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resumo direito penal 18.08

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GRUPO IV – DIREITO PENAL
PONTO N. 24.			Filipe Albernaz Pires
ITEM A. 		Princípios básicos do Direito Penal. Parte Geral.
Obras consultadas: Código Penal Comentado. Rogério Greco (2011). Direito Penal Parte Geral. Juarez Cirino dos Santos (2007). BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal (1999). A moderna teoria do fato punível. Juarez Cirino dos Santos (2007). Tratado de Direito Penal, Parte Geral. C. Roberto Bitencourt (2011). Súmulas do STF comentadas. Roberval Rocha Ferreira Filho e outro (2011). Código Penal para concursos. Rogério Sanches Cunha (2011). Nilo Batista. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro – Editora Revan, 2011.
Legislação básica: art. 1º, II; 5º, III; XLVII e XLIX, XLV da CF. Art. 59 do CP.
1 – Princípio da dignidade da pessoa humana ou da humanidade: Para o Nucci, a dignidade da pessoa humana é uma meta a ser atingida, e não um princípio penal. Mas para a maioria da doutrina, trata-se de um princípio, que é o nascedouro dos demais princípios penais. Para Cirino (2007), esse princípio proíbe infligir penas cruéis, de morte, perpétuas, de trabalho forçado, assim também a execução cruel das penas legais ao cidadão (proibição de condições indignas e desumanas dos presídios etc.).
2 – Princípio da Legalidade: Na sistemática moderna, segundo Nilo Batista, o Princípio da Legalidade surge com o Estado Moderno, no início do Estado Liberal, por influência das obras de Beccaria, Feuerbach. O princípio surge na Constituição dos Estados da Virgínia e de Maryland, em 1776. O primeiro Código Penal a contemplá-lo é o CP da Bavária, em 1813, depois Prússia e Alemanha (Cirino, 2007). O modelo formal do princípio da legalidade: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem o devido processo legal (constante nas legislações citadas). A ideia material da legalidade compreende que a analogia e os bons costumes não podem ser usados em DP em desfavor do réu; é corolário da reserva legal, que só leis podem tratar de matéria penal (Lei ordinária, complementar ou tratado com força de lei – aqui há controvérsia). Pela CF, Medida Provisória não pode tratar de matéria penal, mas o STF e o STJ entende que MP não podem trazer matéria incriminadora, podendo trazer norma penal benéfica, abolir crimes (exe.: lei do REFIS que está valendo; devolução de arma de fogo – quem devolve não pratica crime). Nucci diz que o Direito Penal não pode ser regulado por normas de gabinete.
Decorrências do Princípio da Legalidade (Cirino, 2007): Dele decorrem as seguintes garantias/princípios: (i) criminal e penal: apenas a lei formal e escrita é fonte criadora de crimes e sanções (pena e medida de segurança), sendo inconstitucional a utilização em seu lugar de outros atos normativos, do costume ou do argumento analógico in malam partem; (ii) jurisdicional e penitenciária: pela primeira, “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” e, pela segunda, a sanção penal será executada na forma prescrita em lei; (iii) irretroatividade da lei e suas exceções; (iv) taxatividade e determinação: exigem que o legislador descreva de forma mais clara possível o fato punível, sendo vedada a utilização excessiva de elementos normativos, cláusulas gerais ou conceitos indeterminados; estabelecem as margens penais às quais está vinculado o julgador. Juarez Tavares e outros reconhecem a dificuldade de construir tipos culposos fechados (de especificar falta do dever de cuidado), dada à impossibilidade de descrição exaustiva de todas as modalidades de descumprimento de dever do cuidado. No Informativo nº. 220 STF, RE 254818, foi dito que Medida Provisória poderia tratar de matéria penal apenas para beneficiar o réu. Entretanto, a EC 32 determina o contrário, ou seja, que MP não pode tratar de matéria criminal. A questão ainda será discutida nos Tribunais. A esse respeito, a Lei do REFIS e a disciplina do prazo para a entrega de arma de fogo são exemplos de MP benéfica para o réu. Principio da irretroatividade da lei penal, como decorrência do princípio da legalidade: Art. 5º XL, a lei penal benéfica retroage, a lei penal maléfica não retroage. Exceção – art. 3 do CP (leis temporárias e excepcionais tem ultratividade). Para Zaffaroni, o art. 3º é inconstitucional, pois apenas a CF poderia excepcionar outro princípio constitucional. Para a doutrina e jurisprudência majoritária, o art. 3º é constitucional. Quase exceção, súmula 711 do STF – pode ser aplicada a nova lei mais gravosa que surgir durante a execução do crime continuado ou crime permanente. A Súmula 711 fere o art. 5º, XL, da CF? Não, porque o crime estava sendo praticado. 
3 - Princípio da Culpabilidade: Assume 3 sentidos: (i) fundamento da pena; (ii) elemento de medição da pena; (iii) obsta a responsabilidade objetiva. Modernamente, diz-se que não há uma culpabilidade em si, mas uma culpabilidade em relação aos demais membros da sociedade. Daí falar-se em princípio da exigibilidade social; em co-culpabilidade. A culpabilidade também funciona também como elemento da estrutura analítica do crime. Existem resquícios no nosso ordenamento da responsabilidade penal objetiva que são a teoria da actio libera in causa e a rixa qualificada - todos os indivíduos envolvidos respondem pelo resultado. Sobre a embriaguez, para Cirino, nos crimes culposos, a embriaguez funciona com violação do dever objetivo de cuidado. Relativamente aos crimes dolosos, é necessário demonstrar que o agente previu e assumiu o risco de produzir o resultado quando se embriagou. Ressalta que a culpabilidade pressupõe um tipo de injusto (princípio da legalidade), com seu objeto de referência. Somente a prática do injusto pode sofrer reprovação criminal.
4 – Princípio da Intervenção Mínima – se divide em fragmentariedade, subsidiariedade e exclusiva proteção do bem jurídico. Fragmentariedade – ao DP importa punir as infrações mais graves praticadas aos bens jurídicos mais importantes. A insignificância decorre da fragmentariedade. Subsidiariedade – o DP só vai ser utilizado quando os demais ramos do Direito fracassarem STF (HC 88 452/RS) – não há o crime de desobediência quando o descumprimento de ordem de servidor administrativo tiver sujeito à penalidade administrativa – o STF mitigou a ideia de independência das esferas. Cuidado: essa subsidiariedade é princípio, não se confunde com a subsidiariedade do soldado de reserva. Esses princípios são reconhecidos pelo STF (RHC 89 624/RS). Exclusiva proteção do bem jurídico: O DP é exclusivo para a tutela do bem jurídico principal (não é qualquer bem). No Brasil não prevalece a ideia de Jakobs, para quem a função do Direito Penal é garantir a identidade social por meio da imposição de penas àqueles que violam a norma penal (proteção da norma penal).
5 - Princípio da adequação social: Foi criado por Welzel, para o qual condutas conformadas socialmente carecem de tipicidade material: apontador do jogo do bicho – a sociedade já incorporou esse comportamento, só que ainda o fato é crime no nosso código penal. A crítica reside na imprecisão do princípio. Discute-se se afasta a tipicidade ou a antijuridicidade; Welzel, em sua última posição, defendeu tal princípio apenas como um “princípio geral de interpretação”.
6 - Princípio da insignificância – Não surge no Direito Romano, como defende alguns autores, como Capez (para quem o pretor não cuidava do mínimo). A origem próxima é com Roxin, em 1964. Os autores ensinam que após a 1ª e 2ª guerra, tivemos na Europa o aumento da criminalidade de crimes bagatelares (pequenos furtos em razão do caos econômico). Então, Roxin sistematizou as seguintes considerações: se ocorreu uma lesão ínfima ao bem jurídico tutelado, carece o fato de relevância penal. Princípio aplicável apenas no exame da tipicidade material, pois exige critério valorativo, axiológico. Situação atual: admitido pela doutrina e aplicado pela jurisprudência (há um projeto de Lei para incluí-lo como princípio).
