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RC - 1ª aula - alunos.doc
- ESQUEMA DE AULA -
(1ª aula)
Tópicos a serem ministrados na aula:
1. Noções históricas e conceituais.
2. Responsabilidades: moral, civil, penal e administrativa.
3. Conceito de responsabilidade civil.
NOÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS
	É difícil precisar o histórico da responsabilidade civil, pois num período mais remoto ela retinha o agente, isto é, aquele por cujo fato o prejuízo foi causado, ao invés do autor, aquele que provocou o dano por sua culpa.
	Nas civilizações mais arcaicas, a idéia era de punir o dano, instituindo contra o causador um sofrimento igual. Já no Direito Romano, o conceito de responsabilidade, construído a partir de casos concretos, decisões dos juízes e dos pretores, serviu de base para o que temos hoje.
	No início, os romanos associavam a idéia de responsabilidade com a de vingança. Depois, vêm as fases da composição voluntária, das composições legais e da repartição pelo Estado. Nesta época, não existia qualquer diferença entre responsabilidade civil e penal, pois esta só surgirá quando sair de cena a punição e entrar a reparação. A partir do momento que a autoridade pública assegura a punição do culpado é que o aspecto civil se dissocia do penal.
Esta equivalência da punição do mal com o mal, esboça a perspectiva de uma composição entre a vítima e o ofensor, uma vez que ao membro quebrado se faça o mesmo em relação ao causador do dano, na falta de um acordo. Aí já se apresenta uma composição voluntária: ao invés da vítima impor o mesmo sofrimento ao agente, recebia, a este título, uma importância em dinheiro ou em bens.
No entanto, os romanos não chegaram a substituir totalmente a vingança privada por uma norma geral definidora da responsabilidade civil, relacionando-a, por isso, com a penal. Não se cogitava de satisfazer a vítima ou sua família, mas sim de atingir aquele que materialmente causou um dano.
No Brasil, nosso direito pré-codificado pode ser estudado em três fases distintas, no tocante à responsabilidade civil. A primeira, em que as Ordenações do Reino ainda utilizavam o Direito Romano. A segunda, com o Código Criminal de 1830, que esboça, no instituto da satisfação, a idéia de ressarcimento. E a terceira, com Teixeira de Freitas, que defendia independência entre a responsabilidade civil e criminal.
Da influência dessas idéias, nasceu o CC/16 e seu famoso art. 159 e, depois, o CC/02, que dedicou três artigos à responsabilidade civil na Parte Geral (arts. 186, 187 e 188) e, também, dois capítulos, um à “obrigação de indenizar” e o outro à “indenização”, sob o título “Da Responsabilidade Civil”.
RESPONSABILIDADES: MORAL, CIVIL, PENAL E ADMIN.
	Primeiramente, podemos dizer que a responsabilidade moral é aquela que está interiorizada nos indivíduos de nossa sociedade. É, em outras palavras, a responsabilidade que cada um tem para com seus atos, praticando-os de acordo com o senso que possuem sobre justiça, isto é, de certo ou errado, e que, portanto, deve nortear a conduta do agente.
	Pertence, portanto, à seara da consciência do indivíduo, razão pela qual a censura pela transgressão não se exterioriza, sendo incumbência da própria consciência.
Já a responsabilidade jurídica é a resposta do sistema à violação de normas jurídicas, de cunho civil ou penal.
	Por isso, convém distinguir a responsabilidade civil da penal. Em ambas, encontramos, basicamente, a infração a um dever por parte do agente. No caso do crime, o delinqüente infringe uma norma de direito público e seu comportamento perturba a ordem social; por conseguinte, seu ato provoca uma reação no ordenamento jurídico, que não pode se compadecer com uma atitude individual dessa ordem. A reação da sociedade é representada pela pena.
Note-se que, na hipótese, a existência ou não de prejuízo experimentado pela vítima é indiferente para a sociedade.
