual a 6,25 · 1020. e. pode assumir valores maiores que 6,25 · 1020. Resolução De acordo com o texto, em um relâmpago tí- pico, a quantidade de carga elétrica negativa é Q = 25 C, mas pode assumir valores maiores que Q = 100 C. Sendo a quantidade de carga elétrica de um elétron igual a e = 1,6 · 10-19 C, temos que, sendo Q = n · e: • 25 C correspondem a: elétrons • 100 C correspondem a: elétrons Assim, o número típico de elétrons é 1,56 · 1020 e o número máximo pode atingir valores supe- riores a 6,25 · 1020. Resposta E No processo de eletrização por fricção (atrito), os corpos envolvidos devem ser de materiais diferentes, isto é, eles devem apresentar ten- dências diferentes de ganhar ou perder elé- trons. Considere que: • Na lista de materiais apresentados a se- guir, quando dois materiais quaisquer são atritados, aquele que estiver posi- cionado à esquerda fica eletrizado po- sitivamente; o que estiver à direita fica eletrizado negativamente. vidro – lã – seda – algodão – madeira – metal • Dois materiais eletrizados com cargas de mesmo sinal se repelem e com car- gas de sinais contrários se atraem. Suponha que um bastão de vidro seja atritado com lã e uma barra de metal seja atritada com algodão. Se pendurarmos a barra de metal por um fio e em seguida aproximarmos o bastão de vidro, observaremos que: a. haverá atração, pois a barra de metal está eletrizada positivamente e o bas- tão de vidro, negativamente. b. haverá repulsão, pois a barra de metal está eletrizada positivamente e o bas- tão de vidro,negativamente. c. haverá atração, pois a barra de metal está eletrizada negativamente e o bas- tão de vidro, positivamente. d. haverá repulsão, pois a barra de metal está eletrizada negativamente e o bas- tão de vidro, positivamente. n Q e = = = − 25 1 6 10 1 56 10 19 20 , · , · n Q e = = = − 100 1 6 10 6 25 10 19 20 , · , · PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 11 Física e. haverá repulsão, pois tanto a barra de metal como o bastão de vidro estarão eletrizados positivamente. Resolução De acordo com as informações, temos que, na fricção do bastão de vidro com a lã, o bastão de vidro fica eletrizado positivamente e a lã, negativamente. Por outro lado, na fricção de uma barra de metal com algodão, o algodão fica eletrizado positivamente e a barra de me- tal, negativamente. Aproximando-se a barra de metal (negativo) do bastão de vidro (positivo), teremos atração (cargas de sinais contrários). Resposta C 3. Condutores e isolantes elétricos Em relação à eletricidade, os materiais existentes na natureza podem ser divididos em dois gran- des grupos: os que conduzem a eletricidade, chamados de condutores, e os que não conduzem a eletricidade, chamados de isolantes. 3.1. Condutores São materiais que apresentam portadores de cargas elétricas (elétrons ou íons) livres, o que facilita a mobilidade deles em seu interior. São considerados bons condutores, materiais com alto número de portadores de cargas elétricas livres e que apresentam alta mobilidade des- ses portadores de cargas elétricas. Os condutores elétricos podem ser de três ti- pos: • Sólidos – Os principais condutores elé- tricos sólidos são os metais: alumínio, cobre, ferro, níquel, prata, ... Nos me- tais, os portadores de carga elétrica são os elétrons. • Líquidos – Nas soluções eletrolíticas, os portadores de carga elétrica são os íons positivos e negativos. Como exemplo, podemos citar as soluções aquosas de cloreto de sódio (Na+; Cl-) e de ácido sulfúrico (H+; Cl-). • Gasosos – Normalmente, os gases não conduzem a eletricidade. Mas, sob de- terminadas condições, os gases podem ser ionizados. Nessas condições, eles apresentam como portadores de carga elétrica íons positivos e elétrons. Em alguns materiais, os portadores de carga elétrica existentes se movimentam pratica- mente livres, sem qualquer oposição do meio natural. Tais condutores são considerados ideais. 3.2. Isolantes Os materiais isolantes se caracterizam por não apresentar portadores de cargas elétricas livres para movimentação. Nesses materiais, a mobi- lidade dos portadores de cargas elétricas é pra- ticamente nula, ficando eles praticamente fixos no seu interior. Exemplos: borracha, madeira, água pura etc. 3.3. Semicondutor e supercondutor Além de condutores e isolantes de eletricida- de, encontramos algumas substâncias que se encaixam na denominação de semiconduto- ras e outras, denominadas supercondutoras. Um material semicondutor, como o silício e o germânio, apresenta uma condutividade (con- dução de eletricidade) intermediária entre os metais condutores e os isolantes. Esses mate- riais são fundamentais para a eletrônica, pois, com o processo denominado “dopagem”, no qual átomos de um outro elemento químico são inseridos em sua rede atômica, os semi- condutores passam a conduzir a eletricidade. Associando dois diferentes tipos de semicon- dutores, é possível controlar o sentido da cor- rente. O diodo é um componente eletrônico que permite a passagem da corrente em ape- nas um sentido, tornando-se isolante no sen- tido oposto. Na supercondutividade, fenômeno que ocor- re em temperaturas extremamente baixas, os elétrons se movem praticamente sem nenhu- ma resistência. Para conhecermos o estágio atual do desenvolvimento das pesquisas sobre esse assunto, vamos ler o texto seguinte. Eletrodinâmica PV -1 3- 11 12 Física [...] Alguns materiais, incluindo metais, ligas metálicas e óxidos, apresentam um fenô- meno chamado supercondutividade. À medida que a temperatura diminui, a resistividade (grandeza associada à resistência e à mobilidade dos portadores de carga) cai; no início, len- tamente, como em qualquer metal. Porém, para uma certa temperatura crítica TC, ocorre uma transição de fase, e a resistividade diminui bruscamente. Se os portadores de carga elétrica se movimentam em um anel supercondutor, eles permanecerão circulando no anel indefinida- mente, sem necessidade de fonte de alimentação. A supercondutividade foi descoberta em 1911 pelo físico holandês Heike Kamerlingh Onnes (1853-1926). Ele observou que, para temperaturas muito baixas, menores do que 4,2 K, a resistividade do mercúrio caía repentinamente para zero. Durante 75 anos após essa desco- berta, o valor máximo de TC conseguido era da ordem de 20 K. A descoberta de novos mate- riais, com temperaturas críticas da ordem de 40 K, deu início a uma corrida para desenvolver materiais supercondutores com “temperaturas críticas elevadas”. [...] Até 2006, o valor de TC máximo atingido sob pressão atmosférica era da ordem de 138 K, e materiais com supercondutividade na temperatura ambiente poderão brevemente se tornar uma realidade. São enormes as implicações dessas descobertas para sistemas de distri- buição de energia elétrica, projetos de computadores e transportes. YOUNG, Hugh D. Física III: eletromagnetismo. 12. Ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009. p.141. 