Requisitos: 1) mínima ofensividade da conduta do agente: se o agente é criminosohabitual, não há insignificância. Todavia, no STJ há decisões no sentido de que os antecedentes não impedem a aplicação do princípio. Aspecto subjetivo quanto ao réu (para os que o consideram): para STJ a existência de inquéritos ou ações penais em andamento não ensejam o reconhecimento de maus antecedentes (é necessário trânsito em julgado da condenação), sob pena de ofensa ao princípio da não culpabilidade. Já o STF entende que maus antecedentes podem ser extraídos de processos em andamento, ou de inquéritos, desde que o Juiz fundamente. Mas tanto para o STF, como para o STJ, não se considera apenas o valor da res para aplicar a insignificância. Por exemplo, no STJ, a Ministra Laurita, recentemente, deixou de aplicar a insignificância pelo fato de a vítima do furto em plena via pública ter 68 anos de idade e ser analfabeta (REsp 835.553). Isto é, o princípio só não foi aplicado em razão das características da vítima e das circunstâncias do crime. 2) ausência periculosidade social da ação; 3) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4) inexpressividade da lesão jurídica provocada – importa o valor do bem para a vítima. Não confundir o princípio da insignificância com Irrelevância penal do fato (esse princípio não é aplicado no STF, há um julgado apenas no STJ). Na Irrelevância penal do fato, o fato foi típico, ilícito e culpável – mas se verifica que não há necessidade da pena (analisado abaixo). LFG defende que o princípio da insignificância pode ser aplicado na fase policial, porém, neste caso, haveria ofensa ao princípio da separação dos poderes, pois não haverá o conhecimento dos órgãos subsequentes. O MP é o titular do direito de punir, quando ele promove o arquivamento, submete ao juiz, que poderá valer-se do art. 28 do CPP caso discorde. O delegado só deve fazer o juízo de legalidade (não é obrigado a instaurar inquérito de fato atípico), devendo agir se fato for formalmente típico. Insignificância e furto de pequeno valor – diferenças: O fato insignificante gera atipicidade material – restringe o alcance do tipo. E o furto de pequeno valor? É o furto privilegiado (Art. 155 § 2º) – criminoso primário e objeto de pequeno valor (segundo a doutrina um salário mínimo). Nele, o juiz tem várias opções, podendo inclusive condenar. Casuística: STF/STJ: a) crimes que não admitem: 1 - contra a Administração Pública (mas há julgado em contrário no STF - Ex-prefeito condenado pela prática do crime previsto no art. 1º, II, do Decreto-Lei 201/1967, por ter utilizado máquinas e caminhões de propriedade da Prefeitura para efetuar terraplanagem no terreno de sua residência - HC 104286); 2 - previstos na Lei n. 11.343/06 – dizer o contrário significaria autorizar, à margem da lei, o consumo de entorpecentes em pequena quantidade (STF, HC 102940, j. 15.02.2011); Outra justificativa é a de que é um crime de perigo abstrato contra a saúde pública, a incolumidade pública; 3 - posse e droga em estabelecimento militar (STF, HC 94685, j. 11.11.2010 – entendimento que prevalece hoje, pois já foi admitida a insignificância do fato); 4 - tráfico internacional de armas de fogo (STF, 97.777, j. 26.10.2010); 5- falsificação de moeda (STF, HC 96153, j. 26.05.2009). O STF (informativo nº 514) decidiu, em um caso em que o sujeito falsificou dez cédulas de cinco reais, pela não aplicabilidade do Princípio da Insignificância, porque o bem tutelado é a fé pública (a confiança depositada pela sociedade nos papéis públicos, que corresponde à credibilidade no sistema financeiro - HC 93.251); b) crimes que admitem: 1 - descaminho – Enunciado 40 (2ª CCR-MPF): “A COFINS e o PIS/PASEP devem ser computados para aferir insignificância dos delitos de descaminho nos termos do caput, do art. 20, da Lei 10.522/2002, mesmo que haja pena de perdimento dos bens”. Sobre o descaminho: em regra, o STF e STJ aplicam o princípio da Insignificância, por causa do art. 20 da Lei 10.522/2002 que autoriza a Procuradoria da Fazenda a não executar débitos inferiores a R$ 10.000,00 (informativo nº 516). Porém, a 2ª CCR não aplica tal princípio para o caso de contrabando, independentemente do valor, porque são mercadorias proibidas no Brasil e atingem outros bens que não a arrecadação pública (ex.: cigarros, máquinas caça-níqueis). Se a Procuradoria da Fazenda não tem interesse no caso, significa que o Direito Penal não pode reprimir essa conduta, já que este é a ultima ratio. Débito de R$ 100,00 até 10.000,00 é arquivado sem baixa na distribuição (ficam aguardando a incidência de juros para atingir o valor e se tem outro débito posterior, este será somado há interesse fiscal em determinado momento). De R$ 100,00 para baixo é arquivado com baixa na distribuição. Foi editada a portaria MF nº 75, de 22 de março de 2012, da Fazenda Nacional, pela qual determinar-se a não inscrição na Dívida Ativa da União o débito de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais); 2 - apropriação indébita previdenciária – STF: há decisões negando a aplicação do princípio (HC 102550, j. 20.09.2011; HC 98021, j. 22.06.2010); há decisões do STF admitindo a sua aplicação caso o débito não supere o valor previsto no art. 1º, I, da Lei 9.441/9, de 1.000 reais (HC 100004, j. 20.10.09; HC 107331, j. 11.03.11); - STJ: incide o princípio quando o valor do débito não ultrapassar 10.000 reais (AgRg no RESP 1242127, j. 14/06/2011). Crimes praticados mediante violência ou grave ameaça: como regra, não se aplica o princípio da insignificância. Contudo, o Min. Eros Grau já o aplicou em um caso de lesão corporal militar e também em lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Paulo Queiroz menciona que pode ser aplicado no crime de roubo (que é um crime complexo – pluriofensivo, que fere mais de um bem jurídico – subtração mais ameaça/violência). Neste caso, afastaria apenas a lesão ao patrimônio, subsistindo a grave ameaça ou o constrangimento ilegal. O Princípio da Irrelevância Penal do Fato, que não se confunde com o da insignificância, permite não aplicar pena quando não houver a sua necessidade. Esse princípio está totalmente relacionado como funcionalismo do Roxin, no qual a culpabilidade é responsabilidade mais necessidade de pena. Luiz Flávio Gomes (LFG) diz que pode se aplicado em crimes menos graves, cujo agente não têm antecedentes e reparou o dano – possibilidade de resolver o conflito de outra forma. No Brasil, não está consolidado ainda, havendo apenas julgados escassos, como por exemplo, no TJ/MG. Maurício Antônio Lopes traz esse princípio em sua obra. Entretanto, ao analisar a ideia do caráter retributivo da pena, fica difícil aplicar a irrelevância penal do fato, porque a retribuição é consequência necessária de uma conduta desvalorada, como disse Kant. Portanto irrelevância penal do fato tem necessária relação com as ideias de prevenção geral e especial positivas. O CP, art. 59, adotou a teoria mista.
6 - Princípio da ofensividade: Para que se tipifique algum crime, em sentido material, é indispensável que haja um dano ou perigo de dano a um bem jurídico penalmente protegido. 2 funções: (i) político-criminal – serve de orientação à atividade legiferante; (ii) interpretativa – o interprete deve encontrar no caso concreto a ofensa ao bem jurídico. Diferença para o p. da exclusiva proteção de bens jurídicos: pelo p. da ofensividade só se admite a configuração do delito quando o interesse já selecionado pelo tipo sofre uma ofensa efetiva; pelo p. da exclusiva proteção de bens jurídicos, há uma limitação aos interesses que podem receber a tutela do Direito Penal. Em decorrência, para alguns, os crimes de perigo abstrato são inconstitucionais. Todavia, o CP está cheio de crimes de perigo abstrato. E o STJ e STF (este com alguns precedentes em contrário - HC 97 511, datado de 09/06/2009, 1ª Turma) aceitam esse tipo de crime, como o caso de posse de arma de fogo desmuniciada. LFG discorda,entendendo-o inconstitucional. No geral, parece ser esse um argumento a mais que é inserido na decisão para justificar a absolvição do autor do fato em razão de outras circunstâncias que não propriamente tratar-se de um crime de perigo abstrato. Ainda não há jurisprudência tranquila a respeito, mas tem prevalecido o entendimento pela legitimidade da criminalização do porte de arma desmuniciada (STF, HC 104410 – 2012 e HC 103539, 17.4.2012).
7 – Lesividade: Só pode haver crime quando a conduta ofender um bem jurídico de terceiro. Para Cirino (2007), no seu aspecto qualitativo, o princípio da lesividade impede a criminalização primária ou secundária redutora de liberdades constitucionais, tais como o pensamento, a liberdade religioso, política, convicções políticas e filosóficas. No aspecto quantitativo, se aproxima da noção de ofensividade, levando em consideração o grau ou relevância da lesão ao bem protegido. Por este princípio, não haverá crime pela autolesão (não se pune a autolesão). Amputar seu próprio braço não é crime, mas é estelionato se o fizer para receber o seguro (aqui o bem jurídico é o patrimônio da seguradora, e não a integridade física do agente). E o uso de drogas? STJ e STF não aceitam essa tese da autolesão. O bem jurídico não é a integridade física do usuário, mas a saúde pública como um todo. Em contrário, a Suprema Corte da Argentina.
8 - Materialização do fato: Não se pode punir pensamento, opinião e o modo de vida de uma pessoa. Tem que punir é o fato praticado pela pessoa. Esse princípio não é acolhido pelo direito penal do inimigo, tal qual idealizado por Jakobs. Luiz Flávio Gomes ao exemplificar uma violação a este princípio da materialização do fato, disse que não se pode punir as condutas dos arts. 59 e 60 da Lei de Contravenções Penais (vadiagem e mendicância). A mendicância foi revogada, a vadiagem não. Punir a vadiagem é punir o sujeito pelo que ele é, e não pelo que ele fez. Contudo, há doutrina que defende que esses artigos estão em sintonia coma a CF/88.
**PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL REFERENTES À APLICAÇÃO DA PENA
9 – Princípio da Humanidade da Pena: Não podemos aplicar penas que possam causar lesões físicas e psicológicas. Mas vejam que é impossível não atingir a constituição psicológica do agente. Tem como raiz o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Por isso são proibidas as penas cruéis e as desumanas. Além disso, o Brasil é signatário de tratados e convenções internacionais que proíbem esse tipo de pena. Temos ainda a Lei 9.455, que trata do crime de tortura. Além disso, prevalece que o condenado não pode cumprir pena mais grave em razão da falta de estrutura do Estado. Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), art. 52 da LEP. Quando foi implementado, muitos diziam que seria declarado inconstitucional (que ofenderia o princípio da humanidade). Mas, após a onda de crimes perpetrados pelo PCC em São Paulo, chegou-se à conclusão de que isso é necessário. A lei permite que o preso permaneça no RDD por até 360 dias. Para Nucci, o RDD é constitucional, desde que ouvido o MP. O Diretor do presídio somente pode aplicar a segregação por até dez dias. Trata-se aqui de uma ponderação de princípios, devendo o RDD ser utilizado em situações drásticas.