No caso do ilícito civil, ao contrário, o interesse diretamente lesado em vez de ser o interesse público é o privado. O ato do agente pode não ter infringido norma de ordem pública; não obstante como seu procedimento causou dano a alguma pessoa, o causador do dano deve repará-lo. Aqui, a reação da sociedade é representada pela indenização a ser exigida pela vítima do agente causador do dano. Todavia, como a matéria é de interesse apenas do prejudicado, se este se resignar a sofrer o prejuízo e se mantiver inerte, nenhuma conseqüência advirá para o agente causador do dano.
É possível, entretanto, que o ato ilícito pela sua gravidade e suas conseqüências, repercuta tanto na ordem civil quanto na penal, infringindo, assim, tanto a norma de direito público, quanto a de direito privado, havendo, pois, uma dupla reação do ordenamento jurídico. Neste caso, o agente se torna, ao mesmo tempo, obrigado civil e criminalmente. E, assim, terá de responder perante o lesado e perante a sociedade.
Sob outros aspectos distinguem-se, ainda, a responsabilidade civil e a responsabilidade penal. Esta é pessoal, intransferível. Responde o réu com a privação de sua liberdade. Por isso deve estar ele cercado de todas as garantias contra o Estado. A este incumbe reprimir o crime e deve arcar sempre com o ônus da prova. Na esfera civil, porém, é diferente. A regra de que incumbe ao autor provar, sofre hoje muitas exceções, não sendo tão rigorosa como no processo penal. Na responsabilidade civil não é o réu, mas a vítima que, em muitos casos, tem de enfrentar entidades poderosas.
A tipicidade é um dos requisitos genéricos do crime. É necessário que haja perfeita adequação do fato concreto ao tipo penal. No cível, no entanto, qualquer ação ou omissão pode gerar responsabilidade civil, desde que viole direito e cause dano a outrem.
A imputabilidade também é retratada de modo diverso. Somente os maiores de 18 anos são responsáveis, civil e criminalmente, por seus atos. No cível, porém, admite-se exceção (art. 928, § único, CC).
Por último, a responsabilidade civil administrativa está prevista na CF, mais precisamente no art. 37, § 6º, que adotou a teoria objetiva para responsabilização do Estado.
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
	Não é tarefa das mais simples conceituar responsabilidade civil. A própria doutrina não é unânime. O problema em foco é o de saber se o prejuízo experimentado pela vítima deve ou não ser reparado por quem o causou. Se a resposta for afirmativa, cumpre indagar em que condições e de que maneira será tal prejuízo reparado.
	Desta forma, a responsabilidade civil consiste na obrigação do agente causador do dano reparar o prejuízo experimentado pela vítima, em razão de ato por ele praticado.
RC - 2ª aula - alunos.doc
- ESQUEMA DE AULA -
(2ª aula)
Tópicos a serem ministrados na aula:
1. Espécies de responsabilidade civil.
2. Pressupostos da responsabilidade civil.
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
	Já estudamos as responsabilidades moral, jurídica (civil e penal) e administrativa.
No entanto, dentro da jurídica a doutrina traz algumas espécies que merecem considerações. São elas:
- Responsabilidade contratual e extracontratual:
Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual. Um exemplo é o do transporte de ônibus; o do comodatário que não devolve a coisa emprestada; o ator que não se apresenta para dar o espetáculo contratado.
Quando a RC não deriva de contrato, diz-se que ela é extracontratual. Neste caso, aplica-se o disposto no art. 186 do CC. Todo aquele que causar dano a outrem fica obrigado a reparar o prejuízo. Esta RC também é conhecida como RC aquiliana.
Na extracontratual, o agente infringe um dever legal, enquanto que na contratual descumpre o avençado, tornando-se inadimplente. Nesta, existe um vínculo entre as partes, o qual não é cumprido, enquanto que na outra, sequer
vínculo existe.
O CC trata da contratual nos arts. 389 e ss a 395 e ss, enquanto que a extracontratual encontra previsão nos arts. 186 a 188 e 927 a 954.
A grande diferença entre estes tipos de responsabilidade reside no ônus da prova. Se a RC é contratual, o credor só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida. O devedor só não será condenado a reparar o dano se provar a ocorrência de alguma das excludentes admitidas na lei: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Incumbe-lhe, pois, o ônus probandi.