4. Corrente Elétrica Dizemos que existe uma corrente elétrica quando portadores de cargas elétricas (posi- tivos e/ou negativos) se movimentam numa direção preferencial em relação às demais. Exemplos • Metais: portadores de cargas elétricas ⇒ elétrons e e e • Soluções eletrolíticas: portadores de cargas elétri cas ⇒ íons positivos e ne- gativos • Gases: portadores de cargas elétricas ⇒ íons e elétrons e e e No estudo da corrente elétrica, dizemos que sua direção é a mesma dos portadores de cargas elétricas, sejam positivos ou nega- tivos. Com relação ao sentido, adotamos o sentido convencional: o sentido da corrente elétrica é o mesmo do movimento dos porta- dores de cargas elétricas positivas ou, por ou- tro lado, sentido contrário ao do movimento dos portadores de cargas elétricas negativas. Cátions Corrente Ânions Condutor eletrolítico Elétrons livres Condutor metálico Corrente Condutor gasoso ElétronsCorrenteCátions PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 13 Física 4.1. Intensidade de corrente elétrica Indicando por ∆Q a carga total, em valor abso- luto, que atravessa a superfície (S) do condu- tor, no intervalo de tempo ∆t, definimos inten- sidade média de corrente elétrica (im), nesse intervalo de tempo, pela relação: S – – – i Q tm = ∆ ∆ A intensidade de corrente elétrica (i) é uma grandeza escalar que fornece o fluxo de por- tadores de cargas elétricas, através de uma superfície, por unidade de tempo. A unidade de intensidade de corrente elétrica no Sistema Internacional é o ampère (A). coulomb C segundo ampère ( )b C( )b C ( )s( )s ( )A( )A= É muito frequente a utilização de submúltiplos do ampère (A): 1 mA = 10–3 A (miliampère) 1 µA = 10–6 A (microampère) Quando a intensidade de corrente elétrica (i) varia com o tempo, é costume apresentarmos o seu comportamento através de um diagra- ma horário: i x t. i 0 t t2 i2 t1 i1 Intensidade de corrente variável com o tempo Nesses casos, para obtermos a intensidade média de corrente elétrica (im), devemos, ini- cialmente, determinar a carga elétrica total (ΔQ) correspondente ao intervalo de tempo de nosso interesse. A carga elétrica total (ΔQ) é dada, numericamente, pela área sob a curva entre os instantes t1 et2, conforme mostrado na figura a seguir. i 0 t t1 t2 ∆Q ∆Q ÁreaN Segue que a intensidade média de corrente elétrica é: i Q tm = ∆ ∆ EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Em uma solução aquosa de ácido sulfúrico (H2SO4), os portadores de carga elétrica são os íons hidroxônio (+) e os íons sulfato (–). Com base na figura abaixo, suponha que 1 · 1020 íons sulfato e 2 · 1020 íons hidrogênio se movi- mentem por segundo. Determinar a intensida- de da corrente elétrica no interior da solução aquosa de ácido sulfúrico (H2SO4). H3O + + – i H3O + i SO–24 SO–24 Resolução No interior da solução, a intensidade de cor- rente elétrica (i) total é a soma das intensida- des de correntes de íons H3O+ e SO4–2. Assim, temos: i Q t t i i H O H O H O 3 3 3 2 10 1 1 6 10 1 32 20 19 + + + = = = = − ∆ ∆ ∆ n · e · · · , · n · e Α ∆ ∆ ∆ i Q t t i i SO SO SO 4 2 4 2 4 2 10 2 1 6 10 1 3 20 19 − − − = = = = −· · , · 22 Α Logo: i i i i i H O SO= + = + = − 2 4 2 32 32 64 Α Eletrodinâmica PV -1 3- 11 14 Física 02. O gráfico a seguir mostra como varia a corren- te elétrica, para o intervalo de 0 a 4,0 s, através de um condutor. 10 2,0 4,00 i (A) t (s) Nessas condições, determine, para o intervalo de 0 a 4,0 s: a. a quantidade de carga elétrica total; b. a intensidade média de corrente elétri- ca. Resolução a. A carga elétrica total, ΔQ, correspondente ao intervalo de tempo de 0 a 4,0 s, é dada pela área do trapézio mostrado na figura a seguir. 5. Potencial elétrico e diferença de potencial (ddp) Para se estabelecer uma corrente elétrica num condutor metálico, isto é, para que os portadores de carga elétrica se movimentem numa direção preferencial, por exemplo, ao longo do condutor, é necessário que uma força elétrica realize trabalho sobre os portadores de carga elétrica. Para que isso aconteça, os extremos do condutor devem ser mantidos em potenciais elétricos dife- rentes. Isso se consegue através de uma fonte elétrica – gerador – que tem por função manter uma diferença de potencial elétrico entre os extremos do condutor, produzindo o movimento orientado dos portadores de carga. i (A) t (s) 10 2,0 4,00 Assim, temos: ΔQ = área do trapézio ∆ ∆Q Q C= + ⇒ =( , , ) ·4 0 2 0 10 2 30 b. A intensidade média de corrente elétrica é dada por: i Q t i im m m= = = ∆ ⇒ ⇒ ∆ Α30 4 0 7 5 , , 5.1. Potencial elétrico Nas condições descritas acima, ou seja, quan- do os portadores de carga elétrica se movem ao longo do condutor constituindo uma cor- rente elétrica, podemos associar a cada pon- to da trajetória descrita pelos portadores de carga elétrica uma grandeza escalar chamada de potencial elétrico (V), que representa a energia potencial elétrica por unidade de car- ga elétrica: q0 EPA EPB q0 A B em que: V E qA VAV PA = 0 V E qB VBV PB = 0 • V é o potencial elétrico do ponto; • ΕP é a energia potencial elétrica de q0 no ponto; • q0 é a quantidade de carga elétrica do portador de carga colocado no ponto em questão. No Sistema Internacional de Unidades (SI), te- mos: E joule J q coulomb C V volt VP ⇒ ⇒ ⇒ ( ) ( ) ( ) 0 PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 15 Física 5.2. Diferença de potencial (ddp) A partir do exposto, podemos definir diferen- ça de potencial elétrico (ddp) ou tensão elé- trica entre dois pontos como sendo a diferen- ça entre os potenciais elétricos desses pontos. Sendo UAB a diferença de potencial entre os pontos A e B, de potenciais VA e VB, respecti- vamente, temos: UAB = VA = VA = V – VB Como, no SI, os potenciais VA e VB são medidos em volt, a ddp U também é medida em volt (V). Sendo V E qA PA = 0 e V E qB PB = 0 , podemos escrever: U E q E qAB PA PB = 0 0 − ou U E qAB P = − ∆ 0 Em resumo, podemos afirmar: • Para que os portadores de carga se mo- vimentem ordenadamente, é neces- sário que eles estejam sujeitos a uma diferença de potencial: UAB Q • O sentido da corrente elétrica conven- cional é do potencial elétrico maior para o potencial elétrico menor. Os elé- trons se movimentam espontaneamen- te, do menor para o maior potencial. Ou seja, no sentido contrário ao adota- do para a corrente elétrica: (Vmaior) (Vmenor) 20 V Zero – ei • Para o cálculo do potencial elétrico, há necessidade de se adotar um referen- cial. É comum adotar a Terra como re- ferencial. Assim, o potencial elétrico da Terra é adotado como zero: VT = 0 6. Potência elétrica Um bom número de dispositivos elétricos, tais como lâmpada, pilha, bateria, chuveiro, en- tre outros, são constituídos por dois polos e, devido a esse fato, são denominados bipolos elétricos. Alguns bipolos elétricos, como a pilha, man- têm, durante certo tempo, uma diferença de potencial (ddp) entre seus extremos (polos). Nesses casos, o dispositivo traz a identificação de cada polo: positivo ou negativo. As pilhas trazem impresso a identificação da polaridade (+) e (–) de cada um de seus extremos. Outros bipolos elétricos, como a lâmpada, so- mente adquirem polaridade (+) e (–) quando convenientemente ligadas a um outro bipolo que possua uma ddp em seus extremos. Na lâmpada, a polaridade (+) e (–) somente existe se ela estiver em funcionamento, ou seja, ligada a uma ddp externa. © 2 vs eb / Sh ut te rs to ck © 3 Ko va ce vi cm iro / Dr ea m st im e. co m Eletrodinâmica PV -1 3- 11 16 Física Consideremos, então, um bipolo elétrico em cujos terminais existe uma diferença de poten- cial U e, através do qual, circula uma corrente elétrica de intensidade i, conforme figura. Bipolo U A Bi Como os pontos A e B possuem potenciais di- ferentes, então, uma quantidade de carga elé- trica (ΔQ), ao passar de A para B, sofre uma va- riação de energia (ΔE), no intervalo de tempo Δt. Desse modo, dizemos que a potência elé- trica (P), desenvolvida no bipolo, é dada pela razão entre a variação de energia (ΔΕ) e o cor- respondente intervalo de tempo (Δt), ou seja: P E t = ∆ ∆ Pela definição de diferença de potencial: U E Q E Q U= ⇒ = ∆ ∆ ∆ ∆ · P Q U t = ∆ ∆ · sendo: i Q t = ∆ ∆ P = i · U Portanto, a potência elétrica num bipolo qual- quer é dada pelo produto da ddp (U) e pela intensidade de corrente elétrica (i). No Siste- ma Internacional de Unidades (SI), temos as seguintes unidades: [U ⇒ volt (V)] · [i ⇒ ampère (A)] = [P ⇒ watt (W)] Observe que a potência de 1 watt corresponde a 1 joule por segundo, isto é, a potência repre- senta a energia transformada por unidade de tempo. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. UFRN modificado Na formação de uma tempestade, ocorre uma separação de cargas elétricas no interior das nuvens, que induzem, na superfície da Terra, cargas de sinal oposto ao das acumuladas nas partes mais baixas das nuvens. Isso cria uma diferença de potencial elétrico (ddp) entre es- sas partes das nuvens e o solo. Na figura a se- guir, está esquematizada uma situação do tipo descrita acima. 2.700 h (m) 2.400 2.100 1.800 1.500 1.200 900 600 300 Nuvem + + + + + + + + – – – – – – – – 2,4 · 109 V Solo a. Adotando-se o solo como referência, qual é o potencial elétrico da parte mais baixa da nuvem? b. Qual é a variação da energia poten- cial elétrica quando um íonpositivo, de carga elétrica igual a 3,2 · 10–19 C, movimenta-se da parte mais baixa da nuvem para o solo? Resolução a. De acordo com a figura, a ddp entre a parte mais baixa da nuvem e o solo é U = 2,4 · 109 V. Adotando-se o solo como referência (Vsolo = 0), temos: U = Vnuvem – Vsolo ⇒ 2,4 · 109 = Vnuvem – 0 Vnuvem = 2,4 · 109 V b. A variação da energia potencial elétrica do íon é dada por: U E q = − ∆ ⇒ 2,4 · 109 = − − ∆E 3 210 19, · ΔE = – 7,68 · 10–10 J O sinal (–) indica que a energia potencial elé- trica do íon é menor no solo do que na nuvem. Portanto, no movimento da nuvem para o solo, a energia potencial elétrica do íon dimi- nui e a energia cinética aumenta. , temos: PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 17 Física 02. Um estudante adquire um chuveiro elétrico que, segundo a especificação, deverá ser liga- do a uma ddp de 220 V. O chuveiro possui uma chave que pode ser colocada em três posições: desligado, verão e inverno. Na tabela seguinte, temos a indicação da intensidade de corren- te elétrica do chuveiro para cada posição da chave. Desligado Verão Inverno 0 A 10 A 20 A Com base nessas informações, e supondo o chuveiro em funcionamento normal, assinale a alternativa correta. a. Na posição “verão”, a potência do chu- veiro é 10 vezes maior que na posição “desligado”. b. A potência máxima do chuveiro é 4.400 W. c. Na posição “inverno”, a potência do chuveiro é 10 vezes maior que na po- sição “verão”. d. A potência do chuveiro é a mesma em qualquer uma das três posições da chave. Resolução Sendo a potência elétrica dada por P = U · i, temos que: • na posição “desligado”: i = 0 P = 220 · 0 = 0 W • na posição “verão”: i = 10 A P = 220 · 10 = 2.200 W • na posição “inverno”: i = 20 A P = 220 · 20 = 4.400 W Analisando as alternativas, observamos que a correta é b: a potência máxima do chuveiro é 4.400 W. Resposta B 7. Energia elétrica Na sociedade moderna, as pessoas dependem cada vez mais da energia elétrica, graças à enorme quantidade de dispositivos eletroeletrônicos agregados e que transformam, com relativa facilida- de, a energia elétrica em outras modalidades de energia, tais como: • mecânica ⇒ funcionamento de máquinas e modernos carros elétricos; • térmica ⇒ fundição de metais em metalúrgicas e aquecimento de água; • luminosa ⇒ cirurgias a laser e iluminação residencial; • sonora ⇒ exploração de oceanos com o sonar e reprodução de CD´s; • química ⇒ reações químicas e armazenamento de energia. É norma que os dispositivos eletroeletrônicos colocados à venda no mercado tragam as espe- cificações sobre as condições de uso. Geralmente, essas condições referem-se à ddp (diferença de potencial) na qual o aparelho deve ser ligado e a potência, ou seja, a quantidade de energia elétrica por unidade de tempo consumida pelo aparelho. Assim, para que a potência de um aparelho seja a indicada, ele deve ser ligado a uma ddp exa- tamente igual à indicada nas condições de uso. Se ele for ligado a uma ddp menor, o aparelho funcionará com uma potência abaixo da especificação; se ele for ligado a uma ddp maior, o apa- relho pode queimar. A tabela seguinte apresenta a diferença de potencial (ddp) e a potência elétrica de alguns apare- lhos residenciais. Eletrodinâmica PV -1 3- 11 18 Física Aparelho ddp (U) Potência média (W) Ar condicionado 7.500 BTU 220 1.000 Chuveiro 220 3.600 Computador e impressora 120 180 Geladeira 120 130 Lâmpada 120 40 – 60 – 100 Micro-ondas 120 1.200 Televisão 32" 120 120 Como a energia elétrica pode ser entendida como a capacidade de uma corrente elétrica realizar trabalho e, de acordo com a definição de potência (energia por unidade de tempo), podemos determinar, para um bipolo, a energia transformada em determinado intervalo de tempo, por meio da relação: Sendo a potência dada em watt (W), o intervalo de tempo em segundos (s), a energia é dada em joule (J). Vamos calcular o consumo mensal (30 dias) de energia elétrica de uma geladeira, por exemplo. Como a geladeira permanece ligada è rede elétrica 24 horas (86.400 s) por dia, temos, de acordo com a tabela acima: ΔE = P · Δt ⇒ ΔE = 130 · 86.400 · 30 ⇒ ΔE = 336.960.000 J = 3,37·108 J Diante desse resultado, observamos que, em nossas residências e na indústria e comércio de modo geral, a quantidade de energia elétrica utilizada mensalmente, quando expressa em jou- le, pode assumir valores astronômicos. Em virtude disso, as companhias elétricas utilizam uma unidade mais prática para medir o consumo de energia elétrica: o quilowatt-hora (kWh). Assim, a potência dos aparelhos é indicada em quilowatt (1 kW = 1.000 W) e o intervalo de tempo em horas (1 h = 3.600 s). Podemos relacionar o kWh e o joule por meio da seguinte expressão: 1 kWh = 1.000 W · 3.600 s Para calcular o valor, em reais, da conta de energia elétrica, a companhia energética multiplica a quantidade de energia consumida em um mês pelo custo unitário do kWh. De acordo com o bo- leto mostrado na figura seguinte, o consumo mensal foi de 144 kWh ao preço médio de R$ 0,39 por kWh. Isso corresponde ao valor de R$ 56,00, aproximadamente. ΔE = P · Δt 1 kWh = 3,6 · 106 J PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 19 Física ICMS Base de Cálculo R$ 56,44 Alíquota % 12,00 Valor ICMS R$ 6,77 HISTÓRICO DE CONSUMO Kwh Dias 2012 JAN 144 29 2011 DEZ 161 32 NOV 192 30 OUT 205 32 SET 177 30 AGO 189 30 JUL 173 32 JUN 190 30 MAI 192 31 ABR 205 31 MAR 204 28 FEV 240 29 JAN 218 29 DISCRIMINAÇÃO DA OPERAÇÃO QUANTIDADE PREÇO MÉDIO VALOR (R$) Venda de Energia (kWh) 144 0,39194444 56,44 PIS/COFINS Alíquota COFINS % Alíquota PIS % 3,38 0,73 DATAS DAS LEITURAS Atual Anterior 03/01/2012 05/12/2011 29Nº de dias Próximo Mês 02/02/2012 COMPOSIÇÃO DA TARIFA (R$) Energia Transmissão 14,77Distribuição Encargos 5,45 23,56 3,57 DESCRIÇÃO DA CONTA DÉBITOS DE OUTROS SERVIÇOS PIS/PASEP 0,41 COFINS 1,91 ICMS 6,77 Total CPFL 56,44 Contribuição Custeio IP-CIP 5,00 Nº514500898721 Valor (R$)Quantidade