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A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

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A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR
Autor[2: Gabriela de Souza Recalde;]
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade apresentar as principais questões que envolvem a responsabilidade civil do empregador em relação ao acidente de trabalho, citando alguns aspectos do instituto e concluindo a respeito de sua importância e aplicação nos tribunais. 
Palavras-chave: responsabilidade objetiva, responsabilidade subjetiva, responsabilidade do empregador, acidente no trabalho.
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem por escopo analisar a responsabilidade civil do empregador ou comitentes pelos atos dos empregados, serviçais e prepostos com relação ao acidente de trabalho, suas definições e sua aplicação nos códigos civis de 1916 e 2002.
Assim como está especificado no Código Civil, a responsabilidade civil pode ser configurada a partir de diferentes cenários, seja por quebra de contrato ou por prática de um ato ilícito no Direito Civil, como a negligência ou omissão voluntária.
A responsabilidade civil se biparte em duas formas, sendo estudada como teoria subjetiva e teoria objetiva, a primeira tem como embasamento a culpa, fundada exclusivamente na reprovabilidade social e no animus agendi podendo ser interpretada também pela previsibilidade do resultado somada a violação de um cuidado, devendo ser comprovado tais requisitos para que enseje a reparação do dano causado.
A responsabilidade civil responsabiliza o causador do dano por eventuais prejuízos causados a vitima, seja ele na esfera patrimonial ou extrapatrimonial, assim prevê o Código Civil Brasileiro
Para dar prosseguimento ao trabalho passaremos analisar os temas, fazendo uma breve comparação da responsabilidade subjetiva e objetiva a responsabilidade civil do empregador por acidente de trabalho e atos praticados pelos seus empregados.
EVOLUÇÃO HISTORICA
Nos primórdios da civilização humana sobressaía a vingança coletiva, que versava sobre a reação conjunta do grupo contra o agressor. Com o tempo, essa vingança coletiva se transformou em vingança privada, no qual se baseava na lei do talião, em que se pagava o mal com o mal, de forma individual. 
Neste contexto social, o legislador passou a intervir de modo a não permitir a vingança com as próprias mãos. Assim, houve uma evolução com a chamada “Lei das XII tábuas”, que determinou as penas a serem pagas pelo ofensor. Porém, ainda com severos resquícios de vingança. Logo, passou o ofensor a ter que reparar o dano mediante prestação da pena, que poderia ser uma quantia em dinheiro ou outros bens, entretanto esse método se tornou ineficaz.
Sob a influência da Revolução Industrial surgiram novas teorias, que beneficiavam o empregado. No Brasil, no código civil de a1916 adotou-se a teoria da responsabilidade subjetiva, baseada na apuração da culpa como regra geral da responsabilidade civil.
O código civil de 2002 adota a teoria do risco profissional, uma inovação para nosso ordenamento jurídico visto que o mesmo adota as duas teorias sendo a objetiva aquela que independe de culpa e dolo, provando apenas o nexo causal e o dano causado para haver configuração de responsabilidade por parte do empregador. 
Portanto, nosso atual ordenamento jurídico reconhece expressamente, tanto a responsabilidade subjetiva quanto objetiva.
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
A palavra “responsabilidade” origina-se do latim respondere, que encerra a ideia de segurança ou garantia da restituição ou compensação do bem sacrificado. Teria, assim, o significado de recomposição, de obrigação de restituir ou ressarcir. (GONÇALVES, 2016, p. 41).
Segundo o doutrinador Calos Alberto Gonçalves:
“Pode-se afirmar, portanto, que responsabilidade exprime ideia de contraprestação, de reparação de dano. Sendo múltiplas as atividades humanas, inúmeras são também as espécies de responsabilidade, que abrangem todos os ramos do direito e extravasam os limites da vida jurídica, para se ligar a todos os domínios da vida social.”
A jurista Maria Helena Diniz também define responsabilidade civil:
“Aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva).” 