10 - Princípio da responsabilidade pessoal ou Intranscedência: Para Cirino (2007), o objeto da responsabilidade penal é o tipo de injusto, e seu fundamento, a culpabilidade. Significa que a pena se restringe ao autor do fato, ao condenado, não pode alcançar seus sucessores, pais, mães, e ninguém pode cumprir a pena no lugar do condenado. Cuidado. Essa advertência serve para a pena privativa de liberdade, e para as penas privativas (só o condenado pode cumpri-la). É admitido o pagamento de prestação pecuniária e de multa por terceiros. A morte extingue apenas a pena de multa. No caso da perda de bens e valores, como é consequência automática da sentença, no momento em que é prolatada, não se considera seja ela estendida a seus sucessores – Ver art. 5º. A obrigação de reparar o dano tem natureza cível. Ferrajoli diz que as penas pecuniárias e a de multa deveriam ser abolidas, já que um terceiro pode pagá-la. Se o condenado não paga a multa converte em pena de prisão? Não. Há um julgado no STJ admitindo a conversão em favor do réu, para fins de detração. Com base nesse princípio, Cirino considera inconstitucional a punição criminal das pessoas jurídicas: responsabilidade penal limita-se “aos seres humanos de carne e osso”.
11 – Princípio da Proporcionalidade: Proporcionalidade (ou razoabilidade) significa adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito, mas o seu conteúdo básico no direito penal é a proibição do excesso (princípio do devido processo legal material em seu aspecto negativo) e a proibição da proteção deficiente (princípio do devido processo legal material em seu aspecto positivo). Vale para o legislador e julgador. HC 92.525/1-RJ STF. Celso de Melo disse que é inconstitucional a pena da receptação qualificada. O princípio da proibição de insuficiência ou da idoneidade impõe ao Poder Público um dever de efetiva proteção dos bens jurídicos penalmente relevantes. Exemplo: abuso de autoridade: pena máxima de seis meses. Esta pena é desproporcional para o crime de abuso de autoridade, porque acaba gerando impunidade. Outros exs.: RE 418376 (j. 09.02.2006) e ADIN 3112 (j. 26.10.2007). O direito penal é a forma mais importante e rigorosa de proteger os bens jurídicos e direitos fundamentais, não podendo o Estado permanecer inerte nesta tarefa (decisão da Corte Interamericana no caso Damião Ximenes). Para Cirino, na criação de tipos criminais há de serem observadas as possibilidades de realidade (adequação e necessidade) e as possibilidades jurídicas (proporcionalidade em sentido estrito). A pena criminal é um meio adequado e necessário para proteger o bem? Consideradas suas consequências, a pena cominada é proporcional em relação à natureza e extensão da lesão abstrata/concreta do bem jurídico? A proporcionalidade abstrata limita a dita criminalização primária. A concreta limita a criminalização secundária, em relação à aplicação e execução da pena criminal: custos sociais e à família do condenado que são ocasionados pela imposição da pena criminal. Esse princípio se relaciona com o da suficiência das penas: O art. 59 impõe que o juiz fixe uma quantidade de pena suficiente para prevenir e reprovar o crime. Art. 44, III do CP: a substituição de pena deve ser suficiente para prevenção e reprovação do crime. Há violação deste princípio se o julgador não fixar uma pena suficiente para prevenção e retribuição da pena. Nucci diz que o juiz deve fundamentar mesmo a aplicação da pena mínima.
13- Vedação da dupla punição pelo mesmo fato ou ne bis in idem: ninguém pode ser processado ou punido duas vezes pelo mesmo fato. Há discussão quanto à reincidência. A súmula 241 do STJ. O julgador não pode considerar o motivo torpe como agravante se o júri condenou o réu por homicídio qualificado pelo motivo torpe.
ITEM B. 		Causas extintivas da punibilidade.
Obras consultadas: Código Penal Comentado. Rogério Greco (2011). Direito Penal Parte Geral. Juarez Cirino dos Santos (2007). A moderna teoria do fato punível. Juarez Cirino dos Santos (2007). Tratado de Direito Penal, Parte Geral. C. Roberto Bitencourt (2011). Súmulas do STF comentadas. Roberval Rocha Ferreira Filho e outro (2011). Código Penal para concursos. Rogério Sanches Cunha (2011). Nilo Batista. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro – Editora Revan, 2011.
Legislação básica: arts. 107 a 120 do CP. Art. 168, §2º. Art. 312, §3º. Art. 337-A, §1º. art. 5°, XLV da CF. Art. 2°, I Lei 8.072/90 e 1°, § 6° Lei 9.455/97. Lei 9.807/99. Art. 121, § 5° e 129, § 8°do CP. Art. 140 § 1º, do CP. Art. 180, § 5°. Art. 29 da Lei 9.605/98.
Modificação legislativa: Lei 12.650/2012 acrescenta o inciso V ao art. 111 do CP: nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítimacompletar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: As causas de extinção da punibilidade implicam renúncia, pelo Estado, do exercício do direito de punir, seja pela não imposição de uma pena, ou pela não execução/interrupção do cumprimento daquela. O artigo 107 do CP traz elenco de causas extintivas da punibilidade em rol não taxativo. As causas extintivas encontram-se em diversos outros dispositivos, tal como o ressarcimento do dano anterior à sentença irrecorrível no peculato culposo (Art. 312, § 3°), a restitutio in integrum no delito de subtração de incapazes (art. 249, § 2° - perdão judicial), o pagamento de tributo ou contribuição antes do recebimento da denúncia nos delitos definidos pela lei 8.137/90 (art. 34, Lei 9.249/95) e laudo de constatação de reparação do dano ambiental (art. 28, I, Lei 9.605/98). Reconhecida pelo juiz a extinção da punibilidade, em qualquer fase do processo, cumpre-lhe declará-la de ofício. Havendo requerimento das partes, o pedido será atuado em apartado (art. 61 do CPP). Indeferido o pedido de reconhecimento da extinção da punibilidade, caberá Recurso em Sentido Estrito (Art. 581, IX, do CPP). Crimes conexos: art. 108 CP.
NO DIREITO BRASILEIRO, SÃO CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE: 
a) Morte do agente: (art. 5°, XLV da CF) na esfera penal, não tem qualquer efeito a morte presumida, admitida pelo direito civil (art. 6° do CC). A morte do ofendido acarreta a extinção da punibilidade nos crimes de ação penal privada personalíssima; b) anistia, graça e indulto: a anistia pode ser própria, quando concedida antes da condenação, ou imprópria, se concedida após a prolação da sentença (nesse caso ocorrerá algo semelhante à abolitio criminis, mas sem supressão da figura criminosa). Pode também ser condicionada ou incondicionada. Não pode a anistia incondicionada ser recusada pelo beneficiário - fato que não ocorre na anistia condicionada e, uma vez concedida, é irrevogável. De se ver que a anistia extingue os efeitos penais da condenação, o que não ocorre nas hipóteses de graça ou indulto. De igual modo, a anistia pode ser concedida a qualquer tempo, enquanto a graça e o indulto supõe o trânsito em julgado. Nos crimes hediondos e assemelhados não se admite a anistia, a graça e o indulto (art. 5° XLIII CF; 2°, I Lei 8.072/90 e 1°, § 6° Lei 9.455/97); c) Abolitio criminis: supressão do tipo criminal. Observar a possibilidade de continuidade normativo-típica nos casos de revogação da norma penal; d) Renúncia: verificar ponto 2, “b”, do resumo; e) Perdão do ofendido: verificar ponto 2, “b”, do resumo; f) Perdão judicial: É possível que o magistrado, diante de determinadas circunstâncias legalmente previstas, deixe de aplicar a sanção penal. Trata-se de direito subjetivo do réu, e não de mera faculdade judicial. O perdão opera-se independentemente de aceitação, sendo concedido na própria sentença ou acórdão. Discute-se na doutrina o caráter/natureza jurídica da sentença penal que concede o perdão. Há quatro posições: 1) a sentença possui natureza condenatória (Magalhães Noronha, Mirabete, Damásio); 2) trata-se de decisão absolutória; 3) é decisão que extingue facultativamente a punibilidade; 4) é declaratória da extinção da punibilidade. Esta última posição foi expressamente adotada no Brasil súmula 18 do STJ, que impõe não subsistir qualquer efeito condenatório desta decisão. Em igual sentido dispõe o art. 120 do CP. São exemplos, previstas em lei, de cabimento de perdão judicial: i) Delação premiada: Lei 9.807/99 estabelece uma hipótese de perdão judicial em seu art. 13. Segundo Prado (2008: 654), basta o atendimento de uma das circunstâncias dos incisos deste artigo para que o agente obtenha o benefício. Se ausente um desses requisitos objetivos, poderá o condenado beneficiar-se de causa de diminuição de pena prevista no art. 14 da lei acima mencionada. ii) Homicídio culposos e lesão corporal culposa quando as consequências da infração atinjam o próprio agente de forma muito grave, tornando a sanção desnecessária (art. 121, § 5° e art. 129, § 8°do CP); iii) Nos crimes de injúria: O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria (art. 140 § 1º, do CP); iv) No crime de receptação, em sua modalidade prevista no § 3° do art. 180; v) No crime de subtração de incapaz: art. 249 § 2º; vi) Na lei de crimes ambientais (Lei 9.605/98): art. 29, § 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena; g) Pagamento ou parcelamento de Tributos: Art. 168 – A, § 2o. Art. 337 – A, d Código Penal. Lei nº 9.249/95. Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137/90, e na Lei nº 4.729/65, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. Por certo, a regra do § 2º, do art. 9º, da Lei n.º 10.684/2003 por ser mais benéfica, no que tange ao pagamento como causa de extinção da punibilidade, que as anteriores, previstas na lei nº 9249/95 e no artigo 168-A § 2º, passou a regulamentar integralmente a matéria com a persistência apenas da hipótese prevista no § 1º, do art. 337-A, que por não se vincular ao pagamento, com suficiência da confissão do débito e fornecimento de informações antes do início da ação fiscal não sofreu revogação. A tranquilidade da matéria começou a ser alterada com a edição da lei n.º 11.941/2009, que no art. 69 tratou da questão com a seguinte redação: “Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento”. O art. 68 da Lei nº 11.941/2009 trata da mesma matéria regrada pelo caput do artigo 9.º, da Lei nº 10.684/2003, o que fez o STF julgar prejudicada a ADI nº 3002, intentada pelo PGR, ao fundamento de que o art. 68 da nova legislação tacitamente revogou o 9.º da anterior. A indagação que se manteve foi se, para fins penais, a regra do § 2º, do artigo 9º, da lei nº 10.684/2003 também foi revogada pela entrada em vigor da lei nº 11.941/2009, alterando-se, assim o quadro das causas extintivas da punibilidade pelo pagamento que sofreriam uma retração, pois o art. 69 deferiu a possibilidade extintiva da punibilidade pelo pagamento apenas às hipóteses submetidas à anterior parcelamento, já tendo sido revogadas as disposições da lei nº 9249/95 e do artigo 168-A, § 2.º, conforme acima analisado. Persistiriam, nessa ótica, apenas a extinção da punibilidade pelo pagamento ao débito anteriormente parcelado e mesmo sem pagamento na regulamentação do § 1º, do artigo 337-A, do Código Penal. Ocorre que melhor interpretação passou a ser construída no sentido de que o artigo 69, da lei n.º 11.941/2009, não revogou o § 2º, do artigo 9º, da lei nº 10.684/2003, porque tratou de situação diversa, o que não implica, portanto, em revogação da lei mais antiga pela mais recente, dependendo de revogação expressa, o que não correu (Luiz Flávio Gomes). O diferencial está justamente no fato de que aquela lei vincula-se aos débitos que tenha sido objeto de anterior parcelamento, enquanto esta se aplica a todos, mesmo que não submetidos ao regime de parcelamento, sendo, portanto, hipótese mais ampla. Como se vê, é fundamental distinguir o pagamento direto (sem parcelamento) do pagamento antecedido de parcelamento. Atualmente, a Lei nº 12.382/2011 disciplina temática da extinção da punibilidade pelo pagamento (antecedido de parcelamento). Há, assim, duas situações distintas: pagamento direto (regido pela Lei 10.684/2003 - pode-se dar a qualquer tempo) e pagamento mediante parcelamento (agora disciplinado na Lei 12.382/11). Ambos os pagamentos extinguem a punibilidade nos crimes tributários,mas suas características são completamente distintas. Obs.: CTN, art. 156: para Hugo de Brito Machado todas essas situações implicam a extinção da punibilidade.