Tarifa/Preço Consumo Faturado [kWh] 47,35144 0,32883000 INDICADORES DE CONTINUIDADE DE FORNECIMENTO DE ENERGIA RIBEIRÃO PRETO 3 - BONFIM PAULISTA Padrão Mensal 5,19 3,42 2,94 Padrão Trimestral 10,38 6,85 Padrão Anual 20,77 13,70 Apurado Mensal 0,08 1,00 0,08 Período Apuração 11/2011 Valor R$ EUSD 35,03 DIC FIC DMIC EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO Energia Ativa Leitura Atual 16184 Leitura Anterior 16040 Fator Multiplicação 1 Consumo [KWh] 144 Tensão Nominal 220 / 127 V212103750 Nº EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Uma máquina de costura industrial possui suas especificações marcadas no motor, con- forme figura a seguir. De acordo com as indicações, esse motor pode ser ligado tanto em 110 V como em 220 V e as respectivas intensidades de corrente elétrica são 1,7 A e 0,85 A. Nessas condições, faça o que se pede: a. Qual é a potência elétrica consumida por esse motor quando ligado em 110 V? E quando ligado em 220 V? b. Determine a energia elétrica mensal, em kWh, consumida pelo motor para ambas as voltagens (110 V e 220 V), supondo que a máquina fica ligada 8 horas por dia e 20 dias no mês. Resolução a. Para a tensão de 110 V: P = U · i ⇒ P = 110 · 1,7 ⇒ P = 187 W Para a tensão de 220 V: P = U · i ⇒ P = 220 · 0,85 ⇒ P = 187 W b. Como, para ambas as voltagens, a potência consumida é a mesma, temos que o consumo de energia elétrica é o mesmo tanto para 110 V como para 220 V. ΔE = P · Δt ⇒ ΔE = 187 [W] · 8 [h/dia] · 20 [dias] ΔE = 29.920 Wh ⇒ ΔE = 30 kWh Observação O simples fato de alterar a tensão de 110 V para 220 V não significa,obrigatoriamente, econo- mia de energia. Para “gastar” menos energia, ou diminuímos a potência do aparelho ou o tempo de uso. © 4 N ay lo r O liv ei ra / Ed ito ra C O C Eletrodinâmica PV -1 3- 11 20 Física 02. ENEM Uma estudante que ingressou na universidade e, pela primeira vez, está morando longe da sua família, recebe a sua primeira conta de luz: Medidor Consumo Leitura Cód Emissão Id. Bancária Número 7131312 Consumidor 951672 Leitura 7295 kWh 260 Dia 31 Mês 03 21 01/04/2009 Banco 222 Agência 999-7 Município S. José das Moças Consumo dos últimos 12 meses em kWh Descrição 253 Mar/08 247 Abr/08 255 Mai/08 278 Jun/08 280 Jul/08 275 Ago/08 272 Set/08 270 Out/08 260 Nov/08 265 Dez/08 266 Jan/09 268 Fev/09 Fornecimento ICMS Base de Cálculo ICMS Alíquota Valor Total R$ 130,00 25% R$ 32,50 R$ 162,50 Se essa estudante comprar um secador de cabelos que consome 1.000 W de potência e conside- rando que ela e suas 3 amigas utilizem esse aparelho por 15 minutos cada uma durante 20 dias no mês, o acréscimo em reais na sua conta mensal será de: a. R$ 10,00 b. R$ 12,50 c. R$ 13,00 d. R$ 13,50 e. R$ 14,00 Resolução A energia gasta por uma pessoa em um dia é: ∆ ∆ ∆ ∆ E P t E E kWh = = = · . · , 1 000 15 60 0 25 Como são 4 pessoas, durante 20 dias temos: ΔE = 0,25 · 4 · 20 ΔE = 20 KWh Da conta, notamos que, ao consumir 260 KWh, a estudante pagou um valor de R$ 130,00, mais 25% deste valor referente ao ICMS. Então, concluímos que: 260 KWh _______ R$ 130,00 1 KWh _______ x x = R$ 0,50 Então, o gasto (sem o imposto): 1 KWh _______ R$ 0,50 20 KWh _______ y y = R$ 10,00 Logo, o acréscimo é: R$ 10,00 + 25% Acréscimo = R$ 12,50 Resposta B PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 21 Física 1. Introdução Alguns dispositivos elétricos, como o ferro de passar roupa e o chuveiro, apresentam algo em comum: em ambos ocorre a transforma- ção de energia elétrica exclusivamente em energia térmica. As lâmpadas incandescentes também fazem parte desse grupo, pois a in- candescência luminosa é vista como um efeito secundário; de toda a energia elétrica recebi- da pela lâmpada, somente 5% é transformada em energia luminosa. Esses dispositivos são denominados recepto- res resistivos, ou simplesmente resistores. Energia Elétrica Resistor Calor 2. Resistor Resistor é todo dispositivo elétrico que trans- forma exclusivamente energia elétrica em energia térmica. Na figura seguinte, temos a representação simbólica de um resistor, na qual R indica a re- sistência elétrica do resistor: R A resistência elétrica (R) é uma medida da oposição ao movimento dos portadores de carga, ou seja, a resistência elétrica represen- ta a dificuldade que os portadores de carga encontram para se movimentarem através do condutor. Quanto maior a dificuldade dos portadores de carga para se movimentarem, maior a resistência elétrica do condutor. U – – – – – – – – + + + + + + + + + + – – – ––––– – CAPÍTULO 02 RESISTORES Assim, podemos classificar: 01. Condutor ideal – Os portadores de carga existentes no condutor não en- contram nenhuma oposição ao seu movimento. Dizemos que a resistência elétrica do condutor é nula, o que sig- nifica dizer que existe uma alta mobili- dade de portadores de carga. 02. Isolante ideal – Os portadores de car- ga existentes estão praticamente fixos, sem nenhuma mobilidade. Dizemos, nesse caso, que a resistência elétrica é infinita. Consideremos um condutor submetido a uma diferença de potencial (ddp), no qual se esta- belece uma corrente elétrica. U i Sendo U a diferença de potencial (ddp) aplica- da nos extremos do resistor e i a intensidade de corrente elétrica que o percorre, temos que a resistência elétrica R é dada por: R U i = No Sistema Internacional de Unidades (SI), a ddp é dada em volt (V), a intensidade de cor- rente elétrica é dada em ampère e a resis- tência elétrica é dada em volt/ampère, que recebe o nome de ohm (Ω), em homenagem ao físico germânico George Simon Ohm (1787- 1854) que, em 1827, estabeleceu a relação en- tre a diferença de potencial e a intensidade de corrente elétrica em um condutor, conhecida como lei de Ohm. 3. Primeira lei de Ohm Com base em experimentos, Ohm verificou que, em determinados condutores, principal- mente nos condutores metálicos, a razão en- tre a ddp aplicada e a intensidade de corrente elétrica era sempre a mesma, ou seja, a resis- tência elétrica do condutor permanecia cons- tante quando se variava a ddp aplicada. Eletrodinâmica PV -1 3- 11 22 Física Condutores que se comportam desse modo são denominados condutores ôhmicos. Dize- mos, então, que esses condutores obedecem à primeira lei de Ohm: a resistência elétrica é constante independentemente da ddp aplicada. R U i U i U i n n = == = = 1 1 2 2 ... Nos condutores ôhmicos, a intensi dade de corrente elétrica é diretamente proporcional à ddp aplicada. Assim, a curva característica de um condutor ôhmico é uma reta inclinada em relação aos eixos U e i, passando pela origem (0; 0). θ 00 U (V) i (A) Por outro lado, os condutores, para os quais a relação U/i não é constante, são chamados de condutores não ôhmicos (ou não lineares). A relação entre a intensidade de corrente elé- trica e a ddp não obedece a nenhuma relação 1 2 específica, e sua representação gráfica pode ser qualquer tipo de curva, exceto uma reta. 0 U (V) i (A) 4. Potência de um resistor Lembrando que os resistores são bipolos elé- tricos e que a potência elétrica num bipolo é dada pelo produto da ddp (U) pela intensidade de corrente elétrica (i), temos que, nos resisto- res, a potência elétrica pode ser obtida pelas seguintes expressões: • P = U · i ⇒ P = (R · i) · i ⇒ • P = U · i ⇒ P U U R = · ⇒ P UR= 2 Observação A expressão P = U·i pode ser aplicada para qualquer dispositivo elétrico, mas as expres- sões 1 e 2 somente devem ser usadas para os resistores. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Na tabela abaixo, temos, na primeira colu- na, os valores da ddp, em volt, aplicada a um condutor e, na segunda coluna, os valores da intensidade de corrente elétrica, em mA, cor- respondentes. Ddp (volt) Intensidade de corrente elétrica (mA) 1,5 6,0 3,0 12 4,5 18 6,0 24 7,5 30 a. Qual o valor da resistência elétrica do condutor para uma ddp aplicada de 4,5 V? b. Dentro do intervalo mostrado na tabe- la, o condutor obedece ou não à pri- meira lei de Ohm? Justifique. c. Construa o gráfico U x i para esse con- dutor. Resolução a. De acordo com a tabela, temos que, para U = 4,5 V, a intensidade de corrente elétrica é 18 mA = 0,018 A. Portanto, o valor da resis- tência do condutor é: R U i R R= ⇒ = ⇒ = 4 5 0 018 250 , , Ω b. Dentro do intervalo mostrado na tabela, a resistência do condutor é constante, pois: 1 5 0 006 3 0 0 012 4 5 0 018 6 0 0 024 7 5 0 030 250 , , , , , , , , , , = = = = = Ω Portanto, o condutor obedece à primeira lei de Ohm. P = R · i2 PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 23 Física c. A figura seguinte ilustra o gráfico U x i para esse condutor. 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 6 12 18 24 300 U (V) i (mA) 02. A potência de um chuveiro elétrico construído para funcionar em 220 V é 4.400 W. Supondo que o resistor do chuveiro seja um condutor ôhmico, determine: a. a resistência elétrica do chuveiro e a in- tensidade de corrente elétrica em con- dições normais de uso; b. a potência do chuveiroe a intensidade de corrente elétrica que o percorre se ele for ligado em 110 V. Resolução a. Sabendo-se que a potência do chuveiro é 4.400 W e ele está sob uma ddp de 220 V, sua resistência elétrica vale: P U R R U P R R = ⇒ = = ⇒ = 2 2 2220 4 400 11 ( ) . Ω E a intensidade de corrente elétrica vale: P = U · i ⇒ 4.400 = 220 · i ⇒ i = 20 A b. Como o resistor é ôhmico, sua resistência elétrica é igual a 11 Ω quando ligado em 110 V. Assim, a potência correspondente será: P U R P P W= ⇒ = ⇒ = 2 2110 11 1 100 ( ) . E a intensidade de corrente elétrica vale: U = R · i ⇒ 110 = 11 · i ⇒ i = 10 A Observe que, para um resistor ôhmico, redu- zindo-se a ddp à metade, a intensidade de cor- rente elétrica se reduz à metade e a potência elétrica é reduzida a 1/4 do valor original. 5. Segunda lei de Ohm A resistência elétrica de um resistor, seja ele ôhmico ou não, é uma característica do condu- tor: depende do material de que ele é feito, de sua forma, dimensões e também da tempera- tura a que está submetido o condutor. Para um condutor em forma de fios, verificamos, experimentalmente, que a sua resistência elétri- ca depende do comprimento do fio (L ), da área de sua secção transversal ( A ) e do tipo de ma- terial que o constitui ( ρ ). L A ρ Analisando, separadamente, cada uma dessas dependências, temos: 01. a resistência elétrica R é diretamente proporcional ao comprimento L do fio: maior L ⇒ maior R L1 A L2 A ρ Eletrodinâmica PV -1 3- 11 24 Física 02. a resistência elétrica é inversamente pro- porcional à área da secção transversal do fio: maior A ⇒ menor R L L A1 A2 ρ Com base nas análises acima, podemos escre- ver que: R L A = ρ · em que ρ é o fator de proporcionalidade, uma grandeza característica do material com que é feito o condutor, denominada re sistividade, que só depende da temperatura, e não depen- de da forma ou da dimensão do condutor. No Sistema Internacional, temos as seguintes unidades: u(R) = ohm (Ω) u(L) = metro (m) u(ρ) = Ω · m u(A) = m2 Na tabela seguinte, temos a resistividade (ρ) de algumas substâncias a 20 º C. Substância Resistividade ρ (Ω·m) Alumínio 2,8 · 10–8 Cobre 1,7 · 10–8 Ferro 1,0 · 10–7 Mercúrio 9,6 · 10–8 6. Fusíveis e disjuntores O fusível elétrico é um elemento utilizado nos circuitos elétricos como segurança. Trata-se de um condutor (resistor) que age como um elemento de proteção aos demais elementos de um circuito. Para isso, o fusível suporta, no máximo, um determinado valor de corrente elétrica; acima deste valor, o calor produzido por efeito Joule é tal que funde (derrete) o fusível. O material empregado nos fusíveis tem, em geral, baixa temperatura de fusão. Alguns ma- teriais utilizados são: o chumbo, que apresenta temperatura de fusão da ordem de 327 oC; o es- tanho, com temperatura de fusão da ordem de 232 oC; ou ligas desses metais. O fio de metal é montado em um cartucho ou em uma peça de porcelana. O fusível é cons- truído de maneira a suportar a corrente máxi- ma exigida por um circuito para o seu funcio- namento. Assim, podemos ter fusíveis de 1 A ; 2 A ; 10 A ; 30 A etc. Em circuitos elétricos, os fusíveis são repre- sentados pelo símbolo a seguir: As figuras seguintes ilustram os dois tipos bá- sicos de fusíveis citados: o de rosca e o de car- tucho. Porcelana Rosca de metal Fio de material facilmente fundível Fusível de rosca Terminais de metal Fio fusível Proteção de vidro ou de papelão Fusível de cartucho Atualmente, nas instalações elétricas residen- ciais e/ou industriais, os eletricistas têm op- tado pelo uso de disjuntores em substituição aos fusíveis. A função básica do disjuntor é a mesma do fusível: proteção aos aparelhos elé- tricos instalados na rede. PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 25 Física Os disjuntores apresentam uma grande vantagem em relação aos fusíveis; se acontecer de a intensidade de corrente elétrica superar o valor máximo permitido pelo fusível, este derrete e pre- cisa ser trocado. Já o disjuntor desliga a rede elétrica. Após os reparos, o disjuntor é novamente acionado, não havendo necessidade de troca. © 5 Tu ja 66 / Dr ea m st im e. co m Disjuntor utilizado na rede elétrica EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. No comércio, os fios condutores são conhe- cidos por números de determinada escala. A mais usada é a AWG (American Wire Gage). Um fio muito usado em instalações domicilia- res é o número 12 AWG. Sua secção reta é de 3,3 mm2. A resistividade do cobre é de 1,7 · 10–8 Ω · m e o seu coeficiente de dila- tação linear é α = 4 · 10–3 °C–1, ambos a 20 °C. a. Determine a resistência elétrica de 200 m desse fio a 20 °C. b. Qual a resistência elétrica desse fio a 100 °C? Resolução a. A resistência é dada por R L A = ρ · . Assim, temos: R R= ⇒ = − − ( , · ) · ( , · ) , 1 7 10 200 3 3 10 1 0 8 6 Ω b. O comprimento do fio a 100 ºC é dado por: ∆L = L0 · α · ∆θ L – L0 = L0 · α · ∆θ L = L0 · α · ∆θ + L0 L = 200 · 4 · 10 -3 (100 – 20) + 200 L = 264 m Portanto a resistência do fio a 100 ºC é R L A R = R = · 10 · 264 · 10 ) = 1,36 -8 -6 ρ · , ( , ⇒ 1 7 3 3 Ω A rede elétrica da casa do Sr. Pedro é de 120 V e é protegida por um disjuntor (fusível) de 30 A. Com a chegada do inverno, ele resolveu trocar seu chuveiro de 2.400 W por outro, de 3.200 W, para melhor aquecimento da água. O Sr. Pe- dro observou que, ao ligar o novo chuveiro, o disjuntor desligava interrompendo a corrente elétrica, caso a televisão de 160 W estivesse li- gada. Isso não acontecia com a televisão desli- gada. Sabe-se que, no horário do banho, estão em funcionamento: uma geladeira de 120 W e quatro lâmpadas de 60 W cada. Diante do fato, o Sr. Pedro concluiu que: Eletrodinâmica PV -1 3- 11 26 Física a. em hipótese alguma, um televisor e um chuveiro podem ser ligados simultanea- mente. b. a televisão interfere no funcionamento do