NATUREZA JURIDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Tanto a responsabilidade civil quanto a responsabilidade penal são decorrentes da prática de um ato ilícito, ou seja, da violação de uma norma jurídica, gerando desequilíbrio social.
Concluímos que a natureza jurídica da responsabilidade será sempre sancionadora, independente se ela se materializa como pena, indenização ou compensação pecuniária.
São requisitos necessários para configuração da responsabilidade civil: o fato antijurídico, nexo de imputação, dano, nexo de causalidade e ofensa a bem jurídico protegido.
Fato antijurídico: é a ação ou omissão da pessoa, por fato próprio ou de terceiro, e até mesmo por eventos da natureza nos casos de risco da atividade, que sendo contrários a lei, em si ou por suas consequências causem danos a outrem.
Nexo de imputação: é o fundamento ou razão para atribuir a responsabilidade pelo evento danoso a alguma pessoa, quer seja por sua culpa ou elo risco da atividade por ele desempenhado.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA 
De forma sucinta, a responsabilidade civil é regida por nossa legislação pátria nos mais variados diplomas, visando sempre à reparação dos danos causados ao ofendido, desde que se constate a existência dos pressupostos obrigatórios e facultativos para resolução da lide, conforme já citado o dano em si, o nexo de causalidade e nos casos necessários a culpa.
A responsabilidade civil subjetiva é aquela que depende da existência de dolo e culpa por parte do agente causador do dano. Tem os seguintes pressupostos: a conduta (ação ou omissão), o dano, nexo causal, culpa ou dolo. Em regra, a conduta humana deve estar em ilicitude para gerar o dever de indenizar.
 O código Civil de 2002 define ato ilícito como:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
A responsabilidade objetiva é decorrente dos princípios da solidariedade social e da justiça distributiva nascida pela necessidade de indenizar em situações que não seria necessário provar culpa. Tem como pressupostos apenas a ação e omissão, o nexo causal e o dano, sem culpa ou dolo.
A responsabilidade civil independente de culpa foi adotada no código civil 2002 conforme o artigo 927:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O elemento da culpa é diferenciador entre responsabilidade civil subjetiva e objetiva. Pablo Stolze Gagliano (Vol. 3, 14ª ed. 2016) define culpa:
Culpa (em sentido amplo) deriva da inobservância de um dever de conduta previamente imposta pela ordem em atenção a paz social.
A culpa é caraterizada, quando agente age com negligencia, imprudência ou imperícia. Nota-se por este artigo que o código civil adotou a teoria do risco, cabendo responsabilidade objetiva em duas situações: nos casos específicos em lei e quando a atividade, normalmente desenvolvido pelo autor do dano, implica risco para direitos de outrem.
Carlos Roberto Goncalves (2016, p.46) traz a definição de responsabilidade civil subjetiva e objetiva da seguinte forma:
Diz-se, pois, ser “subjetiva” a responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com doloou culpa.
Na responsabilidade civil objetiva tem o seguinte conceito:
Na responsabilidade objetiva prescinde-se totalmente da prova da culpa. Ela é reconhecida, como mencionado, independentemente de culpa. Basta, assim, que haja relação de causalidade entre a ação e o dano.
2.4 DIFERENÇA ENTRE RESPONSAILIDADE CIVIL E PENAL
A responsabilidade penal, segundo Heleno Claudio Fragoso, é o dever jurídico e responder pela ação do delito que recai sobre o agente imputável. Lá a responsabilidade civil, nos dizeres de Maria Helena Diniz, é a aplicação das medidas que obriguem uma pessoa a reparar o ano moral um patrimonial, em razão do ato por ela mesma praticado. 
2.5 AÇÃO DE REGRESSO
O empregador ainda pode aplicar a ação de regresso contra o empregado, uma vez que aquele visa tão somente seu ressarcimento, podendo optar o empregador pela denunciação a lide, que se faz através de uma ação secundária no próprio curso da ação principal, que será julgada simultaneamente com a ação principal.
