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Escola Francesa 02

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Descrição da Teoria Culturológica1 
 
 
Luiza Mylena Costa Silva2 
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC 
 
RESUMO 
O estudo da Teoria Culturológica tem como objetivo expor os principais pensamentos da 
escola, o contexto e a origem histórica, fazendo ligação à Teoria Crítica, linha de onde parte 
sua forma de pensar. Fazer um paralelo entre a teoria culturológica e a comunicação, 
mostrando como cada uma enxerga a outra, desta maneira entende-se qual o modelo de 
comunicação foi tido como pressuposto e a importância do pensamento culturológico para a 
área da comunicação. E, a partir da leitura de Edgar Morin, explicar como a cultura afeta e é 
afetada pela comunicação. 
 
PALAVRAS-CHAVE: comunicação; cultura de massa; mídias de massa. 
 
 
Introdução 
A Teoria Culturológica tem sua singularidade pois começa a refletir sobre a comunicação de 
massa criando uma “nova forma de cultura na sociedade contemporânea”(WOLF, 1999). Ela 
pensa em uma cultura se formando a partir do que o mass media produz, uma cultura de 
massa, e a lógica de sua produção, a da indústria cultural. Estes conceitos são a marca do 
pensamento culturológico, e segundo Mauro Wolf3, a característica fundamental da teoria é o 
estudo da cultura de massa, mas mais do que o estudo da cultura de massa a teoria 
culturológica se preocupa com seus produtos e os efeitos reais em seus receptores, que passam 
a modificar seu modo de vida e consumo, com os mitos condutores4 fornecidos pela cultura 
de massa, mitos de auto realização que os meios de comunicação de massa divulgam e o 
homem médio segue extraindo do imaginário e trazendo para o real. 
 
1 Trabalho desenvolvido como parte da avaliação da disciplina de Teorias da Comunicação sob orientação de Carlos 
Locatelli 
2 Estudante do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, e-mail: mylena.luiza@yahoo.com.br 
3 WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 1999. 
4 Para Morin a cultura de massa fornece mitos condutores 
para o homem, que começa a se orientar para suprir desejos de bem-estar que surgem a partir das modificações da condição 
de vida sob o efeito das técnicas, que promove um novo grau de individualização da existência humana. MORIN, Edgar. 
Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, p.76 
A teoria, que parte da linha de análise da Teoria Crítica, vê com pessimismo a cultura de 
massa e, junto com ela, os meios de comunicação, que tem a tarefa de divulgar esta cultura. 
Seu objeto de estudo diz mais respeito a cultura que estava se formando a partir dos meios de 
comunicação de massa do que o processo comunicacional em si, como vinham tratando as 
teorias Hipodérmica e Funcionalista, por exemplo. Para WOLF(1999, p.100), o livro Cultura 
de massas no século XX, de Edgar Morin, foi a obra inauguradora da Teoria Culturológica. E 
é a partir desta obra que este artigo pretende explicar a origem da teoria, tratar de seus 
conceitos, analisar suas principais ideias e sua importância para o estudo das teorias da 
comunicação. 
 
Origem, a escola francesa 
A teoria culturológica surgiu na escola francesa, ou do pensamento francês, já que nunca 
houve uma escola propriamente dita, e sim pesquisadores que partilhavam um mesmo ponto 
de vista sobre a sociedade. Entre os mais importantes para a comunicação estão Pierre 
Bourdieu, Pierre Levy e Edgar Morin. A escola era formada por diversos intelectuais, não só 
comunicadores, como também sociólogos, antropólogos, filósofos, linguistas e psicólogos o 
que enriqueceu a teoria culturológica trazendo várias opiniões, por vezes conflitantes, para o 
pensamento francês. 
Em 1960, George Friedmann, Edgar Morin e Roland Barthes criaram a revista 
Communications. Foi entorno dela que se deu a chamada escola francesa que era dividida na 
corrente culturalista e na corrente estruturalista, derivada da escola de Frankfurt. Dentro da 
escola francesa houve diversos estudos sobre a comunicação, sua problemática mais 
especifica era dividia em três eixos: a comunicação como fenômeno de dominação, a 
comunicação como fenômeno extremo e a comunicação como vínculo social complexo. A 
partir destes eixos surgiram nomes de intelectuais e estudos variados. Roland Barthes pensava 
a partir da semiótica, onde ele fazia uma análise semiológica dos produtos culturais, Pierry 
Levy pensava em uma sociedade em rede, a cibercultura, e Edgar Morin na cultura de massa 
ligada ao caráter do consumo, de um imaginário coletivo que se formava a partir desta cultura 
de massa. Cada autor tinha sua linha de estudo específica, o que os uniam era a o Centro de 
Estudos de Comunicação de Massa (CECMAS), local de onde eles surgiram. 
A linha de filiação da teoria está ligada à Teoria Crítica, inaugurada pela Escola de Frankfurt, 
e que tinha como maior preocupação os efeitos causados nos receptores pela mass media. É 
na Teoria Crítica que surge o termo indústria cultural, que vai ser muito utilizado pelos 
teóricos culturológicos anos mais tarde. Apesar de parecidas, os pontos de vista de uma escola 
para outra variam, o próprio termo indústria cultural era vista de forma distinta, ainda que 
parecida. Se para os críticos ela era uma padronização da produção cultural, e por isso se 
tornou uma indústria, para os franceses a cultura de massa é um produto da indústria cultural, 
que homogeniza seus produtos para um consumidor universal e cria uma consigo uma nova 
lógica de consumo deste produto. 
A escola francesa teve sua importância dentro do estudo comunicacional justamente pela 
diversidade de visões que trouxe para o campo da comunicação. Seus intelectuais pensavam 
de forma diferente a comunicação, e, para Juremir Machado Silva, eles “nunca fecharam 
questões sobre o campo de comunicação propriamente dito”. Pierre Levy ainda comenta a 
peculiaridade da escola francesa com seus diversos estudos, tomando este aspecto de forma 
positiva. Para ele 
 
[...] o mais interessante na babel francesa é que todos acertam e erram em proporções 
equilibradas. A comunicação é, ao mesmo tempo, fenômeno extremo, vínculo e 
cimento social, imagem “réliante”, fator de isolamento, produtora de “tautismo”, 
espetacularização do jornalismo e do mundo, cristalização da técnica que acelera a 
existência e suprime o espaço e o tempo, fator de interatividade, nova utopia, velha 
manipulação, meio, mensagem, suporte e vertigem de signos vazios.5 
 
Para ou bem ou para o mal, a diversidade de teorização é uma marca característica da escola 
francesa, e isto não quis dizer que a escola se vinculou a outras escolas com pensamentos 
similares, como a de Frankfurt, na verdade possibilitou uma escola trabalhar vários 
fenômenos comunicacionais até então pouco abordados, como foi o caso da semiologia. 
 
A comunicação para a teoria 
A teoria tem como objetivo compreender um novo tipo de cultura, a cultura de massa, que se 
apresenta na sociedade contemporânea e que está ligada à mida. Pois, a partir da década de 
30, o tempo de lazer conquistado pelo trabalhador foi dedicado aos meios de comunicação de 
massa. Partindo deste pressuposto, a comunicação considerada para o estudo naquela época 
eram essas grandes mídias: o cinema, rádio, jornais e revista e, na década de 60 
principalmente, a televisão que ganhava cada vez mais os lares destes trabalhadores. A teoria 
não trata do processo comunicacional, mas em como a audiência recebe aquilo que é 
veiculado pelos mass media. 
Para Morin, o primeiro meio de comunicação de massa que sofre alterações com a cultura de 
 
5 LEVY, Pierre.As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: 
34, 1993. In: SOBRINHO, Liton Lanes Pilau (Org.) Balcão do Consumidor e as relações de consumo p.47 
massas é o “(...) cinema primeiramente americano que por volta de 1930 – 1940 se dá a 
evolução verdadeiramente radical e significativa” com a introdução em massa do happy end. 
A filosofia do happy end 
 
é a felicidade dos heróis simpáticos, adquirida de modo quase providencial, depois 
das provas que, normalmente, deveriam conduzir a um fracasso ou uma saída trágica 
[…] dá um forma imaginária sintética às aspirações vividas que adquirem consistência 
no Welfare State e na busca da felicidade privada. (MORIN, 1977. p.83) 
 
Se antes nas obras de ficção o herói sofria, morria ou passava por provações para fundamentar 
uma tragédia, recebendo uma lição e dando um ensinamento para o público, agora com o 
happy end todos os filmes, e Morin dá diversos exemplos de como isto aconteceu no cinema 
inclusive de obras que não tinham happy ends e ao serem adaptadas para os filmes mudaram 
todo a história original, passam a ter finais felizes dando a ideia de que o publico também 
pode ter este final feliz “A ideia de felicidade se torna o núcleo afetivo do novo imaginário 
(…) implica num apego intensificado de identificação com o herói. O espectador espera o 
sucesso, o êxito, a prova de qua a realidade é possível” (MORIN, 1977. p.79). Esta foi a 
primeira característica da cultura de massa que começa atingir efetivamente no imaginário do 
público, que passa a procurar por seus próprios happy ends. 
A grande crítica que fica aqui é que, independente do que a trama trate, o final dos filmes, por 
exemplo, será o mesmo, comédia, romance, ação ou drama todos os finais serão felizes. E 
partir deste happy end começa o fenômeno de homogeneização do produto cultural, o 
sincretismo, todo e qualquer produto produzido pela indústria cultural tem em si a mesma 
essência, a mesma mensagem, só o que mudaria era a forma que esta mensagem seria 
produzida. 
Esta é outra característica importante da cultura de massa: criar esta homogeneização do 
conteúdo, necessária para atender a demanda de uma qualidade média de conteúdo cultural 
para um homem médio, que para Morin é 
um homem que em todas as partes responde às imagens pela identificação ou projeção 
[...], o homem criança que se encontra em todo homem, gostando do jogo, do 
divertimento, do mito do conto [...], o homem que em toda parte dispõe de um tronco 
comum de razão perceptiva, de possibilidades de decifração, de inteligência. (MORIN, 
1977, p. 44 e 45). 
 
O conteúdo homogêneo é um lugar comum para este homem médio, “sincretismo é o termo 
mais adequado para traduzir a tendência para homogeneizar a diversidade dos conteúdos sob 
um determinador comum” (MORIN, 1977, 29). Desta forma, independente do indivíduo que 
esteja assistindo um programa, por exemplo, entenderá e consumirá da mesma maneira os 
signos deste produto cultural. Wolf analisa mais a fundo o papel do sincretismo na cultura de 
massa, para ele o sincretismo liga-se aos fatores estruturais que constituem a cultura de massa. 
E completa 
O sincretismo acarreta consequências importantes como, por exemplo, a tendência 
para a homogeneização entre os dois grandes setores da cultura de massa: a 
informação e a ficção. Devido ao sincretismo, na informação, adquirem relevo os fatos 
variados, isto é, aquela “franja do real em que o inesperado, o bizarro, o assassínio, o 
incidente, a aventura, irrompem na vida quotidiana” (Morin, 1962, 29), enquanto a 
ficção se tinge de realismo e as intrigas romanescas têm a aparência da realidade. A 
definição daquilo que constitui notícia e o relevo atribuído aos fatos variados são, 
portanto, consequências - no sector da informação - de duas tendências profundas que 
percorrem a cultura de massa: por um lado, a dinâmica entre estandardização e 
inovação e, por outro, o sincretismo e a contaminação entre real e imaginário.(WOLF, 
1999. p.44). 
 
Também é possível ver esta homogeneização do ponto de vista mercadológico, porque quão 
maior a abrangência das audiências maior será o lucro e a repercussão de certo produto 
cultural. E é justamente nesta lógica que se insere a cultura de massas, o objeto como produto 
de consumo. Para Wolf “a lei fundamental da cultura de massa é a do mercado e a sua 
dinâmica resulta do diálogo contínuo entre produção e consumo.” (WOLF, 1999. p.44). 
 
Morin entende que após um tempo de influência da cultura de massa no público, já com a 
implantação do happy end no imaginário coletivo, começa a se formar um “duplo setor no 
seio mass media”(MORIN, 1977. p.84), isto quer dizer que a cultura de massa que antes só 
existia no imaginário, extravasa e ganha a informação. “Assim a dramatização tende a 
preponderar sobre a informação propriamente dita”.(Op. Cit. p.84) A cultura de massa que 
antes fazia parte apenas do imaginário parte para o real. 
É a partir desta ideia de imaginário indo para o real, e vice-versa, que Morin traz o conceito 
dos Olimpianos para a cultura de massa, eles seriam 
 Não são apenas os astros de cinema,, mas também os campeões, príncipes, reis, 
playboys, exploradores, artistas célebres, Picasso, Cocteau, Dali Sagan. O olimpismo 
de uns nasce do imaginário, isto é, de papéis encarnados nos filmes, o de outros nasce 
de sua função sagrada (realeza, presidência), de seus trabalhos heroicos (campeões, 
exploradores), ou eráticos (playboys, disfels). Margaret, e B. B., Soraya e Liz Taylor, a 
princesa e a estrela, se encontram no Olimpo da notícia dos jornais, dos coquetéis, 
recepções, Capri, Canárias e outras moradas encantadas. (MORIN, 1977. p.91) 
 