chuveiro, provocando um aumento na tensão da rede elétrica e isso provo- ca o desligamento do disjuntor. c. com a televisão ligada, a intensidade da corrente elétrica é superior a 30 A, fazendo com que o disjuntor desligue o circuito. d. a soma das potências de todos os dispo- sitivos elétricos ligados simultaneamente deve ser, no máximo, igual a 3.500 W. e. o chuveiro deveria ser trocado por ou- tro de 3.200 W e 220 V, pois, assim, se teria o aquecimento da água desejado sem ultrapassar o limite de 30 A do disjuntor. Resolução Como a rede elétrica é de 120 V e o disjun- tor é de 30 A, a potência máxima permitida é de 120 · 30 = 3.600 W. Ligando-se simulta- neamente 4 lâmpadas de 60 W cada, uma ge- ladeira de 120 W, uma televisão de 160 W e um chuveiro de 3.200 W, temos uma potência total de: Ptotal = 4 · 60 + 120 + 160 + 3.200 = 3.720 W Esse valor é superior à potência máxima per- mitida de 3.600 W. Com ele, teríamos uma in- tensidade de corrente elétrica (i) igual a: P = U · i ⇒ 3.720 = 120 · i ⇒ i = 31 A Como o disjuntor suporta, no máximo, 30 A, ele desliga. Portanto, a alternativa correta é c. Com relação à alternativa e, se usarmos um chuveiro de 3.200 W e 220 V ligado a uma rede de 120 V, admitindo-se um resistor ôhmico, sua potência efetiva será de: U P U P P P W ef ef ef 1 2 2 2 2 2 2120 220 3 200 952 . . . ( ) ( ) . = ⇒ = ⇒ = Nesse caso, o aquecimento da água será in- ferior ao chuveiro de 2.400 W originalmente instalado. Resposta C 7. Associação de resistoresEm trabalhos práticos, é frequente necessitar- mos de um resistor cujo valor de resistência elétrica não dispomos no momento, ou que não seja fabricado pelas firmas especializadas. Nesses casos, a solução do problema é obtida através da associação de outros resistores com o objetivo de se obter o resistor desejado. Podemos associar resistores das mais variadas formas; porém, daremos destaque especial para as associações em série, em paralelo e mista. É importante observarmos que, qualquer que seja a associação efetuada, estaremos sempre interessados em obter o resistor equivalente, ou seja, obter um resistor único que, colocado entre os mesmos pontos A e B de uma asso- ciação, fique sujeito à mesma ddp e seja per- corrido por uma corrente de intensidade igual à da associação. ABA B U U R2R1 R3 R4 RE i i No estudo das associações de resistores, e nos circuitos em geral, é importante o conceito de nó, que é o ponto de junção de três ou mais fios. Na figura acima, o ponto em destaque (negrito) na junção dos resistores R1, R2 e R3 constitui um nó. O mesmo pode-se dizer do ponto junção dos resistores R2, R3 e R4. 8. Associação em série Um conjunto de resistores é dito associado em série quando todos são percorridos pela mes- ma corrente elétrica. Para que tenhamos uma associação em série, é necessário que os resistores sejam ligados um em seguida ao outro, ou seja, não pode ha- ver nó entre os resistores. A figura abaixo ilus- tra uma associação em série de n resistores. A B R1 R2 R3 Rn Para determinarmos o resistor equivalente da associação em série de n resistores, devemos PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 27 Física lembrar que a corrente elétrica é a mesma, tanto para o resistor equivalente quanto para os resistores associados, e que a ddp no resis- tor equivalente é a soma das ddps em cada re- sistor associado. A B R1 R2 R3 Rni i i i U1 U2 U3 Un UAB RE = R1 + R2 + ... Rn A BRE UAB i Sendo: UAB = U1 + U2 +...+ Un e sendo U = R · i temos: RE· i = R1· i + R2· i +...+ Rn· i ou seja: O resistor equivalente de associação em série possui uma resistência elétrica igual à soma das resistências elétricas dos resistores as- sociados e, consequentemente, esse valor é maior que o maior dos resistores que com- põem a associação. Portanto, uma associação em série de resisto- res apresenta as seguintes propriedades: 01. A corrente elétrica é a mesma em todos os resistores. 02. A ddp nos extremos da associação é igual à soma das ddps em cada resistor. 03. A resistência equivalente é igual à soma das resistências dos resistores associa- dos. 04. O resistor associado que apresentar a maior resistência elétrica estará sujeito à maior ddp. 05. A potência dissipada é maior no resis- tor de maior resistência elétrica. 06. A potência total consumida é a soma das potências consumidas em cada resistor. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Três resistores de resistências elétricas iguais a R1 = 20 Ω, R2 = 30 Ω e R3 = 10 Ω estão asso- ciados em série e a ddp de 120 V é aplicada à associação. Determinar: a. a resistência do resistor equivalente; b. a corrente elétrica em cada resistor; c. a ddp em cada resistor; d. a potência total consumida pelos resis- tores. 120 V A B R1 R2 R3 Resolução a. RE = R1 + R2 + R3 RE = 20 + 30 + 10 ⇒ RE = 60 Ω b. U = RE · i ⇒ 120 = 60 · i ⇒ i = 2 A para todos os resistores. c. U1 = R1 · i ⇒ U1 = 20 · 2 ⇒ U1 = 40 V U2 = R2 · i ⇒ U2 = 30 · 2 ⇒ U2 = 60 V U3 = R3 · i ⇒ U3 = 10 · 2 ⇒ U3 = 20 V d. PT = P1+ P2+ P3 PT = U1 · i + U2 · i + U3 · i PT = (40 + 60 + 20) · 2 ⇒ PT = 240 W 2 A 2 A 2 A 2 A 2 A (80 W) (120 W) (40 W) (240 W) 120 V 20 30 10 60 A B BA 40 V 60 V 20 V 120 V Ω ΩΩ Ω 02. Uma lâmpada de 1,8 W foi fabricada para fun- cionar sob ddp de 6 V. Um estudante dispõe de uma bateria de 9 V e alguns resistores. As- sociando um dos resistores com a lâmpada, ele consegue fazê-la funcionar em condições normais. a. Como foi associado o resistor à lâmpa- da e qual o valor da resistência do resis- tor utilizado? b. Qual é a potência do resistor e qual é a potência total consumida na associa- ção? Eletrodinâmica PV -1 3- 11 28 Física Resolução a. Como a ddp na lâmpada é menor do que a ddp da bateria, é preciso associar um resistor em série com a lâmpada para que ela funcio- ne normalmente. A figura mostra a associação feita pelo estudante. L R 9 V 6 V A intensidade de corrente elétrica na lâmpa- da funcionando em condições normais é dada por: P = U · i ⇒ 1,8 = 6 · i ⇒ i = 0,3 A Com base na figura, temos que no resistor R a ddp é 3 V e a intensidade de corrente é 0,3 A. Portanto, o valor da resistência R do resistor é dada por: UR = R · i ⇒ 3 = R · 0,3 ⇒ R = 10 Ω b. A potência dissipada no resistor é dada por: P = R · i² ⇒ P = 10 · (0,3)² ⇒ P = 0,9 W E a potência total consumida na associação é: Pt = PR + PL ⇒ Pt = 0,9 + 1,8 ⇒ Pt = 2,7 W 9. Associação em paralelo Um conjunto de resistores quaisquer é dito associado em paralelo quando cada resistor tiver os seus terminais ligados em dois nós distintos, por exemplo, um em A e outro B, conforme a figura abaixo. R1 R2 R3 Rn A BA B nó nó ↓ ↓ ↙↘ terminais Isso implica que todos os resistores estão submetidos à mesma diferença de potencial e que a corrente elétrica total é a soma da corrente que percorre cada resistor. R1 R2 R3 Rn A A B B i1i1 i2 i3 in U A B i U RE PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 29 Física Para determinarmos o valor da resistência equivalente, devemos usar a definição: iT = i1 + i2 +...+ in ⇒ i U R = temos: U R U R U R U RE n = + + + 1 2 ... ou seja: 1 1 1 1 1 2R R R R1 2R R1 2E n1 2E n1 2R RE nR R R RE nR R1 2R R1 2E n1 2R R1 2 = += + + +...+ +...