Tal hipótese tem embasamento legal no artigo 934 do Código Civil Brasileiro de 2002, que explicita:
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pagado daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu absoluta ou relativamente incapaz. 
É importante salientar, que a relação de emprego não exclui o direito ao regresso, uma vez que no contrato trabalhista não se faz presente a relação de descendente, quanto à capacidade do agente causador, deve-se observar a situação em concreto, devido a várias empresas pactuarem contratos com pessoas relativamente incapazes.
 RESPOSABILIDADE CIVIL PELO ACIDENTE DE TRABALHO
CONCEITO DE ACIDENTE DO TRABALHO
Acidente o trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando assim, lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para a atividade laboral.
No que se refere a caracterização do acidente do trabalho, é necessário que se observe a presença de alguns requisito que possuem grande relevância, que são denominados nexos de causalidade. São eles: acidente ocorrido no percurso, ou durante a atividade laboral, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para a atividade laboral.
Alguns exemplos de acidente de trabalho são:
Quando, na realização de serviços, sob a autoridade da empresa;
Na prestação espontânea de qualquer serviço a empresa para evitar prejuízo ou conceder proveito;
Em viajem a serviço de empresa, inclusive para fins de estudo, quando financiada por esta, para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive se o veículo for de propriedade do empregado;
No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquele, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive se o veículo for de propriedade do empregado;
CLASSIFICAÇÃO
São três espécies de acidente do trabalho: acidente do trabalho típico, doença profissional e doença do trabalho atípico.
Considera-se acidente do trabalho as seguintes atividades mórbidas (art. 20, CLT): 
Doença profissional, no qual é a produzida ou é decorrente do exercício do trabalho peculiar a determinação da atividade e resultante da respectiva relação descrita pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social;
Doença do trabalho, adquirida ou desencadeada em função das condições especiais em que o trabalho é feito, ou que com eles se relacionem diretamente, com previsão na relação mencionada no item anterior;
RELAÇÃO DE EMPREGO
TEORIAS SOBRE O DEVER DE INDENIZAR 
5.1. CULPA AQUILIANA 
A culpa aquiliana tem sua origem no direito romano, consiste no que conhecemos por culpa extracontratual, ou seja, aquele dever comum de cuidado que, quando não observado, gera dano a outra, mas sua proteção não está previamente resguardada por qualquer contrato.
5.2. TEORIA CONTRATUAL 
Esta teoria nasce pela ineficácia da teoria anterior. A teoria contratual destaca a proteção ao trabalhador que, desprotegido então, começa a contar com certa vantagem processual, já que não era necessário provar a culpa. Contudo, mesmo com base nesses avanços, os riscos do trabalho e o consequente amparo ao trabalhador continuavam mal garantidos, pois muitos dos acidentes típicos de trabalho não eram passíveis de indenização, sobretudo aqueles que ocorressem por caso fortuito, força maior e culpa de outros empregados.
5.3. TEORIA OBETIVA
Essa teoria surgiu na França e foi uma evolução da teoria contratual, pela qual o perigo e a obrigação de reparar devem resultar o exercício da atividade e não do comportamento do agente, independente do dolo ou da culpa. Essa evolução foi encabeçada pelo Saleilles e Josserand, que trouxeram uma nova concepção da responsabilidade sem culpa.
5.4. TEORIA DO RISCO PROFISSONAL
A teoria objetiva, no tocante ao âmbito empresarial, recebe a denominação de teoria do risco profissional, dispensando o acidentado de demonstrar culpa do empregador.
A teoria do risco profissional sustenta que o dever de indenizar tem lugar sempre que o fato prejudicial é uma decorrência da atividade ou profissão do lesado e que foi ela desenvolvida especificamente voltada à justificativa da responsabilidade pelo acidente do trabalho, ou dele decorrente, independentemente da verificação de culpa do empregador.”. (FILHO; 2003: p.60-64).
