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DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO

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PROGRAMA DO CURSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com efeito, vemos o Direito Internacional como referência inafastável em inúmeros 
temas, como, por exemplo: acesso à Justiça; adoção internacional; arbitragem; aviação e 
navegação aérea; combate aos ilícitos transnacionais; comércio internacional; condição jurídica 
do estrangeiro; conflitos de leis no espaço; cooperação jurídica internacional; crises econômicas 
e financeiras internacionais; democracia; desenvolvimento; direitos humanos; entrada e 
permanência do estrangeiro em território de outro país; exploração espacial; harmonização de 
ordenamentos internos; integração regional; investimento externo; mecanismos de solução de 
conflitos internacionais; meio ambiente; nacionalidade; navegação marítima e manejo dos 
recursos do mar; prestação de alimentos no estrangeiro; promoção da 
paz; propriedade intelectual; proscrição de armas de destruição em massa; rios internacionais; 
saúde pública; seguridade social; sequestro internacional de crianças; telecomunicações; 
trabalho e; turismo internacional. 
 
 
 
 
 
 
DIREITO INTERNACIONAL 
PÚBLICO
TEORIA GERAL
SOCIEDADES 
INTERNACIONAL (ESTADO 
E ORGANIZAÇAO 
INTERNACIONAL)
LITIGIOS INTERNACIONAL
TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
1. CONCEITO 
Uma definição irônica do direito internacional público é aquela onde pronuncia, que 
esse direito e com o qual, ou sem o qual o mundo continua o mesmo. 
No esforço de conceituar o Direito Internacional Público, a doutrina oscila entre uma 
visão tradicional e uma perspectiva que considere o novo quadro das relações internacionais. 
Um conceito clássico do Direito Internacional Público é o de Alberto do Amaral Júnior, 
que o define como o ramo do Direito que "tem sido tradicionalmente entendido como o conjunto 
das regras escritas e não-escritas que regula o comportamento dos Estados", lembrando que 
essa concepção remonta à Paz de Vestefália, que "consolidou o sistema moderno dos Estados". 
Na mesma linha, Francisco Rezek alude a um "sistema jurídico autônomo, onde se ordenam as 
relações entre os Estados soberanos". 
Os contornos da sociedade internacional moderna aparecem no conceito de Celso de 
Albuquerque Mello, que afirma que o Direito Internacional Público é "o conjunto de normas 
que regula as relações externas dos atores que compõem a sociedade internacional. Tais pessoas 
internacionais são as seguintes: Estados, organizações internacionais, o homem etc.". No 
mesmo sentido, Valério Mazzuoli o conceitua como um "sistema de normas jurídicas que visa 
a disciplinar e a regulamentar as atividades exteriores da sociedade dos Estados (e também, 
modernamente, das organizações internacionais e ainda do próprio indivíduo)". 
Uma noção que concilia as perspectivas tradicional e contemporânea é apresentada por 
Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva e Hildebrando Accioly, para os quais o Direito 
Internacional Público é “o conjunto de normas jurídicas que rege a comunidade internacional, 
determina direitos e obrigações dos sujeitos, especialmente nas relações mútuas dos estados e, 
subsidiariamente, das demais pessoas internacionais, como determinadas organizações, bem 
como dos indivíduos”. Tal definição traduz a percepção de parte da doutrina de que certas 
pessoas só têm direitos e obrigações na ordem internacional porque os Estados o permitiram. 
Há conceitos de Direito Internacional Público que não se preocupam com a composição 
da sociedade internacional, como aquele formulado por Dinh, Dailler e Pellet, que se referem 
ao Direito Internacional como "o direito aplicável à sociedade internacional". Philippe Manin, 
citado por Ricardo Seitenfus, faz alusão ao "conjunto de regras que se aplicam às relações 
internacionais e que não se fundam no direito de um Estado". 
Guido Fernando Silva Soares apresenta uma noção que sintetiza os conflitos entre 
concepções clássicas e conceitos modernos: " 0 Direito Internacional Público, de uma 
perspectiva tradicional, poderia ser definido como um sistema de normas e princípios jurídicos 
que regula as relações entre os Estados. Na atualidade, contudo, tal definição é por demais 
estreita, uma vez que não contempla um dos grandes destinatários de suas normas, a pessoa 
humana, nem situações particulares de outros sujeitos de Direito Internacional Público, que não 
são Estados". 
 
2. DENOMINAÇÃO 
A expressão direito internacional (international law) surge com Jeremias Bentham, em 
1780, utilizada em oposição a national law ou a municipal law. Traduzida para o francês e 
demais línguas latinas como direito internacional, a expressão tem sido criticada, visto que para 
estas a palavra nação não tem o mesmo significado de estado, como em inglês. Para alguns 
juristas, o mais correto seria falar em direito interestatal, mas atualmente a expressão se acha 
consagrada, e modificá-la já não se justifica. Na medida em que os estados sejam estados 
nacionais, a expressão encontra certo grau de justificação. 
A palavra público pode ser acrescentada a fim de distinguir a matéria do direito 
internacional privado (conflict of laws dos países de língua inglesa), embora o qualificativo seja 
dispensável. Como, ademais, aqui se assinala, mas não se retoma. 
Muitos autores empregam a expressão direito de gentes (law of nations ou Völkerrecht), 
utilizada por Richard Zouch (1650), que é mantida em uso por Antoine FAVRE (1974), melhor 
dito, jus inter gentes. Como formulara Francisco de VITÓRIA. 
A expressão direito das gentes tem o inconveniente de criar confusão com o direito das 
gentes do direito romano (jus gentium), cujo objeto era outro. É, contudo, usada frequentemente 
como sinônimo de direito internacional, e evitar confusão com o direito internacional privado. 
Outras expressões sugeridas, como direito público internacional, não são neutras, mas 
têm o objetivo de salientar o primado do direito público sobre o dado internacional, o que se 
aproxima da corrente positivista: o direito das gentes, visto como emanação do direito interno, 
relativo às relações internacionais (ausseres Staatsrecht), “direito público externo”. Clóvis 
BEVILÁQUA, ao intitular seu livro Direito público internacional, evidencia determinada 
filiação intelectual, que não é simples detalhe terminológico. Não se constrói sistema 
internacional com a simples superposição mais que soma de sistemas internos, estes colocado 
lado a lado. Aí não se inscreve conjunto de princípios, normas e instituições da ordem 
internacional. Para A. A. CANÇADO TRINDADE (2002)22: “o direito internacional, ao longo 
dos anos, tem se transformado sob o impacto dos ideais, e o reconhecimento de que não depende 
da vontade dos estados: se fosse produto exclusivo de tal vontade, não poderia obrigá-los e se 
os obriga, não é mero produto de sua vontade”. 
Embora passível de reparos, a denominação direito internacional integrou--se, de tal 
modo, ao uso corrente, a ponto de que quaisquer tentativas de construção terminológica diversa 
acabam não indo além da obra e do círculo de influência pessoal dos autores que as formulam. 
Consignados os reparos, cabe assinalar se estes mantêm a utilização do termo habitual. 
 
3. NEGADORES 
Poucos autores ainda negam a existência do direito internacional, e é sintomático que 
os estados nunca recorram a esse argumento, mas busquem, no próprio direito internacional, 
justificar as suas ações, mesmo quando violam suas normas. 
Contrariamente à opinião amplamente divulgada e que se explica em razão de algumas 
graves e espetaculares violações do direito internacional, este é aplicado, é observado de modo 
igualmente amplo e consistente, com toda a naturalidade, nas incontáveissituações de relações 
entre os estados e demais sujeitos de direito internacional. 
Convém mencionar os argumentos, geralmente inspirados em tentativas de reduzir o 
direito internacional a noções de força ou de moral internacional, para, a seguir, negar o caráter 
jurídico do direito internacional. Outros críticos parecem querer transpor conceitos de direito 
interno, para negar o caráter jurídico do direito internacional, em razão da ausência de leis 
internacionais, de tribunais ou de sanções. 
Querer reduzir o direito a sistema de relações de força não somente nega a qualidade de 
direito às normas regentes das relações entre estados como também contraria os fatos. Todos 
os estados observam, em suas relações, normas que conscientemente consideram obrigatórias, 
vinculantes e restritivas do exercício das respectivas soberanias nacionais. 
Da mesma forma esvazia o direito internacional de seu conteúdo jurídico e de sua 
efetividade a pretensão de querer reduzi-lo a conjunto de postulados de moral internacional. Se 
o direito se torna impreciso, perde grande parte de sua eficácia. 
O argumento da ausência de lei pode ser descartado pelo simples raciocínio de que não 
se deve confundir lei com direito. Além do mais, principalmente depois da criação das Nações 
Unidas, a sociedade internacional tem adotado uma série de tratados multilaterais, destinados a 
regulamentar as relações internacionais, sem falar nas regras de direito internacional 
costumeiro, ou consuetudinário, observadas pelos estados em suas relações recíprocas. 
O argumento da ausência de tribunais cai por terra a partir da instauração dos 
mecanismos institucionais de solução de controvérsias entre estados. O fenômeno ocorre a 
partir do momento em que existem tribunais internacionais aos quais os estados podem 
submeter as suas queixas: a Corte Permanente de Arbitragem existe e opera desde 1899; a Corte 
Permanente de Justiça Internacional, no período entre as duas guerras mundiais, e, desde 1946, 
a Corte Internacional de Justiça, sucessora da Corte Permanente. Ao lado desta, o Tribunal 
Internacional para direito do mar (estipulado pela Convenção das Nações Unidas para Direito 
do Mar, 1982, instalado e em operação desde 1996), bem como o Tribunal Penal Internacional 
(estipulado pelo Estatuto de Roma, de 1998, instalado desde 2002), bem como os Tribunais 
internacionais ad hoc, criados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, para a ex-
Iugoslávia e para Ruanda. Convém, ainda, lembrar de ser a coexistência dos vários tribunais 
internacionais especializados a materialização da expansão da função judicial internacional. Os 
tribunais são posteriores ao direito, e a maioria dos atos, mesmo em direito interno, ocorre fora 
dos tribunais, que exercem uma função psicológica. 
O argumento da ausência de sanções reflete o erro essencial dessa concepção: considerar 
o estado como a única fonte de direito. Paul REUTER (1961) enfatiza “a recusa do monopólio” 
sobre o direito, na linha de Ph. JESSUP e Alfred VERDROSS. Quanto mais perfeita a ordem 
jurídica, menor a necessidade de coação. Esta pode existir como potencialidade, sem 
necessariamente ter de ser transformada em medidas coercitivas ou sem que haja relação direta 
entre o estado, responsável pela violação, e os estados que reajam a tal violação. 
Em outras palavras, há negadores teóricos que alegam que as normas internacionais têm 
natureza meramente moral e de pura cortesia, e que seria impossível haver uma ordem jurídica 
internacional enquanto não existir uma sociedade mundial organizada. Os negadores práticos 
ora afirmam que os Estados atuam unicamente em função de seus interesses, ora que as relações 
internacionais são baseadas apenas na força ou, ainda, que a ordem jurídica internacional carece 
de coercitividade. Por fim, há quem afirme que o Direito das Gentes não tem relevância e 
utilidade, visto que, na convivência internacional, acabariam prevalecendo apenas os interesses 
dos Estados, que se impõem segundo os respectivos diferenciais de poder, ficando a eventual 
aplicação das normas internacionais vinculada a considerações de caráter político, econômico, 
militar etc. Com efeito, não é difícil verificar que existe um ordenamento jurídico internacional, 
formado por um conjunto de preceitos voltados a regular as condutas dos membros da sociedade 
internacional e o tratamento de temas de interesse global. Assim como os demais preceitos 
jurídicos, as normas internacionais são obrigatórias e, com frequência, contemplam 
expressamente a possibilidade de sanções no caso de seu descumprimento. 
4. FUNDAMENTOS 
O estudo do fundamento do direito internacional busca explicar a sua obrigatoriedade. 
Trata-se do problema mais complexo da matéria, pois a formulação das regras de direito 
internacional poderá variar conforme a posição apriorística adotada. Mas, não obstante a 
importância atribuída à questão pela grande maioria, para vários conceituados autores o estudo 
do fundamento não faz parte do direito internacional propriamente dito. 
As doutrinas que procuram explicar a razão de ser do direito internacional podem ser 
filiadas a duas correntes, ou seja, a voluntarista e a naturalista/objetivista. Para os defensores 
das doutrinas voluntaristas, ou do direito positivo, a obrigatoriedade do direito internacional 
decorre da vontade dos próprios estados; para a outra corrente, a obrigatoriedade é baseada em 
razões objetivas, isto é, acima da vontade dos estados. 
O voluntarismo é uma corrente doutrinária de caráter subjetivista, cujo elemento central 
é a vontade dos sujeitos de Direito Internacional. Para o voluntarismo, os Estados e 
organizações internacionais devem observar as normas internacionais porque expressaram 
livremente sua concordância em fazê-lo, de forma expressa (por meio de tratados) ou tácita 
(pela aceitação generalizada de um costume). O Direito Internacional, portanto, repousa no 
consentimento dos Estados. É também chamado de "corrente positivista". A doutrina 
desenvolveu várias vertentes do voluntarismo, que são as seguintes: 
 
 Autolimitação da vontade (Ceorg Jellinek): O Estado, por sua própria vontade, submete-se 
às normas internacionais e limita sua soberania; 
 Vontade coletiva (Heinrich Triepei): O Direito Internacional nasce não da vontade de um 
ente estatal, mas da conjunção das vontades unânimes de vários Estados, formando uma só 
vontade coletiva; 
 Consentimento das nações (Hall e Oppenheim): O fundamento do Direito das Gentes é a 
vontade da maioria dos Estados de um grupo, exercida de maneira livre e sem vícios, mas sem 
a exigência de unanimidade; 
 Delegação do Direito interno (ou do "Direito estatal externo", de Max Wenzel): O 
fundamento do Direito Internacional é encontrado no próprio ordenamento nacional dos entes 
estatais. 
 
O objetivismo sustenta que a obrigatoriedade do Direito Internacional decorre da 
existência de valores, princípios ou regras que se revestem de uma importância tal que delas 
pode depender, objetivamente, o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade 
internacional. Nesse sentido, tais normas, que surgem a partir da própria dinâmica da sociedade 
internacional e que existem independentemente da vontade dos sujeitos de Direito 
Internacional, colocam-se acima da vontade dos Estados e devem, portanto, pautar as relações 
internacionais, devendo ser respeitadas por todos. O objetivismo também inclui vertentes 
teóricas, como as seguintes: 
 
 Jusnaturalismo (teoria do Direito Natural): as normas internacionais impõem-se 
naturalmente, por terem fundamento na própria natureza humana, tendo origem divina ou 
sendo baseadas na razão; 
 Teorias sociológicas do Direito: a norma internacionaltem origem em fato social que se 
impõe aos indivíduos; 
 Teoria da norma-base de Kelsen: o fundamento do Direito Internacional é a norma 
hipotética fundamental, da qual decorrem todas as demais, inclusive as do Direito interno, até 
porque não haveria diferença entre normas internacionais e internas; 
 Direitos fundamentais dos Estados: o Direito Internacional fundamenta-se no fato de os 
Estados possuírem direitos que lhe são inerentes e que são oponíveis em relação a terceiros. 
 
A doutrina voluntarista é criticada por condicionar toda a regulamentação internacional, 
inclusive a concernente a matérias de grande importância para a humanidade, à mera vontade 
dos Estados, normalmente vinculada a inúmeros condicionamentos. A doutrina objetivista, por 
outro lado, ao minimizar o papel da vontade dos atores internacionais na criação das normas 
internacionais, coloca também em risco a própria convivência internacional, ao facilitar o 
surgimento de normas que podem não corresponder aos anseios legítimos dos povos. 
As críticas a tais correntes levaram à formulação de uma teoria, elaborada por Dionísio 
Anzilotti, que fundamenta o Direito Internacional na regra pacta sunt servanda. Para esse autor, 
o Direito Internacional é obrigatório por conter normas importantes para o desenvolvimento da 
sociedade internacional, mas que ainda dependem da vontade do Estado para existir. Ademais, 
a partir do momento em que os Estados expressem seu consentimento em cumprir certas normas 
internacionais, devem fazê-lo de boa-fé. 
O princípio segundo o qual os acordos têm de ser cumpridos (pacta sunt servanda) é 
basilar para a ordenação de qualquer sistema de convivência organizada. Tanto mais relevante 
e necessário em contexto descentralizado, como a sociedade internacional. Da mesma forma 
que pactum est servandum, não se pode, tampouco, negligenciar o papel e o alcance do princípio 
equivalente, segundo o qual o costume tem de ser observado (consuetudo est servanda) e 
aplicado como a expressão da juridicidade, no plano internacional. E aí se inscreve o debate 
quanto ao alcance e o conteúdo respectivo, na delimitação entre a norma escrita e a norma 
consuetudinária, no direito internacional. 
 
5. DIVISÃO 
O Direito como um todo se subdivide em direito interno e Direito Internacional, onde 
temos o primeiro se tratando das relações jurídicas no interior do sistema jurídico nacional e o 
segundo, as relações entre diferentes sistemas internacionais. 
Cada Estado possui o seu direito interno regulando a vida no seu interior, enquanto que 
tratados e convenções internacionais regulam a convivência destes Estados. Matérias como as 
que discorrem sobre nacionalidade ou que se preocupam com os direitos humanos, têm um 
campo quase que comum. Por estes motivos, fica difícil muitas vezes diferenciar onde começa 
um e termina o outro. 
Se tratando do Direito Internacional temos as divisões: a) quanto ao objeto: Direito da 
Paz e da Guerra – clássica; b) quanto à abrangência: Direito Internacional Público Geral e 
Direito Internacional Privado. 
Temos ainda ramos ou sub-ramos do direito internacional; tais como o Direito da Guerra 
e da Neutralidade; Direito do Mar; Direito Aéreo; Direito Diplomático e Consular; Direito dos 
Tratados; Direito Internacional do Espaço Extra-Atmosférico; Direito Internacional da Proteção 
dos Direitos do Homem; Direito Internacional da Economia e do Desenvolvimento; Direito 
Administrativo Internacional; Direito das Organizações Internacionais; Direito da Cooperação 
Científica e Técnica; Direito Internacional do Meio Ambiente; Direito do Comércio 
Internacional. 
 
6. RELAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL COM O DIREITO 
INTERNO 
Das relações travadas entre o Direito Internacional e o Direito interno surgem discussões 
que buscam determinar a posição hierárquica do Direito Internacional frente ao Direito Interno 
e solucionar os conflitos, porventura existentes, entre normas internacionais e as normas 
internas de cada ordenamento jurídico. A questão, embora seja de interesse global, não 
apresenta um regramento uniforme e universal, uma vez que recebe tratamento diferente de 
acordo com o Direito Constitucional de cada Estado. 
As relações entre o Direito Internacional e o Direito interno geram diversas discussões 
doutrinárias que tentam solucionar as questões teóricas – estudo da hierarquia do Direito 
Internacional frente ao Direito interno estatal – e práticas – soluções para situações de conflitos, 
porventura existentes, entre normas de Direito Internacional e regras de Direito interno – 
advindas desta relação. 
Na tentativa de solucionar tais questões, surgiram diversas teorias, dentre as quais se 
destacam a teoria dualista e a teoria monista. Estas teorias discutem se o Direito Internacional 
e o Direito interno dos Estados são duas ordens jurídicas distintas e independentes (teoria 
dualista) ou se o Direito Internacional e o Direito interno formam uma única ordem jurídica 
(teoria monista). 
 TEORIA MONISTA 
A teoria monista admite a existência de apenas uma ordem jurídica coordenada no 
contexto de uma unidade normativa, logo, o Direito Internacional aplica-se diretamente na 
ordem jurídica dos Estados, independentemente de qualquer transformação. 
De acordo com essa teoria, as normas internacionais podem ter eficácia condicionada a 
harmonia de seu teor com o direito interno. Da mesma forma, as aplicações das normas 
nacionais não podem contrariar os preceitos do Direito Internacional aos quais o Estado 
encontra-se vinculado. Segundo Hidelbrando Accioly, a doutrina monista não parte do princípio 
da vontade dos estados, mas sim da norma superior, pois o direito é um só, quer se apresente 
nas relações de um estado, quer nas relações internacionais. (ACCIOLY, 2010, p. 231) 
No caso de conflito entre normas de direito interno e internacional, duas subespécies 
dentro do monismo foram desenvolvidas, para decidir qual norma será aplicada, quais sejam: 
monismo nacionalista e monismo internacionalista. 
O monismo nacionalista provém da doutrina constitucionalista nacionalista baseada em 
Hegel, defensor da soberania absoluta do Estado, que é irrestrita e absoluta. De acordo com 
essa teoria, havendo um conflito, deverá prevalecer a ordem jurídica nacional de cada Estado. 
Já o monismo internacionalista teve como maior precursor Hans Kelsen, formulando a 
conhecida imagem da pirâmide das normas, sendo que no vértice deveria encontrar-se a norma 
fundamental, que vem a ser o direito internacional. 
Para essa teoria, o direito interno e o direito internacional, embora tratem de assuntos 
diferentes, fazem parte de um todo harmônico e, portanto, devem conviver desta maneira, 
porém, em caso de conflitos de normas internacionais e as do ordenamento jurídico interno de 
cada Estado, aquelas se sobrepõem a estas, surgindo então a superioridade hierárquica do direito 
internacional em face do direito interno. 
A doutrina monista adota a sistemática da recepção que determina que assinado e 
ratificado um tratado por um Estado, este assume um compromisso jurídico, não sendo 
necessária a edição de um novo diploma normativo 
 
 TEORIA DUALISTA 
A denominação de dualista foi dada por Alfred Verdross, em 1914, e aceita por Triepel, 
em 1923. O primeiro estudo sistematizado acerca da existência de um conflito entre normas foi 
realizado por Heinrich Triepel, em 1899, na obra Volkerrecht und Landesrecht, Triepel 
defendia que o direito interno e o direito internacional são duas ordens jurídicas separadas, 
autônomas e independentes. Em decorrência dessa completa independência, não existe 
possibilidade de um conflito entre elas. 
De acordo com essa teoria, para que uma normainternacional seja aplicada na ordem 
interna de um Estado, este deve primeiramente transformá-la em norma de direito interno, 
incorporando-a ao seu ordenamento jurídico. Essa concepção traduz a chamada ``Teoria da 
Incorporação``. 
Devido a Teoria da incorporação, surgiram duas subdivisões ao dualismo, quais sejam: 
dualismo moderado e dualismo radical. De acordo com o dualismo radical, para que uma 
norma internacional tenha aplicabilidade e eficácia no âmbito interno, é necessário que seja 
transformada por uma lei interna, que a incorpore ao ordenamento jurídico nacional do Estado. 
Já o dualismo moderado defende que não é necessário que conteúdo das normas internacionais 
seja inserido em um projeto de lei interna, bastaria um ato formal de internalização, no caso do 
Brasil, um decreto de promulgação do presidente da república, que inclui o ato internacional na 
ordem jurídica nacional. 
A respeito, o Ilustríssimo Ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, 
afirmou que: É na Constituição da República - e não na controvérsia doutrinária que antagoniza 
monistas e dualistas - que se deve buscar a solução normativa para a questão da incorporação 
dos atos internacionais ao sistema de direito positivo interno brasileiro. O exame da vigente 
Constituição Federal permite constatar que a execução dos tratados internacionais e a sua 
incorporação à ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato 
subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do 
Congresso Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, sobre tratados, 
acordos ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República, que, além de 
poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, art. 84, VIII), também dispõe - enquanto 
Chefe de Estado que é - da competência para promulgá-los mediante decreto. (480 DF, Relator: 
CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 03/09/1997, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 
DJ 18-05-2001 PP-00429 EMENT VOL-02031-02 PP-00213) 
Desta forma, pode-se afirmar que no Brasil há uma tendência para a aplicação do 
dualismo moderado, uma vez que não há a necessidade de dupla manifestação do Congresso 
Nacional como condição de validade dos tratados internacionais no ordenamento jurídico 
brasileiro. 
A Suprema Corte brasileira tem exigido, após a aprovação do tratado no Congresso 
Nacional e a troca dos respectivos instrumentos de ratificação, que seja o tratado internacional 
promulgado internamente, por meio de um decreto executivo, não necessitando, portanto, de 
transformação em lei interna. 
 
 POSIÇÃO HIERÁRQUICA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS 
A posição hierárquica dos tratados de direito internacional do Brasil, variou ao longo do 
tempo, gerando muitas dúvidas na doutrina, no meio político e na jurisprudência do STF, 
vejamos um pouco dessa evolução, por assim, da hierarquia dos tratados internacionais no 
sistema jurídico brasileiro. 
1940 CF < DIP > LEI 
1950 a 1970 CF > DIP > LEI 
1988 CF > DIP = LEI 
 
Ainda existem controvérsias doutrinárias acerca da forma de integração e eficácia dos 
tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico interno. 
O artigo 5º, parágrafo 2º da Constituição brasileira de 1988 determina que os direitos e 
garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios 
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte. 
A interpretação dada por muitos autores ao disposto neste artigo, levando em 
consideração uma interpretação sistemática e teleológica da Constituição brasileira, foi a de 
atribuir aos direitos garantidos nos tratados de direitos humanos devidamente ratificados pelo 
Estado brasileiro uma natureza especial e diferenciada, qual seja, a natureza de norma 
constitucional. O referido artigo ao expressamente determinar que os direitos e garantias 
expressos na Constituição não excluem direitos decorrentes dos tratados internacionais estaria 
assim, incluindo no catálogo dos direitos protegidos constitucionalmente, aqueles direitos 
enunciados nos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte. Outra 
parte da doutrina vai ainda mais além defendendo o status supraconstitucional dos tratados de 
proteção dos direitos humanos, ou seja, os tratados internacionais de proteção dos direitos 
humanos estariam localizados acima da própria Constituição. 
Diante das controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema e buscando 
resolver a questão da hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos no 
ordenamento brasileiro, a Emenda Constitucional no 45 de dezembro de 2004 acrescentou um 
3o parágrafo ao artigo 5o determinando que: os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes à emenda 
constitucional. 
Antes da emenda 45/2004 os tratados internacionais de direitos humanos eram 
aprovados por meio de decreto legislativo, por maioria simples, conforme artigo 49, inciso I da 
Constituição de 1988 e, posteriormente, eram ratificados pelo Presidente da República. Tal 
forma de recepção dos tratados, idêntica à forma de recepção dos tratados que não versam sobre 
direitos humanos, gerou diversas controvérsias sobre a aparente hierarquia infraconstitucional, 
ou seja, nível de normas ordinárias dos tratados internacionais de direitos humanos no 
ordenamento brasileiro. 
Com o advento da emenda 45/2004 os tratados sobre direitos humanos passariam a ser 
equivalentes às emendas constitucionais. Todavia, as dúvidas e discussões não cessaram: 
apenas os tratados aprovados conforme o rito das emendas constitucionais teria valor 
hierárquico de norma constitucional e aqueles que não obtivessem o quórum qualificado 
passariam a ter o valor de norma infraconstitucional? O que aconteceria com os tratados 
ratificados pelo Brasil antes da entrada em vigor da emenda 45 – perderiam o status de normas 
constitucionais que aparentemente era garantido pelo parágrafo 2º do artigo 5o da CF no caso 
de não serem aprovados pelo quórum o parágrafo 3º do artigo 5º? 
Para os autores que defendem que os tratados internacionais sobre direitos humanos 
possuem hierarquia constitucional, estes tratados já possuem status de norma constitucional, 
nos termos art. 5º, parágrafo 2o da CF; sendo assim, independentemente de serem 
posteriormente aprovados pela maioria qualificada do parágrafo 3º do art. 5o da CF, os tratados 
já são materialmente constitucionais. 
O parágrafo 3º do art. 5º da CF traz apenas a possibilidade de os tratados, além de 
materialmente constitucionais, serem ainda formalmente constitucionais, ou seja, equivalentes 
a emendas constitucionais, desde que, a qualquer momento, depois de sua entrada em vigor, 
sejam aprovados pelo quórum do parágrafo 3o do mesmo art. 5º da CF. 
O Supremo Tribunal Federal, no recente julgamento do Recurso Extraordinário 
466.343- SP, em dezembro de 2008, modificou o seu posicionamento acerca da hierarquia dos 
tratados internacionais de direitos humanos. O Supremo entendeu, majoritariamente, que esses 
tratados, antes equiparados às normas ordinárias federais, apresentam status de norma 
supralegal, isto é, estão acima da legislação ordinária, mas abaixo da Constituição. Tal 
posicionamento admite a hipótese de tais tratados adquirirem hierarquia constitucional, desde 
observado o procedimento previsto no parágrafo 3º, artigo 5º da CF, acrescentado pela Emenda 
Constitucional no 45/2004. 
A partir desse novo entendimento do Supremo, sendoaprovado um tratado internacional 
de direitos humanos o tratado passa a ter hierarquia superior à lei ordinária (supralegal ou 
constitucional), ocorrendo a revogação das normas contrárias por antinomia das leis. 
Com a nova posição do Supremo a configuração da pirâmide jurídica do ordenamento 
brasileiro foi modificada: na parte inferior encontra-se a lei; na parte intermediária encontram 
os tratados de direitos humanos – aprovados sem o quórum qualificado do artigo 5º, parágrafo 
3º da CF – e no topo encontra-se a Constituição. 
A nova posição do Supremo, apesar de não adotar a tese doutrinária majoritária 
defendida pelo Ministro Celso de Mello que defende que as normas dos tratados internacionais 
de direitos humanos possuem status constitucional independentemente da forma de sua 
ratificação, representa um grande avanço para o ordenamento jurídico brasileiro que durante 
vários anos considerou a paridade entre os tratados de direitos humanos e as leis ordinárias. 
 
7. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
A palavra fonte designa o lugar de onde flui a nascente d’água; por extensão, designa 
de onde provém alguma coisa, como por exemplo, a fonte de notícias, a fonte de um incêndio. 
É o lugar onde nasce, de onde brota. É sinônimo de nascente, manancial. Na ciência jurídica, a 
fonte de direito possui um significado especial e importante, ao designar a procedência do 
direito, assumindo diversos ângulos, dos quais dois são os principais: as fontes de cognição do 
direito e as fontes de produção do direito. As fontes de cognição do direito representam o 
conjunto de documentos ou fatores diversos sobre os quais os juristas vão-se basear para 
elaborar sua doutrina ou as hipóteses. Essas hipóteses serão expostas, às vezes, à Justiça, para 
comparar a solução proposta a um litígio. Podem ser chamadas de fontes para interpretação do 
direito, pois é por essas fontes que um jurista fará seu estudo para interpretação do direito e das 
soluções que apontará para uma contenda judicial. Outros juristas admitem outras duas 
acepções das fontes do direito: formais e materiais. 
As fontes materiais são os fatos que demonstram a necessidade e a importância da 
formulação de preceitos jurídicos, que regulem certas situações. Exemplo de fonte material foi 
a II Guerra Mundial, cujas atrocidades evidenciaram a relevância de proteger a dignidade 
humana, impulsionando a negociação e a consagração de algumas das principais normas 
internacionais de direitos humanos. As fontes materiais são também “os fundamentos 
sociológicos das normas internacionais, a sua base política, moral ou econômica”. São, 
portanto, as bases teóricas que influenciam a construção das normas, de cunho filosófico, 
sociológico, político, econômico etc., ou os valores, aspirações e ideais que inspiram a 
concepção dos preceitos jurídicos, como o desejo de manutenção da paz e de realização da 
justiça, a proteção da dignidade humana e a mera necessidade de sobrevivência. 
As fontes formais são o modo de revelação e exteriorização da norma jurídica e dos 
valores que esta pretende tutelar, representadas pelas normas de Direito positivo. Ao conceituar 
as fontes formais, Soares enfatiza o elemento axiológico de que estas devem se revestir, 
asseverando que se tratam de “expressão clara dos valores jurídicos” e que a “fonte formal nos 
informa sobre as formas externas e claras com que um valor deverá revestir-se”. Dinh, Dailler 
e Pellet enfatizam seu modo de preparação, ao defini-las como “os processos de elaboração do 
direito, as diversas técnicas que autorizam a considerar que uma regra pertence ao direito 
positivo”. 
OBS.: O aparecimento das fontes formais é normalmente relacionado às fontes materiais, as 
quais, como afirmamos, inspiram a criação de novas normas e orientam a sua elaboração, 
levando a que os preceitos de Direito positivo consagrem determinados valores, voltados a 
atender às demandas da sociedade. 
Ainda que controvertido o caráter cogente do direito internacional, a verdade é que a 
Comunidade Internacional carece de um instrumento com valor universal que determine quais 
são as fontes de direito internacional. Na lacuna da universalidade, no entanto, vigora um texto 
de natureza para-universal, de grande importância em função do número de Estados que a ele 
aderiram: o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, que elenca exemplificativamente em seu 
artigo 38 as fontes de direito internacional: 
1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que 
lhes forem submetidas, aplicará: 
a) as convenções internacionais (tratados), quer gerais quer especiais, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo direito; 
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias (jurisprudência) e a doutrina 
dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação 
das regras de direito. 
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de uma questão ex aequo et bono 
(equidade), se as partes com isto concordarem. 
 
 
Não há nenhuma espécie de hierarquia entre as fontes de direito internacional 
público, são todas equiparadas. As fontes secundárias não são menos importantes que as 
primárias. Porém, são separadas em fontes primárias e secundárias porque as convenções, os 
costumes e os princípios possuem uma igualdade de natureza jurídica, e esta natureza jurídica 
é distinta das fontes secundárias, que possuem igual natureza jurídica. A natureza jurídica da 
jurisprudência, da doutrina e da equidade é igual. O art. 38 não é exaustivo, pois existem outras 
fontes que não estão elencadas neste artigo. O Estatuto é do ano de 1945 e seria impossível 
prever naquele ano todas as fontes possíveis e imagináveis que surgiriam. Destarte, possuímos 
mais duas fontes secundárias que possuem a mesma natureza jurídica: Atos unilaterais de 
natureza normativa dos Estados e As decisões das O.I.I – Organizações internacionais 
intergovernamentais. 
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O PRIMARIAS
TRATADOS 
INTERNACIONAIS
COSTUME INTERNACIONAL
PRINCIPIOS GERAIS DO 
DIREITO
SECUNDARIAS
ATOS UNILATERAIS DO 
ESTADO
RESOLUÇÕES DE ÓRGÃOS 
INTERNACIONAIS
JURISPRUDENCIA DAS 
CORTES INTERNACIONAIS
DOUTRINA
ANALOGIA E EQUIDADE
Deve-se observa que parte da doutrina confere preferência aos tratados, por ser uma 
fonte escrita, cujas normas podem, por isso, se revestir de maior clareza e precisão. Entretanto, 
esse entendimento não é unânime, como revela Guido Soares, que defende que não pode haver 
hierarquia entre as fontes de Direito Internacional, por conta da estreita relação que estas 
mantêm entre si, mormente no momento da aplicação de uma norma, quando a regra de um 
tratado pode ser interpretada à luz do costume e da doutrina, por exemplo12. É nesse sentido 
que Celso de Albuquerque Mello, em entendimento muito difundido, afirma que não há 
hierarquia entre tratado e costume, não prevalecendo nenhum deles sobre o outro. Com isso, 
um tratado mais recente tem a capacidade de derrogar ou modificar um costume, e vice-versa. 
Sendo assim, o entendimento de que não há hierarquia de fontes é majoritário na doutrina. 
 
 TRATADOS INTERNACIONAIS (OU CONVENÇÕES) 
Os tratados (também chamadas convenções) constituem a fonte primordial. Surgem de 
reuniões de determinados países para estabelecer normas a serem seguidas pelos países 
participantes sobre qualquer questão que viercriar conflitos na área internacional. 
Normalmente, as convenções reúnem grande número de países, mas é possível que seja 
estabelecida entre só dois países, sendo, por isso, chamado de tratado bilateral. Os tratados ou 
convenções, são as mais numerosas e importantes fontes de direito internacional, elencados, 
juntamente com os costumes, como uma de suas principais fontes. De acordo com LACHS, 
entre 1500 a.C até 1860 haviam sido concluídos cerca de 8.000 tratados de paz, enquanto 
somente entre 1947 e 1984 foram celebrados entre 30.000 e 40.000 tratados20. Estas estatísticas 
nos levam a estimar que até a presente data este número possa ter chegado a 60.000 tratados, 
pois após a II Grande Guerra Mundial praticamente toda a produção de regras de direito 
internacional tem se dado através de tratados (i.e., tratados de paz, de cooperação econômica, 
de proteção ao meio ambiente, instrumentos constitutivos de organizações internacionais). 
Apesar de existirem desde a Antiguidade, começaram a firmar-se como fonte por excelência do 
Direito Internacional apenas a partir da Paz de Vestefália, substituindo paulatinamente o 
costume como fonte mais empregada no Direito das Gentes. A importância dada aos tratados 
está na maior certeza do direito oferecida pela forma escrita (o que implica em conflitos não 
quanto à existência do direito, mas em relação à sua interpretação e aplicação) e na forma pela 
qual entram em vigor, a qual permite que regras novas sejam rapidamente introduzidas. 
 
