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Suguro Agricoloa e desemvolvimento rural

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Relatório do seminário sobre 
Seguro Agrário e Desenvolvimento rural – 
Contribuições e desafios do SEAF
Aluno: Egídio Neto
Disciplina: Sociologia Rural 
Professora: Carmem Lucia
Introdução
As atividades agropecuárias estão sujeitas a vários riscos onde podem trazer resultados negativos. São comuns fiscos de produção e de mercadoria por vários setores, mas como a agropecuária envolve atividades a céu aberto onde estão sujeitos a fenômenos naturais que podem causar perdas parciais ou torais.
Na agricultura essa realidade é mais crítica, por estarem vulneráveis as condições climáticas. Tais como precipitação pluviométrica, luz solar, estiagem, chuva excessiva, geada, granizo, vendavais e outros elementos que são grandes geradores de prejuízo para os agricultores, que investem um recurso relativamente alto em comparação a sua capacidade financeira.
Os seguros agrícolas têm sido utilizados e reconhecidos por todo o mundo, por repor o capital perdido em tais situações climáticas, no qual ajuda ao agricultor a ter condições de plantar na safra seguinte, continuando assim a sua atividade rural. Tornando-o mais eficiente que os programas de auxilio emergencial e de prorrogação de dividas.
Nos programas emergenciais, as ações públicas são desenvolvidas após a ocorrência do evento adverso, sem uma verificação qualificada dos agricultores atingidos e da dimensão da perda de cada um. Geralmente os benefícios chegam atrasados e não são ajustados a realidade das perdas. Os valores são padronizados (por agricultor, por hectare, etc.…) para todos, onde alguns recebem acida dos danos reais e oura parte recebe um valor insuficiente para os danos reais.
Os programas de negociação de dividas as vezes apresentam problema similares.
Os seguros agrícolas disponibilizam com estruturas e fermentas especializadas que ficam preparadas e prontas para entrar em ação quando ocorre algum fenômeno. Permitindo uma verificação em empo hábil dos danos e pagamentos ajustado a realidade da perda de cada agricultor. Dessa forma, o seguro proporciona um equilíbrio no momento de forte perda na produção, estabilizando a renda dos agricultores.
Os seguros agrícolas vêm tomando cada vez mais espaço nas políticas públicas, onde se encontram nas diversas regiões.
Dependendo das condições de cobertura que o seguro possibilita, pode trazer importantes contribuições para o desenvolvimento rural, tais como: Efeitos na estabilidade econômica dos agricultores, geração ou manutenção de empregos no campo, indução ao uso de tecnologia, entre outros. 
Tudo isso devido a confiança do agricultor na hora de investir, pois estão protegidos contra os eventos climáticos e outros.
A criação do SEAF – Contexto histórico e fatores determinantes
2002-Criação da garantia Safra(Seguro Safra) – Lei 10.402/2002
Objetivo de atender os agricultores na linha da pobreza nas horas de emergência 
Decreto da lei 73/1966
Fim da Companhia Nacional de Seguro Agrícola e Fundação do Sistema Nacional dos Seguros Privados(SNSP);
Criação do SUSEP e do fundo FESR;
Constituição de 1988: Seguro agrícola como instrumento de planejamento e execução da política agrícola.
Lei 8171 de 1991a apólice de seguro como garantia em operações de crédito rural.
O FESR, não funcionou adequadamente devido a limitações de sua própria institucionalidade e não conquistou a confiança das seguradoras por depender de suplementações orçamentárias e um modelo pouco adequado, resultando em demora na liberação dos recursos e na impossibilidade de garantir o repasse às seguradoras.
Na virada do século em face dos prejuízos, algumas seguradoras acabavam saindo desse mercado, empresas de seguro estaduais chegaram a ter uma atuação importante, mas sofreram as mesmas dificuldades, tais como Companhia União de Seguros Gerais (RS), a Bemge (MG) em 1970, e a COSESP que eclodiu na época em que se discutia a criação do SEAF.