Acidentes e doenças provenientes do trabalho passaram a contar com a devida cobertura previdenciária, independente de culpa. 
Devido ao avanço da seguridade social originou-se uma nova teoria, que trouxe importantes modificações a respeito da responsabilidade pelo acidente do trabalho: a teoria do risco social.
 
5.5. TEORIA DO RISCO SOCIAL 
A responsabilidade pelos riscos profissionais não é tão somente do empregador, mas de toda sociedade, que irá ajudar coletivamente para o custeio. A empresa concorre para o desenvolvimento social coletivo, gera empregos, faz circular empresa, desenvolve novas técnicas e produtos, extraem-se parcelas na forma de imposto, por isso não seria justo o empregador suportar sozinho todos os ônus da atividade, pois quem lucra é toda a sociedade. De forma sucinta, ao criar o risco, a empresa colabora com os seus serviços para o desenvolvimento a sociedade e essa passa a dividir a responsabilidade pelo mesmo. 
Portanto a responsabilidade pelos danos provenientes de acidentes do trabalho deve ser de toda a sociedade, observando o principio da função social da empresa. Desta forma, a previdência social tem responsabilidade objetiva, onde o empregado é resguardado.
DA FORMA E DO LUGAR DO ACIDENTE DE TRABALHO
 
PREVENÇÃO PELO ACIDENTE DE TRABALHO 
REPARAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO LESADO
CONCLUSÃO 
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA X OBJETIVA 
De forma sucinta, a responsabilidade civil é regida por nossa legislação pátria nos mais variados diplomas, visando sempre à reparação dos danos causados ao ofendido, desde que se constate a existência dos pressupostos obrigatórios e facultativos para resolução da lide, conforme já citado o dano em si, o nexo de causalidade e nos casos necessários a culpa.
A responsabilidade civil subjetiva é aquela que depende da existência de dolo e culpa por parte do agente causador do dano. Tem os seguintes pressupostos: a conduta (ação ou omissão), o dano, nexo causal, culpa ou dolo. Em regra, a conduta humana deve estar em ilicitude para gerar o dever de indenizar.
 O código Civil de 2002 define ato ilícito como:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
A responsabilidade objetiva é decorrente dos princípios da solidariedade social e da justiça distributiva nascida pela necessidade de indenizar em situações que não seria necessário provar culpa. Tem como pressupostosapenas a ação e omissão, o nexo causal e o dano, sem culpa ou dolo.
A responsabilidade civil independente de culpa foi adotada no código civil 2002 conforme o artigo 927:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O elemento da culpa é diferenciador entre responsabilidade civil subjetiva e objetiva. Pablo Stolze Gagliano (Vol. 3, 14ª ed. 2016) define culpa:
Culpa (em sentido amplo) deriva da inobservância de um dever de conduta previamente imposta pela ordem em atenção a paz social.
A culpa é caraterizada, quando agente age com negligencia, imprudência ou imperícia. Nota-se por este artigo que o código civil adotou a teoria do risco, cabendo responsabilidade objetiva em duas situações: nos casos específicos em lei e quando a atividade, normalmente desenvolvido pelo autor do dano, implica risco para direitos de outrem.
Carlos Roberto Goncalves (2016, p.46) traz a definição de responsabilidade civil subjetiva e objetiva da seguinte forma:
Diz-se, pois, ser “subjetiva” a responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa.
Na responsabilidade civil objetiva tem o seguinte conceito:
Na responsabilidade objetiva prescinde-se totalmente da prova da culpa. Ela é reconhecida, como mencionado, independentemente de culpa. Basta, assim, que haja relação de causalidade entre a ação e o dano.
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR POR ATOS PRATICADOS PELOS SEUS EMPREGADOS.
Atualmente a legislação prevê situações da responsabilidade civil por ato de terceiro em que o agente que causou o dano mantem um vínculo jurídico, por natureza legal e contratual, com dever de indenizar.
