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Disciplina FICHAMENTO MANOEL JORGE


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Disciplina: Teoria da Constituição e da Organização do Estado. 
	Fichamento de Conteúdo e Analítico
	
	
Teoria da Constituição e do Estado
1.1 Justificativa de uma teoria da constituição
O autor inicia a apresentação do capítulo que dispõe sobre a sobre a Teoria da Constituição e o Direito Constitucional utilizando uma metáfora para retratar a importância da teoria geral para todas as disciplinas da ciência jurídica, denotando o constitucionalismo como determinante para adoção de uma teoria própria para analise desse fenômeno.
1.2 Conteúdo da Teoria da Constituição
O autor apresenta a ideia que “para entender a constituição positiva é necessário reconhecer no poder constituinte a sinergia capaz de criar e dar forma a um Estado, porquanto a constituição é o texto regulador da sociedade política”. 
“mas sim a constituição genericamente considerada, trazendo, para tanto, a contribuição dos teóricos, especialmente Ferdinand Lassalle, Carl Schimitt e Hans Kelsen” 
“Cantilho expõe que a constituição é o estatuto jurídico do fenômeno politico” 
1.3 A problemática da Teoria da Constituição
O autor aborda as principais problemáticas teóricas engendradas pela diversidade dos problemas existentes e das diferentes abordagens dos teóricos, e em função da inexistência de uma teoria clássica da constituição.
Manoel Jorge destaca três problemas fundamentais, problemas de reflexividade, problemas de reinvenção do território e problemas de risco.
1.4 O Direito constitucional 
É o direito que se propõe a investigar o fenômeno da constituição e se ocupa do estudo das normas fundamentais e organizatórias do Estado. Surge nos primórdios da assembleia constituinte francesa, de 1971, que determina a inclusão da disciplina nas universidades francesas. No entanto, o surgimento do direito constitucional se dá na Itália, por meio de Compagnoni de Luzo.
O autor determina três espécies de direito constitucional: a) o direito constitucional especial, positivo ou particular b) o direito constitucional comparado e c) o direito constitucional geral.
O Poder constituinte
2.1 Introdução
“resplandece a importância do estudo da força que é capaz de constituir uma nova sociedade política estatal: o poder constituinte” (p.06)
O autor desenvolve as ideias em torno da legitimidade do poder constituinte com base na doutrina de Emmanuel Sieyés, que apresenta a distinção entre poder constituinte e poder constituído, a sua natureza, titularidade, espécies, e das limitações impostas ao poder reformador.
2.2 Legitimidade do poder constituinte
Para expor a ideia de legitimidade do poder constituinte, o autor demonstra como a hierarquia das normas harmoniza o sistema normativo, e como esse hierarquia é vital para o sistema. 
O exemplo utilizado polo autor torna ainda mais didática a exposição teórica, o exemplo de uma simples ordem de serviço emitida por um servidor público numa repartição qualquer e que precisa estar em conformidade com toda a norma superior que o antecede. Marco a superioridade do texto constitucional como norma superior no sistema do direito positivo, texto vital para a vida institucional do Estado e “instrumento normativo no qual todas as leis buscam o fundamento de validade”. A partir de tal lógica é que se compreende a necessidade da legalidade, ou seja, que todo o sistema normativo esteja adequado a lei, conformado ao conteúdo constitucional.
A constituição estará submissa a legitimidade que resultará do desejo coletivo e da manifestação política da sociedade. A supremacia da constituição decorre de sua origem, e por isso mesmo afirma seu fundamento de validade nos anseios da sociedade, daí a força do poder constituinte. Bidard afirma que “o poder constituinte [...] é a competência, capacidade ou energia para constituir ou dar constituição ao Estado, ou seja, para organiza-lo”. O autor cita Schimitt “poder constituinte é a vontade política cuja força ou autoridade é capaz de adotar a concreta decisão de conjunto sobre modo e forma da própria existência política, determinando assim a existência da unidade política como um todo”.
2.3 Formulação Teórica de Sieyès 
A teoria do poder constituinte surge com os estudos de Emmanuel Sieyès um dos principais expoentes dos ideais Iluministas. Sieyès apresenta o Terceiro Estado como a representação da nação interessada em derrotar antigos privilégios da monarquia absolutista que valorizava a nobreza e o alto clero em detrimento da burguesia que produzia riqueza, reivindicando a participação popular no poder estatal. A principal reivindicação do Terceiro estado era a participação dos cidadãos vinculados ao povo e por ele escolhidos no poder politico. 
Na primeira fase proposta por Sieyés, se leva em conta a vontade política dos indivíduos de constituírem e organizarem uma só nação, na fase posterior, a necessidade da atuação politica desses indivíduos na sociedade e na ultima fase a seleção de assuntos vinculados ao interesse político coletivo, “os associados” da unidade política “[...] confiam o exercício desta porção de vontade nacional, e por conseguinte de poder, e alguns dentre eles”
“A constituição, na qualidade de instrumento normativo fundador da entidade política, define, relativamente aos “associados” representantes, os órgãos de representação, suas formas, funções afetas e os meios de exercê-las”
“O poder constituinte é inalienável, permanente e incondicionado”. A noção aqui é de Estado como síntese da unidade política do povo, e o poder constituinte tem como titular a nação que criará a Constituição a partir de um poder de direito, anterior ao direito positivo, marcando assim sua posição jusnaturalista.
“Os poderes constituídos são limitados e condicionados”. O poder constituído deve atuar conforme as funções e atribuições que lhes são conferidas pelo poder constituinte. 
2.4 Conceito, natureza, caracteres, titularidade e exercício do poder constituinte
O poder constituinte é o poder originário que constituí todos os demais, destinado a criação do Estado organizado por meio da constituição e das normas constitucionais.
Para a teoria positivista, o poder constituinte é o poder de fato, pois somente encara o direito como tal quando positivado, o poder constituinte então se impõe e funda-se a si mesmo, não sendo um direito pré-existente, como determina a posição jusnaturalista que estabelece que o poder constituinte é decorrente do poder natural, superior, anterior e fundante ao Estado.
Logo em seguida o autor aponta três características essenciais ao poder constituinte, inicialidade, autonomia e incondicionalidade. 
Por inicialidade, entende-se a inexistência de um poder acima do poder constituinte, ou seja, é o marco zero do direito. A autonomia define-se em razão de caber ao seu titular decidir acerca da conformação estrutural do Estado, a incondicionalidade porque não está subordinado a qualquer regramento. Deve-se distinguir a titularidade e o exercício do poder constituinte, a titularidade é conferida ao povo e o exercício do poder constituinte é conferido aos representantes eleitos, nos termos do texto constitucional.
2.5 Espécies de poder constituinte 
Poder constituinte originário – é o poder fundador da Constituição, se configura como poder supremo, poder político na sociedade. Ilimitado e incondicionado.
Poder constituinte derivado – é o poder limitado e condicionado que se define em suas formas, a primeira, denominada reformador que corresponde a necessidade de alteração pontual no texto constitucional, ato realizado por meio das emendas à Constituição, em caso de alterações mais abrangentes utiliza-se a revisão constituição. A segunda na forma de poder decorrente que se manifesta no pensamento de Anna Cândida da Cunha Ferraz “o Poder Constituinte Decorrente um caráter de complementariedade a Constituição; destina-se a perfazer a obra do poder constituinte dos Estados Federais, para estabelecer a Constituição dos seus Estados componente. [...] a tarefa do poder constituinte originário não pode ser considerada completase a Constituição Federal não admitir, expressa ou implicitamente, o exercício da função constituinte pelas entidades federadas. O Estado Federal é um Estado composto de coletividades dotadas de autonomia cujo conteúdo principal é a auto-organização, através de uma constituição própria. Evidente, portanto que o Poder Decorrente exerce uma atividade de natureza constituinte”. Representa a autonomia das unidades em uma Federação.
Poder constituinte material e formal – O poder constituinte material precede o formal e consiste na fonte imediata que elabora o texto constitucional, é a expressão maior dos valores essenciais da sociedade em que se enquadra, é a positivação de uma ideia de Direito socialmente compartilhada. Enquanto o poder constituinte formal “é o [...] poder de decretação de normas com forma e força constitucionais [...] ou [...] de criação originária de um complexo normativo ao qual se atribui a força da constituição”.
2.6 Limites ao poder da reforma
Limites processuais: 
Para propostas de emenda: Presidência da Republica, 1/3 da Câmara dos Deputados ou Senado Federal; assembleias legislativas por meio da maioria relativa de seus membros, e quórum demandado para aprovação (3/5 de cada casa congressual) e em seguida o processo legislativo especifico para votação em dois turnos e promulgação das mesas diretoras das duas casas. 
Limitações circunstanciais, materiais explicitas e implícitas e temporais:
As circunstanciais concernem a impossibilidade de proposta de emenda que tende a alterar a Constituição quando decretado estado de sitio ou defesa. As explicitas são previstas no paragrafo 4º do art. 60 e configuram autenticas cláusulas constitucionais de intocabilidade e são referentes à forma federativa de Estado, ao voto direito, secreto, universal e periódico à separação de poderes e aos direitos e garantias individuais. As implícitas não estão no texto da Constituição, mas que são comprometidas como invioláveis, a exemplo do texto sobre direitos fundamentais, por fim, as limitações temporais não são utilizadas pela Constituição vigente.
3.0 Constituição
3.1 Conceito
O autor apresenta o conceito de Celso Ribeiro Bastos, “é o conjunto de forças políticas, econômicas, ideológicas, etc, que conforma a realidade social de determinado Estado, configurando a sua particular maneira de ser” ressaltando ainda que toda definição conceitual é perigosa. 
3.2 Concepções sobre as constituições
Sociológica: traduz a concepção da constituição como originada em meio a realidade social. A constituição não é produto da razão, mas sim, resultado das forças presentes na sociedade. A maior referencia dessa corrente é Lassalle, o mesmo destaca “[...] são a força ativa e eficaz que informa todas as instituições jurídicas da sociedade em questão, fazendo com que não possam ser, sem, em substancia mais que tal e como são”.
“Expressa a constituição real e efetiva as relações de poder predominantes em um país: o poder militar, representado pelo Exercito, o poder social, materializado nos latifundiários; o poder econômico, em razão da influencia da grande indústria e do grande capital e, por derradeiro, o poder intelectual, urdido pela consciência e cultura do povo”.
O sentido político de Carl Schmitt: Schmitt apresenta quatro conceitos de constituição; absoluto - constituição como um todo unitário; relativo - constituição como pluralidade de leis particulares; positivo - constituição como decisão do conjunto sobre modo e forma da unidade política; ideal – constituição como resultado da identidade entre seu conteúdo e aspirações dos grupos sociais dominantes. De todos os conceitos listados o que mais se popularizou foi o positivo, em função da distinção entre constituição e lei constitucional. 
A concepção jurídica de Hans Kelsen: Para Kelsen, o direito não precisa de outra ciência que não a jurídica para se definir. Kelsen admite dois planos para apresentar seu conceito de constituição. Que consiste no método lógico-jurídico e jurídico positivo.
4.0 História do Constitucionalismo
4.1. Justificativa do capítulo 
O autor aponta que a interpretação das normas constitucionais são mais bem compreendidas por meio da teoria, aliada aos enunciados históricos. “[...] à interpretação e à aplicabilidade das normas constitucionais não podem ser bem compreendidas se não forem enunciados os principais fatos históricos responsáveis pela transformação dos Estados e, logicamente, dos modelos normativos constitucionais que sustentam tais ordenamentos”
4.2 Surgimento da proteção aos direitos fundamentais
““[...] José Afonso da Silva expõe que (...) alguns antecedentes formais das declarações de direitos foram sendo elaborados, como o veto do tribuno da plebe contra ações injustas dos patrícios em Roma, a lei de Valério Publícola proibindo penas corporais contra cidadãos em  certas situações até culminar como Interdito in Homine  Libero Exhibendo, remoto antecedente do habeas corpus moderno, que o Direito romano instituiu como proteção jurídica da liberdade”.
4.3 Constitucionalismo clássico, a revolução francesa e a independência
O autor apresenta o conceito de constitucionalismo clássico e a história do constitucionalismo moderno. “Chama-se de constitucionalismo clássico o movimento ocorrido na Revolução Francesa de 1789, cuja marca indelével é a proteção dos direitos individuais contra a interferência do Estado”.
4.4 A derrocada do constitucionalismo clássico e o surgimento do constitucionalismo social
O autor problematiza: “as premissas forjadas nos domínios da doutrina econômica liberal não foram justificadas no plano da vida em sociedade, tanto que a consagração da isonomia de compostura formal, aliada ao absenteísmo que cingiu a fronte do Estado, trouxe como consequência, irreprimível, a eclosão de inúmeros movimentos sociais, destacando a revolução mexicana e a russa, que contribuíram decisivamente para o aparecimento do fenômeno denominado Constitucionalismo Social”. Observa-se a partir do relato de Manuel Jorge que tal concepção nasce amparada no anseio de uma nova ordem politica no coletivo do povo.
4.5 Conceito de Classificação dos direitos sociais
“Os direitos sociais são direitos públicos subjetivos dirigidos contra o Estado, a determinar a exigibilidade de prestações no que se refere a educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança e previdência social.” 
Classificação: do homem trabalhador, da seguridade, da educação e cultura, da família, criança, adolescente, jovem e idoso, do meio ambiente.
4.6 Fundamentos do constitucionalismo social 
Após o apanhado histórico realizado pelo autor em decorrência da necessidade de trazer a luz fatores e atores diversos a existência do constitucionalismo social, o autor delimita três fundamentos de natureza para o constitucionalismo social, são eles, o fundamento sociológico, o fundamento político e o fundamento jurídico junto a seus escopos (imediato e mediato). 
4.7 Importância do constitucionalismo social
O autor exemplifica o direito do trabalho como direito intrínseco ao direito constitucional, de modo que o constitucionalismo social se vincula fortemente ao principio da não neutralidade, que se resume como comprometimento da filosofia constitucional com as camadas populares.
4.8 Evolução
Nesse ponto o autor realiza um apanhado histórico da evolução da teoria constitucional em diferentes momentos históricos desde o começo passando pela contribuição de inúmeras nações a cultura constitucional.
5.0 História das constituições brasileiras
O autor inicia anunciando a importância do conteúdo especifico, em razão da natural necessidade de aprofundamento nas principais características e fatos históricos das Constituições brasileiras que são abordados através da analise da Constituição Imperial de 1824, marcada pela afirmação da independência, pela vinculação formal à igreja católica, divisão das funções estatais e uma ainda era considerada semirrígida. 
Em seguida o autor cita a Constituição Republicanade 1891 que altera o nome do Estado brasileiro, adota o federalismo, o presidencialismo, responsabiliza o Presidente da República como chefe de Estado e adota o principio da liberdade religiosa. 
Posteriormente é apresentada a breve Constituição de 1934, marcada pela inserção dos direitos sociais, apontava diretrizes econômicas entre outros traços importantes. Manoel Jorge segue sua incursão constitucional apresentando a Carta Magna de 1937, marcada pelo Estado Novo e a centralização do poder politico. 
Após esse momento de fechamento do regime democrático, ocorre a retomada da democracia com o tom influenciado pela sociedade que repudiava os atos da ditadura, o texto de 1946 é marcado pela negação do autoritarismo, prestigiando o movimento municipalista, garantindo acesso ao judiciário as classes menos abastadas, inserindo a Justiça do Trabalho no Poder Judiciário e reprimindo o abuso do poder econômico.
Em 1967, no bojo das transformações políticas e mudanças na correlação de forças da sociedade, com o regime militar, foi outorgada e tem conteúdo autoritário e voltado a questão da segurança nacional. Sua ordem constitucional foi interrompida em 1968 com o decreto do A1 Nº
 5.
A constituição de 1969 permanece com caráter ostensivo e autoritário, constitucionalizando o conteúdo dos atos institucionais e reforçando ainda mais os poderes do Presidente da República. 
Por fim, o autor faz uma espécie de balanço do constitucionalismo social no Brasil, analisando os diferentes momentos da história pendular do Brasil, ora voltada as garantias dos direitos sociais, ora voltada para o poder violento sem compromisso com o povo.
	Elaborado por: Maria Hortência Pinheiro do Nascimento. Disciplina: Teoria da Constituição e da Organização do estado. Prof.º Dr.º Carlos Ratis.