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DIREITO PENAL PROF:- JESUS ROMÃO - DATA : 31.10.2017 1 Prof. Jesus Romão SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 2 Prof. Jesus Romão Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas. 3 Prof. Jesus Romão Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I – o condenado não seja reincidente em crime doloso; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III – não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do Código. § 1.º A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. § 2.º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4 (quatro) a 6 (seis) anos, desde que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. 4 Prof. Jesus Romão 5 Prof. Jesus Romão O Código Penal possui duas espécies de sursis: a) Sursis simples - 77, § 1 b) Sursis especial - 78, § 2 C) Etário - 77, § 2º D) Humanitário - 77, § 2º, in fine 6 Prof. Jesus Romão 7 Prof. Jesus Romão O período de prova tem início com a audiência admonitória, assim chamada pelo art. 161 da Lei de Execução Penal, também conhecida como audiência de advertência, realizada pelo juiz depois do trânsito em julgado da condenação. Nessa audiência, o juiz procede à leitura da sentença ao condenado, advertindo-o das consequências de nova infração penal e do descumprimento das condições impostas (LEP, art. 160). 8 Prof. Jesus Romão Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, observando-se o regime prisional (fechado, semiaberto ou aberto) determinado na sentença. Portanto, não se considera o tempo em que permaneceu no período de prova, ainda que, nesse intervalo, tenha cumprido as condições impostas. A revogação pode: obrigatória ou facultativa. revogação obrigatória decorre da lei. É dever do juiz decretá-la, não havendo margem para discricionariedade acerca da decisão de manter ou não a suspensão. revogação facultativa permite ao juiz a liberdade de revogar ou não o benefício 9 Prof. Jesus Romão Revogação obrigatória A revogação obrigatória, nada obstante imponha ao magistrado a atuação em consonância com a lei, não é automática. Exige-se decisão judicial. Com efeito, dispõe o art. 81, I, do Código Penal: “A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário” 10 Prof. Jesus Romão I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso II – frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano III – descumpre a condição do § 1.º do art. 78 deste Código. É causa obrigatória de revogação da suspensão condicional da pena o descumprimento da prestação de serviços à comunidade ou da limitação de fim de semana, no primeiro ano do período de prova do sursis simples. O fundamento é simples: o condenado – que não reparou o dano e possui circunstâncias judiciais desfavoráveis – descumpre uma das condições da suspensão condicional da pena. 11 Prof. Jesus Romão Revogação facultativa art. 81, § 1.º, do Código Penal: “A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos”. Recorde-se que, quando facultativa a revogação, o juiz pode, em vez de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. 12 Prof. Jesus Romão 13 Prof. Jesus Romão A cassação do sursis benefício fica sem efeito antes do início do período de prova. A cassação pode ocorrer em quatro hipóteses: 1.ª) O condenado não comparece, injustificadamente, à audiência admonitória (LEP, art. 161). 2.ª) O condenado renuncia ao benefício. vinculado à aceitação do condenado, podendo o réu preferir o cumprimento da pena. 3.ª) O réu é irrecorrivelmente condenado a pena privativa de liberdade não suspensa. a cassação quando o trânsito em julgado ocorrer antes do início do período de prova 4.ª) A pena privativa de liberdade é majorada em grau de recurso da acusação, passando de dois anos. O sursis anteriormente concedido é cassado pelo tribunal. 14 Prof. Jesus Romão SURSIS E DETRAÇÃO PENAL a suspensão condicional da pena não é compatível com a detração penal. o benefício se destina a impedir a execução de uma pena privativa de liberdade, motivo pelo qual é impossível o desconto do período cumprido a título de prisão provisória no montante da pena imposta, que, por estar suspensa, sequer é objeto de cumprimento pelo condenado. Entretanto, se o sursis for revogado, daí resultará o cumprimento integral da pena privativa de liberdade, autorizando-se, a partir de então, a aplicação do instituto da detração penal e de todos os seus efeitos. 15 Prof. Jesus Romão LIVRAMENTO CONDICIONAL 16 Prof. Jesus Romão França - 1846 Brasil - 1890 Prof. Jesus Romão 17 é o benefício que permite ao condenado à pena privativa de liberdade superior a 2 (dois) anos a liberdade antecipada, condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda imposta e sejam observados os demais requisitos legais. 