 DESCAMINHO: Por outro lado, nunca houve previsão específica de causa extintiva da punibilidade para o delito de descaminho, embora consolidado o entendimento de que constitui crime tributário, razão porque se impôs a aplicação da mais regra benéfica, ou seja, a prevista na lei nº 9.249/95 (art. 34). Persiste a regra especial do artigo 337-A, § 1º, do CP. Obs.: STJ decidiu recentemente que não há justa causa para a ação penal quanto ao crime de descaminho quando o crédito tributário não está devidamente constituído (RHC 31.368-PR, j. 8/5/2012). h) Prescrição: verificar ponto 2, “b”, do resumo.
ITEM C. 		Crimes contra a fé pública: moeda falsa.
Obras consultadas: Código Penal Comentado. Rogério Greco (2011). Direito Penal Parte Geral. Juarez Cirino dos Santos (2007). A moderna teoria do fato punível. Juarez Cirino dos Santos (2007). Tratado de Direito Penal, Parte Geral. C. Roberto Bitencourt (2011). Súmulas do STF comentadas. Roberval Rocha Ferreira Filho e outro (2011). Código Penal para concursos. Rogério Sanches Cunha (2011). Nilo Batista. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro – Editora Revan, 2011.
Legislação básica: artigo 289 do CP. Súmula 73, STJ.
Previsão legal: art. 289 do CP. Bem jurídico: proteção da fé pública, notadamente a segurança da sociedade em relação à circulação da moeda, sendo de competência da Justiça Federal, haja vista que a emissão de moeda é competência exclusiva do Banco Central. É crime comum. O sujeito passivo imediato é o Estado, sendo que o particular poderá ser atingido apenas mediatamente. No art. 289, caput, CP, a conduta consiste em falsificar moeda metálica ou papel-moeda em curso legal no país ou no exterior. Se for outro tipo de moeda, como a de curso convencional (dotz etc.), poderá estar configurado o crime de estelionato (Greco, 2011). A falsificação pode ser a fabricação de moeda falsa (cédula nova) ou a alteração de moeda verdadeira (alteração do valor de 10 para 100 reais, p.ex). Contrafação: criar materialmente a moeda falsa. Para Greco (2011) e Nelson Hungria, as condutas de fabricar ou alterar moeda falsa a partir de outra, de modo a diminuir-lhe o valor, não se subsumem ao tipo em causa, por inferência lógica. Para Hungria, tal indivíduo não deveria ser submetido a processo penal, mas a processo de interdição, por tal comportamento ser indício forte de loucura. O objeto material, isto é, a moeda ou o papel precisam estar em curso legal, isto é, devem representar a moeda vigente no país ou no exterior, não sendo possível o crime de moeda falsa em relação à moeda retirada de circulação (poderá haver estelionato) ou inexistente (PRADO, 2010, f. 206). No art. 289, §1º, CP, há previsão de outras condutas (importar, exportar, vender, introduzir em circulação etc.), caracterizando crime de ação múltipla. Segundo a doutrina, o autor da falsificação não responde pelo §1º, mas apenas pelo caput, tratando-se de hipótese de post factum impunível – progressão criminosa (PRADO, 2010, f. 209). A introdução de várias cédulas em circulação, no mesmo contexto fático, configura crime único (e não continuado). Ambos os tipos exigem dolo direto, inexistindo hipótese de crime culposo ou de dolo eventual. Não se exige especial fim de agir (dolo específico), tal como o lucro. Se da conduta advém lucro, o estelionato fica absorvido pela moeda falsa. Trata-se de crime formal, no qual a consumação ocorre com a prática da conduta, independentemente da ocorrência de resultado material (é indiferente se houve ou não a efetiva introdução da moeda). No art. 289, §2º, CP, tem-se tipo privilegiado, pois, neste caso, o sujeito recebe a nota falsa sem saber, só vindo a tomar conhecimento posteriormente, quando, para não ficar no prejuízo, busca repassá-la a terceiros. Pune-se a reintrodução da moeda. Para ocorrer a desclassificação do caput/§1º para o §2º, requer-se prova inequívoca, a cargo da defesa, na forma do art. 156 do CPP, de que a moeda falsa foi recebida de boa-fé. Considerações importantes: Não se aplica o princípio da insignificância. É crime que deixa vestígios, sendo necessária perícia. A fabricação, no mesmo contexto, de diversas cédulas falsas caracteriza crime único. A falsificação precisa ser de boa qualidade, apta a ludibriar o homem-comum (imitativo veri). Caso seja grosseira, a falsificação ensejará a prática de estelionato (Súmula 73, STJ). O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo verificar, pessoalmente, a qualidade da falsificação. Moeda falsa e petrechos de moeda falsa: para o TRF1, TRF3 e TRF4, no caso de o mesmo agente for encontrado na posse de petrechos para falsificação e de moedas falsas, haverá consunção, constituindo o primeiro crime antefato impunível. O crime de moeda falsa é o crime fim.
Crimes assimilados ao de moeda falsa (art. 290 CP): Conduta delituosa: consiste em: a) formar cédulas, notas ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; b) suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; c) restituir à circulação cédula, nota ou bilhete já recolhidos para o fim de inutilização. Quanto ao recorte e colagem de pedaços de cédula verdadeira em outra, para o fim de aumentar o valor, o STF entendeu configurado o crime do art. 289 do CP. (RTJ 33/506). O objeto material é, em relação às três condutas descritas, respectivamente: a) moeda formada com fragmentos; b) moeda com sinal de inutilização suprimido; c) moeda recolhida para o fim de inutilização. Sujeitos do delito. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito passivo é o Estado. Elemento subjetivo. O dolo é a vontade de formar moeda, com a consciência de que ela poderá circular. Quando se trata de supressão de sinal indicativo de inutilização, exige-se a finalidade especial de restituir a moeda à circulação. Consumação e tentativa. O crime se consuma, em relação às condutas: a) com a efetiva formação de cédula idônea a enganar; b) com a supressão do sinal indicativo de inutilização; c) com a restituição à circulação. Admite-se a tentativa nas três modalidades. Figura qualificada (art. 290, parágrafo único). A reprovabilidade da conduta é maior, haja vista que o funcionário que trabalha na repartição tem fácil acesso e é quem deve zelar pela manutenção da idoneidade dos papéis referidos. 
Petrechos para falsificação de moeda (Art. 291): Conduta delituosa: consiste em: a) fabricar (construir, manufaturar, produzir); b) adquirir (obter, comprar); c) fornecer (entregar, propiciar, prover, abastecer), a título gratuito ou oneroso; d) possuir (ter a posse ou a propriedade); e) guardar (ter sob a guarda, obrigar). Objeto material: maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação da moeda. Sujeitos do delito: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive o funcionário da instituição em que imprime a moeda (servidor da Casa da Moeda). Sujeito passivo é o Estado. Elemento subjetivo: o dolo é a vontade livre e consciente de praticar as ações incriminadas, com o conhecimento da destinação dos objetos. Consumação e tentativa: se consuma com a efetiva prática de uma das ações. Nas modalidades de possuir e guardar é crime permanente. Admite-se a tentativa. A ação penal é pública incondicionada e o crime é também é de competência da Justiça Federal.