 
 
 COSTUME INTERNACIONAL 
O Costume Internacional encontra definição no art. 38 (1) (b) do Estatuto da Corte de 
Haia, trata-se de uma espécie de norma formada pela reiterada prática dos sujeitos do Direito 
Internacional, consiste, portanto, numa “prática geral aceita como sendo o direito”. 
Poderíamos conceituar com maior precisão o costume internacional como a prática geral, 
uniforme e reiterada dos sujeitos de Direito Internacional, reconhecida como juridicamente 
exigível. 
O costume internacional nasce das relações de um Estado com outros, atitudes 
determinadas por uma convicção de direito e aceita como tal pelo próprio Estado para o fim 
pelo qual foi adotado. O costume assim definido como uma prática comum, evolutiva, é 
reconhecido como um costume jurídico em razão de sua obrigatoriedade, elemento que o 
distingue, da cortesia (comitas gentium). A justificativa da obrigatoriedade de um costume 
internacional parte da comprovação de sua existência (condições de existência: elemento 
material e psicológico) e de sua relação com questões jurídicas internacionais (elementos 
constitutivos). Pode-se afirmar que, assim como no direito interno, o costume no direito 
internacional é constituído por dois elementos que indicam os fundamentos de sua 
obrigatoriedade: elemento material (uso, prática e tempo) e o psicológico (convicção da 
obrigatoriedade deste uso - opinio iuris). 
Como se revelam os costumes? Os costumes admitidos por um Estado podem se 
revelar de duas formas distintas: através das ações de seus órgãos exteriores, de acordo com seu 
ordenamento interno (Chefe de Estado, Chefe de Governo, Chanceleres, Diplomatas), ou 
através de seus órgãos internos (Parlamento, Governo e Tribunais). 
Prova do Costume Internacional. O professor Francisco Rezek, ressaltando decisão 
da Corte Internacional de Justiça acerca do caso do Asilo Político, afirma que "a parte que 
alega em seu prol certa regra costumeira deve provar sua existência e sua opinibilidade à 
parte adversa". Os Costume Internacionais encontram prova nos atos estatais, nos textos legais 
e nas decisões judiciárias acerca de temas relacionados ao "jus cogens". No plano internacional, 
busca-se a prova do Costume Internacional na jurisprudência internacional ou nos tratados. 
Hierarquia entre Costumes Internacionais e Tratados. Mais uma vez o professor 
Rezek nos ensina que não há uma hierarquia entre as normas consuetudinárias e as 
positivadas, uma e outra se derrogam. Inegável que, uma vez visto os elementos materiais e 
subjetivos dos Costumes Internacionais, que os Tratados, essência do direito posto na ordem 
internacional, possuem uma maior segurança jurídica dada a sua clareza e certeza. Entretanto, 
O'Connell, por exemplo, entende que os costumes consistem na principal, quando não única 
fonte verdadeira do "jus cogens". 
Durante muitos séculos, o costume foi a principal fonte de Direito Internacional. 
Entretanto, as normas costumeiras perderam parte da importância de que antes se revestiam em 
benefício do tratado, que oferece maior estabilidade às relações internacionais por vários 
motivos. Com efeito, o tratado adota a forma escrita, o que confere mais precisão ao conteúdo 
normativo. Em segundo lugar, não é possível que o Estado ou organismo internacional denegue 
haver celebrado um tratado do qual é parte, ao passo que, em tese, um desses entes pode alegar 
não reconhecer determinado costume. Por fim, a tarefa de provar a existência do costume pode 
ser complexa. Com isso, o costume vem-se integrando ao processo de codificação do Direito 
Internacional, por meio da incorporação de preceitos costumeiros a tratados. Exemplo disso é 
a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, que reuniu regras relativas à 
atividade diplomática que eram objeto, há séculos, do costume internacional. 
O costume extingue-se: a) pelo desuso, quando determinada prática deixa de ser 
reiterada, generalizada e uniforme dentro de um determinado grupo social após certo lapso 
temporal, ou quando se perde a convicção acerca de sua obrigatoriedade; b) pelo aparecimento 
e afirmação de um novo costume que substitua costume anterior, o que ocorre quando a 
dinâmica internacional impõe novas práticas mais consentâneas com a realidade e; c) pela 
substituição do costume por tratado internacional que incorpore as normas costumeiras, dentro 
de um processo conhecido como “codificação do Direito Internacional”. 
 
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO 
Os princípios gerais do Direito são as normas de caráter mais genérico e abstrato que 
incorporam os valores que fundamentam a maioria dos sistemas jurídicos mundiais, 
orientando a elaboração, interpretação e aplicação de seus preceitos e podendo ser aplicadas 
diretamente às relações sociais. São exemplos de princípios gerais do Direito pertinentes ao 
Direito Internacional: o primado da proteção da dignidade da pessoa humana; o pacta sunt 
servanda; a boa-fé; o devido processo legal; a res judicata e a obrigação de reparação por parte 
de quem cause um dano. A expressão “nações civilizadas” foi objeto de crítica por seu “caráter 
etnocêntrico”, ou seja, pela referência a preceitos formulados no mundo ocidental. Hoje, os 
princípios gerais do Direito abrangem aquelas normas estáveis que incorporam valores 
reconhecidos na maior parte das ordens jurídicas existentes no mundo. 
Entendimento extensivo. Hostil a uma série de princípios comuns às ordens internas 
do Ocidente — como o dos direitos adquiridos e o da justa indenização pela nacionalização de 
bens estrangeiros — a escola soviética proporia, com relativo êxito, um conceito mais elaborado 
e amplo. Cumpriria prestigiar antes de tudo os grandes princípios gerais do próprio direito das 
gentes na era atual: o da não agressão, o da solução pacífica dos litígios entre Estados, o da 
autodeterminação dos povos, o da coexistência pacífica, o do desarmamento, o da 
proibição da propaganda de guerra; sem prejuízo de outros, menos conjunturais, e sempre 
lembrados em doutrina ocidental, como o da continuidade do Estado. No domínio comum ao 
direito internacional e às ordens jurídicas domésticas, é virtualmente unânime o abono à 
validade de princípios ora de direito material,ora de procedimento, todos com grande lastro 
histórico: pacta sunt servanda, lex posterior derogat priori, nemo plus juris transferre potest 
quam ipse habe. 
Princípio da independência nacional, pelo qual as relações internacionais de um País 
devem consolidar-se na soberania política e econômica, e de autodeterminação dos povos, 
repudiando a intervenção direta ou indireta nos negócios políticos de outros Estados. 
Princípio da prevalência dos direitos humanos, ou do respeito aos direitos humanos, 
um dos mais importantes a serem considerados, que teve o auge do seu desenvolvimento após 
o fim da Segunda Guerra Mundial, ante aos intensos abusos cometidos durante aquele período. 
Princípio da autodeterminação dos povos estabelece que o povo de um Estado possui 
a prerrogativa de tomar as escolhas que são necessárias sem qualquer interferência externa, 
escolhendo o seu destino e a forma da qual será dirigido. Tem sua base na soberania do País. 
Princípio da não-intervenção tem relação direta com o princípio da independência 
nacional, e é a regra, que cada País se desenvolve da forma que lhe convier, sendo soberano, e 
não sujeito a sofrer intervenção de qualquer outro país, seja ele qual for. Contudo, admitem-se 
exceções, onde a intervenção será admitida quando for autorizada previamente pelo Conselho 
de Segurança da Organização das Nações Unidas, sendo possível que essa autorização venha 
após a intervenção no país, nos casos em que se exija urgência. Importa ressaltar que a 
intervenção somente será autorizada mediante motivos suficientes. 
Princípio da igualdade entre os Estados temos que, se todos possuem um governo, um 
território e um povo próprio, nenhum deles poderá ser superior ou mais importante no cenário 
internacional para justificar qualquer desigualdade entre os mesmos. Assim, o exercício pleno 
de todos os diretos e garantias fundamentais pertence a todas as pessoas, independentemente de 
sua raça, condição social, genealogia, seco, credo, convicção política, filosófica ou qualquer 
outro elemento arbitrariamente diferenciador, defendendo as minorias étnicas – indígenas e os 
estrangeiros – religiosas, linguísticas e políticas de discriminações. A defesa da paz é um dos 
mais almejados, a paz é tida como a regra para as relações humanas, ficando a questão da força 
e da guerra reservada para casos excepcionais. 
Princípio da solução pacífica dos conflitos afirma que para a solução de divergências 
e demais conflitos, é necessária a utilização de meios pacíficos, que se subdividem em 
diplomáticos, políticos, jurídicos e jurisdicionais. O meio não pacífico (coercitivos e guerra) 
somente serão admitidos quando do meio pacífico não surtir efeito. 
Princípio da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade tem-se 
que toda a humanidade deve cooperar entre si, para a perpetuação da paz. 
Fundamento de validade dos princípios gerais. Quando por nada mais fosse, por 
eliminação haveríamos de admitir que sobre o consentimento dos Estados repousa a validade 
dos princípios gerais enquanto normas jurídicas. Qual a alternativa? Se se descarta toda 
inspiração teológica para a ciência do direito, rejeitando-se, a fortiori, que dá vontade de um 
grupo seleto de Estados, ou das convicções do olimpo doutrinário, possa promanar norma que 
obrigue indistintamente toda a sociedade internacional, resulta claro que o fundamento de 
validade dos princípios gerais não difere, em essência, daquele sobre o qual assentam os 
tratados e o costume. Dir-se-á que inúmeros dentre esses princípios fluem de modo tão natural 
e inexorável do espírito humano que não há como situá-los, ao lado do costume e do tratado, 
no domínio da criação voluntária das pessoas jurídicas de direito das gentes. Essa ideia, 
aparentemente bem fundada, resulta de uma simplificação primária, pois passa ao largo da 
importante circunstância de que o consentimento tanto pode ser criativo quanto apenas 
perceptivo. 
 