Em 2000 foi criado o Programa Estadual de Seguro Agrícola, regido pelo decreto n. 39.722/99 que era operado por seguradoras privadas, onde tinha limitações bem restritas em culturas seguráveis, coberturas e número de hectares, apresentava condições satisfatórias para lavouras muito pequenas, mas para grande parte dos agricultores familiares era necessário um seguro mais completo.
Em 1975, Sete anos após a criação do SNSP e do FESR, o governo federal criou o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), regido pela lei n. 5.969/73, com o objetivo de ter um instrumento temporário que oferecesse cobertura básica para as lavouras financiadas e ao mesmo tempo fosse gerando uma base de informações para subsidiar as seguradoras nas análises de risco para desenvolvimento de produtos de seguro.
O Proagro não tinha um prêmio de seguro – o agricultor pagava um adicional aos encargos do crédito, com uma alíquota de apenas 1%. Visando evitar os déficits que vinham sendo gerados, a lei n. 6.685/79 permitiu que o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixasse alíquotas diferenciadas paracada cultura. Também ampliou a cobertura admitindo até 100% do valor financiado e incluindo recursos próprios do mutuário.
Em 1991, a lei n. 8171 redefiniu as regras do programa: tendo entre os objetivos reduzir a necessidade de aportes de recursos do Tesouro Nacional (a partir daí passou a ser chamado Proagro Novo).
Tais medidas não tiveram o efeito desejado, a Resolução CMN n. 2.103/94 estabeleceu requisitos e controles e reduziu a abrangência do programa – uma das principais alterações foi a exclusão da cobertura para danos anteriores à emergência das plantas.
Em 1996 o Proagro começou a utilizar o zoneamento agrícola, visando a sustentabilidade do programa.
Em 1997, a Resolução CMN n. 2.422 restringiu a adesão ao Proagro aos empreendimentos conduzidos na área de abrangência e sob as condições do zoneamento, com o objetivo de dar solução para o estoque da dívida do Proagro. O pagamento aos bancos foi feito em títulos do Tesouro Nacional com 10 anos de prazo e 6 anos de carência
Em 1996 o decreto n. 1.947, utilizou mais uma vez os títulos do Tesouro Nacional para pagamento aos bancos, pois a estrutura do Proagro permanecia basicamente a mesma, com atrasos nos pagamentos e o acúmulo de dívidas com os bancos.
O Proagro sofreu grande perda de credibilidade pela situação de insegurança sobre a capacidade de honrar os pagamentos dos sinistros. Como resultado, houve uma drástica queda no volume de operações amparadas pelo Proagro.
Em 19 de dezembro de 2003, a lei n. 70.823 foi regulamentada pelo decreto n. 5.121, de 19 de junho de 2004, que criou o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), o qual somente começou a operar no final de 2005 e com volume muito limitado de recursos.
Foi uma medida importante, mas não era suficiente para equacionar as principais questões de seguro rural.
Foi iniciado uma discussões para elaboração de um projeto de lei criando um novo sistema de seguro agrícola, que foi até o inicio de 2004 começou a ser discutida outra alternativa: o aproveitamento da estrutura que operava o crédito do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Proagro.
O Seguro da Agricultura Familiar foi então criado passando a ser chamado de “Proagro Mais”.
Em 31 de agosto de 2004, a Resolução CMN n. 3.224 instituiu o novo programa, que iniciou em 1 de julho na safra 20042005.
Sendo um grande desafio para as instituições financeiras devido a rápida de formulação e implantação e ainda maior pelo início de operação com efeito retroativo.
Formulação de um seguro agrícola - questões relevantes para o desenvolvimento rural
Questões que estiveram em debate na criação do SEAF e em momentos posteriores ao longo da evolução do programa
1-Papel do Estado:
O que se espera do Estado: promover o levantamento e a disponibilização de dados estatísticos de clima e de produção, criar centros de expertise e equipes de especialistas para fornecer suporte técnico e promover ações de capacitação.