Emissão de título ao portador sem permissão legal (art. 292 CP): Conduta delituosa: emitir (colocar em circulação), sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou que falte a indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago. Objeto material: é qualquer dos títulos inscritos no tipo penal, desde que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador, não o caracterizando aquele que tem valor para serviços, utilidades ou mercadorias,ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago, sem permissão legal. Sujeitos do delito: sujeito ativo é quem emite título ao portador, sem permissão legal, não exigindo qualquer qualidade especial. O subscritor, caso não seja o autor da emissão, é co-autor. Sujeito passivo é o Estado e eventualmente terceiro lesado pela conduta. Elemento subjetivo: o dolo. O agente deve ter conhecimento de todos os elementos constantes do tipo penal em estudo. Consumação e tentativa: é crime formal. Consuma-se com a circulação do título, independente da produção de dano. Admite-se a tentativa, ressalvando a existência de corrente doutrinária contrária (Guilherme de Souza Nucci).
GRUPO IV – DIREITO PENAL
 PONTO N. 01.		Wesley Miranda Alves
ITEM A: 		Aplicação da lei penal no tempo.
Obras consultadas:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito penal: parte geral, volume 1, 10 ed. - São Paulo: Saraiva, 2006. 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 10 ed. Rio de Janeiro: Ímpetos, 2008. 
DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: parte geral, 4. ed. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 6.ed. São Paulo: Método, 2012.
Legislação Básica: artigos 2º, 3º e 4º do Código Penal. 
Em regra, a lei penal aplica-se aos fatos ocorridos no período da sua vigência (“tempus regit actum”). Uma lei vigora até ser revogada por outra. É o princípio da continuidade das leis. 
A lei penal, todavia, depois de revogada, poderá continuar a regular fatos, desde que para beneficiar o réu, o que se denomina extra atividade. Esta possui espécies: a retroatividade e a ultra atividade. Por ter natureza processual, entende-se que o tratado de extradição tem eficácia imediata.
Princípios aplicáveis: a) irretroatividade da lei penal: corolário dos princípios da legalidade e da anterioridade da lei penal (art. 1º do CP e 5º, XXXIX, CF); b) retroatividade da lei mais benigna. Acolhidos pela CF/88 (art. 5º, XL).
Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo: 
a) “Lex mitior”: 
a.1) “abolitio criminis”- hipótese em que o legislador deixa de incriminar determinada conduta. A lei nova, então, retroage para alcançar fatos praticados sob a égide de outra lei (art. 2º, §2º, CP), inclusive aqueles já definitivamente julgados, fazendo desaparecer todos os efeitos penais, permanecendo os civis. É uma causa extintiva de punibilidade. 
Não se confunde o princípio da continuidade normativo típico, caso em que a conduta proibida migra para outro tipo penal. É a atipicidade relativa, tendo ocorrido com a conduta de raptar mulher honesta (passou a ser sequestro qualificado – art. 148, §1º, V, do CP).
Atenção: A Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) trouxe um caso de “abolitio criminis” temporária em seus art. 30 e art. 32 em relação aos possuidores de arma não registradas. Nesse caso a atipicidade da conduta somente ocorre durante o período em que a Lei assinala, não retroagindo efeitos para o tipo penal previsto anteriormente (art. 16 da Lei nº 10.826/2003). STF, HC 90995, Inf. 494.
OBS: “Vacatio legis” indireta: De acordo com Rogério Greco é a hipótese em que a lei, além do seu normal período de “vacatio legis”, prevê em seu próprio corpo outro prazo para que determinados dispositivos possam ter aplicação, a exemplo do que ocorreu com o art. 30 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento) 
a.2) “novatio legis in mellius”: lei nova, sem descriminalizar a conduta, é mais favorável ao réu. A lei nova retroage mesmo que já haja sentença condenatória em fase de execução, pois não há coisa julgada material em matéria penal, permanecendo apenas os efeitos civis da decisão transitada em julgado (arts. 91 e 92, CP).
b) “Lex gravior”: 
b.1) “novatio legis” incriminadora: lei nova considera crime fato até então não incriminado. A lei nova não retroage. A lei revogada possui ultra atividade; 
b.2) “novatio legis in pejus”: lei posterior que de qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá. Súmula 711/STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Para Bittencourt (2006, p. 207), toda lei penal, seja natureza processual ou material, que, de alguma forma, amplie as garantias de liberdade do indivíduo, reduza as proibições e, por extensão, as consequências negativas do crime, seja ampliando o campo da licitude penal, seja abolindo tipos penais, seja refletindo nas excludentes de criminalidade ou mesmo nas dirimentes de culpabilidade, é considerada lei mais benigna.
Durante a sua “vacatio legis, a lex mitior” já pode ser aplicada aos fatos ocorridos nesses período? Divergência doutrinária: Sim - Bittencourt (p. 210) e Hungria (1949, p.119); não – Masson (2011, p. 115).
Competência para aplicar a lei penal mais benéfica: a) na fase do inquérito e até a prolação da sentença - juiz de 1º grau; b) fase recursal – Tribunal; c) fase executória, com decisão transitada em julgado – juízo da vara das execuções penais (Súmula 611-STF)
Lei intermediária: hipótese em que a lei a ser aplicada não seja nem aquela vigente à época dos fatos, tampouco aquela em vigor quando da prolação da sentença. (Greco, pag. 112). Quando favorável ao réu, deve ser aplicada (STF, RE 418876, j. 30.03.04). 
Conjugação/combinação de leis penais (lex tertia): Hungria refutava a hipótese, sob pena de transformar o julgador em legislador. É a teoria da ponderação unitária que considera a lei em sua totalidade, aplicando-se uma ou outra. 
F. Marques defende a combinação ao argumento de que o julgador está apenas “movimentando-se dentro dos quadros legais” em obediência ao princípio da equidade. A teoria da ponderação diferenciada consiste em analisar cada disposição de cada lei, combinando-as em benefício do réu. 
É possível a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 sobre condenações fixadas com base no art. 12, caput, da Lei 6.368/76? No STF, o tema ainda não está realmente resolvido, havendo decisões nos dois sentidos (ver informativo n. 644, em que foi julgado o RE n. 596152/SP, interposto pelo MPF). 
No STJ, o tema foi definido no sentido da impossibilidade da conjugação (Emb.Div. no RESP 1.094.499/MG). Entendimento defendido pelo MPF: impossibilidade de combinação, sob pena de se formar uma 3ª lei. O CP Militar proíbe (art. 2, §2º)
OBS: se no caso de sucessão de leis o Magistrado não consiga identificar qual é a mais benéfica para o réu, deve-se lembrar da lição de Nelson Hungria, segundo a qual deverá ser ouvido o réu.
Leis excepcionais são aquelas cuja vigência é limitada a um lapso temporal ou a uma determinada situação de anormalidade. Possuem ultra atividade (art. 3º, CP).
Leis penais em branco e conflito de leis no tempo: uma vez alterado o complemento da lei penal em branco, posteriormente à realização da conduta, e beneficiando-se o agente, deve se operar a retroatividade? Segundo Masson (2012, p.120), há divergência na doutrina: sim – Basileu Garcia; não – Magalhaes Noronha e José Frederico Marques. Opinião do Masson (2012, p. 120): se o complemento se revestir de situação de normalidade, a sua modificação favorável ao réu deve retroagir; se revestir situação de excepcionalidade, aplica-se o art. 3º, CP, não há retroação. Esse entendimento parece ter sido acolhido pelo STF no julgamento do HC 94397, j. 09/03/2010, no qual ficou decidido que tem efeitos retroativos a retirada do cloreto de etila da lista de substâncias psicotrópicas de uso proscrito.
Tempo do crime: adota-se a teoria da atividade (art. 4º, CP), inclusive para aferição da imputabilidade (art. 26, CP). Exceção: a fluência da prescrição abstrata se inicia no dia da consumação (t. resultado). 
ITEM B:		Perdão, renúncia, perempção, decadência e prescrição.
Obras consultadas:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito penal: parte geral, volume 1, 10 ed. - São Paulo: Saraiva, 2006. 
GRECO, Rogério. Curso de DireitoPenal. 10 ed. Rio de Janeiro: Ímpetos, 2008. 
DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: parte geral, 4. ed. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 6.ed. São Paulo: Método, 2012. 
Aulas do curso Alcance para segunda fase.
Legislação básica: Arts. 103, 104, 107 a 119 do Código Penal. 
Decadência: é a perda do direito de queixa ou representação em face da inércia de seu titular durante o prazo legalmente previsto (Masson, p. 870). É causa de extinção da punibilidade. Atinge tanto a ação penal privada, como a pública condicionada à representação. Em regra, o prazo decadência é de 06 meses, contado do conhecimento inequívoco da autoria. A contagem possui índole penal. O prazo é preclusivo e improrrogável, não se submetendo a incidência de causas de interrupção e suspensão. No caso de crime continuado, o prazo é contado separadamente para cada delito parcelar (àquele que compõe a série da continuidade delitiva). A decadência do direito do ofendido não afeta o do representante legal, e vice-versa, contados da data em que vierem a conhecer a autoria delitiva (Sum. 594 STF).