18 Prof. Jesus Romão Antecipada - condenado retorna ao convívio social antes do integral cumprimento da pena privativa de liberdade. Condicional - Durante o período restante da pena (período de prova) o egresso submete-se ao atendimento de determinadas condições fixadas na decisão que lhe concede o benefício. Precária - pode ser revogada se sobrevier uma ou mais condições previstas nos arts. 86 e 87 do Código Penal Prof. Jesus Romão 19 20 Prof. Jesus Romão Requisitos objetivos O art. 83, I, II, IV e V, do Código Penal exige, para concessão do livramento condicional, 4 (quatro) requisitos objetivos, relacionados à pena e à reparação do dano: 1) Espécie da pena Deve ser privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples). 2) Quantidade da pena igual ou superior a 2 (dois) anos. “As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento”. 21 Prof. Jesus Romão 3) Parcela da pena já cumprida Para o condenado que não for reincidente em crime doloso e apresentar bons antecedentes, basta o cumprimento de mais de um terço da pena (CP, art. 83, I). Trata-se do livramento condicional simples. 22 Prof. Jesus Romão livramento condicional qualificado No caso, porém, de condenado reincidente em crime doloso, exige-se o cumprimento de mais de metade da pena (CP, art. 83, II). na hipótese de diversos crimes, o requisito objetivo é o cumprimento de mais da metade do total das penas unificadas 23 Prof. Jesus Romão livramento condicional específico condenado pela prática de crime hediondo (Lei 8.072/1990, art. 1.º) ou equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo), é necessário o cumprimento de mais de dois terços da pena, desde que não seja reincidente específico em crimes dessa natureza 24 Prof. Jesus Romão 4) Reparação do dano Dispensa-se esse requisito quando comprovada a efetiva impossibilidade do condenado em atendê-lo (CP, art. 83, IV). Esse requisito pode ser ainda dispensado quando a vítima não for encontrada para ser indenizada, bem como quando renunciar a dívida ou mostrar-se desinteressada em ser ressarcida 25 Prof. Jesus Romão Requisitos subjetivos 1) Comportamento satisfatório durante a execução da pena Esse requisito deve ser comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional, levando em conta o modo de agir do condenado após o início da execução da pena, desprezando-se seu comportamento pretérito. Ainda, nos termos da Súmula 441 do Superior Tribunal de Justiça: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”. É também o entendimento do Supremo Tribunal Federal 26 Prof. Jesus Romão 2) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído Nada obstante a proibição do trabalho forçado (CF, art. 5.º, XLVII, “c”), o exercício de atividade laboral é obrigatório para a concessão do livramento condicional. O preso não é forçado a trabalhar, mas, se não o fizer, será vedado o benefício da liberdade antecipada. Esse requisito deve ser desprezado quando, em face de problemas do estabelecimento prisional, nenhum trabalho foi atribuído ao condenado. 27 Prof. Jesus Romão 3) Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto Exige-se unicamente prova da aptidão para o exercício de trabalho honesto, e não de emprego certo e garantido após a saída do estabelecimento prisional. De fato, requisito dessa natureza inviabilizaria o benefício, pois se até mesmo muitos primários e de vida pretérita escorreita encontram-se desempregados, o que falar-se daqueles que carregam em suas folhas de antecedentes a pecha da condenação por crimes e contravenções penais 28 Prof. Jesus Romão 4) Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir Encontra-se definido pelo art. 83, parágrafo único, do Código Penal, e deve ser constatado pela Comissão Técnica de Classificação, responsável pela elaboração e fiscalização do programa de individualização da execução penal (LEP, arts. 5.º a 9.º). Faz-se um juízo de prognose, direcionado a o futuro, com o propósito de constatar se, em razão de suas condições pessoais, é provável a reincidência pelo condenado. Em caso positivo, nega-se o benefício. 29 Prof. Jesus Romão Esse requisito, obrigatório para os crimes cometidos com violência à pessoa ou grave ameaça, é facultativo para os demais delitos. Pode ser inclusive realizado exame criminológico para elaboração desse prognóstico. Vide sumula vinculante 26 – que trata de progressão de regime nos crimes hediondos - juiz pode determinar o exame criminológico, desde que de modo fundamentado. Prof. Jesus Romão 30 31 Prof. Jesus Romão 32 Prof. Jesus Romão ESPECIFICAÇÕES DAS CONDIÇÕES a liberdade antecipada se sujeita ao cumprimento de condições a serem observadas pelo condenado durante o período de prova ou de experiência Esse tempo restante da pena privativa de liberdade tem início com a cerimônia realizada no estabelecimento prisional em que o condenado cumpre a pena, realizada após a concessão do benefício pelo juízo da execução. Na cerimônia, com suas etapas definidas pelo art. 137 da Lei de Execução Penal, o condenando declara se aceita ou não as condições a que fica subordinado o livramento (CP, art. 85). 