Tal responsabilidade só é atribuída em razão do poder diretivo do empregador. (art. 3º CLT).
Na responsabilidade por ato de terceiro, quando relação entre o dano e conduta ocorre ao terceiro será a quem correrá o dever de reparar o dano mal causado, em decorrência de vinculo jurídico. Em regra, responde pela reparação civil o causador do dano. Para as indenizações por Acidente do trabalho ou doenças ocupacionais, o responsável direto é o empregador, mesmo que o acidente provenha de atos culposos dos seus prepostos ou de outros empregados que estejam no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
No antigo Código Civil de 1916 a responsabilidade pelos atos dos prepostos, serviçais ou empregados dependia de comprovação de que o empregador tivesse concorrido com culpa ou negligência para o implemento do dano, conforme previa o art. 1.523. Essa exigência, contudo, foi mitigada, em 1963, quando o Supremo Tribunal Federal adotou a Súmula 341 como seguinte teor: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.
O Código Civil de 2002 superou a hesitação do Código anterior e estabeleceu, sem deixar Margem a dúvidas, que o empregador responde pelos atos dos seus empregados, serviçais ou Prepostos desde que estejam no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele (art.932, III). Para evitar questionamentos e deixar evidente o alcance do preceito, prevê o art. 933 que o empregador responde por tais atos, ainda que não haja culpa de sua parte. Com efeito, a norma atual foi além da simples presunção de culpa da Súmula 341 do STF, visto que consagrou a responsabilidade patronal pelo dano pelo menos culposo causado por seus empregados ou Prepostos. Importa esclarecer, todavia, que o fato de o acidente ter sido provocado por prepostos ou empregados não implica automaticamente a responsabilidade prevista no art. 932, III, do Código Civil.
O empregador responde objetivamente pelos danos causados por seus empregados ou prepostos, mas é necessário verificar se o mencionado dano é mesmo passível de indenização. Se não estiverem presentes todos os pressupostos da responsabilidade civil, por óbvio não cabe a condenação indireta da empresa. Desse modo, primeiramente é preciso conferir se no momento do acidente o causador do dano (empregado ou preposto da empresa) estava no exercício do trabalho que lhe competia ou se atuava em razão do vínculo mantido com o empregador. Se a resposta for negativa, não haverá nexo causal do dano com o trabalho. Nessa hipótese, o empregado ou preposto causador do dano responderá isoladamente pela indenização. 
Em segundo lugar, pode ser que haja alguma excludente do nexo causal que exonere de responsabilidade o causador do acidente — e, consequentemente, também o empregador —, tais como: motivo de força maior ou caso fortuito, culpa exclusiva da vítima, legitima defesa ou fato de terceiro. A responsabilidade do empregador é objetiva, conforme o art. 932 é também responsável pela reparação civil:
 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
O empregador responde não só pelos atos ilícitos causados por seus empregados diretos, mas por todos os trabalhadores que lhe prestem serviços ou alguma atividade em seu nome ou proveito, pouco importando a natureza jurídica do vínculo. O vocábulo “preposto”, indicado no art. 933, III, do Código Civil, tem sido interpretado com bastante amplitude entendendo-se como tais os autônomos, prestadores de serviço em geral, estagiários, cooperados, mandatários, parceiros, representantes comerciais, entre outros. É oportuno citar, neste passo, magistério de Maria Helena Diniz:
O preposto ou empregado é o dependente, isto é, aquele que recebe ordens, sob o poder de direção de outrem, que exerce sobre ele vigilância a título mais ou menos permanente. O serviço pode consistir numa atividade duradoura ou num ato isolado (pessoa que se incumbe de entregar uma mercadoria), seja ele material ou intelectual. Pouco importará que o preposto, serviçal ou empregado seja salariado ou não, bastará que haja uma subordinação voluntária entre ele e o comitente, ou patrão, pois a admissão de um empregado dependerá, em regra, da vontade do empregador, que tem liberdade de escolha. O empregado ou preposto são pessoas que trabalham sob a direção do patrão, não se exigindo que entre eles haja um contrato de trabalho Bastará que entre eles exista um vínculo hierárquico de subordinação. 
