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Crimes contra Meio Ambiente
Gabriel Bigaiski
Faculdade Educação Superior do Paraná
Resumo: O presente artigo trata de uma análise dos crimes ambientais que ocorrem em nossa sociedade. Estes que são muitas vezes esquecidos e de certa forma tem menos atenção do direito e da sociedade em geral. Porém o Meio ambiento é alienável a vida humana, este merece nossa total atenção e análise e estudo para compreendermos como a legislação se comporta com este e o que a sociedade pode fazer.
Palavras-chave: Direito ambiental, Meio ambiente.
1.INTRODUÇÃO
Para falarmos de crimes contra a fauna e a flora precisamos primeiro compreende-la e ter algumas noções basilares sobre direito ambiental.
Citando Edis Milaré:
Direito do Ambiente é o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. MILARÉ.( Edis. Direito Do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 109.)
Para Fernandes Neto: 
“Direito Ambiental é o conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente”. (FERNANDES NETO, Ticho Brahe. apud MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 2. ed. São Paulo: revista dos Tribunais, 1989, p. 55)
 E Mukai:
 Direito Ambiental é um conjunto de normas e institutos jurídicos pertencentes a vários ramos do direito reunidos por sua função instrumental para a disciplina do comportamento humano em relação ao seu meio ambiente. (apud FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza: (de acordo com a Lei 9.605/98). 7. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 22)	
O ramo de direito ambiental ainda é muito recente, a preocupação com nossa planeta e nossos recursos naturais, somente ganhou uma discussão mais seria nos tempos mais modernos. 
O meio ambiente pode se classificar em quatro, segundo Fiorillo e abelha, Meio ambiente natural, artificial, cultura e ambiente do trabalho. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco e RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Ambiental e Legislação Aplicável. 2 ed., ver.ampl. São Paulo: Max Limonad, 1999. p.57
O natural envolve o solo, a água, o ar atmosférico, a flora e a flauna, estão que serão o tópico principal deste trabalho. Que são protegidos pelo artigo 255 da Constituição Federal
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º “Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público”: I – “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”; VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
O ambiente artificial é o espaço urbano, sendo as edificações particulares e os equipamentos públicos, também podendo ser encontrado na constituição no artigo 182.
O ambiente cultura é o patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico podendo ser artificial quanto natural. Estes que trazem consigo a historia da sua região, os costumes daquele povo. Esta previsto na Constituição no artigo 216.
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza matérias e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência 15 à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – “as formas de expressão”; II – “os modos de criar, fazer e viver”; III – “as criações científicas, artísticas e tecnológicas”; IV – “as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados a manifestações artístico-culturais”; V – “os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”
E o ultimo ambiente de trabalho é considerado aquele local onde as atividades laborais são realizadas e o complexo de bens imóveis e móveis de uma empresa.
2. PRINCÍPIOS
Assim como qualquer ramificação do direito, o direito ambiental também conta com vários princípios, que o orientam, abaixo veremos os mais importantes.
Principio do Direito Humano Fundamental:
Este pode ser considerado o mais importante principio, conforme Alessandra Panizi, PANIZI, Alessandra. Direito Ambiental, Série Exame de Ordem & Concursos Públicos, Editora Janina, Cuiabá, 2006, este principio decorre diretamente da constituição, em seu artigo 225,:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Deste principio temos toda a fundamentação do direito ambiental, que é o seu uso por todos, que devemos usar com equilíbrio, com cuidado e devendo ao poder publico preservá-lo e defende-lo.
Principio do Poluidor Pagador:
Este princípio, como o próprio nome indica, que aquele que polui deve arcar com a recuperação ambiental. Podendo ser repressivo e preventivo, A declaração do Rio/92 tratou deste:
Tendo em vista que o poluidor deve arcar com os custos decorrentes da poluição, as autoridades devem procurar fomentar a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.
Principio da precaução
Este estabelece que não deve haver intervenções no meio ambiente antes que se tenha certeza que tais atos não serão prejudiciais ao meio ambiente, caso não haja conhecimentos suficientes sobre os danos não deve realizar tal ato.
Princípio da publicidade
Todo e qualquer estudo que se refira ao impacto ambiental deve ter caráter público e interesse público, pois como envolve um bem coletivo, deve ser aberto a todos.
3. CRIMES AMBIENTAIS
Para o avanço humano, com suas tecnologias e novas formas de vida, foi se aumentando de maneira gradativa, o uso da natureza, no começo de maneira muito mais leve, mas com o passar do tempo a necessidade de evoluir, a revolução industrial entre outros fatores, fez com que a extração dos recursos naturais aumentasse, sem nenhum pensamento em sustentabilidade, pensamento esse muito mais atual. Nossos recursos naturais são limitados, caso não haja uma mudança cultural forte poderá haver muitas conseqüências. E uma das mudanças deve ser encontrada na legislação. Um primeiro passo para podermos mudar a cultura e ter uma boa legislação e fiscalização sobre os crimes ambientais, para que haja assim o uso dos recursos, pois nos os necessitamos, porém que seja feito de forma controlada e sustentável, sem abusos e com o mínimo de conseqüências a fauna e flora.
Os crimes ambientais são os chamados ilícitos penais. Trata-se de uma classificação doutrinária útil na interpretação da norma penal. A classificação seguindo Marcos H.C. Gaiotto:
“Crime Comum“ – são crimes cometidos por qualquer pessoa exemplo no artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais; 
“Crime Próprio“ – é aquele cometido por individuo certo, determinado, pessoa que esteja investida em cargo, função ou emprego público. Exemplo: delitos praticados por funcionário público;
 “Crime de Mão Própria“ – este somente poderá ser cometido pela própria pessoa. Podemos citar como exemplo, o delito previsto no artigo 66 da Lei de Crimes Ambientais;
 “Crime de Dano“ – neste caso, é necessário que a lesão se efetive a um bem jurídico tutelado pela lei penal. Por exemplo: o delito previsto no artigo 66 da Leide Crimes Ambientais; 
“Crime de Perigo“ – este se consuma com a mera possibilidade de ocorrência do dano. É a exposição de um bem jurídico a perigo de dano. Como exemplo: o crime previsto no artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais;
 “Crime Material“ – Se consuma, com o resultado efetivo, ou seja, com a produção do resultado. