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Falência slide para aula 01

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FALÊNCIA – LEI N. 11.101/2005
Prof. Ernany Quirino
Quem é empresário?
Diferenças entre empresário e empresa.
Os procedimentos de falência e recuperação judicial cabem à Justiça Estadual. 
Introdução
Medida judicial que visa o pagamento dos credores.
As expressões utilizadas hoje são falência e recuperação, esta pode ser judicial ou extrajudicial. Não se utiliza qualquer outra nomenclatura como “concordata”, “quebra de banca”, o Código Penal já utilizou a expressão “bancarrota”, o Código Comercial usava a expressão “das quebras”. Mas hoje, chama-se falência ou recuperação, sendo a recuperação judicial ou extrajudicial.
Conceito de falência
No mundo inteiro há várias visões sobre insolvência empresarial, no Brasil adota-se a teoria dualista, v.g., a Varig teve uma recuperação frustrada e por isto foi convolada em falência dentro do mesmo procedimento, dentro do mesmo juízo falimentar, ou seja, recuperação e falência dentro do mesmo caminho jurídico. Esta é a teoria dualista.
Enfim, no Brasil temos a teoria dualista, é possível que a recuperação seja convolada em falência no mesmo juízo. O contrário também é possível, pode ser que um pedido de falência resulte em uma recuperação. 
Diferente do que ocorre na Alemanha, por exemplo, onde se adota a visão unitária. Na Alemanha, se o pedido de recuperação restar frustrado, extingue-se esta primeira demanda entra-se com a demanda específica de falência. Está é a visão unitária.
É uma natureza híbrida, significa que ela traz temas de direito material e processual.
Natureza jurídica da Lei n. 11.101/2005
É uma execução concursal.
Não se trata mais uma execução individual, v.g., de um piloto da Varig na Justiça do Trabalho, ou uma execução fiscal isolada, agora há uma execução em conjunto. Chamam-se todos credores e faz-se a execução.
Natureza jurídica da falência
Antes da Lei n. 11.101/2005 vigorava o Decreto n. 7661/1945. Esta informação é importante para resolver questões envolvendo direito intertemporal.
Exemplo: A quebra foi solicitada em 2004, mas só foi concedida no início de 2006. Qual norma deve ser aplicada? Este conflito de normas ainda tem repercussão em informativos recentes, vide o info. 489, STJ que diz: até a sentença aplica-se as normas do antigo decreto, depois da sentença aplicam-se as normas da nova Lei de Falência.
Direito intertemporal
FALÊNCIA. DIREITO INTERTEMPORAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 192, § 4º, DA LEI N. 11.101/2005. Na hipótese dos autos, a discussão cinge-se à seguinte questão de direito intertemporal: qual a lei aplicável, tendo em conta que o pedido de falência da recorrente foi ajuizado em 2000 e a falência decretada em 2007? A Turma entendeu que a interpretação da Lei n. 11.101/2005 conduz às seguintes conclusões: (a) à falência ajuizada e decretada antes da sua vigência aplica-se o antigo DL n. 7.661/1945, em decorrência da interpretação pura e simples do art. 192, caput, da Lei n. 11.101/2005; (b) à falência ajuizada e decretada após a sua vigência aplica-se a Lei n. 11.101/2005, em virtude do entendimento a contrario sensu do art. 192, caput; e (c) à falência requerida antes, mas decretada após a sua vigência aplica-se o DL n. 7.661/1945 até a sentença e a Lei n. 11.101/2005 a partir desse momento, em consequência da exegese do art. 192, § 4º. No caso, ocorreu a hipótese da letra "c", com a falência decretada à luz do anterior diploma. Diante dessa e de outras considerações, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 1.105.176-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2011.
1 - Princípio da indivisibilidade do juízo;
2 - Princípio da universalidade do juízo ;
3 - Princípio da pars conditio creditorum ;
4 - Princípio processual da celeridade e economia processual ;
5 - Princípio do ativo ;
6 - Princípio da preservação da empresa e princípio da função social da empresa. 
Princípios na Lei n. 11.101/2005 (LRF)
LRF. Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. 
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo.