33 Prof. Jesus Romão 34 Prof. Jesus Romão REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL possibilidade de revogação a qualquer momento, desde que não sejam cumpridas suas condições, legais, judiciais ou indiretas. A revogação pode ser obrigatória ou facultativa, e suas causas encontram-se disciplinadas pelos arts. 86 e 87 do Código Penal 35 Prof. Jesus Romão Revogação obrigatória Art. 86. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: I – por crime cometido durante a vigência do benefício; II – por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. 36 Prof. Jesus Romão Revogação facultativa Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das condições constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade 37 Prof. Jesus Romão “X”, primário e de bons antecedentes, cumpre, com bom comportamento, pena de vinte anos de reclusão em regime fechado, pela prática do crime de latrocínio. Até o momento, “X” cumpriu quatorze anos do total da pena. Nesse caso, a resposta correta para a pergunta – “X” tem direito à concessão de algum benefício? (A) “X” tem direito ao livramento condicional. (B) “X” tem direito à concessão da liberdade provisória. (C) “X” tem direito à concessão do sursis. (D) “X” tem direito à concessão da suspensão condicional da pena. (E) “X” não faz jus a nenhum benefício por ter praticado crime hediondo. . Prof. Jesus Romão 38 Assinale a alternativa correta: (A) A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional. (B) Não mais se admite o exame criminológico, ainda que em decisão motivada. (C) somente poderá ser concedido ao condenado a pena de reclusão igual ou superior a dois anos. (D) Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, não sendo permitida, entretanto, a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada. Prof. Jesus Romão 39 Caio, reincidente em crime de estupro, também é reincidente em crime de roubo. Diante disso, para obter o livramento condicional, de acordo com o disposto no art. 83, do Código Penal, deverá cumprir (A) mais de três quintos da pena do crime hediondo e mais de um terço da pena do crime de roubo. (B) mais da metade da pena do crime hediondo e mais de dois terços da pena do crime de roubo. (C) integralmente a pena do crime hediondo e mais de dois terços da pena do crime de roubo. (D) integralmente a pena do crime hediondo e mais da metade da pena do crime de roubo Prof. Jesus Romão 40 A suspensão condicional da pena (A) é incabível nos crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. (B) obriga, necessariamente, à prestação de serviços à comunidade ou à limitação de fim de semana no primeiro ano do prazo. (C) é incabível para o condenado reincidente, independentemente da natureza do crime que originou a agravante. (D) é estendida às penas restritivas de direitos e à multa. (E) é subsidiária em relação à substituição por pena restritiva de direitos Prof. Jesus Romão 41 LETRA A: ERRADA (não há esta vedação) Art. 77, CP. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. Prof. Jesus Romão 42 LETRA B: ERRADA Art. 78, CP. Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º. No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). § 2°. Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Prof. Jesus Romão 43 LETRA C: ERRADA Art. 77, CP. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. LETRA D: ERRADA Art. 80, CP. A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa. Prof. Jesus Romão 44 LETRA E: CERTA Art. 77, CP. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código Prof. Jesus Romão 45 A revogação facultativa do sursis é possível quando o beneficiado a) não cumpre as condições de prestar serviços à comunidade ou de se submeter à limitação de fim de semana, previstas no § 1º do artigo 78 do Código Penal. b) é condenado por crime doloso em sentença irrecorrível. c) é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. d) frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano. e) descumpre qualquer obrigação imposta ou não efetua, de qualquer modo, a reparação do dano. Prof. Jesus Romão 46 Pode o Magistrado conceder "sursis" num processo, sabedor que já fora concedido "sursis" ao mesmo sentenciado em outro processo? A. Tudo dependerá de que tipo de delito o réu praticou. B. Não pode, eis que o "sursis" só é concedido a réus primários. C. Pode, desde que preenchidos os requisitos previstos no Código Penal. D. Não pode, tendo em vista que só compete ao Juiz das Execuções Criminais a concessão do "sursis". Prof. Jesus Romão 47