Tipos de modelos de atuação do Estado: 
a) SegurosPrivados com subsídio ao prêmio de seguro. 
b) Seguros públicoprivados – consórcios e parcerias públicoprivadas para constituição de empresas ou entidades de seguro. 
c) Seguros públicos – empresas ou entidades públicas de seguro ou programas públicos administrados pelo Estado e operados por redes de entidades privadas.
O papel do subsidio ao prêmio do seguro: cobertura para eventos de maior risco, como seca e chuva excessiva, limitação aos pequenos produtores.
2- Seguro voluntario x seguro obrigatório:
O seguro obrigatório tem a importância de universalizar a proteção proporcionada pelo seguro agrícola, maximizar a dispersão de riscos e assegurar massa crítica para viabilizar a operacionalização do seguro.
Pontos negativos do seguro obrigatório: pode acobertar ineficiências na oferta de seguro, favorecer aumento artificial dos prêmios e provocar outras distorções no mercado
O seguro voluntario:
Modelo espanhol: Esquema público-privado, tem a participação do Estado e o direito de o agricultor decidir pela contratação ou não do seguro.
Se o agricultor não contratar, arcará sozinho com as despesas no caso de um sinistro na plantação, pois o governo não poderá conceder outro tipo de ajuda em lugar do seguro.
Em situações em que a obrigatoriedade for considerada recomendável, deverseia buscar, como prérequisito, o atendimento das seguintes condições:
a) Oferta adequada e suficiente: • seguro agrícola para todas as culturas e regiões abrangidas na regra da obrigatoriedade; • capacidade de atendimento a todos os agricultores; • produtos de seguro que atendam às necessidades de cobertura de todas as diferentes situações; • canais de comercialização para atendimento adequado a todas as localidades. 
b) Pluralidade na oferta: • possibilidade de o agricultor escolher entre diferentes alternativas de fornecedores e produtos que melhor atendem suas necessidades; • concorrência entre ofertantes estimulando o aprimoramento dos produtos. 
c) Coberturas adequadas: • eventos climáticos e demais riscos significativos para a cultura e a região; • valor segurado, franquias e dedutíveis em níveis tais que, no conjunto, resultem em um valor efetivo de cobertura que ofereça real perspectiva de recebimento de seguro em valor significativo para fazer frente às perdas. 
d) Preço adequado – prêmio pago pelo agricultor (percentual líquido, após aplicação dos subsídios do governo) em níveis razoáveis, considerando: • as referências internacionais do mercado de seguro agrícola; • a realidade local dos agricultores e das lavouras seguradas.
e) Alocação adequada de recursos públicos – para subsídio ao prêmio e outras formas que estejam previstas nos programas governamentais de apoio ao seguro agrícola: • disponibilidade orçamentária e financeira de montante de recursos suficientes para atender a todos os agricultores nas culturas e regiões abrangidas pela obrigatoriedade; • mecanismos legais e operacionais que assegurem alocação tempestiva dos recursos nos momentos apropriados da safra, conforme características de cada cultura e região.
Um seguro obrigatório sem a observância desses princípios pode ter consequências negativas para a agricultura – pode perder os efeitos positivos de promoção do desenvolvimento rural e pode até mesmo ter efeitos contrários.
Modelos de seguro agrícola: Seguro de Custo, Seguro de Renda e de Produtividade:
Nos seguros de custo, o valor segurado é definido como um percentual do custo de produção (conforme orçamento ou projeto técnico). O valor assegurado costuma ser relativamente baixo em comparação com a receita esperada da lavoura, resultando em baixas perspectivas de recebimento de indenização do seguro em caso de sinistro.