+ + ou, de modo geral: 1 1 R RE = Σ O resistor equivalente apresenta uma resis- tência elétrica cujo inverso é igual à soma dos inversos das resistências dos resistores que compõem a associação e, consequentemente, a resistência do resistor equivalente é menor que a menor das resistências associadas. R R nE = Casos parti culares 01. No caso dos n resistores apresentarem a mesma resistência, ou seja, R1 = R2 = ... = Rn = R, o resistor equivalente terá uma resistência dada por: 02. Se a associação é composta de apenas dois resistores, R1 e R2 , o resistor equi- valente é dado por: 1 1 1 1 1 2 1 2 1 2R R R R R R R RE E = + ⇒ = + · ou R R R R RE = R R+R R 1 2R R1 2R R 1 2R R1 2R RR R+R R1 2R R+R R R R· R RR R1 2R R· R R1 2R R Ou seja, a resistência equivalente é dada pelo produto dividido pela soma das resistências dos resistores associados. Portanto, uma associação em paralelo apre- senta as seguintes propriedades: 01. a ddp é a mesma para todos os resis- tores; 02. a corrente elétrica total da associação é a soma das correntes elétricas em cada resistor; 03. o inverso da resistência equivalente é igual à soma dos inversos das resistên- cias associadas; 04. a corrente elétrica é inversamente pro- porcional à resistência elétrica, ou seja, na maior resistência passa a menor cor- rente elétrica; 05. a potência elétrica é inversamente pro- porcional à resistência elétrica, portan- to, no maior resistor temos a menor dissipação de energia; 06. a potência total consumida é a soma das potências consumidas em cada re- sistor. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Três resistores de resistências elétricas iguais a R1 = 60 Ω, R2 = 30 Ω e R3 = 20 Ω estão asso- ciados em paralelo. Sendo a ddp da associaçãoigual a 120 V, determine: a. a resistência do resistor equivalente à associação; b. a corrente elétrica em cada resistor; c. a potência total dissipada pela associa- ção. 120 V A B R3 R2 R1 Resolução 1 1 1 1 1 1 60 1 30 1 20 1 1 2 3 60 10 1 2 3R R R R R R R E E E E = + + = + + ⇒ = + + = ( ) Ω a. Eletrodinâmica PV -1 3- 11 30 Física b. Em paralelo, a ddp é a mesma em todos os resistores: i U R i i U R i i U R i 1 1 1 2 2 2 3 3 3 120 60 2 120 30 4 120 20 6 = = ⇒ = = = ⇒ = = = ⇒ = Α Α Α c. PT = P1 + P2 + P3 PT = U · i1 + U · i2 + U · i3 PT = 120 · (2 + 4 + 6) ⇒ PT = 1.440 W 120 V A A B B 6 A 2A (240 W) (480 W) (720 W) 12 A 4 A 12 A 60 Ω 30 Ω 20 Ω ≡ A B 12 A (1.440 W) 10 Ω 120 V 9.1. Rede elétrica residencial A energia elétrica produzida nas usinas chega até as cidades por meio de cabos de alta tensão. Por meio de transformadores, essa ddp é reduzida e distribuída para as residências. Em boa parte das residências, a rede elétrica é constituída de dois fios. Alguns equipamentos elétricos, como o chuveiro elétrico, são ligados diretamente à rede elétrica, e outros ligados em tomadas elétricas distribuídas pelos vários cômodos da casa, todos associados em paralelo. Atualmente, as tomadas elétricas são constituídas de três pinos que correspondem aos fios fase, neutro e terra. O fio fase é o fio energizado, que conduz a corrente elétrica; o fio neutro é o fio de retorno da corrente elétrica do fio fase. Ambos têm como função “extrair” a energia elétrica da rede de distribuição. O fio terra tem por finalidade prevenir choques e possíveis danos aos equipamentos elétricos. Uma das extremidades do fio terra é ligada a terra e a outra extremidade é ligada à estrutura metálica dos equipamentos elétricos. Tomada elétrica padrão 3 pinos O disjuntor (fusível) deve ser colocado no fio fase. Assim, quando desligamos o disjuntor, toda a rede que está ligada nele ficará completamente sem energia e, nessas condições, uma pessoa poderá efetuar qualquer reparo na instalação sem qualquer risco de choque elétrico. © 6 N ay lo r O liv ei ra PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 31 Física EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. A figura seguinte ilustra parte de uma rede elétrica residencial constituída por dois fios: fio fase (120 V) e fio neutro (0 V). Tômada Lâmpada Chuveiro Fio fase (120 V) Fio neutro (0 V) Considere que o chuveiro seja de 2.300 W, a lâmpada de 100 W e que na tomada seja liga- do um ferro de passar roupa de 1.200 W. Su- pondo todos em funcionamento simultâneo, determine: a. a potência total consumida pelos três equipamentos; b. a intensidade de corrente elétrica em cada um deles. Resolução a. A potência total consumida é a soma das potências consumidas em cada equipamento. Assim: Pt = PF + PL + PC ⇒ Pt = 1.200 + 100 + 2.300 Pt = 3.600 W b. Como os três equipamentos estão ligados em paralelo à rede elétrica, a ddp em cada um deles é de 120 V. Portanto, a intensidade de corrente elétrica em cada um é: • PF = U · iF ⇒ 1.200 = 120 · iF ⇒ iF ≅ 10 A • PL = U · iL ⇒ 100 = 120 · iL ⇒ iL ≅ 0,83 A • PC = U · iC ⇒ 2.300 = 120 · iC ⇒ iC ≅ 19,2 A 10. Associação mista Denominamos associação mista de resis tores toda associação que pode ser reduzida à associação em série e em paralelo. A R1 B R2 R3 R4 Para calcularmos o resistor equivalente a uma associação mista, devemos resolver as associações singulares (série ou paralelo) que estão evidentes e, a seguir, simplificar o circuito até obter um único resistor. Exemplo: determinar a resistência equivalente da associação mista dada na figura a seguir. 1 Ω 3 Ω6 Ω 12 Ω 2 Ω A B Eletrodinâmica PV -1 3- 11 32 Física Para resolver essa associação, devemos proce- der do seguinte modo: 01. Identificamos e nomeamos todos os nós da associação, tomando o cuida- do para denominar com a mesma letra aqueles nós que estiverem ligados por um fio sem resistência elétrica, pois representam pontos que estão no mes- mo potencial elétrico. Dessa forma, percebemos os resistores associados em série e/ou os resistores associados em paralelo. 1 Ω 3 Ω6 Ω 2 Ω12 Ω (fio sem resistência elétrica SérieB C A A Nó Nó 02. Lançamos numa mesma reta: os ter- minais da associação, que ocuparão os extremos, e os nós encontrados, que ficarão entre estes. A BC Em seguida, redesenhamos os resistores nessa reta, já substituindo aqueles em série ou em paralelo pelos respectivos resistores equiva- lentes, tomando cuidado para fazê-lo nos ter- minais (letras) corretos. 6 Ω 6 Ω 12 Ω BCA Paralelo 6 Ω BCA Deixou de ser nó 6 · 12 6 + 12 = 4 Ω 03. Prosseguimos dessa forma até chegar a um único resistor, que é o resistor equi- valente da associação. 10 Ω6 Ω4 Ω A AB B 11. Curto-circuito Geralmente o termo curto-circuito é utilizado para explicar problemas na rede elétrica, prin- cipalmente àqueles associados a incêndios. De fato, um incêndio pode até ser provocado por um curto-circuito, mas não é a regra geral. Um curto-circuito pode, em determinadas situa- ções, resolver o problema de funcionamento de um aparelho elétrico, ou ainda, eliminar o aparelho do circuito elétrico. Na Física, o conceito de curto-circuito é bem específico. Dizemos que um elemento de um circuito está em curto-circuito quando ele está sujeito a uma diferença de potencial nula. Observe a figura seguinte. + 1,5 V _ L2 B A UAB = Rfio · ifio Logo, UAB ≈ 0 ≈ 0 L1 L2 A lâmpada L2 está em curto-circuito, pois ela está ligada nos terminais A e B, que apre- sentam ddp nula, em razão de os pontos A e B estarem ligados por um fio ideal. Portanto, não passa corrente elétrica pela lâmpada L2; ela está apagada, pois a corrente elétrica, ao chegar ao ponto A, passa totalmente pelo fio ideal (sem resistência elétrica). Nessas condi- ções, o circuito dado pode ser representado pela figura a seguir. + _ 1,5 V L1 PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 