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História da loucura - 450 milhões de pessoas no mundo: OMS, 2001; - ideia de incapacidade e improdutividade, vergonha; - “São produzidas representações sociais que produzimos ou consumimos e as comunicações que estabelecemos” (MOSCOVICI, 2003, p.10); -loucura não é um fato da natureza, mas da civilização- Foucault História da loucura - Foucault- domínio da razão sobre a desrazão. - Razão como norma, loucura levada ao exílio. -Final da Idade Média: desaparecimento da Lepra,substituição dos leprosos pelos incuráveis e loucos. - Na paisagem imaginária da Renascença surgem as Naus dos Loucos. -Em algumas cidades da Europa existiram alguns lugares de detenção para os insanos, como a conhecida Torre dos Loucos de Caen. -No fim da Idade Média, a loucura se faz presente no teatro e nas discussões acadêmicas. Diante de tantos discursos e questionamentos acerca da insanidade, no século XV ela passa a assombrar a imaginação do homem da época, havendo uma substituição do tema da morte pelo da loucura. Em contrapartida, aos poucos a loucura tornava-se um fascínio para o homem. No entanto, Foucault acredita que a loucura não fascina, mas sim atrai. Na era Clássica, -> literatura; meados do século XVI e começo do século XVII, nas importantes obras de Shakespeare e Cervantes. É a partir do século XVII que será estabelecida uma relação entre a loucura e o internamento. O internamento era considerado uma estrutura quase jurídica, onde se julgava e condenava. O louco, portanto, passa a ser excluído da sociedade, tendo seu lugar ao lado dos pobres. A loucura agora é percebida no horizonte social da pobreza. -Na metade do século XVII foi estabelecida uma ligação entre a loucura e o internamento, casas para alocar os loucos. A estrutura mais visível da experiência clássica da loucura. - Podemos dividir diferentes épocas históricas (PESSOTTI, 1994) * antiguidade clássica (pensadores gregos) * séculos XV e XVI (exorcistas) * séculos XVII e XVIII (enfoque médico) * século XIX (manicômios) -Antiguidade Clássica até era cristã- Homero (mitológico-religioso); Hipócrates e Galeno (disfunções somáticas). -Idade Média- loucura como possessão diabólica (alojamento do diabo no corpo da própria pessoa; ou quando o demônio altera percepções e emoções da pessoa). - Prevalece influência de Hipócrates- delírio marca de insanidade - 1801- psiquiatria como especialidade mécida a partir do Tratado Médico- Filosófico sobre Alienação Mental –Pinel. - Após saída da loucura do universo da religião e magia: saber psiquiátrico; antropologia de suas diferentes manifestações; escuta transferencial da fala. - Loucura- aquele que perdeu o juízo, ‘desarranjo das funções mentais’. - A partir século XIX- tratamento diagnóstico da loucura- clínica- observações empíricas, prescrições terapêuticas. Pinel- diagnóstico- observação prolongada, rigorosa- passa da condição de abrigar para a condição de cura/tratamento. -Tratamentos inadequados (organicistas) - Percepção mais médica - Virada do século XVIII par XIX- loucura como objetos de conhecimento e intervenção exclusivos do médico. - Loucura- alienado. -Funções do manicômio- acolher os loucos, isolando-os pelo poder público ou grupos religiosos -> instituições hospitalares (tratamento médico- funcionários muitas vezes eram religiosos) -> a partir do século XIX instituições que acolhem apenas doentes mentais (manicômios) - Condições precárias, maioria sem diagnóstico (epilépticos, alcoolistas, homossexuais)- limpeza social- categoria social de desprezíveis e desajustados. - Influência do pensamento de Descartes (pensamento como condição para a existência) -Revolução Francesa- periculosidade do louco; desvalorização da desrazão. - A partir do século XIX- Europa- defesa manicômios - Brasil- primeiro manicômio/hospital psiquiátrico – Hospício D. Pedro II, RJ, 1852. Hospício d. Pedro ii- rj - 1912- primeira lei federal de assistência aos alienados - disciplina; normatização de comportamentos - 1934- decreto 24.559 promulgava a segunda lei federal de assistência aos doentes mentais: hospital psiquiátrico: única alternativa. Reforma Psiquiátrica no Brasil: - após 2. Guerra mundial na Europa e EUA- movimentos contrários à forma de tratamento da loucura- Movimento Institucional na França e as Comunidades na Inglaterra. - Brasil – final década 1970- Movimento dos trabalhadores em saúde mental- denúncias. - Previdência social ofertava recursos para redes assistenciais- anos 1960- 1980- psicofármacos-isolamento. Consequências - Legislação de 1934, internações arbitrárias. - Paralelamente, incentivo a multiprofissionalidade, implementação de ambulatórios (fragilidade). - Discussões. Movimento da luta antomanicomial- I encontro Encontro de trabalhadores da saúde mental- Propostas de Reforma (documento Diretrizes para a área de Saúde Mental, MS, 1980, tratamento extra-hospitalar) - Conferências Nacionais de Saúde- 1987, 1992-trabalho interdisciplinar 1980- surgimento CAPS (1987), NAPS (1989) 1989- projeto de lei proposta pelo deputado federal Paulo Delgado previa extinção progressiva de manicômios - 1990- Conferência Regional para a reestruturação da assistência psiquiátrica, Caracas. - 2001- lei 10.216, lei nacional da reforma psiquiátrica, mudanças quanto ao tratamento; sujeitos de direitos; crítica ao modelo hospitalocêntrico. - 1992, portaria ministerial n. 224, objetivando leito ou unidade psiquiátrica em hospital geral. -não houve a solução imediata das problemáticas. NOTA SOBRE A MORTE DO MÚSICO MARIO TRAVASSOS NA CLINICA DA GÁVEA Mário Travassos, 39 anos, faleceu no dia 14/07/2017, na Clínica da Gávea, no Rio de Janeiro, “especializada em transtornos psiquiátricos”, em menos de 24 horas após a sua internação. Consta que ele lá se internou por vontade própria, transferido do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, por sugestão da equipe médica, e se apresentava fisicamente saudável. Seus parentes e amigos supõem que teria sido vítima de violência, pois seu corpo apresentava afundamentos no crânio e na face, ausência de dentes e marcas roxas. Sua família relata não ter sido avisada pela Clínica que o corpo teria sido transportado sem identificação e como indigente para o IML (Instituto Médico Legal). Essa sequência de fatos torna imperativa uma rigorosa apuração do que causou a morte do músico, e da apuração imediata de todos os fatos que ocorreram desde o momento de seu ingresso nesta clínica. A única alegação conhecida desta clínica, reportada pela mãe de Mário, é que este tentara fugir e sofrera uma queda, o que parece improvável e inaceitável, pela característica singular da internação voluntária, visto que tentativas de evasão são fatos corriqueiros em instituições psiquiátricas, que certamente deveriam estar preparadas para evitá-las, mantendo a segurança e integridade física de seus internos. Este triste episódio nos faz pensar no recrudescimento da lógica manicomial, e da acelerada perda de direitos, o que nos impõe a reafirmação da radicalidade dos princípios da Luta Antimanicomial. Há clínicas privadas e comunidades terapêuticas que não afirmam os princípios da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), em tempos sombrios e de graves violações de direitos das pessoas em sofrimento psíquico e das populações mais vulneráveis. Direitos fundamentais, nenhum passo atrás. Conselho Regional de Psicologia do Rio de janeiro – CRP 05 Sindicato dos Psicólogos do estado do Rio de Janeiro – SINDIPSI-RJ Leia também:
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