 A partir do surgimento e popularização destes deuses a informação é transformada, ela “eleva 
à dignidade de acontecimentos históricos, acontecimentos destituídos de qualquer significação 
política”(MORIN, 1977, p.91). A marca da imprensa de massa é o sensacionalismo, ela faz 
vedete de tudo, e os olimpianos passam a fazer parte dos noticiários, com seus casamentos, 
divórcios, nascimentos, enfim tudo relacionado a eles vira informação, ainda que não tenha 
influência nenhuma para a vida do público, e o melhor é que os olimpianos são 
“simultaneamente, magnetizados no imaginário e no real, simultaneamente ideais inimitáveis 
e modelos imitáveis”(Op. Cit., p.92). 
Os olimpianos então estão na linha que separa o imaginário do real, fazem parte dos dois, e é 
neles que o público se inspira na sua vida privada, com ideal de casamento, filhos, amores, 
estilos de vida e de se vestir 
Conjugando a vida cotidiana e a vida olimpiana, os olimpianos se tornam 
modelos de cultura […] as estrelas em suas vidas de lazer, de jogo, de 
espetáculo, de amor, de luxo, e na sua busca incessante da felicidade 
simbolizam os tipos ideais da cultura de massa.( MORIN, 1977 p. 93) 
 
 A noticiação da vida dos olimpianos seria mais um dos fatos variados, citados por Morin, que 
são notícias veiculados pelos mass media sobre acontecimentos que não tem importância para 
a sociedade e passa a ser importante para as pessoas, pois os eles são dignos de glória e da 
atenção do público. 
Ainda que as notícias não sejam sobre os olimpianos, qualquer fato que seja comovente, 
sensacional ou excepcional também vira notícias e ambos os casos tem que haver uma ligação 
com a paixão, com o sentimentalismo. Morin soube descrever muito bem o que se pode ver 
até hoje nos grandes meios de comunicação, notícias com importância questionável sempre 
com uma pincelada de sentimentalismo. A cultura de massa, mesmo com o passar do tempo, 
manteve esta característica, e mais do que a presença é importanteressaltar o crescimento 
deste interesse da massa. Com o surgimento da internet e o aumento da especulação direta por 
parte do público da vida dos olimpianos. Se antes o público só recebia informação pelos mass 
media, agora com a internet eles podem ir atrás da informação sozinhos, produzi-las e com as 
redes sociais ficar cada vez mais perto dos olimpianos, acompanhando suas vidas, e até se 
baseando nelas. 
Os modelos de cultura, ou os modelos de vida, vai além de simplesmente um modo de vida. 
Se por um lado, os olimpianos simbolizam os tipos de culturas massa com seu ideais de vida, 
diversão e felicidade, por outro 
a publicidade propõe os produtos que asseguram bem-estar, conforto, libertação 
pessoal, standing, prestígio e também sedução […] A publicidade apadrinha tão bem a 
cultura de massa quanto é apadrinhada por ela […] Num outro sentido, a publicidade é 
um aspecto da cultura de massa, um de seus prolongamentos práticos.(MORIN, 1977 
p.89) 
 
Como a cultura de massa tem seu caráter vinculado ao consumo não é estranho que a 
publicidade se torne parte integrante da cultura de massa. A cada nova moda que uma 
olimpiana lança em uma festa hollywoodiana, as espectadoras correm às lojas atrás de 
produtos iguais ou semelhantes, pois é a forma delas fazerem parte daquele imaginário de 
vida olimpiano. 
 É uma imagem da vida desejável, o modelo de estilo de vida […] Esta imagem 
é, ao mesmo tempo hedonista e idealista; ela se contrói por um lado, com os 
produtos industriais de consumo e de uso cujo conjunto fornece o bem-estar e o 
standing e, por outro lado, com a representação das aspirações privadas – o 
amor, o êxito pessoal e a felicidade.(MORIN, 1977. p. 90). 
 
Assim, a cultura de massa desenvolve no imaginário estas imagens, o público por sua vez 
quer trazer para o real, a publicidade está ao seu lado com seus produtos, reafirmando a 
natureza de consumo da cultura de massa. 
 
Edgar Morin e a cultura de massa 
A obra de Edgar Morin é considerada a obra inaugural da escola francesa pois é ela que traz 
conceitos e definições importantes que serão seguidos por seus colegas. Para entender a 
cultura de massas do ponto de vista da teoria culturológica é necessário ter em mente 
características básicas dessa nova forma de cultura. 
Para Morin, a cultura de massa se desenvolveu na década de 30 após a Segunda Guerra 
Mundial, nos países ocidentais, primeiramente na sociedade americana e em seguida nas 
outras sociedades ocidentais. A evolução desta cultura se deu pela crescente mecanização do 
trabalho, que se tornava menos penoso, os cidadãos adquiriam direitos trabalhistas e, com 
eles, mais tempo para o lazer com menor preocupação para o trabalho. A cultura trazia a ideia 
de conforto, bem-estar, lazer e consumo, o que se ajustava ao momento da modificação das 
condições de vida e o crescimento do poder de compra. Segundo Morin, todos estes fatos 
juntos correspondiam a um novo grau de individualização da existência humana. E cultura de 
massa se constitui em função desta individualização emergente. 
Wolf diz que a cultura de massa é diferente dos sistemas culturais anteriores, pois ela se 
baseia na adequação às necessidades da sociedade. Ao atender aquilo que Morin chama de 
“conteúdos essenciais”(MORIN, 1962. p.161) da cultura de massa (necessidades privadas, 
afetivas, imaginárias ou materiais) as transformações sociais vão incrementando tais 
necessidades e a cultura de massa se difunde cada vez mais e contribui para enraizar seus 
valores. 
 Um conceito inicial que teve importância para a escola e os estudos de Morin foi a definição 
da cultura de massa como sendo uma cultural policultural, para ele a cultura de massa: 
Se faz incluir, controlar, censurar [...] e, ao mesmo tempo, tende a corromper e a 
desagregar as outras culturas [...]. A cultura de massa não é autônoma no sentido 
absoluto do termo, pode embeber-se de cultura nacional, religiosa ou humanística e, 
por sua vez, penetrar na cultura nacional, religiosa ou humanística. Não é a única 
cultura do séc. XX, mas é a corrente verdadeiramente de massa e verdadeiramente 
nova do séc. XX (Morin, 1977, 8). 
 
 
A cultura de massa então não está no mesmo nível que as outras culturas, ainda que transite 
nos mesmo locais que elas, a troca entre elas não são iguais, pois a cultura de massa as draga, 
se alimenta delas e as penetra. Esta definição da cultura de massas distinta de outras escolas 
que também usavam o termo “cultura de massa” tornou-se, se não marca do pensamento 
francês que, como citado, tinha as mais diversas opiniões, pelo menos a marca de Edgar 
Morin e que deve ser relembrado todas as vezes que a cultura de massas é citada em sua obra. 
Outra característica, se não a principal, desta cultura que deve “Na cultura de massa o objecto 
está estreitamente ligado à sua natureza de produto industrial e ao seu ritmo de consumo 
cotidiano.”(WOLF, 1999 p.44). 
Morin também trabalha com a ideia que a cultura de massa promove os valores femininos, 
este valor tem grande relação com o mass media, é o que ele chama de imprensa masculino-
feminina: “isto significa que encontramos nos filmes, na imprensa, nos programa de rádio e 
televisão, tanto conteúdos de interesse masculino como conteúdo de interesse feminino […] 
um gigantesco setor feminino autônomo se desenvolveu na grande imprensa.”(MORIN, 1977 
p.125). Esta característica, como a outra grande maioria, está agregado ao caráter consumista, 
as mulheres. 
Wolf conclui dizendo que a cultura de massa contribui no enfraquecimento de todas as 
instituições intermediárias (família, igreja) pois ela incentiva a individualização das pessoas, 
formando “um aglomerado de indivíduos - a massa ao serviço da supermáquina social” 
(Morin, 1962, 178). 
 
Considerações finais 
A partir da leitura da obra Cultura de massas no século XX de Edgar Morin, pode ser inferir 
que o entendimento da cultura de massa é essencial para o estudo da Teoria Culturológica, já 
que a teoria propõe estudar este novo tipo de cultura que se forma a partir dos meios de 
comunicação de massa. A obra de Morin pode ser considerada a inaugural deste movimento 
pois abre terreno para outros estudiosos da sua escola. É a partir da compreensão dos termos 
propostos por Edgar Morin que podemos entender as ideias principais da Teoria 
Culturológica. Mas, como já tratado anteriormente, a diversidade do pensamento francês torna 
necessário a leitura de outras obras para maior conhecimento da escola francesa, que é rica 
nos estudos comunicacionais. 
Além da escola francesa, com a teoria culturológica, é interessante aprofundar a influência da 
cultura nos meios de comunicação de massa com os estudos da Escola de Frankfut e a teoria 
crítica, e os Estudos Culturais, desenvolvidos na Inglaterra. Embora os estudos sejam voltados 
a sociologia é necessário saber como a cultura traz impactos para a produção nos grandes 
meios, e estas escolas se dedicam a estudar justamente como a cultura de massa influenciou a 
sociedade e meios de comunicação de massa. 
Ainda que não trate de um estudo de processos comunicacionais a teoria tem sua importância 
para as teorias da comunicação pois é o primeiro movimento que se propõe estudar 
unicamente a cultura que se cria a partir do mass media. 
É válido, e necessário, lembrar que conceitos como o da individualização, da 
homogeneização, do imaginário coletivo, das informação de fatos variados sempre vem com o 
pano de fundo do consumo por trás. Pois ao aceitar que a cultura de massa é um novo tipo de 
cultura que se apresenta na sociedade contemporânea e que está ligada a mídia também deve 
se aceitar que essa cultura está ligada ao caráter do consumo.Por fim, trazer o estudo de uma cultura para a área da comunicação pode ser perigoso, porque 
a princípio pode parecer um estudo sociológico, como Wolf mesmo comenta: “a análise de 
Morin […] ambiciona ser uma sociologia da cultura contemporânea” (WOLF, 1999 p.45). 
Estudar a cultura de massa é realmente complexo, mas necessário, na medida em que ela 
surge dos meios de comunicação de massa e traz efeitos para produção cultural e para o 
público receptor. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. Rio de Janeiro : Forense 
Universitária, s/d 
 
 
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 1999. 
 
 
DUTRA, Fernanda. Cultura de massas e outras culturas: as concepções contemporâneas de Edgar 
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<http://www.unipam.edu.br/cratilo/images/stories/file/artigos/2008_1/Cultura_de_massa_
e_outras_culturas.pdf > Acessado em 30 de junho de 2012. 
 
 
Autoria desconhecida do texto A Escola Francesa. Disponível em 
<http://www.moodle.ufu.br/pluginfile.php/35131/mod_resource/content/0/Teoria_culturol
ogia.doc> Acessado em 30 de junho de 2012. 
 
 
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HOHLFELDT, A., MARTINO, L.C., FRANÇA, Vera. Teorias da Comunicacão – Conceitos, 
Escolas e Tendências. São Paulo, Vozes, 2010. P.171-186 
 
 
SOBRINHO, Liton Lanes Pilau (Org.) Balcão do Consumidor e as relações de consumo. Disponível 
em < 
http://www.upf.br/balcaodoconsumidor/download/balcao_do_consumidor_e_as_relacoes_
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Autoria desconhecida do texto A Escola Francesa. Disponível em 
<http://literacomunicq.blogspot.com.br/2010/04/escola-francesa.html > Acessado em 1 de 
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NEVES, Dorneles. Teoria critica, culturológica e Cultural Studies. Disponível em 
<http://www.slideshare.net/dodaneves/teori
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Acessado em 01 de julho de 2012. 
 
 
TENUTO, Tatiana. Fichamento - Cultura de Massas no Século XX, vol 1 (Edgar Morin). Disponível 
em < http://pt.scribd.com/doc/18948337/Fichamento-Cultura-de-Massas-no-Seculo-XX-
vol-1-Edgar-Morin > Acessado em 01de julho de 2012.

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