33 Física EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. A figura representa uma associação mista de resistores, cujas resistências elétricas estão in- dicadas. A 2 Ω 5 Ω 1 Ω 6 Ω 3 Ω B a. Explique se há algum resistor em curto- -circuito. b. Determine a resistência equivalente entre os pontos A e B. Resolução Determinemos os nós: A B2 Ω 5 Ω 1 Ω 6 Ω 3 Ω A B a. Os resistores de 1 Ω e 5 Ω têm nos seus ter- minais as mesmas letras (AA e BB, respectiva- mente), portanto estão em curto--circuito e podem ser retirados do circuito sem que nada se altere. b. Os resistores de 2 Ω, 3 Ω e 6 Ω têm seus ter minais ligados aos mesmos nós (A e B), logo estão em paralelo e podemos representá-los assim: A B3 Ω 6 Ω 2 Ω A resistência equivalente é dada por: 1 1 1 1 1 1 2 1 3 1 6 1 3 2 1 6 6 6 1 1 2 3R R R R R e e e e e = + + ⇒ = + + = + + ⇒ = ⇒ = R R R Ω Eletrodinâmica PV -1 3- 11 34 Física CAPÍTULO 03 GERADORES ELÉTRICOS 1. Introdução Todos os equipamentos elétricos, como lâmpadas, aquecedores, computador, geladeira, televi- são, entre outros, necessitam de uma fonte de energia para o seu funcionamento. Essa fonte de energia é chamada de gerador elétrico. Em um gerador elétrico, uma forma qualquer de energia, menos a elétrica, é transformada, em parte, em energia elétrica e o restante é dissipada (perdida), conforme mostra o esquema. Energia não elétrica (total) Energia elétrica (útil) Energia dissipada (perdas) GeradorConforme o tipo de energia não elétrica a ser transformada em elétrica, podemos classificar os geradores em: • mecânicos (usinas hidrelétricas) • térmicos (usinas térmicas) • nucleares (usinas nucleares) • químicos (pilhas e baterias) • fotovoltaicos (bateria solar) • eólicos (energia dos ventos) © 8 O leksiy M ark / Shutterstock © 7 Lu iz Ro ch a / S hu tt er st oc k Usina nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro Bateria de 9 V É importante salientar que o gerador não gera carga elétrica, mas somente fornece a essa carga a energia elétrica obtida a partir de outras formas de energia. PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 35 Física 2. Força eletromotriz (ε) e resistência interna (r) Quando um gerador elétrico, como uma pilha comum, é colocado em funcionamento, os portadores de carga elétrica, ao atravessarem a pilha, ganham energia potencial elétrica. A quantidade de energia potencial elétrica total por unidade de carga elétrica que uma pilha (gerador) consegue produzir é denominada força eletromotriz (ε) do gerador: ε = E q T ∆ No Sistema Internacional, a unidade da força eletromotriz (fem) é joule/coulomb = volt (V). Conforme indicado na pilha, a força eletromotriz é 1,5 V. Isso indica que, para cada unidade de carga elétrica (1 C) que a atravessa, 1,5 J de energia química é transformado em energia elétrica. Quando um gerador está ligado num circuito, as cargas elétricas que o atravessam deslo- cam-se para o polo (terminal) onde chegarão com maior energia elétrica do que possuíam no polo (terminal) de entrada. Acontece que, durante essa travessia, as car- gas “chocam-se” com partículas existentes no gerador, perdendo parte dessa energia sob a forma de calor, por efeito Joule, como num re- sistor. A essa resistência à passagem das cargas pelo gerador damos o nome de “resistência interna (r)” do gerador. Na figura seguinte, temos a representação esquemática de um gerador elétrico de força eletromotriz ε e resistência interna r, quando em funcionamento, ou seja, percorrido por uma corrente elétrica i. r ε U i A B– + Observe que (+) e (–) representam os polos positivo e negativo do gerador e que, interna- mente ao gerador, a corrente elétrica e vai do polo negativo para o polo positivo. 3. Equação de um gerador Na figura anterior, está subentendido que um bipolo elétrico qualquer está ligado aos termi- nais A e B do gerador, pois há uma corrente elétrica estabelecida no circuito. Na figura seguinte, temos o esquema completo do cir- cuito, supondo que o bipolo seja representado por um resistor. r ε– + i i A R B Observe que, externamente ao gerador, a cor- rente elétrica vai do polo positivo para o polo negativo. Em termos de energia, a energia elétrica útil que o gerador consegue fornecer para o circui- to constituído pelo bipolo ao qual ele é ligado é dada pela diferença entre a energia elétrica total e a energia dissipada, ou seja: Lembrando que a potência representa a quantidade de energia por unidade de tempo P E t = ∆ , a expressão acima pode ser descrita como: Nessa expressão, temos: • PU – potência útil, dada pelo produto da ddp (U) nos extremos do gerador com a intensidade de corrente elétrica: E E U = ET – ED PU = PT – PD PU = UAB · i © 9 Ki tc h Ba in / Sh ut te rs to ck Eletrodinâmica PV -1 3- 11 36 Física • PT – potência total, dada pelo produto da força eletromotriz do gerador (ε) com a intensidade de corrente elétrica: • PD – potência dissipada, dada pelo pro- duto da resistência interna do gerador (r) com o quadrado da intensidade de corrente elétrica: Substituindo na expressão que relaciona as três potências, temos: UAB· i = ε · i – r · i² Simplificando essa expressão, obtemos a equação do gerador: (gerador real) Nessa expressão, U representa a diferença de potencial nos extremos do gerador. Em algumas situações, o gerador é considera- do ideal. Nesses casos, a resistência interna do gerador é nula (r = 0). Assim, no gerador ideal, a ddp em seus extremos é igual à força eletro- motriz (ε): (gerador ideal) 4. Curva característi ca de um gerador Com base na equação do gerador (U = ε – r · i), podemos traçar um gráfico em coordenadas cartesianas, com os valores da ddp U no eixo vertical e valores da intensidade de corrente elétrica i no eixo horizontal. Como a função U = f(i) é uma função linear, o gráfico corres- pondente é uma reta, conforme mostrado na figura. PT = ε · i PD = r · i² (gerador real)U = (gerador real)U = (gerador real)ε (gerador real)ε (gerador real) – r · i (gerador real) – r · i (gerador real) (gerador real) (gerador ideal) (gerador ideal)U = (gerador ideal) (gerador ideal)ε (gerador ideal) (gerador ideal) ε 0 A B U Gerador em circuito aberto Gerador em curto-circuito i icc = r ε Curva característica de um gerador elétrico Observe no gráfico que: • o ponto A, no qual U = ε, corresponde ao gerador em circuito aberto, ou seja, i = 0; • o ponto B, no qual U = 0, corresponde ao gerador em curto-circuito, ou seja, os polos do gerador são ligados exter- namente por um fio sem resistência, conforme mostra a figura r ε iccA B icc Lâmpada apagada por falta de ddp Fio de resistência desprezível • A intensidade de corrente elétrica de curto-circuito é dada por: U = ε – r · i ⇒ 0 = ε – r · icc ⇒ i rcc = ε 5. Rendimento de um gerador O rendimento elétrico de um gerador é o quo- ciente entre a potência elétrica (útil) PU e a po- tência não elétrica (total) PT. η = P P uPuP TPTP ou η ε = U i i · · ⇒ η ε = U em que 0 < ƞ < 1 Em porcentagem, fica: ƞ% = ƞ · 100% PV -1 3- 11 Eletrodinâmica 37 Física EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Um gerador de fem ε = 9,0 V e resistência in- terna r = 1,0 Ω está em funcionamento e a in- tensidade de corrente elétrica que o atravessa é 2,0 A. Nessas condições, determine: a. a ddp nos extremos do gerador; b. as potências total, útil e dissipada. Resolução a. Na equação do gerador, obtemos a ddp nos extremos do gerador: