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Aula 3 Principios Fundamentais do Direito Ambiental


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Princípios Fundamentais do Direito Ambiental
Professor Nicolau Cardoso Neto
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Princípios Fundamentais do Direito Ambiental
Importância do seu estudo:
compreensão da autonomia do Direito Ambiental
identificação da unidade e coerência do sistema normativo ambiental
compreensão da forma pela qual a proteção do meio ambiente é visto na sociedade
correta interpretação das normas que compõem o sistema jurídico ambiental
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Fontes Normativas dos Princípios
Constituição Federal
Lei 6.938/81
Declaração de Estocolmo – 1972
Declaração do Rio de Janeiro - 1992
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1.Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana
O meio ambiente ecologicamente equilibrado como essencial à sadia qualidade de vida (art. 225 CF), está diretamente relacionado à dignidade da pessoa humana (art.1 CF) e ao direito à vida (art. 5 CF)
Esse direito pertence a todos, gerações presentes e futuras, brasileiros e estrangeiros residentes no país.
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1.Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana
Assim como existem leis que regulam a vida em sociedade, existem leis que regulam a vida dos ecossistemas, que são comunidades sustentáveis de plantas, de animais e microorganismos
Ecossistemas x Comunidades Humanas
Deve-se aprender com os ecossistemas a viver de maneira sustentável
Compreender as leis que regulam os ecossistemas e respeitá-las é a única forma de se garantir o desiderato constitucional expresso no art. 225
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1.Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana
Constituição Federal de 1988
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
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2.Princípio da intervenção estatal obrigatória na proteção do meio ambiente
O art. 225 da CF impõe ao Poder Público o dever de atuar na defesa do meio ambiente. A referência a “poder público”quer ressaltar a atuação conjunta dos poderes executivo, legislativo e judiciário, bem como, a participação da União, Estados, Distrito Federal e Municípios na proteção do meio ambiente.
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3.Princípio da Participação
A participação na proteção do meio ambiente, além de um direito dos cidadãos, é um dever expressamente declarado no art. 225 da CF
Existem 3 formas de participação direta da população na proteção do meio ambiente:
1) Participação na criação do Direito Ambiental (iniciativa popular, referendos e atuação em órgãos colegiados com poderes normativos)
2) Formulação e execução de políticas ambientais
3) Proposição de ações judiciais na área ambiental
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3.Princípio da Participação
A participação implica em dois pressupostos: informação e educação ambiental
O direito à informação é garantido no art. 5º da CF/88.
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3.Princípio da Participação
Sem informação não pode o indivíduo formar opinião e se manifestar (Lei 12.527/11)
Assim como os órgãos públicos, os agentes econômicos envolvidos na utilização de recursos naturais também deveriam prestar informações, vez que o ambiente constitui-se em bem de uso comum do povo 
Empresas que usam substâncias perigosas devem notificar as comunidades vizinhas de suas operações (ex. legislação americana)
A educação ambiental é definida como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (art. 1º da Lei n. 9.795/99)
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4.Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento Sustentável :
1) é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades
2) é o processo que conduzirá para a sociedade sustentável: aquela capaz de produzir sustentabilidade econômica, cultural, social e ambiental.
Fundamento Constitucional art. 170 e art. 225
O sistema econômico é um subsistema do ecossistema – na medida que se desenha a fronteira do meio ambiente em volta da economia, é possível perceber que a economia não pode se expandir para sempre
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4.Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Políticas de Governo para a sustentabilidade:
para ser sustentável, o processo de desenvolvimento tem que imitar os processos da natureza tanto quanto possível
o desempenho econômico de um país ou região deve ser medido pela qualidade de vida e não pelo consumo material
desencorajar atividades que causem ameaças à saúde do ecossistema e à base biofísica da economia (ineficiência, lixo, poluição, dissipação de recursos esgotáveis)
conciliar medidas ambientais com propostas de equidade social
rever os hábitos de consumo e estilos de vida, a demanda não pode permanecer intocável
incluir os custos ecológicos de extração, produção e depleção nos preços dos produtos comercializáveis
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5.Princípio da Precaução
Se aplica quando apenas há suspeita de uma atividade poder provocar danos ao ambiente, sobretudo à poluição acidental nas atividades perigosas, abrangendo em qualquer caso, a adoção de precauções ou cuidados excepcionais no desenvolvimento da atividade, ou até a interdição de produtos, processos ou atividades.
Emissões potencialmente poluentes, deveriam ser reduzidas, mesmo quando não haja prova científica evidente do nexo causal entre as emissões e os efeitos.
