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Aula 03

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Aula 03: Transformações no Ensino da Arte no Brasil
O Ensinar e Aprender Arte
O resgate da história que envolve a relação do homem com as diferentes manifestações artísticas e as diferentes formas do ensinar e aprender arte contribui para que possamos conhecer a trajetória, desvendar influências e melhor compreender o nosso próprio tempo histórico e as propostas que fundamentam e orientam atualmente o campo da Arte/Educação.
A arte como linguagem esteve sempre presente na história da humanidade. Veja.
As primeiras manifestações artísticas produzidas pelo homem no interior das cavernas datam do tempo da Pré-História. São desenhos e pinturas que ficaram registrados, resistiram à ação do tempo e possibilitam ao homem o tecer da sua própria história, a partir da pesquisa sobre esses registros.  
A Influência dos Jesuítas no Ensino da Arte
Você sabia que antes da chegada da Missão Francesa no Brasil, em 1816, os missionários católicos eram os responsáveis pela orientação artística no Brasil?
A Igreja Católica os enviava para o Brasil com o objetivo de catequização e também os incumbia de transmitir e ensinar as técnicas artísticas, de acordo com a tradição barroca.
O ensino das artes plásticas era informal e baseava-se na transmissão oral e anônima, tendo na tradição familiar uma grande aliada, já que a técnica costumava ser transmitida de pai para filho.
Sob influência da educação dos jesuítas, que controlaram o sistema educacional brasileiro desde o descobrimento até 1759, a filosofia e metodologia que, inicialmente, foram orientadoras do ensino da arte no Brasil, não consideravam a arte como uma atividade com importância em si mesma, mas como um instrumento para modernização de outros setores.
Jesuítas
A proposta pedagógica dos jesuítas desvalorizava as atividades manuais por considerá-las inferior aos estudos retóricos e literários. Reservava aos homens livres a literatura e aos escravos e índios as artes manuais. Com isso, a estrutura do ensino jesuítico seguia o modelo educacional proposto por Platão, separando o ensino de letras dos ofícios manuais e mecânicos.
As Influências da Chegada da Missão Francesa no Brasil
No Brasil, o ensino formal da arte foi iniciado com a chegada da Missão Francesa e a fundação da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1816, por D. João VI.
Academia Imperial de Belas Artes
De acordo com Barbosa (1978), o ensino das artes plásticas surge no Brasil seguindo a concepção e o modelo europeu, ou seja, a partir da pedagogia tradicional, que privilegia o ensino do desenho como base para o desenvolvimento de habilidades técnicas e gráficas, como forma de treinamento da coordenação motora, visando à formação técnica de mão de obra.
Desde a fundação da Academia até o início do século XX, não ocorreram transformações significativas nesta área e a educação artística continuou basicamente reduzida ao ensino do desenho, orientada por uma metodologia que não explorava ou valorizava o potencial criativo e expressivo dos alunos. 
Os conteúdos das aulas e os modelos a serem copiados eram selecionados pelos professores, que atuavam de forma diretiva e autoritária. Utilizavam o recurso da repetição como garantia de fixação dos conteúdos, tendo como objetivo “exercitar a vista, a mão, a inteligência, a memória, o gosto e o senso moral. Segundo esta abordagem, o maior interesse está no produto do trabalho escolar e a relação professor e aluno é bem mais autoritária.  Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas” (Ferraz & Fusari, 1993).
Deste período até os dias de hoje, o processo de ensino-aprendizagem neste campo apresentou características variadas e foi desenvolvido de acordo com os movimentos socioculturais e com as correntes educacionais que prevaleceram nas diferentes épocas.
A Influência do Modernismo no Ensino da Arte
Transformações mais significativas no processo de ensino-aprendizagem da arte surgiram sob influência do Movimento Modernista no Brasil, no início do século XX. O Movimento Modernista, foi organizado com o objetivo de transformar o terreno da cultura e do pensamento da época, a partir da pesquisa e experimentação artística, visando à construção de uma identidade cultural e artística tipicamente brasileira.
Leia o texto O Movimento Modernista no Brasil para saber mais.
No campo da educação, autores como John Dewey, Viktor Lowenfeld e Herbert Read, influenciados pelo movimento da Escola Nova, publicaram importantes obras que destacam a contribuição da arte na educação, numa perspectiva de valorização da livre expressão.
Escola Nova
O projeto da Escola Nova no Brasil, surgiu nos anos 20/30. Foi inovador, uma vez que este propunha uma nova concepção de educação enfocando na relação ensino-aprendizagem, o aluno, a liberdade de expressão, a experimentação e, de certa maneira, o “aprender fazendo”. 
Recebendo influências desse movimento renovador educacional, das pesquisas psiquiátricas sensíveis à arteterapia desenvolvida por Osório César, em São Paulo, e pela Drª. Nise da Silveira, no Rio de Janeiro, e pelo Movimento Expressionista da Arte Moderna, um grupo de artistas e educadores funda, em 1948, a primeira Escolinha de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro.
O princípio de uma pedagogia nova no ensino da arte não chegou a ser absorvido como fundamento teórico-metodológico do sistema educacional brasileiro como um todo, porém, foi a partir daí que observamos o surgimento de algumas experiências de artistas e educadores que marcaram a trajetória da Arte/Educação no Brasil.
A Obrigatoriedade do Ensino da Arte nas Escolas: a Lei 5.692 e a LDB nº 9.394
Os princípios difundidos pelas Escolinhas de Arte e pelos artistas e educadores envolvidos com esse movimento influenciaram a prática de ensino da arte nas escolas e, até os dias de hoje, encontramos propostas que priorizam a livre expressão do educando, o deixar fazer, sem nenhuma interferência ou mediação do educador nesse processo.
Essa concepção espontaneísta valoriza ao extremo o processo de criação sem preocupação com os seus resultados, o que pode acarretar uma prática descompromissada com os conteúdos específicos das linguagens artísticas e o não reconhecimento do papel do educador como mediador desse processo de construção de conhecimento no campo específico da Arte.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (PCNs-Arte), fica determinada a alteração da nomenclatura com a nova designação da área por Arte, e não mais Educação Artística, com sua inclusão na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados à cultura artística, e não apenas como atividade.
Esse novo enfoque aborda a arte como conhecimento e destaca sua importância na escola e na vida.
Reconhece que, como patrimônio construído pelo homem ao longo da história, a arte é patrimônio cultural da humanidade e a escola deve também ser responsável por garantir o acesso a educação.

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