Na linha desse entendimento, é oportuno transcrever a ementa de um julgado em que atuamos como Relator, cuja decisão adotou a responsabilidade objetiva do empregador por ato ilícito praticado por seu empregado.
A RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR
Primeiramente devemos nos ater ao objeto aqui trabalhado, que trata-se da relação de emprego na sua forma básica, em regra a relação de serviço é composta pelo empregador e pelo empregado, que mediante contrato escrito ou verbal, constata-se uma prestação serviços de natureza não eventual e sob subordinação, havendo como contraprestação de salário.
A C. L. T define de forma explícita o empregado e o empregador, assim ditos seus artigos 2º e 3º.
CLT, Artigo 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
CLT, Artigo 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (Decreto – Lei nº 5.452, 1943).
Observando os ensinamentos de Neto e Cavalcante (2011) devemos nos atentar ao caráter personalíssimo da obrigação e suas resalvas, destarte defendem os referidos doutrinadores:
A relação empregatícia é pessoal, visto que o empregado não pode fazer substituir por outra pessoa durante a prestação dos serviços, denotando o caráter deuma obrigação personalíssima. Assevere-se, porém, que o aspecto intuitu personae não implica a exclusividade de possuir um único tomador de seus serviços. O trabalhador subordinado pode ter vários empregadores, desde que tenha tempo e de acordo com as peculiaridades de cada relação. Quanto ao empregador, o contrato de trabalho, como regra, não assume o caráter de ser intuitu personae, face ao fenômeno da sucessão trabalhista. (NETO; CAVLCANTE, 2011, p. 71)
Assim podemos perceber facilmente que a relação entre empregador e empregado é minuciosa e detalhista, onde essencialmente o trabalhador presta serviços, por força da relação de emprego, subordinado às ordens do empregador, constatando-se uma relação de emprego, assim definida por Mozart Russoumano (2002):
Relação de emprego é o vínculo obrigacional que une, reciprocamente, o trabalhador e o empresário, subordinando o primeiro ás ordens legítimo do segundo, através do contrato individual. (RUSSOUMANO, 2002, p. 70)
4. DA AÇÃO DE REGRESSO
O empregador ainda pode aplicar a ação de regresso contra o empregado, uma vez que aquele visa tão somente seu ressarcimento, podendo optar o empregador pela denunciação a lide, que se faz através de uma ação secundária no próprio curso da ação principal, que será julgada simultaneamente com a ação principal.
Tal hipótese tem embasamento legal no artigo 934 do Código Civil Brasileiro de 2002, que explicita:
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pagado daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu absoluta ou relativamente incapaz. 
É importante salientar, que a relação de emprego não exclui o direito ao regresso, uma vez que no contrato trabalhista não se faz presente a relação de descendente, quanto à capacidade do agente causador, deve-se observar a situação em concreto, devido a várias empresas pactuarem contratos com pessoas relativamente incapazes.
5. EMENDA – ACIDENTE FATAL CAUSADO NO ESTABELECIMENTO DA EMPRESA POR CULPA DE COLEGA DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR.
No início do século XX o empregador só respondia pelos danos causados por seus empregados se ficasse também comprovada a sua culpa ou descumprimento do seu dever de vigilância. A Partir de 1963, o STF adotou o entendimento de que é presumida a culpa do patrão pelo ato culposo do seu empregado (Súmula 341). O Código Civil de 2002 deu mais um passo em benefício da vítima ao estabelecer a responsabilidade do empregador, independentemente de qualquer culpa de sua parte, pelos danos causados por culpa de seus empregados ou prepostos, conforme previsto nos arts. 932, III e 933.