Renúncia: é ato unilateral, manifesta o desinteresse de exercer o direito de queixa, que sé pode ocorrer em crimes de ação penal de exclusiva iniciativa privada e antes desta ser iniciada. Após o recebimento da queixa, não há que se falar em renúncia, porquanto já exercida, mas apenas em outras duas causas de extinção da punibilidade, i.e., o perdão do ofendido ou a perempção. A renúncia pode ser expressa (declaração escrita), tácita (pratica de ato incompatível com a vontade de exercer a queixa) e presumida (hipótese criada pela Lei 9.099/95, onde a homologação da composição dos danos acarreta renúncia ao direito de queixa ou representação para os delitos sob o JECRIM). A renúncia em relação a um dos autores do crime se estende a todos os outros. Porém, havendo dois ofendidos, a renúncia de um deles não implica a do outro, em razão do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. Desistência da queixa crime antes de recebida equivale à renúncia. 
Perdão do ofendido: é ato bilateral (depende da aceitação do querelado), que consiste na desistência do querelante de prosseguir na ação penal de exclusiva iniciativa privada, sendo incabível na subsidiária da pública, sob pena de autorizar sua retomada pelo MP. Ato informal, tendo lugar tanto extraprocessual como processualmente. Como garantia da indivisibilidade, o perdão concedido a um dos querelados estender-se-á aos demais. Todavia, caso haja mais de um querelante, o perdão dado por um deles não prejudica o direito dos outros de prosseguir com a ação penal, mantida a indivisibilidade, se houver mais de um querelado. Exceção é indivisibilidade: se um dos querelados não aceitar o perdão oferecido, seguirá a ação só contra este. Até o trânsito em julgado da condenação, o perdão pode ser concedido (art. 106, §2º, do CP. É causa de extinção da punibilidade. O perdão não se confunde com a renúncia, pois: 1) o perdão opera na fase processual, enquanto a renúncia limita-se a fase pré-processual; 2) o perdão é ato bilateral. Concedido o perdão, o querelado terá três dias para dizer se aceita ou não. Em todo o caso, não havendo aceitação pelo réu, poderá ocorrer perempção.
Perempção: é a perda do direito de ação pela inércia processual do querelante (art. 107, IV, do CP). Justifica-se pelo fato de a lei exigir comportamento permanente ativo do querelante, esperando deste observância rigorosa dos prazos e procedimentos legais, na medida em que a imputação penal em juízo é suficiente para atingir o estado de dignidade do cidadão. As hipóteses que ensejam a perempção são previstas pelo artigo 60, incisos I a IV, do CPP. Não é aplicável na ação penal privada subsidiária da pública.
Prescrição: a perda do direito de punir do Estado, pelo decurso de tempo, em razão do seu não exercício, dentro do prazo previamente fixado. A prescrição constitui a regra, sendo a imprescritibilidade exceção estabelecida nas hipóteses fixadas pelo art. 5º, incisos XLII e XLIV, da CRFB/88 (racismo e ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, respectivamente, além de outras hipóteses previstas pelo Direito Internacional como, por exemplo, o crime de tortura). Ver resumo do item 2b de direito internacional público. Natureza jurídica: causa extintiva da punibilidade (art. 107, IV, do CP). 
Fundamento legal: artigos 107, IV, art. 109 a 119 do CP. 
Espécies: 
a) prescrição da pretensão punitiva: a prescrição da pretensão punitiva só poderá ocorrer antes de a sentença penal transitar em julgado e tem como consequência a eliminação de todos os efeitos penais do crime. O lapso prescricional começa a correr a partir da data da consumação do crime ou do dia em que cessou a atividade criminosa (crime permanente – art. 111 do CP), apresentando, contudo, causas que o suspendem (art. 116 do CP) ou o interrompem (art. 117). Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, o prazo começa a correr quando a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal, conforme lei 12.650/2012. 
A prescrição da pretensão punitiva subdivide-se em: 
a.1) prescrição abstrata: o prazo regula-se pela pena máxima privativa de liberdade cominada ao delito, segundo a tabela do art. 109 do CP; a2) prescrição retroativa: o prazo regula-se com base na pena aplicada na sentença penal condenatória. A Lei 12.234/10 alterou o § 1° do art. 110 do CP. Com esta alteração, um dos marcos temporais da prescrição retroativa foi suprimida. Anteriormente havia dois períodos autônomos possíveis nesta modalidade de prescrição: 1º) da data do fato até o recebimento da denúncia ou queixa; 2º) da data do recebimento da denúncia ou queixa até a publicação da sentença. Eram períodos prescricionais autônomos (não podem ser somados). Com a alteração legislativa, a prescrição retroativa somente ocorrerá entre a data do recebimento da inicial e a sentença condenatória. Agora somente ocorrerá prescrição retroativa por morosidade da atuação do judiciário (morosidade processual) e não por morosidade do MP ou polícia na investigação; a3) prescrição intercorrente ou subsequente: a exemplo da retroativa, regula-se com base na pena em concreto; todavia, a contagem de seu prazo volta-se para o futuro, começando a correr a partir da data da sentença condenatória até o trânsito em julgado para acusação e defesa. Recentemente, o STF considerou que o trânsito em julgado para a defesa deve ser computado no momento em que cessa a possibilidade de haver recurso ordinário (termo final), se o Recurso Especial (para o STJ ou TSE) ou o Recurso Extraordinário (STF) forem inadmitidos (HC 86.125).
b) prescrição da pretensão executória: a prescrição da pretensão executória só poderá ocorrer depois de transitar em julgado a sentença condenatória, regulando-se pela pena concretizada (art. 110 do CP) e verificando-se nos mesmos prazos fixados no art. 109 do CP. O decurso do tempo sem o exercício da pretensão executória faz com que o Estado perca o direito de executar a sanção imposta na condenação. O aumento pela reincidência só incide na executória.
Pela literalidade do art. 112, inc. I, a prescrição começa a fluir no dia em que transita em julgado para a acusação. Contudo, este artigo tinha relação umbilical com a execução provisória. Só fazia sentido começar a correr o prazo a partir do trânsito em julgado para a acusação, se o MP já pudesse desde logo fazer cumprir a pena. Como agora o MP está proibido de exigir o cumprimento da pena em segundo grau (e muito menos em primeiro grau), só a partir do trânsito em julgado para as duas partes (acusação e defesa) é que o prazo prescricional pode correr, já que somente a partir desta data que poderá ser executada a sanção. Ninguém pode ser punido pela inércia se ele não pode agir. Douglas Ficher também defende isso, afirmando que haveria uma inconstitucionalidade por arrastamentodo art. 112, I, do CP. A aplicação literal do art. 112, I, do CP nos leva a em uma interpretação absurda que obriga o MP a recorrer de todas as sentenças condenatórias, mesmo das quais concorde, sob pena de prescrever todos os casos, afrontando o princípio da proibição da proteção deficiente dos bens jurídicos.
Os efeitos da prescrição executória limitam-se à extinção da pena, remanescendo os demais efeitos, penais e extrapenais. 
Causas suspensivas da prescrição: enquanto não for resolvida questão prejudicial em outro processo; enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; imunidade parlamentar; suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95); citação por edital, sem comparecimento ou constituição de defensor (art. 366 do CPP); citação através de rogatória de acusado no estrangeiro; deferimento de parcelamento de crédito tributário nos delitos fiscais (art. 83, §3º, da Lei n. 9.430/96, com redação dada pela Lei 12.382/2011). Por fim, a prescrição executória suspende-se enquanto o condenado estiver preso por outro motivo (art. 116, § único).
Causas interruptivas da prescrição: recebimento da denúncia ou da queixa; pronúncia; publicação da sentença ou acórdão condenatório recorríveis; início ou continuação do cumprimento da pena; reincidência (art. 117 do CP).
Se o réu for reincidente, regulam-se os prazos pela pena aplicada e conforme os lapsos fixados pelo art. 109, acrescidos de 1/3. É importante registrar que a reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva (súmula 220 do STJ).
 Causas redutoras do prazo prescricional: o prazo prescricional é reduzido pela metade quando o agente for, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da sentença, maior de setenta. Ambos fatores de redução aplicam-se tanto à prescrição da pretensão punitiva como da executória (art. 115 do CP). Discute-se se por data da sentença deve-se considerar a decisão de 1° grau ou se deve ser compreendida a data da sentença com trânsito em julgado. Para Nucci, a data a ser considerada é a da sentença de 1° grau. O STF tem posição dúbia, conforme se verifica no AI 624.599-1 e no HC 89969. Na STJ, a posição é no sentido de que a data a ser considerada é a da decisão de 1° grau (RHC 26146, julg. em 04/03/10; HC 86.320/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 24/11/2006; REsp 951510/DF, 5ª Turma, DJe de 04/08/2008). O artigo 366 do CP. Não estipulou prazo de suspensão da prescrição. Logo, há possibilidade de se interpretar que a suspensão permanece até o dia em que o réu for encontrado. Mas, assim pensando, o crime se tornaria imprescritível na prática. Para a doutrina e a jurisprudência o processo fica suspenso pelo prazo máximo em abstrato previsto para o crime no art. 109; em seguida, retoma-se o curso de prescrição, calculado pelo máximo da pena em abstrato prevista (NUCCI, p. 556). O STJ caminha nessa direção. Contudo, o STF possui posição admitindo que a prescrição fique suspensa indefinidamente (Ver Ext. 1042 e RE 460971). 
No cálculo da prescrição, influem as causas de aumento e diminuição da pena, utilizando-se o limite máximo para o aumento e o percentual mínimo para a diminuição. Para análise da prescrição é preciso levar em consideração o fato criminoso narrado na denúncia, e não a classificação feita pelo autor da ação penal (NUCCI, p. 557).
Prescrição da multa: Em 2 anos quando a multa for a única cominada ou aplicada. Caso contrário, no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade. Às penas restritivas de direito aplicam-se os mesmos prazos das privativas de liberdade (art. 109, §ú).
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 PONTO N. 02.		Madjer Tarbine
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ITEM C:		Crimes contra a administração pública praticados por funcionário público contra a administração em geral. Código Penal e leis especiais. Coautoria e participação.