 ATOS UNILATERAIS DO ESTADO 
Os atos unilaterais são praticados por uma só pessoa, por uma só parte. Constituem 
declaração de vontade de um só Estado, criando para ele obrigações; geram, contudo, 
direitos para outras pessoas. Trata-se, portanto, da manifestação de vontade de um sujeito 
internacional, seja o Estado ou organização internacional, expressa por escrito, oralmente 
ou pelo silêncio. São manifestações que não possuem vínculo com um tratado ou com o 
costume. Para tal, exige-se duas coisas: 1) o ato unilateral deve ser público, isto é, de 
conhecimento da sociedade internacional; 2) o Estado deve ter a intenção de se obrigar com o 
ato unilateral. Quem pode formular Atos Unilaterais são os Estados e as Organizações 
Internacionais. O Indivíduo não poderá formulá-lo. Além da pessoa do direito, deve-se observar 
também se o órgão daquela pessoa é competente para formular Atos Unilaterais (neste caso, o 
Poder Executivo), que deverão por sua vez ter um objeto lícito e possível, além de não conter 
vícios de consentimento. Não poderão ferir a moral internacional nem a norma imperativa do 
DI (Jus Cogens). 
Os atos unilaterais classificam-se em expressos e tácitos. Os atos expressos 
aperfeiçoam-se por meio de declaração que adote a forma escrita ou a oral. Os tácitos 
configuram-se quando os Estados implicitamente aceitam determinada situação, normalmente 
pelo silêncio ou pela prática de ações compatíveis com seu objeto. 
 Protesto: manifestação expressa de discordância quanto a uma determinada situação, 
destinada ao transgressor de norma internacional e voltada a evitar que a conduta objeto do 
protesto se transforme em norma. Visa a resguardar os direitos do Estado em face de 
pretensões de outro Estado. Exemplo: protestos por ocasião de golpes de Estado, que violam 
normas internacionais que determinam o respeito à democracia; 
 Notificação: ato pelo qual um Estado leva oficialmente ao conhecimento de outro ente 
estatal fato ou situação que pode produzir efeitos jurídicos, dando-lhe “a necessária certeza 
da informação”. É entendido como “ato condição”, ao qual a validade de ações posteriores 
está vinculada. Exemplos são as notificações de estado de guerra; 
 Renúncia: é a desistência de um direito, que é extinto. A bem da segurança jurídica e da 
estabilidade das relações internacionais, a renúncia deve ser sempre expressa, nunca tácita 
ou presumida a partir do mero não-exercício de um direito; 
 Denúncia: ato pelo qual o Estado se desvincula de um tratado; 
 Reconhecimento: ato expresso ou tácito de constatação e admissão da existência de certa 
situação que acarrete consequências jurídicas. Exemplo: reconhecimento de Estado e de 
governo; 
 Promessa: compromisso jurídico de adoção de certa conduta; 
 Ruptura das relações diplomáticas: ato que suspende o diálogo oficial com um Estado nas 
relações internacionais. 
Vamos citar alguns exemplos. Um país que deseje entrar em guerra contra outro, deverá 
fazer-lhe uma notificação, chamada “declaração de guerra”. Deve também fazer outra 
notificação, chamada “ruptura de relações diplomáticas”. Outro exemplo pode ser indicado: se 
um país tomar conta de um território abandonado, uma res nullius, deverá dar notificação a 
todos os demais países. É também considerado ato jurídico o silêncio. Assim, se um país ocupa 
um território abandonado, notifica outros países e estes não protestam, interpreta-se como 
aprovado o ato. Aplica-se também no plano internacional o princípio do Direito Romano em 
vigor no plano nacional: qui tacet cum loqui potuit et debuit consentire videtur = quem cala 
quando deve e pode falar, parece consentir. 
 RESOLUÇÕES DE ÓRGÃOS INTERNACIONAIS 
As decisões de organizações internacionais são os resultados das atividadesde 
entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU), que se materializam em atos que 
podem gerar efeitos jurídicos para o organismo que o praticou e para outros sujeitos de 
Direito Internacional. São também denominadas de “atos unilaterais de organizações 
internacionais” ou de “atos das organizações internacionais”. 
Um dos fatores que revolucionaram o Direito Internacional moderno foi a proliferação 
de organizações internacionais, entre as quais realça-se a ONU. Diversas outras organizações 
já existiam antes da ONU, mas, por serem regionais ou especializadas, não tinham grande 
expressão. Paulatinamente, porém, foram se avultando na sociedade internacional. Algumas 
organizações têm poderes legislativos: elaboram normas a serem seguidas pelos países. Os 
Estados-membros delegam a elas alguma parcela de seu poder individual, a fim de que sejam 
tutelados os interesses coletivos. Outras exercem controle sobre as atividades dos Estados, 
fazem mediação entre eles, atuando com funções judiciárias. Outras ainda desenvolvem funções 
políticas ou tecnológicas, enquanto outras, funções econômicas ou mercantis, como é o caso da 
OPEP, que constitui verdadeiro cartel do petróleo. 
Os atos praticados por essas organizações formaram então o elenco de atos 
internacionais, junto com os atos unilaterais e os tratados. Distinguem-se dos atos unilaterais, 
porquanto suas decisões independem de ratificação pelos Estados; os atos são votados pelos 
Estados, mas não assinados por eles. Os atos emanados de organizações internacionais 
apresentam dois tipos principais: regulamento interno e resoluções. 
O regulamento interno é o estatuto básico da organização e funcionamento de uma 
organização internacional, define seus poderes, sua estrutura, as condições para ingresso nela, 
os objetivos e modos de ação. Concerne, portanto, ao funcionamento interno da organização 
internacional. 
As resoluções são medidas tomadas pela organização internacional com efeitos sobre 
os países-membros, que se obrigaram a aceitá-las desde o momento em que nela ingressaram. 
Como sugestivo modelo, podem ser citadas as resoluções do Conselho de Segurança ou da 
Assembléia-Geral da ONU, que produzem efeitos em todo o mundo. Há três tipos primordiais 
de resoluções, baseados no sistema de sanção e força obrigante: decisões, diretivas e 
recomendações. As decisões são dotadas de força obrigante e de sanções previstas na própria 
decisão. É o caso das decisões do Conselho de Segurança da ONU, segundo o artigo 42 da Carta 
das Nações Unidas. As diretivas são resoluções providas de força obrigante, mas deixam aos 
Estados-membros a faculdade de adotar os modos necessários à aplicação das decisões. Como 
exemplo, podemos fazer referência ás diretivas adotadas pela União Europeia, previstas no 
artigo 184 do Tratado de Roma, de 1957. Este foi o tratado que criou a União Europeia. As 
“recomendações” não têm força obrigante nem preveem sanções, no caso de não serem 
observadas; tem o caráter de aconselhamento, de orientação. Muitas vezes, porém, produzem 
efeitos sobre os Estados-membros, posto que as recomendações visam ao interesse coletivo da 
comunidade internacional. 
 
 JURISPRUDÊNCIA DAS CORTES INTERNACIONAIS 
A jurisprudência internacional é o conjunto de decisões judiciais reiteradas no mesmo 
sentido, em questões semelhantes, proferidas por órgãos internacionais jurisdicionais de 
solução de controvérsias relativas a matéria de Direito Internacional. A jurisprudência 
internacional origina-se especialmente de cortes internacionais, que começam a se difundir no 
cenário internacional, como a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o Tribunal Penal 
Internacional (TPI) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). 
No Brasil, a maioria das decisões jurisprudenciais de caráter internacional é tomada pelo 
Superior Tribunal de Justiça e são publicadas em sua revista, ou pelo Supremo Tribunal Federal, 
que detinha antigamente a competência única. 
Na doutrina, Mazzuoli afirma que a jurisprudência não é fonte do Direito porque “não 
cria o direito, mas sim o interpreta mediante a reiteração de decisões no mesmo sentido. Sendo 
ela uma sequência de julgamentos no mesmo sentido, nada mais é do que a afirmação de um 
direito preexistente, ou seja, sua expressão. Além do mais, as decisões de tribunais não criam 
normas propriamente jurídicas, o que demanda abstração e generalidade, requisitos sem os 
quais não se pode falar na existência de uma regra de direito stricto sensu”. Em qualquer caso, 
as decisões judiciais também criam direito, ainda que apenas entre as partes em litígio. Nesse 
sentido, enfatizamos que o artigo 59 do Estatuto da CIJ determina que “A decisão da Corte só 
será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão”. Outrossim, com o 
aumento das atividades das cortes e tribunais internacionais, vem ficando cada vez mais claro 
que os julgados anteriores servem como referência para julgamentos posteriores. 
 