Nos seguros de renda, o valor segurado é definido como um percentual da receita bruta esperada da lavoura. Esta é calculada tomando a produtividade esperada da lavoura (considerando tecnologia, local da lavoura e histórico do agricultor) e multiplicando por um preço projetado para a época da venda do produto. 
O seguro garante que, somando a receita da lavoura mais o pagamento do seguro, o agricultor terá uma renda igual ao valor segurado.
Os seguros de renda podem oferecer ao agricultor as soluções mais completas de proteção contra perdas na lavoura.
Assim, os investimentos em tecnologia são recompensados com maiores valores de cobertura do seguro.
No seguro de produtividade, a produtividade segurada é definida com base em um percentual da produtividade esperada da lavoura. O valor segurado é calculado multiplicando a produtividade segurada por um preço definido com base nas referências de mercado. O valor da indenização por sinistro costuma ser definido multiplicando o valor segurado pelo percentual de perda. Este é calculado comparando a produtividade esperada e a produtividade obtida. O seguro de produtividade não apresenta sensibilidade para variação de preços – o preço de indenização é o mesmo da contratação. O valor da indenização independe de oscilações de preço após a contratação do seguro
Os seguros de produtividade e de renda trazem a possibilidade de um valor segurado maior, mas isso depende do percentual segurado – se este for baixo, podem acabar se equiparando a um seguro de custo.
Seguros com vistoria na lavoura e seguros paramétricos ou de índice.
Os seguros tradicionais dependem de um processo de apuração de perdas mediante vistoria na lavoura, onde se verifica se a área plantada, a tecnologia, o manejo e demais condições da lavoura estão adequados em conformidade com o previsto no contrato de seguro e com as boas práticas agrícolas, a observância do zoneamento agrícola quanto a locais e períodos de plantio onde o risco situase dentro de limites aceitáveis, para cada cultura, grupo de cultivares e tipo de solo. Esses elementos constituem incentivos para uma boa condução da lavoura, com reflexos na produtividade. 
A principal desvantagem dos seguros tradicionais é o custo das vistorias nas lavouras.
A principal vantagem é que possibilitam verificar a perda que de fato ocorreu em cada lavoura.
Esses elementos constituem incentivos para uma boa condução da lavoura, com reflexos na produtividade. Também contribuem para evitar situações de alto risco e para não incorrer em perdas desnecessárias, promovendo maior estabilidade na produção e na renda rural.
Os seguros paramétricos, também chamados de seguros de índice foram recentemente desenvolvidos, utilizam métodos de estimativas de perdas sem a realização de vistorias em cada uma das lavouras que ocorreu a perda, tomando como base dados de estações meteorológicas, imagens de satélite ou médias de perda obtidas de vistorias feitas por amostragem, se esse índice passa de um certo nível, dispara o gatilho para o pagamento das indenizações do seguro. 
Mesmo que o agricultor não tenha tido nenhum cuidado com a lavoura, ou tendo ou não feito o plantio, se índice dispara o gatilho, irá receber a indenização do seguro e com o mesmo valor padrão.
A principal vantagem dos seguros de índice é o baixo custo na apuração das perdas, por não ter vistorias individuais em cada lavoura sinistrada. 
A principal desvantagem é que tendem a ter um elevado risco de base, que é o risco de distanciamento entre a perda apurada pelo índice e a perda real na lavoura segurada. 
Tais modelos não têm efeito indutor de tecnologia e são limitados no que se refere a estímulos à produção.
Assim, os modelos mais completos de seguro tradicional envolvem mecanismos indutores de tecnologia e tem um potencial de contribuição para o desenvolvimento rural incomparavelmente maior que o dos seguros de índice
Seguro agrícola e desenvolvimento rural
O seguro agrícola pode trazer diversas vantagens para o desenvolvimento rural, mas é importante contar com as políticas públicas, para que esse potencial seja atingido. Por outro lado, os potenciais vão variar de acordo com o tipo de seguro.