	No entanto, se a RC for extracontratual, a do art. 186 do CC (um atropelamento, por exemplo), o autor da ação é que fica com o ônus de provar que o fato se deu por culpa do agente (motorista). 
Outra diferenciação diz respeito às fontes de que promanam. Enquanto a contratual tem sua origem na convenção, a extracontratual a tem na inobservância do dever genérico de não lesar, de não causar dano a ninguém.
Outra distinção diz respeito à capacidade do agente causador do ano. Na RC contratual há uma maior limitação, sendo mais ampla na RC extracontratual. Isto porque a convenção exige agentes plenamente capazes ao tempo de sua celebração, sob pena de nulidade.
Já na extracontratual, o ato do incapaz pode dar origem à reparação por aqueles que legalmente são encarregados de sua guarda. E essa é a tendência do nosso Direito, conforme dispõe o art. 928, CC.
- Responsabilidade subjetiva e objetiva:
Conforme o fundamento que se dê à responsabilidade, a culpa será ou não considerada elemento de reparar o dano.
Para a subjetiva, se não houver culpa, não haverá responsabilidade; de modo que a prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável.
A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em determinadas situações, a reparação de um dano cometido sem culpa. Aqui, a culpa não é elemento necessário, bastando a verificação do dano e do nexo de causalidade. Para esta teoria, todo dano é indenizável e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independentemente de culpa.
Na responsabilidade objetiva a culpa será presumida pela lei (possibilidade em que permite a inversão do ônus da prova), ou, então, a culpa é de todo prescindível. Quanto à presunção, verifica-se tal hipótese na do art. 936 do CC, por exemplo (culpa do dono do animal que venha a causar dano), permitida a prova das excludentes ali mencionadas (sendo seu tal ônus).
A classificação corrente e tradicional, porém, denomina objetiva a responsabilidade que independe de culpa. Esta pode ou não existir, mas será sempre irrelevante para a configuração do dever de indenizar.
Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do risco. Para esta teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiros. E deve ser obrigada a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa. A RC desloca-se da idéia de culpa para a de risco, encarado como “risco-proveito”.
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
	O art. 186 do CC consagra uma regra universalmente aceita: a de que todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo.
	Quatro são os elementos essenciais da RC: ação ou omissão; culpa ou dolo do agente; relação de causalidade e o dano experimentado pela vítima.
Ação ou omissão: a responsabilidade pode derivar de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob sua guarda ou, ainda, de danos causados por coisas ou animais que lhe pertençam. Ato próprio, nas hipóteses de injúria, calúnia ou difamação. Ato de terceiro, no caso de danos causados pelos filhos, tutelados ou curatelados, ficando responsável os pais, tutores ou curadores. Também o empregador responde pelo ato de seus empregados. Coisas ou animais, para evitar que as vítimas ficassem irressarcidas.
Culpa do agente: todos concordam que o art. 186, CC cogita do dolo logo no início: “ação ou omissão voluntária”, passando, posteriormente, a referir-se à culpa: “negligência ou imprudência”. Devemos lembrar que há casos em que a culpa é dispensável (RC objetiva). Faz, também, distinções entre a extensão da culpa (grave, leve ou levíssima). A culpa pode ser ainda in eligendo (má escolha do representante), in vigilando (decorre da ausência de fiscalização), in committendo (decorre de uma ação), in ommittendo (decorre de uma omissão), in custodiendo (falta de cuidados na guarda de animal).
Relação de causalidade: é a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. Vem expressa no verbo “causar” do art. 186. Sem ela, não existe a obrigação de indenizar. Se houve o dano, mas sua causa não está relacionada com o comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade e também a obrigação de indenizar (ex.: suicida que se joga na frente do carro).
Dano: sem a prova do dano ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano pode ser material ou simplesmente moral, isto é, sem repercussão na órbita financeira do ofendido. A inexistência de dano (prejuízo) é óbice à pretensão de uma reparação. Imaginemos um motorista que tenha sido multado várias vezes, mas não atropela ninguém, nem colide com outro veículo. Não haverá indenização, porque inexiste prejuízo, malgrado a ilicitude de sua conduta.
RC - 3ª aula - alunos.doc
- ESQUEMA DE AULA -
(3ª aula)
Tópicos a serem ministrados na aula:
1. Liquidação do dano.
2. Garantias de indenização.
3. Excludentes da responsabilidade civil.
LIQUIDAÇÃO DO DANO
	Dano significa a diminuição ou subtração de um bem jurídico, pois abrange não apenas o patrimônio, mas a honra, a saúde, a vida, todos suscetíveis de proteção.
Indenizar significa reparar o dano causado à vítima, integralmente. Se possível, restaurando o statu quo ante, isto é, devolvendo-a ao estado que se encontrava antes da ocorrência do ato ilícito. Todavia, como na maioria dos casos se mostra impossível tal desiderato, busca-se uma compensação em forma de pagamento de uma indenização monetária.
Deste modo, sendo impossível devolver a vida à vítima de um crime de homicídio, a lei procura remediar a situação, impondo ao homicida uma série de obrigações (pagamento de pensão mensal, funeral, luto da família, etc.).
Assim, o dano patrimonial há de abranger aquilo que efetivamente se perdeu e o que se deixou de lucrar (dano emergente + lucro cessante).
Não podemos esquecer que existirá indenização sem culpa, mas jamais haverá indenização sem dano. O dano é indispensável para pensarmos numa Ação de Indenização. Basta lembrarmos do motorista que recebe multas, mas não se envolve em acidente algum. É o que diz os arts. 402 e 403, ambos do CC.
Além disso, o dano tem que ser ATUAL e CERTO. Atual é o dano que já existe no momento da ação de responsabilidade. Certo é o dano fundado sobre um fato específico e não sobre uma hipótese. Assim, se afasta a possibilidade de um dano eventualmente hipotético, que poderá não se concretizar.
- Espécies de Dano:
Há duas categorias de danos: patrimoniais (materiais) e os extrapatrimoniais (morais). Material é o dano que afeta somente o patrimônio do ofendido. Moral é o que só ofende a vítima como ser humano, não lhe atingindo o patrimônio.
O dano pode ser ainda direto ou indireto (reflexo). Este é também denominado dano e ricochete. É o que acontece, por exemplo, quando o ex-marido, que deve à ex-mulher pensão alimentícia, vem a ficar incapacitado em razão do dano que sofreu. Neste caso, o prejudicado (a ex-mulher) tem ação contra o causador do dano, embora não seja ele diretamente atingido.
- Dano material:
Compete à vítima da lesão pessoal ou patrimonial o direito de pleitear a indenização. Vítima é quem sofre o prejuízo. Assim, num acidente automobilístico, por exemplo, é quem arca com as despesas de conserto,
independentemente de ser ou não o proprietário do bem. Até porque o art. 186, CC não faz distinção entre o proprietário do bem e o detentor. Igual direito tem os herdeiros da vítima (art. 943, CC).
Importante destacar um aspecto: em casos de morte de um chefe de família, a esposa e os filhos menores têm legitimidade de pleitear a indenização não na condição de herdeiros, mas sim de vítimas. Diferente, por exemplo, se o falecido tinha direito a uma indenização e não chegou a entrar com ação. Aqui, sim, o direito de exigir a reparação se transmite aos seus herdeiros.
Beneficiários da pensão são aqueles que viviam sob dependência econômica da vítima. Em relação aos cônjuges e aos filhos menores, essa dependência é presumida. Já com relação aos ascendentes, descendentes e colaterais a indenização só será devida se for comprovada a dependência. Não provada, o ofensor poderá ser condenado, a reparação, por dano moral.
E os companheiros? Atualmente, tem sido admitido o direito da companheira de receber indenização (CF, art. 226, § 3º e art. 1723, CC). Pode haver é uma divisão do valor a ser pago entre a companheira e a esposa.