 DOUTRINA 
A doutrina é o conjunto dos estudos, ensinamentos, entendimentos, teses e pareceres 
dos estudiosos do Direito Internacional, normalmente constantes de obras acadêmicas e de 
trabalhos de instituições especializadas, como a Comissão de Direito Internacional das 
Nações Unidas. 
No Brasil, ficaram famosos os pareceres doutrinários de Vicente Rao, Pontes de 
Miranda e Temístocles Cavalcanti. Na área do Direito Internacional são respeitadas as opiniões 
de Haroldo Valladão, Celso D. Albuquerque Mello, Amílcar de Castro. Como doutrinadores 
estrangeiros, no Direito Internacional, realçam-se Hugo Grócio, Albérico Gentili, Francisco 
Suarez, Francisco Vitória, Dionizio Anzilotti, Roberto Ago, Antonio Sanchez Bustamante y 
Sirven, Santi Romano. 
Doutrina: a difícil sintonia. Segundo Francisco Rezek, hoje não é mais comum que 
sobre qualquer questão tópica exista o conforto da convergência doutrinária. Mas, justamente 
por isso, tornou-se inestimável o valor de qualquer tese que tenha podido reunir o abono das 
grandes correntes contemporâneas. Afinal, mesmo no interior de cada uma delas, a identidade 
de pontos de vista costuma faltar com alguma frequência. Entre os europeus ocidentais, 
notadamente, encontram-se ainda expoentes retardatários daquele direito internacional da era 
do concerto, de ranço impalatável, a coexistir com espíritos arejados e universais. Na hora 
presente, toda tese que obtenha o consenso doutrinário é de ser vista como segura, seja no 
domínio da interpretação de uma regra convencional, seja naquele da dedução de uma norma 
costumeira ou de um princípio geral do direito. 
 
 ANALOGIA E EQUIDADE 
Mazzuoli definiu a analogia como “a aplicação a determinada situação de fato de uma 
norma jurídica feita para ser aplicada a caso parecido ou semelhante”, apontando-a como 
resposta à falta ou inutilidade de preceito existente para regular caso concreto. A analogia 
refere-se, portanto, à forma de regular relações sociais que não sejam objeto de norma jurídica 
expressa por meio do emprego de regras aplicáveis a casos semelhantes. Na realidade, será 
difícil encontrar referência nominal à analogia no trabalho dos foros internacionais de variada 
natureza, mas é certo que esse método foi prestigiado, repetidas vezes, à hora de se definirem, 
por exemplo, as competências de organizações internacionais — notadamente quando se 
reconheceu à ONU a prerrogativa de conferir proteção funcional a seus agentes, no parecer da 
CIJ relacionado com o caso Bernadotte. 
A equidade é a aplicação de considerações de justiça a uma relação jurídica, quando 
não exista norma que a regule ou quando o preceito cabível não é eficaz para solucionar, 
coerentemente e de maneira equânime, umconflito. É, como afirma Mazzuoli, “a aplicação 
dos princípios de justiça a um caso concreto sub judice”. O Estatuto da Corte de Haia é claro 
ao dispor, no segundo parágrafo do art. 38, que o recurso à equidade depende da aquiescência 
das partes em litígio. Defrontando-se, pois, seja com a flagrante impropriedade, seja — o que é 
bem mais comum em direito internacional — com a insuficiência das normas aplicáveis à 
espécie, a Corte não poderá decidir à luz da equidade por sua própria vontade. A autorização 
das partes é de rigor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATADOS INTERNACIONAIS 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Há registros de que os tratados vêm regulando situações específicas da convivência 
internacional desde a Antiguidade, havendo evidências de seu uso por povos como os egípcios 
e os gregos. O primeiro registro seguro da celebração de um tratado, naturalmente bilateral, é o 
que se refere à paz entre Hatusil III, rei dos hititas, e Ramsés II, faraó egípcio da XIXª dinastia. 
Esse tratado, pondo fim à guerra nas terras sírias, num momento situado entre 1280 e 1272 a.C., 
dispôs sobre paz perpétua entre os dois reinos, aliança contra inimigos comuns, comércio, 
migrações e extradição. 
Historicamente, predominavam os tratados bilaterais, e mesmo quando o assunto dizia 
respeito a mais de dois Estados, concluíam-se vários atos entre eles, e não um só, como 
aconteceu na Paz de Vestefália. Entretanto, a partir do século XIX, a maior percepção da 
existência de interesses comuns a vários Estados, e as exigências de praticidade que já se 
impunham nas relações internacionais, levaram ao aparecimento dos tratados multilaterais, cujo 
marco inicial foi o Congresso de Viena, em 1815. 
O século XX abriria espaço a dois fatos novos: a entrada em cena das organizações 
internacionais, no primeiro após-guerra — fazendo com que o rol das pessoas jurídicas de 
direito das gentes, habilitadas a pactuar no plano exterior, já não se exaurisse nos Estados 
soberanos; e a codificação do direito dos tratados, tanto significando a transformação de suas 
regras costumeiras em regras convencionais, escritas, expressas, elas mesmas, no texto de 
tratados. 
 
2. CONCEITO E TERMINOLOGIA 
Os tratados são acordos escritos, firmados por Estados e organizações internacionais 
dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Direito Internacional Público, com o objetivo de 
produzir efeitos jurídicos no tocante a temas de interesse comum. 
Francisco Rezek, conceitua tratado como todo acordo formal concluído entre pessoas 
jurídicas de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos. Diz ainda 
o estimado Rezek, que na afirmação clássica de Georges Scelle, o tratado internacional é em si 
mesmo um simples instrumento; identificamo-lo por seu processo de produção e pela forma 
final, não pelo conteúdo. Este — como o da lei ordinária numa ordem jurídica interna — é 
variável ao extremo. Pelo efeito compromissivo e cogente que visa a produzir, o tratado dá 
cobertura legal à sua própria substância. Mas essa substância tanto pode dizer respeito à ciência 
jurídica quanto à produção de cereais ou à pesquisa mineral. Desse modo, a matéria versada 
num tratado pode ela própria interessar de modo mais ou menos extenso ao direito das gentes: 
em razão da matéria, pontificam em importância os tratados constitutivos de organizações 
internacionais, os que dispõem sobre o serviço diplomático, sobre o mar, sobre a solução 
pacífica de litígios entre Estados. É certo, contudo, que todos os tratados — mesmo quando 
disponham sobre um tema prosaico como a classificação de marcas de origem de vinhos ou 
queijos — interessam igualmente, em razão da forma. 
Hildebrando Accioly, diz que por tratado entende-se o ato jurídico por meio do qual 
se manifesta o acordo de vontades entre dois ou mais sujeitos de direito internacional. As 
Convenções de Viena sobre direito dos tratados de 1969 e de 1986 tiveram o grande mérito de 
estabelecer que o direito de firmar tratados deixou de ser atributo exclusivo dos estados, e pode 
ser exercido também pelas demais pessoas internacionais, sobretudo as organizações 
internacionais. 
Segundo definiu a Convenção de Viena do Direito dos Tratados, de 1969, tratado 
internacional é "um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo 
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais 
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica" 
No tocante ao uso da terminologia, refere-se ao tratado como acordo regido pelo direito 
internacional, “qualquer que seja a sua denominação”. Em outras palavras, tratado é a 
expressão genérica. São inúmeras as denominações utilizadas conforme a sua forma, o seu 
conteúdo, o seu objeto ou o seu fim, citando-se as seguintes: acordo, ajuste, arranjo, ata, ato, 
carta, código, compromisso, constituição, contrato, convenção, convênio, declaração, estatuto, 
memorando, pacto, protocolo e regulamento etc., além das concordatas, que são os atos sobre 
assuntos religiosos celebrados pela Santa Sé com os estados que têm cidadãos católicos. Em 
todas essas denominações, o dado que se enfatiza é a expressão do acordo de vontades, 
estipulando direitos e obrigações, entre sujeitos de direito internacional. 
 
 ATO INTERNACIONAL 
É sinônimo de tratado. É adotada pelo Ministério das Relações Exteriores, que 
estabeleceu a Divisão de Atos Internacionais (DAI), competente para a coordenação das 
providências relativas à preparação dos tratados no Brasil e para a guarda dos acordos 
celebrados pelo Estado brasileiro. 
 