Independente dos modelos de seguro, o mais importante do seguro agrícola é oferecer umacobertura suficiente para atender os agricultores que sofreram perdas em algum momento, onde possibilita a continuação de investimento na sua atividade. 
Assim, para agricultores na linha de pobreza com lavouras muito pequenas, um seguro de índice pode ser formatado visando esse objetivo. Para os demais públicos da agricultura familiar, um seguro de renda oferece maior potencial de proteção ao agricultor e promoção do desenvolvimento rural.
Soluções desenvolvidas na formulação do SEAF 
O Seguro da Agricultura Familiar foi criado sobre a estrutura operacional já existente no Proagro e Pronaf. Apesar de usar a nomenclatura existente no Proagro, tem as características de um seguro agrícola com cobertura de renda. 
Por ser um programa público do governo federal, não está sob a abrangência da Superintendência de Seguros Privados (Susep), mas regese por normas próprias sob a legislação do Proagro.
O SEAF opera com o Pronaf por meio de articulações com os créditos de custeio agrícola, onde os valores assegurados correspondem a soma do valor financiado e mais uma parcela da renda liquida.
O SEAF opera em articulação com o crédito de custeio agrícola do Pronaf. O valor segurado corresponde a soma do valor financiado mais uma parcela de renda líquida. 
O seguro é considera multirrisco por cobrir perdas por seca, chuva excessiva, granizo, geada, ventos fortes, variação excessiva de temperatura, bem como pragas e doenças sem método de controle exequível e difundido.
Como se trata de um seguro agrícola e não de um programa de benefícios, existem necessidades de instrumentos para mantar o risco sob controle. A sua cobertura fica condicionada a Embrapa onde são feitas observações do Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos e os indicativos de plantio são publicados pelo Mapa. Como importante ferramenta, o zoneamento serve para o desempenho das lavouras e para a sustentabilidade do seguro.
A regulação em caso de sinistro é realizada um procedimento tradicional de vistoria, onde é possível uma indenização justa à realidade das perdas, além de ser necessária para viabilizar um seguro de renda multirrisco.
Desde a criação do programa, foram feitos diversos aprimoramentos e outros poderão ser necessários. De todo modo, é um seguro de renda, multirrisco, com mo delos de cobertura e inspeção de danos que possibilitam indenização ajustada à realidade das perdas e instrumentos de gestão de riscos indutores do uso de tecnologia e de boas práticas para um melhor resultado da lavoura.
Até então não é obrigatória a adesão ao SEAF, mas focou condicionado que o plantio seja amparado por algum seguro agrícola, público ou privado, onde tenham garantias adequadas, só assim para ter acesso ao credito de custeio agrícola do Pronaf. Os pequenos agricultores tendem a ter dificuldades na criação de cultura de seguro pois necessitam de redução de custos e diluição de riscos. Mas em grande parte são atendidos pelos princípios do seguro voluntario ou obrigatório, onde as coberturas são abrangentes, o prêmio pago pelo agricultor é baixo e há capacidade de atendimento para todos que contratam o financiamento de custeio agrícola do Pronaf, que começa com 70% e pode chegar a 100% em quatro anos quando não há perda.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) realiza um modelo matricial, onde desenvolve ações e formulações políticas, monitoramento, orientação de agricultores e agentes do programa e supervisão da comprovação de perdas; o Zoneamento Agrícola e a comissão Especial de Recursos do Proagro (CER), que é responsável em analisar e julgar os processos movidos pelos agricultores que discordam com indeferimento ou o valor da indenização do seguro, fica sobre coordenação do Mapa; e o Banco Central faz a administração dos fluxos financeiros e processuais, divulgam as normas do Manual do Crédito Rural (MCR) e fiscalizam os agentes financeiros. Essa multiplicidade de agentes resulta em um modelo complexo, que não é de fácil coordenação, mas que tem apresentado bons resultados e baixos custos operacionais.