Assim, restando comprovado que o acidente fatal foi causado por empregado da reclamada que numa atitude inconsequente, a título de simples brincadeira, desloca a carregadeira que se encontra sob sua direção sobre colegas de trabalho, causando a morte imediata de um deles por decapitação, é imperioso deferir a responsabilidade civil da empresa pela indenização postulada pelos dependentes da vítima.
É pacífico o entendimento de que o empregador responde pelos danos causados, ainda que o seu empregado ou preposto extrapole suas funções ou atue abusivamente.
5.1. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR POR ACIDENTE DE TRABALHO 
O empregado é sujeito e não objeto da relação contratual, e não pode sofrer qualquer dano pelo simples fato de executar o contrato de trabalho, ainda mais quando a assunção do risco da atividade econômica é determinada por lei ao empregador (art. 2º da CLT). Quando se fala em responsabilidade civil do empregador no acidente de trabalho deve-se atentar ao conceito amplo que esse último abarca, uma vez que seu conceito abrange não apenas o acidente em si, caracterizado por uma lesão corporal, funcional, que possa incapacitar o obreiro ou mesmo levá-lo a morte; mas também pelas doenças ocupacionais desencadeadas pelo exercício do trabalho peculiar a dada atividade (doença profissional).
 É certo, porém, que o empregador, que responde pelo acidente provocado abusivamente (Dolosamente) por seu empregado ou preposto, poderá ajuizar ação regressiva para tentar o reembolso dos valores despendidos, conforme previsto no art. 934 do Código Civil ou mesmo promover o desconto nos salários. Entretanto, se o empregado que causou o acidente tiver agido apenas com culpa, o empregador deverá, além de comprová-la de forma convincente, exibir a cláusula do contrato de trabalho estabelecendo a possibilidade de desconto pelos danos causados, conforme previsto no art. 462, § 1º, da CLT.
É preciso registrar, para evitar equívocos, que na maioria dos acidentes do trabalho há alguma participação ocasional ou incidental, direta ou indireta, de colega ou colegas de trabalho. São riscos criados pela própria dinâmica das atividades desenvolvidas, ou mesmo perigo decorrente de descuido do empregador em adotar as medidas preventivas adequadas. Em tais hipóteses a responsabilidade do empregador, quando cabível, é direta porque os seus prepostos ou empregados estavam atuando licitamente no cumprimento das suas atribuições regulares. A responsabilidade indireta aqui tratada somente ocorre quando a causa do sinistro reside no comportamento ilícito do empregado ou preposto e tenha sido fator determinante para o acidente do trabalho.
CONCLUSÃO 
Conclui-se por fim que, caracterizada a relação de emprego o empregador é o único sujeito a responsabilidade objetiva devido ao seu poder diretivo. O empregado incapacitado não será responsabilizado.
Nota-se que o código civil adota as duas teorias, sendo a objetiva uma exceção imputada a alguns casos como o artigo 932 e seus incisos e a subjetiva a regra para os demais. 
 a teoria do risco, cabendo a responsabilidade objetiva em duas ocasiões: nos casos específicos em lei e quando a atividade, normalmente desenvolvido pelo autor do dano, implica risco para direitos de outrem. 
REFERÊNCIAS 
Código Civil de 2002;
Sumula 341 do Supremo Tribunal Federal;
Direito Civil Brasileiro, Carlos Alberto Gonçalves, V.4, 2016, Ed. Saraiva;
Novo Curso de Direito Civil, Pablo Stolze, Vol. 3, 14ªEd., 2016, Ed. Saraiva;
RUSSOUMANO, 2002, p. 70;
NETO; CAVLCANTE, 2011, p. 71;
Decreto – Lei nº 5.452, 1943;
Maria Helena Diniz;
Lei nº 10.406, 2002;
BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. 104.ed. São Paulo: Atlas, 2000. Coletânea de Legislação.
BRASIL. Código civil. Organização de Sílvio de Salvo Venosa. São Paulo: Atlas, 1993.
BRASIL. Superior Tribunal Federal. Súmula nº 341.

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