- Perdas e danos: dano emergente e lucro cessante
- A influência de outros elementos:
1) Cumulação de pensão indenizatória com a de natureza previdenciária
A responsabilidade civil tem, como um de seus pressupostos básicos, a relação de causalidade. Assim, é irrelevante ao ofensor perquirir se a vítima possuía seguro de acidentes pessoais ou tinha algum plano de aposentadoria ou de benefício. É que tais fatos não guardam quaisquer relações com a conduta do agente (ofensor). Lucro e prejuízo devem ocorrer do fato ilícito.
2) Dedução do seguro obrigatório
Diferente é o entendimento no que diz respeito ao seguro obrigatório de responsabilidade civil, instituído para os proprietários de veículos. As verbas recebidas pela vítima a esse título devem ser descontadas da indenização. O mesmo acontece com as verbas destinadas a cobrir as despesas com funeral.
A dedução do seguro obrigatório deve ser sido objeto de apreciação judicial no decorrer da ação, pois, do contrário, tal valor não poderá ser abatido do montante a indenização (vide Súm. 246, STJ).
3) Alteração da situação dos valores
3.1) A correção monetária
Primeiramente, é preciso saber se os valores que integram a indenização devem ser atualizados ou corrigidos monetariamente; se são devidos juros, etc.
Em se tratando de ato ilícito, as verbas devem ser corrigidas monetariamente da data do evento danoso.
Se o cálculo foi feito com base em algum laudo técnico, a correção monetária incidirá a partir da data de sua elaboração e não do ajuizamento da ação.
Já nos casos de ação regressiva por parte da seguradora contra o causador do dano é o da data do desembolso.
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Há certos fatos que interferem nos acontecimentos ilícitos e rompem o nexo causal, excluindo a responsabilidade do agente. As principais excludentes são:
- estado de necessidade;
- legítima defesa;
- culpa da vítima (suicida que se atira na frente do veículo);
- fato de terceiro;
- CF ou FM (raio que derrubou árvore em cima do carro);
- cláusula de não indenizar.
	Tem-se entendido que as concausas preexistentes não eliminam a relação causal, considerando-se como tais aquelas que já existiam quando da conduta do agente e, portanto, gerando a ele responsabilidade. Assim é, por exemplo, se o agente que atropela a vítima, faz com que esta tenha seu quadro agravado por ser diabética ou cardíaca. Isto em nada altera o panorama dos fatos.
	O mesmo se dá em relação à causa superveniente, que em nada favorece o agente. Vamos imaginar, novamente, o atropelamento, sendo que a vítima vem a falecer porque perdeu muito sangue e não foi socorrida a tempo. Embora estes fatos tenham concorrido para a morte da vítima, será irrelevante em relação ao agente.
RC - 4ª aula - alunos.doc
- ESQUEMA DE AULA -
(4ª aula)
Tópicos a serem ministrados na aula:
1. A culpa no cível e no crime.
2. Da relação de causalidade.
A CULPA NO CÍVEL E NO CRIME
	Na maioria das vezes, o ilícito penal é, também, ilícito civil, porque acarreta dano ao ofendido, podendo ser apurada a responsabilidade penal no juízo criminal e, concomitantemente, a responsabilidade civil no juízo cível. Isso pode gerar decisões conflitantes, o que, de certa forma, representaria um desprestígio para a Justiça. Daí porque há dispositivos em ambos os diplomas visando a evitar tal situação (art. 91, I, CP e art. 935, CC) (art. 475-N, II, CPC e art. 63 a 68, CPP).
	Analisando-se os respectivos diplomas, percebe-se que a independência entre a responsabilidade penal e civil é relativa, pois há casos em que a decisão do crime influenciará no cível e vice-versa.
	A princípio, a parte interessada, se quiser, poderá promover a ação para satisfação do dano apenas na esfera civil. Se houver sentença penal condenatória transitada em julgado, em face da influência que tal decisão exerce no cível, será ela exeqüível na jurisdição civil, onde não mais se discutirá o na debeatur (se deve) e sim o quantum debeatur (quanto deve). Se, proposta a ação civil, estiver em curso ação penal, deverá o juiz sobrestar o andamento da primeira (ação civil).