Obras Consultadas: 
Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 3, parte especial: dos crimes contra os costumes a dos contra a administração pública. 6. ed. - São Paulo: Saraiva, 2008. 
Delmanto, Celso; Delmanto, Roberto; Delmanto Junior, Roberto; Delmanto, Fabio M. De Almeida. Código Penal Comentado. 8 ed. São Paulo, Saraiva, 2010. 
Código Penal e sua interpretação: doutrina e jurisprudência/ coordenação Alberto Silva Franco, Rui Stoco, 8. ed. - São Paulo, Editora Revista dos Tribunais. 
Legislação Básica: art. 318 a 327 do CP. 
Noções Gerais: Objetividade jurídica: Administração Pública em sentido amplo. Persegue-se fatos que impedem ou perturbam o desenvolvimento regular da atividade do Estado e de outros entes públicos. A condenação criminal inviabiliza o arquivamento ou absolvição por insuficiência de provas no âmbito administrativo. 
Crimes funcionais próprios: a função pública é elemento essencial do crime. A ausência da qualidade de funcionário torna a conduta atípica. Admitem coautoria e participação pelo intraneus (outro funcionário público) e pelo extraneus (particular pratica o crime em conjunto com o funcionário público). Para que o particular responda pelo crime funcional, é necessário que ele saiba que coopera com um funcionário público, sob pena de responsabilidade objetiva.
Crime funcionais impróprios: a ausência da qualidade de funcionário público pode configurar outro crime. Fala-se em atipicidade relativa. 
Funcionários públicos para fins penais: regra geral: pessoa que exerça, a qualquer título, ainda que transitoriamente e sem remuneração, função pública. 
Funcionário público por equiparação: Alteração imposta pela lei 9.983/2000, que ampliou o conceito de modo a contemplar que exerce cargo, emprego ou função pública em entidade paraestatal ou trabalha para prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da administração pública. Tal lei, por ser mais gravosa, não retroage. 
Não se pode confundir o exercício de uma função pública (ex.: jurado/mesário – exercício de um dever) com o encargo público (prestador de favor, e não dever). O administrador judicial exerce mero munus/encargo público. Também exercem mero encargo inventariante dativo, o tutor dativo e o curador dativo. Já o advogado dativo, para o STJ, é funcionário público para fins penais, pois ele faz às vezes da Defensoria Pública, agindo em razão de um convênio com o Estado e recebendo remuneração deste. Funcionários das franquias da EBCT: para a doutrina majoritária, não são funcionários públicos. Funcionário direto da EBCT: são funcionários públicos para fins penais, assim como os médicos do SUS.
O §2º do art. 327 prevê uma majorante de pena de 1/3, se os autores do crime forem ocupantes de cargo em comissão, função de direção ou assessoramento. Cuidado: não há previsão de aumento de pena para ocupante de cargo ou função em autarquia. Prefeitos, governadores e o Presidente da República incidem no aumento, pois exercem cargo/função de direção do órgão que representam (STF, Inq. 1769-PA).
Sempre que o sujeito ativo for Prefeito municipal o Código Penal funciona como norma geral, enquanto que o DL 201/67 funciona como norma especial. Logo, somente se a conduta não estiver prevista no DL 201/67 é que se aplica o CP.
Peculato: o caput do art. 312 contém duas modalidades, o peculato apropriação e o peculato desvio. O primeiro tem a significação de apossar-se, assenhorar-se, enquanto o segundo o núcleo é desviar. O Objeto material é amplo e recai sobre dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel. 
Diretor de sindicato pratica peculato? Art. 552 da CLT faz uma equiparação objetiva. Para a maioria da doutrina, esse artigo não foi recepcionado pela CF/88, mas STJ discorda.
Para doutrina majoritária, a posse deve ser entendida em sentido amplo, de modo a compreender tanto posse indireta quanto à detenção. 
É imprescindível o animus de apoderamento definitivo. Se agente age com animus de uso, há o delito? Se for coisa consumível sim, se for coisa não consumível não. Mão-de-obra não é coisa, mas serviço. Assim, não existe peculato de mão-de-obra. Mas quando o agentefor Prefeito, o peculato de uso é sempre crime, não importando se a coisa é consumível ou não. Até o uso de mão-de-obra é crime, caso o agente seja Prefeito, por previsão do DL 201/67.
Princípio da insignificância: no STF prevalece que cabe, no STJ que não cabe, pois tal crime não resguarda apenas o aspecto material, mas principalmente a moral administrativa (HC 115.562, DJe 21.06.2010).
Peculato-furto: subtrai ou concorre para a subtração. É imprescindível que o agente atue valendo-se da facilidade proporcionada pela qualidade de ser funcionário. 
Peculato culposo: A reparação do dano antes da sentença irrecorrível acarreta extinção da punibilidade. Se posterior, reduz a pena pela metade. Pratica este crime, por exemplo, o funcionário público incumbido de fiscalizar o serviço.
Peculato mediante erro de outrem: o erro deve ser espontâneo. Se o terceiro errou provocado pelo funcionário público, o delito será o de estelionato.
Peculato Eletrônico: O funcionário não autorizado que pratica o art. 313-A reponde pelo crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP). Por não ser autorizado, o funcionário será equiparado ao particular. .
Questão 96 do 26º concurso: “A energia de valor econômico pode ser objetivo material do crime de peculato” 
Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. Objeto jurídico: a regularidade da Administração Pública. “Se o orçamento fora aprovado por decreto do próprio Poder Executivo, e não por lei, falta o requisito que o art. 315 exige (STF, RT 617/336).
Concussão: É uma espécie de extorsão praticada pelo funcionário público. Se o sujeito ativo for fiscal de rendas, aplica-se o art. 3º, II, da Lei 8.137/90 (neste caso, temos um crime funcional contra a ordem tributária, e não contra a Administração Pública. O mesmo ocorre na corrupção passiva). Prevalece que a vantagem pode ser de qualquer natureza (sexual, moral, econômica etc.). Se a vantagem for devida, o agente poderá praticar outro crime. Se essa vantagem devida for tributo ou contribuição social, o delito será o de excesso de exação (art. 316, §1º, do CP). Se a vantagem for qualquer outra, desde que devida, haverá o crime de abuso de autoridade. Para configurar a concussão, é imprescindível que o agente tenha competência ou atribuição para concretizar o mal que prometeu, caso contrário estará configurado o crime de extorsão. 
Para corrente majoritária, o crime de concussão é formal, de modo que se consuma com a exigência, independentemente do recebimento da vantagem. Corrente minoritária afirma que é de mera conduta (STF, RTJ 71/651) 
Corrupção passiva: verbo: solicitar, receber ou aceitar promessa. Se o funcionário, em razão da vantagem ou promessa, retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional tem-se a figura qualificada, em que a pena é aumentada em um terço. Se praticado por influência de outrem, tem-se a figura privilegiada, que não se confunde com prevaricação pela ausência do elemento subjetivo “satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção adota uma definição ampla de corrupção, de modo a incluir diversos crimes contra a Administração Pública. MPF 26, questão 97
“Pequena doações ocasionais, como as costumeiras ‘boas festas’ de Natal ou Ano Novo, não configuraram crime” (Capez, pag. 443)
Facilitação de contrabando ou descaminho: Só pode ser praticado pelo funcionário público com o dever funcional de fiscalização ou repressão do contrabando. Trata-se de crime próprio. O funcionário sem tal incumbência e o particular podem ser partícipes, desde que tenham conhecimento da condição de funcionário público do autor. 
Prevaricação: São três modalidades: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício ou praticá-lo contra disposição expressa de lei. Imprescindível demonstrar o elemento subjetivo “satisfazer interesse ou sentimento pessoal), sendo requisito da denúncia. 
Prevaricação imprópria (art. 319-A): vedação de aparelho telefônico, de rádio ou similar em presídios. Qualquer outro acessório (chips, baterias, carregadores de celular), a princípio, não poderia ser objeto material, sob pena de haver analogia in malam partem. O STJ, no entanto, já estendeu a incriminação aos acessórios (HC 154.356/SP, DJe 18/10/2010). Trata-se de crime omissivo próprio, de modo que não é possível tentativa. Aqui não se exige o elemento subjetivo “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. 
Condescendência criminosa. Contém duas modalidades: Deixar de responsabilizar subordinado que cometeu infração e não levar ao conhecimento de autoridade competente. É crime formal.
Advocacia Administrativa: Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Núcleo é apadrinhar, patrocinar. Na figura do caput, pouco importa se o interesse é justo. A figura qualificada incide quando o interesse é ilegítimo. 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento: Conflito aparente de leis. Se há especial fim de agir, art. 305. Se o agente não tiver a guarda ou não for funcionário, art. 307 do CP. Se a sonegação é de papel ou objeto de valor probatório, recebido pelo agente na qualidade de advogado ou procurador, art. 356 do CP. Se o extravio, sonegação ou inutilização acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social., art. 3º, I, da Lei 8137/90) (Delmanto)
Violação de sigilo funcional: Trata-se de crime subsidiário. Quando o segredo for referente a interesses protegidos pela lei de Segurança Nacional, ela se aplica, em homenagem ao princípio da especialidade. Para a ocorrência é imprescindível que o fato revelado tenha chagado ao conhecimento do agente em razão do exercício do cargo (sob pena de haver outro crime, como o art. 154), conforme ficou decidido no famoso julgado da transgressão do painel eletrônico do Senado (STF, Inq. 1.879/DF, J. 10/09/2003). Com a edição da lei da Lei 11.343/2006, o crime que antes era tipificado pelo art. 17 da Lei 6.368/76 passou a sofrer incidência do art. 325 do CP, não tendo ocorrido a abolitio criminis, aplicando-se, então, o art. 17 aos crimes praticados sob sua vigência, por ser norma mais favorável e ultra ativa. 