Princípio da indivisibilidade do juízo
O princípio da indivisibilidade diz que, em regra, todo o procedimento ocorre no juízo empresarial, ou seja, na Justiça Estadual.
O caso da OGX, por contar com a atuação da esfera federal, é uma exceção ao princípio da indivisibilidade. 
No caso em tela, o MPF atuou na Justiça Federal em razão do insider trading e manipulação de mercado envolvendo Eike Batista.
LRF. Art. 126. Nas relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei, o juiz decidirá o caso atendendo à unidade, à universalidade do concurso e à igualdade de tratamento dos credores, observado o disposto no art. 75 desta Lei.
Princípio da universalidade do juízo
Princípio da universalidade do juízo: a falência e a recuperação são um universo à parte, com regras e princípios próprios, com um quadro geral próprio de credores. Assim, tudo que o credor desejar, diante do devedor falido ou em recuperação, terá que ser requerido dentro daquele juízo.
o princípio da universalidade é uma mensagem ao credor, tudo que o credor desejar terá que remeter àquele juízo
LRF. Art. 126. Nas relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei, o juiz decidirá o caso atendendo à unidade, à universalidade do concurso e à igualdade de tratamento dos credores, observado o disposto no art. 75 desta Lei.
Princípio da pars conditio creditorum
Neste universo da recuperação e falência é preciso tratar os iguais de maneira igualitária. Assim, o princípio da pars conditio creditorum significa tratar os credores de maneira igualitária.
LRF. Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual.
Princípio processual da celeridade e economia processual
É preciso entender que o credor já demorou demais para receber o que lhe é devido, por isto, é preciso que todos os atos processuais sejam feitos da forma mais breve possível, para que seu crédito seja satisfeito o quanto antes. Tudo harmonizado com celeridade e economia processual.
LRF. Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. 
LRF. Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: 
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei; 
LRF. Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência, será iniciada a realização do ativo.
Princípio do ativo
Princípio da maximização do ativo, significa que os bens que sobraram para pagar os credores devem ser utilizados em sua força máxima. 
Exemplo1: Sobrou um avião da Varig, que se faça um arrendamento. 
Exemplo2: Sobrou uma loja, que ela seja alugada para gerar renda.
LRF. Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Princípio da preservação da empresa e
princípio da função social da empresa
A Lei n. 11.101/2005 é voltada para a continuidade da atividade empresarial, afinal de contas e empresa gera tributos, trabalho e consumo. Assim, v.g., não interessa ao direito empresarial se o dono da Casa e Vídeo fez contrabando ou descaminho, interessa ao MPF e para a Magistratura.
 
Não existe mais esta noção de que o empresário é um “homem malvado”. Se o Eike Batista fez besteira, que seja punido, porém, não se pode punir o trabalho, o consumo, o tributo. Uma coisa é ideia empresarial de lucro, trabalho, consumo, outra coisa são os ilícitos praticados pelos administradores.
Direito empresarial constitucional
Interpreta-se a recuperação desta atividade, como aquela que deve ser protegida porque ela precisa cumprir sua função social. Agora não é mais assim, a explicação muda de direção, por um lado, a Constituição entrega várias coisas boas para o direito empresarial (v.g., livre iniciativa, livre concorrência, lucro livre e a propriedade privada livre) e, por outro lado, só exige uma contraprestação, fazer o empresário cumprir a função social.
A visão nova é uma mudança sutil, o aplicador do direito deve preservar a atividade empresarial, para que ela possa cumprir a contraprestação constitucional. É uma mudança de visão, deixa de ser uma ideia tão privada, passa a ter o público intervindo no privado.
Preserva-se a atividade para que o devedor preserve a função social, ora, a ordem constitucional se destina ao devedor.

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