	Não podemos esquecer que o ano pode ser satisfeito na própria esfera penal, assim como o lesado pode lançar mão de medidas acautelatórias.
	- A sentença condenatória proferida no juízo criminal:
	Se a infração penal houver acarretado dano (pois algumas podem não acarretar, como algumas contravenções (vadiagem, por exemplo) e crimes (porte de arma, por exemplo)), a sentença condenatória terá também o efeito de tornar certa a obrigação de indenizar.
	Para condenar, o juiz criminal se pronuncia sobre a existência do fato, admitindo-o e definindo também quem é o seu autor. Não pode haver sentença penal condenatória sem prova da existência do fato e da sua autoria. Por isso que de nada adianta o réu, no cível, alegar que não teve culpa, ou que não foi o autor. Se já foi condenado criminalmente, descabe reexame da questão no cível.
	Importante destacar que a sentença penal condenatória que permite a execução civil é a final, isto é, a que aplicou sanção ao réu e que tenha transitado em julgado. Assim, descabe na sentença de pronúncia ou impronúncia.
	A ação civil que se intenta visando à satisfação do dano produzido pela infração penal é a ação civil ex delicto.
	- Medidas processuais adequadas:
	Há duas espécies do ressarcimento ser pleiteado: pela execução no cível da sentença penal condenatória e pela própria ação de indenização, que independe de sentença penal condenatória e que pode ser proposta paralelamente com a ação penal.
	A primeira terá caráter absoluto, pois a responsabilidade não mais será discutida, enquanto que a segunda poderá ficar suspensa aguardando o desfecho da ação penal.
	No cível, o agente fará apenas a liquidação do dano, pois a condenação criminal não fixa o valor do dano civil a ser reparado (quantum debeatur).
	Inevitável a extração de carta de sentença para instruir a ação civil ex delicto, ou, então, certidão de inteiro teor da condenação.
	- Competência:
	Dispõe o CPC que a ação visando à reparação de dano deverá ser proposta no foro do local onde ocorreu o “ato ou fato” causador do dano (art. 100, V, ‘a’ do CPC).
	A exceção fica por conta das ações de reparação de danos decorrentes de acidente de veículo, cujo art. 100, V, parágrafo único, prevê o foro de domicílio do autor como competente. Nesta caso, haverá três opções: local do fato, domicílio do autor ou domicílio do réu.
	- Legitimidade ativa e passiva:
	A legitimidade
engloba o ofendido, seus representantes legais ou seus herdeiros. Se o credor for pobre, a execução ficará a cargo do MP ou da Defensoria Pública, desde que haja requerimento do interessado.
	No tocante á legitimação passiva, a execução civil causada pelo delito recai exclusivamente sobre a pessoa do condenado, visto que a reparação criminal é pessoal.
	Poderá prosseguir, no entanto, contra os herdeiros ou ser movida diretamente contra estes, que responderão apenas dentro das forças da herança que o falecido lhes deixou.
Questão interessante se coloca na seguinte hipótese: imaginemos uma sentença penal condenatória transitada em julgado contra um funcionário. Será ela exeqüível, no cível, contra o patrão? Quanto ao empregado não paira dúvida. Mas e o patrão? Responde? A corrente majoritária entende que não, pois contra este a vítima do delito não possui título executivo judicial. Terá que demonstrar a corresponsabilidade em processo civil de conhecimento e obter sentença condenatória para servir de título executivo.
- A sentença absolutória proferida no crime:
Diferentemente do que acontece com a sentença penal condenatória, a absolutória nem sempre faz coisa julgada no juízo cível. Ou seja, mesmo o réu tendo sido absolvido no juízo penal, pode ele, em certos casos, vir a ser condenado, no juízo cível, a ressarcir os danos causados à vítima. São as hipóteses dos incisos II, III, IV e VI do art. 366, CPP.
Há casos, entretanto, em que a sentença penal absolutória fará coisa julgada no cível, como, por exemplo, quando se reconhecer que o fato não existiu ou quando não for o réu o autor do crime. O mesmo se diga em relação às excludentes (que estudaremos mais adiante cada uma delas).