Evolução, resultados e desafios:
Quando foi criado o SEAF, não existia experiência com seguro de renda no pais onde as informações de estimativa de prêmio e necessidade de recursos orçamentários para o programa era quase nulo. Fazendo com que o valor ficasse limitado ao financiamento mais R$ 1.800 de renda líquida. Para os pequenos agricultores esse valor oferecia uma cobertura suficiente. Mas para outra parte dos agricultores, quando se colocava em pratica, era algo mais próximo a um seguro de custo. O limite do valor foi elevado em 2008 para R$ 2.500, em 2010 foi para 3.500, em 2012 foi para 7.000 e futuramente serão necessários novos reajustes.
Para trazer estímulo adicional ao investimento em tecnologia para transformação das condições de produção no campo, a lei n. 12.058/2009 incluiu o artigo 65A na lei n. 8171/91, dispondo sobre a institucionalização do SEAF, garantia de renda e cobertura para prestações de investimento. Que em 2010 foi criada uma cobertura adicional, de até R$ 5.000, onde amortiza a prestação de financiamento de investimento do Pronaf previsto de ser pago com a renda da lavoura segurada. A adesão é opcional e formalizada no crédito de custeio da lavoura. 
Foram vários os reajustes no Proagro para atender algumas características únicas na agricultura familiar.
Antes de 2004, o zoneamento só abrangia sete culturas e estava mais nas regiões centro-sul. Onde o principal foco era os grandes produtores do agronegócio. 
O MDA, Mapa e Embrapa desenvolveram um extenso trabalho e incluíram novas regiões e culturas. Apenas na região nordeste foram mais de mil municípios incluídos. Chegando a ultrapassar mais de 40 culturas em 2012.
A agroecologia sofreu vedação no Proagro tradicional e nos seguros privados. De início foi admitido no SEAF a inclusão de lavouras consorciadas. Logo depois foi autorizado a utilização de insumos de produção própria e de cultivares crioulas. Onde só foi consolidada por meio da Portaria MDA n. 51/2007, que criou o Cadastro Nacional de Cultivares Locais, Tradicionais ou Crioulas na Secretaria da Agricultura Familiar (SAF).
O SEAF é um grande programa de seguro, que no mesmo ano que foi criado atingiu mais de 500mil adesões e mais de R$ 2,5 bilhões de valor segurado.
Conforme no Quadro I, podemos ver a evolução do SEAF em seus nove primeiros anos de operação, que o valor segurado cresceu rapidamente, atingindo R$ 7 bilhões na safra 20122013, onde houve mais de 440 mil adesões.
 
As contribuições do SEAF para o desenvolvimento rural envolvem aspectos que vão muito além desses números, nesses nove anos de operação, foram atendidos mais de 673 mil pedidos de cobertura, com um valor total de R$ 2,9 bilhões. 
No Quadro 2 é possível mostrar a dimensão dos benefícios do seguro.
Com bons indicadores técnico-financeiros, a modelagem em que o SEAF se desenvolveu foi possível viabilizar um seguro de renda, com procedimentos completos de apuração de perdas, um baixo custo operacional, além do pagamento ser efetuado diretamente ao agricultor onde a parcela de renda vai para a conta corrente e a parcela do financiamento vai para a conta do crédito. Chegando a um total de R$ 2,9 bilhões pago integralmente aos agricultores.
O seguro proveu instrumentos para administrar a situação, evitando uma grave crise social. Ajudou a evitar o êxodo rural, viabilizou recursos para o agricultor continuar plantando, se recompor e voltar a ter perspectivas de investimento na produção rural. 
O SEAF está sujeito aos limites e possibilidades típicos de um seguro agrícola – ampliação das coberturas não supre, por exemplo, necessidades de assistência técnica, investimentos e acesso a mercados. Por outro lado, o SEAF também tem limites decorrentes dos condicionantes de sua criação e evolução.