 
 ACORDO 
A denominação "acordo" foi concebida para atos internacionais com reduzido número 
de participantes e menor importância política. Por outro lado, é expressão de amplo uso na 
prática internacional e também muito empregada como sinônimo de tratado. Celso de 
Albuquerque Mello afirma que o termo "acordo" é geralmente utilizado para tratados "de cunho 
econômico, financeiro, comercial e cultural". 
OBS.: Acordo de sede geralmente uma organização internacional quando vai ajustar a sua 
sede no país ela faz um acordo de sede. Isolado, o termo acordo quase nada informa. Já a 
expressão acordo de sede, nas condições presentes, e sem qualquer outro dado, permite 
saber: (a) que se cuida de um tratado bilateral; (b) que uma das partes é uma organização 
internacional, e a outra um Estado, provavelmente — mas não seguramente — membro da 
primeira; e (c) que o tema precípuo desse tratado é o regime jurídico da instalação física da 
organização no território do Estado. 
 
 Acordo executivo é o tratado monofásico, aquele que é feito em uma fase só. 
 
A CF diz que qualquer tratado que produza encargo gravoso ao Brasil ou ao patrimônio 
precisa da anuência do Congresso Nacional, de modo que a regra é que todos os acordos 
brasileiros sejam bifásicos. Mas metade dos tratados feitos no Brasil são unifásicos, executivos. 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - Resolver definitivamente sobre 
tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional. 
 
 Acordo por troca de notas é em regra empregado para assuntos de natureza administrativa 
e para alterar ou interpretar cláusulas de tratados já concluídos, embora seu escopo venha 
sendo ampliado. Ê formado por uma nota diplomática do proponente e por uma nota de 
resposta, tendo, portanto, mais de um instrumento. No Brasil, dispensa aprovação 
congressual, se não acarretar compromissos gravosos para o patrimônio nacional. 
 
 Acordo complementar visaa detalhar ou a executar outro tratado de escopo mais amplo, 
geralmente do tipo acordo-quadro. Funciona de maneira semelhante ao decreto, à portaria e 
a outros instrumentos infralegais de Direito interno. 
 
 ACORDO DE CAVALHEIROS (GENTIEMEN'S AGREEMENT) Modalidade de 
avença celebrada não pelos Estados, mas por autoridades de alto nível, em nome pessoal, e 
que é regulada por normas morais. De emprego comum nos países anglo-saxões, os acordos 
de cavalheiros visam normalmente a estabelecer "programas de ação política" e não são 
juridicamente vinculantes. São também conhecidos como "non-bindingagreements"a e, 
tecnicamente, não são considerados tratados. A respeito dos acordos de cavalheiros, Rezek 
lembra que "É conhecida em direito das gentes a figura do gentlemen's agreement, que a 
doutrina distingue do tratado, sob o argumento de não haver ali um compromisso entre 
Estados, à base do direito, mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado sobre a honra, e 
condicionado, no tempo, à permanência de seus atores no poder". 
 
 CONCORDATA 
Acordo celebrado com a Santa Sé para fins religiosos. Esse nome é estritamente 
reservado ao tratado bilateral em que uma das partes é a Santa Sé, e que tem por objeto a 
organização do culto, a disciplina eclesiástica, missões apostólicas, relações entre a Igreja 
católica local e o Estado que está compactuando. 
 
 CARTA 
É o tipo de tratado que cria organizações internacionais, estabelecendo seus objetivos, 
órgãos e modo de funcionamento, do que é exemplo a Carta das Nações Unidas (Carta da 
ONU). Entretanto, o ato constitutivo de um organismo internacional pode também se chamar 
"constituição", como é o caso da Constituição da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 
Outrossim, o termo "carta" também é empregado para designar documentos que fixam direitos 
e deveres dos indivíduos, a exemplo da Carta Social Europeia. Cabe destacar, porém, que, para 
tratados que criam tribunais internacionais, prefere-se o termo "estatuto", do que são exemplos 
o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça (CIJ). 
 
 COMPROMISSO 
É o tratado que cuida de arbitragem. É o tratado pelo qual dois Estados submetem à 
arbitragem certo litígio que os antagoniza. 
 
 
 
 CONVENÇÃO 
É normalmente empregado para acordos multilaterais que visam a estabelecer normas 
gerais de Direito Internacional em temas de grande interesse mundial, como no caso dos 
tratados de direitos humanos. É também frequentemente utilizado como sinônimo de tratado. 
 
 CONVÊNIO 
Destina-se a regular a cooperação bilateral ou multilateral de natureza econômica, 
comercial, cultural, jurídica, científica e técnica, normalmente em campos mais específicos. A 
respeito. Celso de Albuquerque Mello afirma que os convênios versam apenas sobre cultura ou 
transporte. Na prática, porém, tais tratados efetivamente regulamentam um rol variado de temas, 
do que são exemplos o Convênio Internacional do Café e o Convênio de Cooperação Educativa 
Brasil-Argentina (1997). 
 
 DECLARAÇÃO 
É usada para consagrar princípios ou afirmar a posição comum de alguns Estados acerca 
de certos fatos. Pode não vincular juridicamente quando, em análise feita no caso concreto, seja 
percebida como mera enunciação de preceitos gerais, o que a excluiria da lista de tipos de 
tratados. Em todo caso, os princípios não necessitam ser incluídos em declarações para serem 
reconhecidos como tal, podendo se fazer presentes nos tratados ou ser identificados pela 
doutrina e pela jurisprudência. 
 
 PACTO 
Refere-se a tratados que se revestem de importância política, mas que sejam mais 
específicos no tratamento da matéria que regulam. Celso de Albuquerque Mello aponta, ainda, 
a existência do "pacto de contraendo" (pactum de contrahendo), tipo de "acordo concluído pelo 
Estado com o compromisso de concluir um acordo final sobre determinada matéria", que 
funciona como verdadeiro "tratado preliminar". Outra modalidade de ato internacional 
apontada por esse autor é o pactum de negotiando, que gera a obrigação das partes de "iniciar 
negociações de boa-fé com a finalidade de concluir um tratado". 
 
 PROTOCOLO 
É uma modalidade de ato internacional que, normalmente, é meramente complementar 
ou interpretativa de tratados anteriores. Pode ser também um compromisso menos formal. Pode, 
ainda, aludir à ata de uma reunião internacional, documento no qual ficam registrados os 
compromissos nela assumidos. 
 
3. PRINCÍPIOS NORTEADORES 
A convenção de Viena sobre direito dos tratados (1969) diz que alguns princípios 
norteadores regem os tratados internacionais: a) Livre consentimento: apenas na medida em 
que o Estado tenha manifestado livre e desimpedido é que ele estará obrigado àquele 
compromisso internacional; b) Boa-fé: deve ser empregado não só na celebração, mas também 
na sua conclusão e execução e c) Pacta sunt servanda: os pactos devem ser cumpridos. Em 
função desse princípio, o tratado internacional, uma vez celebrado pela parte, adquire força de 
lei. Nesse sentido, devem os sujeitos que tenham pactuado algum compromisso internacional 
observar seus termos, em consonância com o antigo preceito romano sintetizado na seguinte 
máxima: "o que há de mais compatível com a lealdade humana do que respeitar aquilo que foi 
pactuado”. 
 
4. REQUISITOS 
Para qualquer tratado internacional ser considerado válido, imprescindível apresentar os 
seguintes requisitos: a) capacidade das partes contratantes; b) habilitação dos agentes 
signatários; c) consentimento mútuo; d) objeto lícito e possível. 
 
 CAPACIDADE DAS PARTES CONTRATANTES 
Tradicionalmente, podem concluir tratados apenas os Estados e as organizações 
internacionais. Entretanto, também podem celebrar tratados outros sujeitos de Direito 
Internacional, que são a Santa Sé, os beligerantes, os insurgentes, os blocos regionais e o Comitê 
Internacional da Cruz Vermelha. 
Quanto aos Estados Soberanos, o art. 6º da Convenção de Viena determina que todos os 
Estados soberanos têm capacidade para concluir tratados. Esta é a regra geral e como tal, possui 
exceções. Assim, os Estados Dependentes ou os membros de uma Federação também podem 
concluir Tratados Internacionais em certos casos especiais. 
O Direito Interno (Constituição), pode dar aos Estados Federados o direito de concluir 
tratados. O Governo Federal no Brasil não será responsável se um Estado membro da Federação 
concluir um acordo sem que seja ouvido o Poder Executivo Federal e nem seja aprovado pelo 
Senado. 
Os Estados Vassalos e Protegidos possuem o direito de Convenção quando autorizados 
pelos soberanos ou protetores. 
A Santa Sé sempre teve o direito de Convenção. Os Tratados formados pela Santa Sé 
são acerca de matéria religiosa e denominados Concordatas. 
As Organizações Internacionais têm sua capacidade limitada pelos próprios fins para os 
quais foram criadas. A título de exemplo, o poder dessas entidades nesse campo não é tão amplo 
quanto o do Estado, porque os organismos internacionais só podem celebrar acordos relativos 
a seus objetivos. É, assim, uma capacidade parcial, que decorre de seu tratado constitutivo, que 
estabelece os objetivos da organização. A capacidade dessas entidades de concluir tratados é 
derivada, visto que resulta da decisão dos Estados que as criaram e que, como seus membros, 
são em muitos casos os responsáveis pela formação da vontade do organismo, por meio das 
negociações que entabulam em seu âmbito. 
Os Beligerantes (que se encontra em guerra) e Insurgentes (que se revolta contra algo) 
também possuem direito de Convenção, apesar de ser este um direito