- Suspensão do curso da ação civil:
Do que já vimos, cabe acrescentar dois pontos: primeiro, que se trata de uma faculdade do juiz (pois há casos em que a suspensão do processo não muda em nada o quadro probatório) e, segundo, que a suspensão jamais ultrapassará um ano.
Imaginemos a seguinte situação: réu condenado na esfera criminal. Sofre ação civil ex delicto. Após indenizar a vítima no cível, por força de uma Revisão Criminal, consegue ser absolvido no crime. Pode rescindir a condenação no cível? NÃO, por expressa falta de previsão do art. 485, CPC.
Caso a ação civil não tenha sido suspensa e, mesmo tendo andamento, sobrevier sentença penal condenatória com trânsito em julgado, nenhum interesse processual haverá em dar continuidade ao processo de conhecimento, que deverá, assim, ser extinto por falta de interesse de agir, pois o ofendido já passou a dispor de título executivo judicial.
Outra situação: se a ação civil não suspensa for julgada improcedente e a sentença transitar em julgado, poderá a vítima, após o réu vir a ser condenado na esfera criminal, propor ação civil ex delicto? Com exceção de Humberto Theodoro Júnior, que admite tal possibilidade, a maioria da doutrina sustenta o inverso, pois não há nenhuma razão de ordem jurídica param que prevaleça a posterior condenação criminal. Só restaria, ao lesado, assim, a via da ação rescisória, se não decorrido o prazo decadencial de dois anos e desde que presentes uma das hipóteses do art. 485, CPC.
DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
	Um dos pressupostos da Responsabilidade Civil é a existência de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano produzido. E este nexo deve decorrer de uma relação necessária entre o fato e o prejuízo. É necessário que se torne absolutamente certo que, sem esse fato, o prejuízo não poderia ter lugar.
	A dificuldade vem com as chamadas concausas, que podem encobrir a verdadeira causa do dano. Essas concausas podem ser sucessivas ou simultâneas.
	Há três teorias a respeito desta questão: a da equivalência das condições; a da causalidade adequada e a que exige que o dano seja conseqüência imediata do fato que o produziu.
	Para a primeira teoria, toda e qualquer circunstância que haja concorrido para produzir o dano é considerada como causa. A sua equivalência resulta de que suprimida uma delas, o dano não se verificaria. A crítica que se faz a essa teoria diz respeito a sua abrangência, que pode englobar situações extremas, como, por exemplo, tratar como concausa o nascimento do agente, vez que, sem esse ato, o dano não teria ocorrido. Ou, então, no caso de um homicídio, tentar responsabilizar o próprio fabricante da arma.
	Já a segunda teoria somente considera como causadora do dano a condição por si só apta a produzi-lo. Ocorrendo certo dano, é preciso descobrir se o fato que o originou era capaz de lhe dar causa.
	Exemplifiquemos com a seguinte situação: “A” deu uma pancada leve no crânio de “B”, que seria insuficiente para causar o menor ferimento num indivíduo normalmente constituído. Todavia, por ser “B” portador de uma fraqueza particular nos ossos do crânio, isto lhe causou uma fratura de que resultou sua morte. O prejuízo deu-se, apesar do fato ilícito praticado por “A” não ser a causa adequada a produzir aquele dano em um homem adulto.
Neste exemplo, para a primeira teoria a pancada é uma condição sine qua non do prejuízo causado, pelo qual o seu autor terá de responder, enquanto que, para a segunda, não haveria responsabilidade, em face da teoria da causalidade adequada.
Finalmente, a terceira teoria é uma espécie de meio-termo das duas anteriores, algo mais razoável. Requer ela haja, entre a conduta e o dano, uma relação de causa e efeito direta e imediata. É indenizável todo dano que se filia a uma causa, desde que este seja necessária, por não existir outra que explique o mesmo dano.
Exemplo: acidente com a ambulância. Cada agente responde somente pelos danos que resultam direta e imediatamente de sua conduta.