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5.Princípio da Precaução
Efeitos do Princípio da Precaução sobre o Direito Ambiental:
1) A adoção do enfoque da prudência e da vigilância na aplicação do direito ambiental em detrimento do enfoque da tolerância
2) A necessidade de os juízes nos processos, decidirem com base em probabilidades de risco sério e fundado, em detrimento do ideal de certeza na apuração da lesividade apontada
3) A inversão do ônus da prova na caracterização da lesão ao meio ambiente
4) A aplicação da regra: in dubio pro ambiente
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6.Princípio da Prevenção
Se aplica quando já há a certeza do dano provocado por uma certa atividade e que abrange sobretudo o controle da poluição “gradual” (ou crônica), que por um efeito de acumulação pode-se tornar aguda provocando um desequilíbrio ecológico
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7.Princípio do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador
A Lei 6.938/81, em seu art. 4º, estabelece que a Política Nacional de Meio Ambiente visará:
VII – a implantação, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
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7.Princípio do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador
Princípio do Poluidor-Pagador 
Parte da constatação de que os recursos ambientais são escassos e que o seu uso na produção e no consumo acarretam a sua redução e degradação. Ora, se o custo da degradação dos recursos naturais não for considerado no sistema de preços, o mercado não será capaz de refletir a escassez 
Assim sendo, são necessárias políticas públicas capazes de eliminar a falha de mercado, de forma a assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos ambientais
Princípio do Usuário-Pagador
O fundamento desse princípio encontra-se no fato de que os recursos ambientais existem para o benefício de todos. Dessa forma, todos os usuários sujeitam-se à aplicação dos instrumentos econômicos estabelecidos para regular seu uso, tendo em vista o bem comum da população
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8.Princípio da Responsabilização Ambiental
A Constituição Federal em seu art. 225, estabelece:
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Responsabilidade é a capacidade de assumir as conseqüências dos atos ou das omissões, que pressupõe a ocorrência de um ilícito
Em matéria de proteção ambiental, a ênfase deve ser na prevenção dos danos. Entretanto, há que se reconhecer que na prática atual, as medidas preventivas têm sido limitadas e incapazes de garantir essa proteção. Daí a necessidade de se promover a responsabilização dos causadores de danos ambientais da maneira mais ampla possível
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9.Princípio da Cooperação
As agressões ao meio ambiente nem sempre se circunscrevem aos limites territoriais de um município, estado ou país, de forma que o seu enfrentamento deve ocorrer dentro de um espírito mais efetivo de cooperação ante as exigências urgentes de se combater os efeitos devastadores da degradação ambiental
A cooperação no âmbito interno em matéria ambiental, está prevista no art. 23 da CF, que dispõe sobre a competência comum da União, Estados, DF e Municípios, para proteger o meio ambiente e combater a poluição
No âmbito das relações internacionais, a CF, em seu art. 4º, inciso IX, estabelece como princípio “a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”. Na legislação ordinária, a Lei n. 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), traz um capítulo inteiramente dedicado à cooperação internacional em matéria ambiental
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10.Princípio do Acesso Eqüitativo aos Recursos Naturais
Os recursos não renováveis do Globo devem ser explorados de tal modo que não haja risco de serem exauridos e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam partilhados a toda a humanidade. (art. 5˚ da Declaração de Estocolmo)
A eqüidade deve orientar a fruição ou o uso da água, do ar, do solo. Dará oportunidades iguais diante de casos iguais ou semelhantes.
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10.Princípio do Acesso Eqüitativo aos Recursos Naturais
A eqüidade no acesso aos recursos ambientais deve ser enfocada não só com relação à localização espacial dos usuários atuais, como em relação aos usuários potenciais das gerações vindouras. 
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11.Princípio da Reparação
A declaração do Rio de Janeiro/92 diz em seu Princípio 13 que: “Os Estados deverão desenvolver legislações nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais.”
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12.Princípio da Ubiqüidade
Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, obra, etc... tiver que ser criada e desenvolvida. 
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12.Princípio da Ubiqüidade
Isso porque, na medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o meio ambiente seja degradado. 
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13. Princípios da Proporcionalidade, da Razoabilidade e Isonomia 
Usados geralmente em defesa dos interesses de particulares (Direito Civil).
Proporcionalidade - Qualidade ou propriedade de proporcional. 
Razoabilidade - Qualidade de razoável. 
Isonomia - Igualdade de todos perante a lei, assegurada como princípio constitucional. 
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14.Princípios da Administração Pública
Primazia do interesse Público
Hierarquia
Tutela Administrativa (Sempre é parte interessada no controle dos seus atos)
Autotutela (correção de atos adms)
Auto-Executoriedade
Continuidade (Não pode parar)
Poder-Dever (Não omissão) 
Presunção da Verdade (Até prova em contrário)
Indisponibilidade (Os bens públicos são do povo)
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15 – Princípio da Vedação do Retrocesso
A cláusula da vedação do retrocesso em matéria ambiental, dirige-se às condições ambientais conquistadas, justamente porque a matéria ambiental é uma questão de Segurança Jurídica. Ou seja, a proibição vincula o legislador infraconstitucional e outros órgãos públicos ao poder originário que revela a Constituição, em especial em matéria de direitos fundamentais. 
Há uma blindagem que protege o núcleo essencial do direito fundamental à integridade ambiental. Violado resultará em inconstitucionalidade. 
A proibição do retrocesso ambiental é, portanto, norma implícita do Estado Ambiental. 
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REFERÊNCIAS
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito Ambiental brasileiro. 5 ˚ ed. São Paulo: Saraiva.2004.428p.
MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 10 ˚ ed. São Paulo: Malheiros.2003. 1064p.
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