O SEAF opera em todo o país. A grande expansão que já foi feita no zoneamento agrícola contribuiu para que 95% do crédito de custeio agrícola do Pronaf já estejam amparados peloseguro.
A observância dos prazos pelos agentes do programa e a liberação de recursos pelo Bacen vem tendo uma boa evolução, mas é preciso avançar nessa área, sobretudo nas situações de recursos enviados à CER.
É necessário avançar na estruturação de um trabalho de supervisão mais abrangente para preservar a sustentabilidade e o bom funcionamento do seguro.
A orientação aos agricultores segurados é um permanente desafio, sobretudo em regiões mais pobres. Esse desafio precisa ser enfrentado em articulação com as políticas para assistência técnica, a qual é de fundamental importância para fazer com que o potencial de contribuições do seguro para o desenvolvimento rural seja bem aproveitado.
Tendo em vista esse objetivo, o Seguro da Agricultura Familiar foi criado oferecendo garantia de renda, condições de cobertura adaptadas às características da agricultura familiar e com uma formulação baseada em modelos que permitem aproveitar potenciais efeitos do seguro como indutor do uso de tecnologia e boas práticas agrícolas. A cada ano, o seguro atende milhares de agricultores fortemente atingidos por eventos climáticos, possibilitando que retomem a rota da produção e do desenvolvimento rural.
A produção e a comercialização de sementes no Brasil são reguladas basicamente por duas leis: a Lei de Sementes e Mudas (Lei 10.711/03) e a Lei de Proteção de Cultivares (Lei 9.456/97).
A primeira lei objetiva garantir a identidade e a qualidade do material de multiplicação e de reprodução vegetal produzido, comercializado e utilizado em todo o território nacional. A segunda institui o direito a proteção (propriedade intelectual) sobre cultivares, regulamentando a utilização de plantas e protegendo o direito dos seus obtentores.
A lei n° 10.771, de 05 de agosto de 2003, conhecida como “nova lei de sementes e mudas” apresenta diversos aspectos de reconhecimento das “sementes crioulas”. Embora a versão original submetida ao Congresso Nacional não previsse nenhuma abertura legal para o emprego das variedades crioulas nos programas governamentais, os movimentos sociais e as ONGs, mobilizadas em torno da Articulação Nacional da Agroecologia (ANA), conseguiram influenciar o conteúdo da legislação, o que incluiu, pela primeira vez, o reconhecimento oficial dessas sementes, permitindo sua produção, comércio e uso.
No Art. 2º, inciso XVI, da lei no 10.771, as cultivares locais, tradicionais ou crioulas são reconhecidas como sendo “variedade desenvolvida, adaptada ou produzida por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou indígenas, com características fenotípicas bem determinadas e reconhecidas pelas respectivas comunidades e que, a critério do MAPA, considerados também os descritores socioculturais e ambientais, não se caracterizam como substancialmente semelhantes às cultivares comerciais”.
No Art. 8º, § 3º, é estabelecido que “ficam isentos da inscrição no Renasem os agricultores familiares, os assentados da reforma agrária e os indígenas que multipliquem sementes ou mudas para distribuição, troca ou comercialização entre si”.
Os Artigos 11 e 48 estabelecem respectivamente, que “as variedades crioulas são isentas da inscrição no Registro Nacional de Cultivares (RNC)” e que, é proibida a restrição à inclusão de sementes e mudas em programas de financiamento ou programas públicos de distribuição ou troca de sementes.
Entretanto, apesar de alguns avanços, há uma série de dificuldades a serem superadas pelos agricultores familiares, como os casos do Seguro da Agricultura Familiar, da comercialização de sementes crioulas pelas organizações de agricultores familiares e a iminência de uma nova lei de proteção de cultivares mais restritiva aos direitos de uso próprio de sementes e mudas (Projeto de Lei 2.327/2007 em discussão na Câmara de Deputados).

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