RC - 5ª aula - alunos.doc
- ESQUEMA DE AULA -
(5ª aula)
Tópicos a serem ministrados na aula:
1. Responsabilidade Civil nas relações de trabalho.
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
	Uma das relações jurídicas mais complexas da sociedade moderna é a relação de trabalho subordinado. Isso porque o próprio ordenamento reconhece uma desigualdade entre os sujeitos, tratando de proteger o hipossuficiente, no caso, o trabalhador (empregado).
E isso faz com que a situação se torne mais complexa quando tratamos da aplicação das regras de responsabilidade civil nesse tipo de relação jurídica especializada.
Tal complexidade se dá porque não é possível aplicar isoladamente as regras de Direito Civil em uma relação de emprego, sem observar as disciplinas próprias de tais formas de contratação.
- CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
	Primeiramente, é interessante limitarmos a abrangência da expressão “relação de trabalho”, para não incluirmos situações que parecem ser de trabalho, mas não são, como acontece, por exemplo, com a empreitada, o agenciamento, a representação, entre outros.
- ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO:
	No sistema normativo brasileiro, é inquestionável a proteção dispensada à parte tida por mais fraca, no caso, o trabalhador.
Assim, é necessário que quatro elementos sejam caracterizados simultaneamente, a saber:
Pessoalidade: o contrato de trabalho é estabelecido intuitu personae, o que impede que o trabalhador se faça substituir por outro;
Onerosidade: o contrato de trabalho, por óbvio, não é gratuito, devendo sempre existir uma contraprestação pelo labor desenvolvido.
Permanência ou não eventualidade: diz respeito à idéia de habitualidade. Não é necessário que o trabalho se dê todos os dias da semana, mas sim que exista uma periodicidade razoável.
Subordinação: trata-se do estado que se coloca o empregado diante do empregador, quer seja a subordinação econômica, quer seja a técnica. Todavia, a ausência de ambas, não ilide a existência da relação trabalhista.
E há, ainda, mais dois
elementos acidentais, que são:
Continuidade: seria um complemento à idéia de habitualidade.
Exclusividade: embora nada impeça a existência de múltiplos e simultâneos contratos de trabalho, não há como se negar que a prestação exclusiva auxilia no preenchimento dos demais requisitos.
- SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO:
Os sujeitos da relação de emprego são o empregado e o empregador. Isto porque o trabalhador – que é gênero – pode ser dividido em autônomo, eventual, avulso e subordinado.
Logo, quem assume os riscos da atividade econômica é o empregador e não o empregado, que se subordina juridicamente, de forma absoluta, ao poder patronal de direção. E a responsabilidade civil, como fica?
Para o direito do trabalho, a responsabilidade poderá ser tanto do trabalhador quanto do empregador, em função dos danos causados.
- REPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR POR ATO DO EMPREGADO:
	De acordo com o novo ordenamento jurídico, a responsabilidade civil do empregador por ato causado por empregado, no exercício do trabalho que lhe competir, deixou de ser uma hipótese de responsabilidade civil subjetiva, com presunção de culpa, para se transformar em hipótese legal de responsabilidade civil objetiva (art. 932, III, CC).
	A ideia de culpa tornou-se legalmente irrelevante, optando-se pelo mais amplo ressarcimento da vítima.
- RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADO EM FACE DO EMPREGADOR:
Conforme se verifica no art. 934 do CC de 2002 enseja o direito de regresso daquele que ressarciu o dano causado por outrem.
Todavia, no campo das relações de trabalho, contudo, o dispositivo deve ser interpretado em consonância com o disposto no art. 462, CLT.
Assim, para que o empregador possa descontar valores referentes a danos causados culposamente pelo empregado, será necessária a pactuação específica, salvo, obviamente, a ocorrência de dolo.
- RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR POR DANO CAUSADO AO EMPREGADO:
A questão aqui diz respeito aos danos causados ao empregado e não pelo empregado. Trata-se de uma diferença relevante. Na segunda hipótese, a teoria é a da responsabilidade objetiva. Na primeira, não há uma norma expressa.

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