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Aula de Petição inicial NCPC

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PETIÇÃO INICIAL
1. Aspectos gerais e conceito
É O INSTRUMENTO DA DEMANDA. DEMANDAR É O ATO DE RECLAMAR PERANTE O JUDICIÁRIO.
Deve haver relação entre forma e conteúdo, demanda e petição inicial. Ex: contrato e o instrumento do contrato. O contrato é a substância, a relação jurídica, já o instrumento de contrato é a forma pela qual se dá substrato material para o conteúdo que é o contrato. Contrato está no plano abstrato e o instrumento de contrato encontra-se no plano concreto. Portanto, não se confundem. Contrato = demanda. Instrumento de contrato = petição inicial.
2. Efeitos da propositura (protocolo: 312 do NCPC) – “considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada...”. O protocolo antecede a distribuição. 
a) No registro ou distribuição: é uma segunda etapa. Gera dois efeitos interessantes:
i) perpetuatio jurisdictionis (43 NCPC) – fenômeno processual que significa que uma vez distribuída a ação para o juiz competente, essa ação terá sua competência perpetuada nessa Vara. Registro = uma Vara; Distribuição = mais Varas.
No entanto, possui muitas exceções. São as causas modificativas de competência. 1. Supressão do órgão judiciário (se extinta a Vara manda-se para outra); 2. Alteração da competência absoluta (Vara cível vira Vara criminal); 3. Art. 57 NCPC – conexão e continência; 4. Art. 516 § ú NCPC – no cumprimento de sentença o credor pode escolher que as ações possam ser remetidas à outra Vara (residência do devedor ou onde situam-se os bens).
ii) prevenção (59 e 286 NCPC) – o momento que o juízo se torna prevento é o momento da distribuição ou registro. Prevenção significa que oficialmente aquela vara se tornou perpetuada para o conhecimento deste processo e todos os outros que a ele sejam continentes ou conexos.
b) No despacho positivo: interromper precariamente a prescrição, retroação à data da propositura (240, §1º, NCPC e 202, I, CC). Trata-se do terceiro momento. Após analisar a PI, estando tudo certo, dá-se o despacho positivo. “cite-se”. O efeito é a interrupção precária da prescrição, retornando-se à data da propositura da ação.
REQUISITOS PETIÇÃO INICIAL I (319 NCPC)
1. Escritura – deve ser escrita. Mesmo que gravada, será documental.
2. Autoridade a quem é dirigida – direcionamento, indicação da autoridade para qual é dirigida. 
3. Partes e suas qualificações (319, §§, NCPC). Ler o artigo. Art. 554 do NCPC - Cria um novo procedimento para as ações possessórias, por exemplo, “cite-se os invasores”. Não se sabe a qualificação dos mesmos.
4. Causa de pedir (fundamentos: fato e direito) (controvertido) – são os fundamentos de fato e de direito que sustentam o pedido. Causa de pedir próxima = é o fundamento jurídico. Causa de pedir remota = é o fundamento de fato. Mas tem autores que invertem, ou seja, é controvertido.
a) teoria da substanciação x teoria da individuação – a teoria da substanciação a causa de pedir tem que ter o fato e direito (Brasil); para a teoria da individuação o fato é irrelevante na inicial.
b) fundamentos legais x art. 10 do NCPC (enunciado 01 ENFAM) fundamento legal difere de fundamento jurídico – o fundamento legal não é exigência (trata-se da indicação do dispositivo legal).
Na doutrina a palavra fundamento é ampla, portanto, o juiz não pode decidir com fundamento em outro dispositivo sem que o mesmo tenha sido discutido no processo. É amplamente majoritário na doutrina.
Existe uma segunda posição, da ENFAM, que é permitido ao juiz decidir com base em lei diversa sem ouvir as partes.
5. Pedido (imediato e mediato) (322/329 NCPC) – o pedido imediato é o provimento jurídico desejado pela parte; o mediato é a vida. 
6. Valor da causa (291/293 NCPC) – ler os artigos. Art. 292, V – na ação de indenização por danos morais, o valor da causa é o pretendido. Não pode pedir 10.000 mil de danos morais e colocar 100 reais como valor da causa.
7. Protesto (genérico) por provas – não essencial. 
8. Opção pela realização da audiência do art. 334 NCPC – o autor na própria PI declinar o desinteresse na audiência de conciliação ou mediação. 
Se uma das partes não for a audiência de conciliação ou mediação há aplicação de multa.
9. Documentos indispensáveis (320 NCPC)
10. Capacidade postulatória de quem assina (76 e 104 NCPC) - exceção está no artigo 9º da lei 9.099/95.
11. Requisitos específicos (330, § 2º, NCPC) (917, §3º, NCPC) 
PEDIDO I
1. Espécies
a) Imediato – provimento jurídico desejado. 
b) Mediato – bem da vida.
2. Princípio da congruência ou da adstrição (art. 141 e 492 NCPC) – rascunho da sentença, porque o juiz não pode exceder aos pedidos. 
3. Pedido certo (322 NCPC) – é o pedido expresso. 
4. Pedido determinado (324 NCPC) – é o pedido quantificado, identificado.
5. Pedido genérico e liquidação de sentença (324, §1º, NCPC) – pedido não especificado, indeterminado, em situações excepcionais. Só fixa parâmetros (sentença) para que se apure o quantum posteriormente (liquidação de sentença).
PEDIDO II
6. Interpretação dos pedidos e pedidos implícitos (322, §2º, NCPC). Exceções (cumulação legal de pedidos): 
a) Prestações periódicas (323 NCPC) – as prestações vencidas são incluídas na condenação, mesmo que estejam no pedido.
b) Consectários legais (322, § 1º, NCPC) (art. 404 CC) – juros de correção monetária.
c) Honorário e custas (322, § 1º, e 85, §18, NCPC) (S. 453 STJ – sem efeito).
7. Ampliação do pedido (cumulação de pedidos superveniente) e limites (329 NCPC) – após a propositura até a citação o autor poderá aditar o pedido sem consentimento. Após a citação ao saneamento o autor pode aditar somente com a concordância do réu. Após o saneamento há duas posições: 1. Não pode aditar; 2. Com base no Art. 190 do NCPC as partes poderiam.
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS (cúmulo objetivo de demandas) – somar demandas no mesmo processo. A cumulação subjetiva é a cumulação de pessoas, é o litisconsórcio.
Espécies
1. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS PRÓPRIA (327 NCPC) – firmado com base no aditivo “e”, é verdadeira cumulação de pedidos.
a) Simples – não há interdependência entre os pedidos;
b) Sucessiva – um pedido depende do outro. Há interdependência dos pedidos. O juiz precisa ter dado o pedido prévio – ex. declara a paternidade e após o dever de prestar alimentos.
2. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS IMPRÓPRIA (326 NCPC) – fincada na conjunção alternativa. Na verdade aqui se quer uma ou oura coisa.
a) Eventual ou subsidiária – estabelece uma ordem para os pedidos formulados. Ex. aposentadoria por invalidez ou auxílio doença.
b) Alternativa (DIFERENTE de pedido alternativo: 325 NCPC) – não tem ordem de preferência.
3. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS SUPERVENIENTE (reconvenção – 343 NCPC) – cumulação heterogenia, pedidos de partes diferentes. 
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS (cúmulo objetivo) - Requisitos para a cumulação de pedidos (própria - 4; e imprópria - 3) (327, § 1º, NCPC)
a) Identidade de partes 
b) Competência do juízo para todos os pedidos
c) Identidade procedimental (ATENÇÃO: 327, § 2º, NCPC)
d) Compatibilidade entre os pedidos (inaplicável à cumulação IMPRÓPRIA – 327, § 3º, NCPC)
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS IMPRÓPRIA
a) Eventual (art. 289 CPC/73)
b) Alternativa (diferente de pedido alternativo: art. 288 CPC/73)
EMENDA E INDEFERIMENTO DA INICIAL
1. Emenda (321, 139, IX e 6º, NCPC) – dever legal. Sendo sanável determina-se à emenda. Um direito da parte e dever do juiz. 
2. Indeferimento
2.1. Sem análise do mérito (330 e 485, I, NCPC) – sem coisa julgada.
2.2. Com análise do mérito (improcedência liminar do pedido): (332, NCPC) (17, § 8º, da Lei 8.429/92). 
Obs: 1. Com coisa julgada; 2. Nunca na procedência do pedido (porque o réu não fora citado); 3. Aplica-se o art. 10 NCPC, pela maior parte da doutrina (potencializar o contraditório).
 Aplicação do art. 10 NCPC às hipóteses de indeferimento (487, parágrafo, e 927, § 1º, NCPC)
 Recurso contra o indeferimento (331 e 332. § 2º a 4º, NCPC)

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