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AULA 7

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Aula 07: O Teatro na Escola
O trabalho com as diferentes linguagens artísticas na escola, além de resgatar a dimensão estética da educação, procura garantir o ensino e a aprendizagem da arte como campo do saber e sua possível integração com as demais áreas de conhecimento do currículo.
O teatro é uma das linguagens artísticas que, trabalhada no espaço da escola, promove ao educando a possibilidade de explorar a linguagem simbólica e suas potencialidades expressivas e de comunicação.
No contato com as produções teatrais, o educando é estimulado a: conhecer outras culturas; reconhecer diferentes formas de narrar a história; perceber os modos de ser e compreender o mundo, que foram construídos pelo homem ao longo de sua história.
A linguagem teatral abre outro caminho para educadores e educandos realizarem uma leitura crítica sobre a produção artística e cultural da humanidade, percebendo e compreendendo como o homem vivencia o contexto sociocultural ao seu redor e como se relaciona com ele.
Através da experiência com a linguagem teatral, o educando compartilha ideias e sentimentos e, ao mesmo tempo, exercita o autoconhecimento e o diálogo com o outro. 
 De maneira singular, o teatro contribui para o resgate da nossa própria história e para o conhecimento do homem e do mundo, em diferentes épocas e contextos.
A experiência com o teatro possibilita ao educando a vivência de outras identidades por meio da representação ou da criação de personagens.
Através dessa linguagem simbólica, o educando pode se colocar no lugar do outro. É mobilizado a construir narrativas simbólicas, a contar histórias que falam de si próprio e do outro, a vivenciar personagens através do jogo dramático, proporcionado pela vivência teatral.
O teatro, no contexto escolar, propicia um caminho de aprendizado da vivência em grupo, do exercício de criação coletiva, de compartilhar diferentes pontos de vista com a finalidade de alcançar um objetivo em comum.
O teatro envolve a participação de todos os alunos em várias etapas do processo de construção coletiva e permite que cada um possa descobrir e explorar suas potencialidades a favor de um fazer coletivo.
O objetivo do teatro na escola não é a profissionalização do educando para ser um ator profissional, mas proporcionar ao aluno a vivência dessa linguagem artística, apropriando-se dela no seu universo cultural.
O desenvolvimento de uma prática educativa do teatro, que considere tanto os fatores emocionais e expressivos como os relacionados com a cognição e o senso crítico, permite a construção de uma proposta que valorize tanto a expressão criadora como a formação de plateia, ou seja, a formação de um espectador/observador mais sensível e crítico, conhecedor, fruidor e decodificador da produção no campo da linguagem teatral (Martins&Picosque&Guerra, 1998).
O trabalho com os jogos dramáticos e a improvisação são possibilidades, que você como educador, pode desenvolver com o objetivo de favorecer o contato dos educandos com a linguagem teatral e com os elementos básicos dessa linguagem.
Na experiência mediada pelo educador, o aluno apreende a estrutura da linguagem teatral e seus elementos constitutivos, lendo e produzindo a ação dramática, construindo o espaço cênico, vivendo o personagem, explorando a relação palco/plateia.
Ao atuar numa ação improvisada, o aluno pode explorar diferentes recursos cênicos, tais como máscaras, figurinos, maquilagem, iluminação, sons, objetos e textos de diferentes gêneros (dramáticos, narrativos, poéticos, jornalísticos etc.).
Através da linguagem teatral, o aluno é convidado a ressignificar o mundo e as coisas do mundo poetizando-as através da imaginação e da fantasia.
Jogos dramáticos
Segundo Ferraz&Fusari (2009, p.187), a proposta do jogo dramático implica:
• “a delimitação de quem joga e quem assiste;
• a observação das regras de funcionamento do jogo dramático;
• a proposição de temas ou de exploração de elementos da linguagem teatral;
• a delimitação da ação, espaço, personagem como ponto de partida do jogo;
• na ação do aqui e agora que engendra o sentido.” 
Experiência mediada pelo educador
A mediação do educador pode ocorrer através da proposta do jogo dramático, que é entendido como uma modalidade de improvisação norteada por regras e mediada pela intervenção do educador.
No desenvolvimento dos jogos dramáticos e nas improvisações, muitas vezes, é possível observar que há uma tentativa de incorporação de dados da vivência real dos alunos, de suas características pessoais de comportamento, de sua aparência física e de seus desejos na elaboração dos personagens.
Na interação do grupo, os alunos criam histórias que falam das suas próprias experiências, de suas vivências no cotidiano e, através da linguagem simbólica, falam de si, de cada um dos participantes e das relações intersubjetivas estabelecidas no grupo.
O jogo dramático, o faz-de-conta, como outra forma de linguagem, baseada na imaginação e na fantasia, permite a aproximação da realidade, sua incorporação e reelaboração a partir do lúdico, da imaginação e do simbólico.