Obs. Art. 7, I, do CP: extraterritorialidade incondicionada. Art. 33, §4º, do CP: Nos crimes contra a administração pública a progressão de regime é condicionada reparação do dano.
GRUPO IV – DIREITO PENAL
 PONTO N. 02.		Madjer Tarbine
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ITEM A: 		Aplicação da lei penal no espaço 
Obras consultadas:
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Vol. 1, 8ª edição. Editora Saraiva.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 10ª edição. Editora RT.
Os princípios e normas de direito público interno, em especial arts. 5° a 8° do CP, definem a aplicação da lei penal no Brasil, como se demonstra.
Princípios aplicáveis:
a) territorialidade - aplica-se a lei aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade da vitima, agente ou do bem jurídico lesado, com base na soberania do Estado. Regra geral no Brasil (art. 5ºdo CP);
b) real, de defesa ou da proteção: aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados no estrangeiro que ofendam bens jurídicos considerados fundamentais para o Brasil (art. 7º, inc. I, a, b, c do CP). Nucci aponta como casos: alínea “a” - arts. 121, 122 e 146 a 154 do CP e arts. 28 e 29 da Lei 7170/83 (Lei de Segurança Nacional); alínea “b” – arts. 155 a 180 e 289 a 311 do CP; e alínea “c” – arts. 312 a 326 c/c 327 do CP. 
c) nacionalidade ou personalidade: aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados no estrangeiro contra vítima brasileira (passiva) ou por autor brasileiro (ativa) (art. 7º, inc. II, b e §3º do CP). Visa a evitar a impunidade de delitos perpetrados em país estrangeiro por nacionais de outros países, ante a vedação à extradição de nacionais; 
d) universalidade, justiça universal ou cosmopolita: permite a punição, por todosos Estados, dos crimes que forem objeto de tratados internacionais, independentemente do lugar do delito, da nacionalidade do agente ou da vitima ou do bem lesado. É característico da cooperação jurídica internacional (art. 7º, II, a). A competência firma-se por prevenção, sendo caso de extraterritorialidade condicionada, em regra – exceção: Lei 9455/97, art. 2º. Abrange a hipótese do genocídio (art. 7º, I, d) e delitos previstos em Tratados ou Convenções subscritas pelo Brasil, nas quais o país se obriga a efetuar a punição – exe.: tráfico de drogas, pirataria, tráfico de mulheres, tortura. 
e) representação ou bandeira: aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam punidas art. 7º, II, c do CP. É princípio subsidiário, aplicável apenas quando o governo estrangeiro não demonstre interesse em punir o criminoso.
Conceito de território nacional: âmbito espacial sujeito ao poder soberano do Estado. Segundo Bitencourt, “em sentido estrito, território abrange solo (e subsolo) continuo e com limites reconhecidos, águas interiores, mar territorial (plataforma continental) e respectivo espaço aéreo”. Subdivide-se em: 
(a) efetivo ou real: superfície terrestre (solo e subsolo); águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente [espaço aéreo - definido segundo três teorias: a) absoluta liberdade do ar; b) soberania limitada ao alcance de baterias antiaéreas, que significariam o limite à soberania estatal; e) soberania sobre a coluna atmosférica, adotada pelo Código Brasileiro de Aeronáutica (Dec. 34/67)]. 
(b) por extensão ou flutuante: b.1 - navios e aeronaves brasileiros públicos (de guerra, em serviços militares, em serviços públicos, etc.) onde quer que se encontrem (alto mar, mar territorial brasileiro ou estrangeiro e ou no espaço aéreo correspondente); b.2 - navios estrangeiros privados, desde que em mar territorial ou porto brasileiros; e aeronaves estrangeiras privadas, desde que em pouso no território nacional ou no espaço aéreo correspondente; b.3 – navios e aeronaves privados brasileiros, que estejam em alto mar ou no espaço aéreo correspondente.
Segundo a Convenção de Montego Bay (1982), os Estados costeiros exercem plenamente sua soberania também sobre o mar territorial, bem como seu leito e subsolo. Mar territorial brasileiro: 12 milhas, a partir da linha de baixa mar do litoral continente e insular (art. 1º da Lei 8.176/93). 
A aplicação extraterritorial da lei penal brasileira, prevista no art. 7º do CP, pode ser: 
(i) incondicionada: aplicável a lei brasileira a crimes (inciso I) praticados fora do território nacional, ainda que o agente já tenha sido julgado no estrangeiro, independentemente da concordância do pais em que o crime ocorreu, do ingresso do agente no Brasil ou do fato de se encontrar extinta a punibilidade do agente. Funda-se nos princípios da defesa (alíneas “a”, “b”, “c”) e da universalidade (alínea “d”). A Lei 9455/97, que define os crimes de tortura no Brasil, prevê como hipótese de extraterritorialidade incondicionada o fato de ser a vítima brasileira ou de se encontrar, o agente, em local sob a jurisdição brasileira (art. 2º). Tem como condição da ação o interesse de agir, fundado na utilidade do processo, ou seja, eventual sentença deve ser exequível. 
O § 1° do artigo 7° do CP determina que o Brasil poderá perseguir o criminoso aqui, nos casos de extraterritorialidade incondicionada, mesmo após a condenação ou cumprimento de pena no estrangeiro. Isto não configura bis in idem por força do artigo 8° do CP, que prevê compensação: “a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”.
(ii) condicionada: aplicável a lei brasileira aos crimes (previstos no inciso II e § 3º) praticados fora do território nacional, desde que satisfeitas as condições de procedibilidade: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no pais em que praticado (dupla tipicidade), observado o princípio do ne bis in idem; crime extraditável, segundo a lei brasileira; não estar extinta a punibilidade do agente, segundo a lei mais favorável. Além dessas condições, a aplicação da lei brasileira ao crime previsto no §3º se sujeita, ainda, às específicas: não ter sido pedida ou após negada a extradição; requisição do Ministro da Justiça. Funda-se nos princípios da universalidade (alínea a); da personalidade ativa (alínea “b”), da bandeira (alínea “c”) e da personalidade passiva (§3º).
Lugar do crime: teoria adotada pelo CP (art. 6º) – teoria pura da ubiquidade, mista ou unitária, pela qual lugar do crime pode ser o da ação, do resultado ou do lugar do bem jurídico atingido. Outras teorias: teoria da ação ou da atividade; teoria do resultado ou do evento; teoria da intenção; teoria do intermédio ou do efeito mais próximo (local onde energia é movimentada); teoria da ação à distância ou longa mão (local do ato executivo); teoria limitada da ubiquidade (local da ação, do resultado ou onde bem jurídico é atingido).
GRUPO IV – DIREITO PENAL
 PONTO N. 03.		Bruna Menezes Gomes da Silva
ITEM B: 	Reabilitação e Medidas de Segurança no Código Penal e em leis especiais. Prescrição. 
Obras consultadas:
Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Parte Geral, vol. 1, 14ª ed. Ed. Saraiva.
Nucci, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado, 11ª ed. Revista dos Tribunais, 2012.
Cunha, Rogério Sanches. Código Penal para Concursos, 2ª ed. Ed. Juspodivm, 2009.
Legislação básica. Arts. 93 a 99 e do CP; arts. 743, 748 CPP; art. 202 LEP; arts 651 e 652 do CPPM; Lei 11.105, art. 181; Lei 11.343/2006, arts. 45 e 47.
1. Reabilitação: Antes da reforma penal de 1984, era causa extintiva de punibilidade; atualmente é instituto autônomo que tem por fim estimular a regeneração. 1.1. Competência: art. 743 do CPP, é do juiz da condenação; não foi transferida para o juiz da execução. 1.2. Pressupostos e requisitos: art. 94 do CP: são necessários dois pressupostos (cumulativos): condenação irrecorrível e decurso de dois anos, a partir da extinção, de qualquer modo, ou do cumprimento da pena. O período de sursis ou do livramento condicional, se não houver revogação, é incluído. Acrescenta o art. 94, três requisitos (incisos), sendo que Bittencourt questiona a constitucionalidade do I, de domicílio no país nesse período, por ser limitação indevida e desnecessária ao status libertatis do indivíduo (p. 740); deve também o condenado demonstrar bom comportamento (II) e ressarcir o dano, ou demonstrar impossibilidade (III). Negada, reabilitação pode ser requerida a qualquer tempo com fato novo. No Código de Processo Penal Militar, a reabilitação está prevista nos arts. 651 e 652, tendo sido acolhido o HC 149602 / RJ (STJ, 04/02/2010), para conceder a reabilitação por crime militar, reconhecido o direito como “consagração do princípio da dignidade da pessoa humana”. 1.3. Efeitos: (i) sigilo sobre os registros criminais do processo e da condenação –tem pouca utilidade diante do art. 202 da LEP, que já prevê o sigilo com o mero cumprimento/extinção da condenação. Com a reabilitação, o sigilo só pode ser quebrado quando as informações “forem requisitadas por juiz criminal” (art. 748 do CPP). Não cancela o registro; apenas torna sigiloso. Por outro lado, cumprida/extinta a pena, sem a reabilitação, o sigilo poderá ser quebrado “para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei” (art. 202 da LEP); (ii) suspensão condicional de alguns efeitos da condenação: não serão suspensos os efeitos penais diretos, a obrigação de indenizar e o confisco. Só suspendem os efeitos extrapenais específicos do art. 92 do CP, vedada a reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II. A reabilitação não exclui a condenação, que continua a ser antecedente penal, conforme art. 64, I, do CP (HC 32372-STJ).

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