Segundo o filósofo Walter Benjamin (1984), o lúdico e a brincadeira são campos fundadores da experiência humana, que devem ser explorados como caminho de expressão e formação da personalidade.
As narrativas, o brincar, as criações culturais, pertencem ao reino intermediário entre psique e realidade e participam de ambas as dimensões.
Benjamin nos fala da importância do brincar como origem das experiências narráveis e da criatividade como forma da criança viver plenamente sua infância, exercitando seu potencial lúdico e sua imaginação.
O autor valoriza a improvisação teatral como lugar de onde emergem pistas para a construção de uma linguagem mimética criativa e revolucionária.
Benjamin nos fala da importância do brincar como origem das experiências narráveis e da criatividade como forma da criança viver plenamente sua infância, exercitando seu potencial lúdico e sua imaginação.
O autor valoriza a improvisação teatral como lugar de onde emergem pistas para a construção de uma linguagem mimética criativa e revolucionária.
Walter Benjamin (1984)
O autor reivindica o importante papel do lúdico, tanto para a experiência da criança como para o adulto: “Rodeadas por um mundo de gigantes, as crianças criam para si, brincando, o pequeno mundo próprio; mas o adulto, que se vê acossado por uma realidade ameaçadora, sem perspectivas de solução, (brincando) liberta-se dos horrores do mundo” (Benjamin, 1984, p.64).
Psique
Na psicanálise e em Benjamin, encontramos o sonho e a obra de arte possibilitando o encontro dos tempos presente, passado e futuro (...). Para Benjamin, o sonho, matéria-prima da fantasia e da obra de arte, liga o passado e o presente, e nos orienta para um despertar futuro. Mas, não é só o indivíduo que sonha, senão as épocas também, e “cada época sonha não somente com a seguinte, mas ao sonhá-la, a força a despertar” (Benjamin, 1986a, p.162). 
Em um circuito de interações entre os sonhos individuais e coletivos, os indivíduos apropriam-se de aspectos da cultura, elaboram-nos oniricamente, e devolvem-nos à cultura como desejos objetivados. O narrador teria acesso aos sonhos coletivos de diferentes épocas, e suas produções possibilitariam o encontro entre os agoras passados, presentes e futuros (Schweidson, 1996, p.104).
Nas diferentes atividades, onde são explorados a linguagem teatral e o jogo dramático, é possível perceber que algumas narrativas construídas pelo grupo podem nos aproximar de temas mais delicados, que não costumam ser verbalizados nas interações cotidianas. 
Com a mediação do jogo dramático, do lúdico, da fantasia e da imaginação, a explicitação de seus pensamentos é facilitada e os alunos falam de assuntos que não conseguem abordar de outra forma, a não ser a partir da produção e mediação das formas simbólicas.
No diálogo produzido durante a elaboração e fruição dessas formas simbólicas, são construídos outros caminhos de acesso a questões maissubjetivas, à expressão de suas ideias, emoções, sentimentos e conflitos (Lopes, 2005).
Segundo os PCNs de Arte (2001), a escola deve ser um espaço facilitador da relação da criança com a linguagem teatral.
Através de um projeto pedagógico que priorize o exercício da atividade teatral no cotidiano escolar, é possível contribuir para:
• o desenvolvimento global do educando;
• o processo de socialização consciente e crítico;
• a convivência democrática;
• a atividade artística com ênfase na experiência estética do educando inserido na cultura e como produtor de cultura.
Criança
“A criança, ao começar a frequentar a escola, possui a capacidade da teatralidade como um potencial e como uma prática espontânea vivenciada nos jogos de faz-de-conta. Cabe à escola estar atenta ao desenvolvimento no jogo dramatizado oferecendo condições para o exercício consciente e eficaz, para aquisição e ordenação progressiva da linguagem dramática. Deve tornar consciente as suas possibilidades, sem a perda da espontaneidade lúdica e criativa que é característica da criança ao ingressar na escola.” (PCNs de Arte, 2001, p.84).
A mediação adequada do educador é essencial para o desenvolvimento da potencialidade expressiva do educando. Para isso, é fundamental você conhecer as diferentes fases de desenvolvimento da linguagem dramática da criança e sua relação com os processos cognitivos.
Em um primeiro momento, a criança se expressa através dos jogos dramáticos com caráter de improviso, sem cuidados com acabamento, pois seu interesse maior está na relação entre os participantes e no prazer do jogo.
Gradualmente, a criança demonstra um domínio maior sobre os elementos constitutivos da linguagem e passa a elaborá-la com maior preocupação de detalhes em relação aos cenários, figurinos, objetos cênicos, organização e sequência da história.
Cabe à escola e ao educador a mediação do processo de desenvolvimento da potencialidade expressiva do educando, acompanhado cada etapa e oferecendo de forma adequada todo o suporte, conhecimento e estímulo que o pleno exercício da atividade teatral exige, para que os educandos possam reconhecer suas potencialidades e explorar a linguagem teatral como forma de produção artística e cultural.

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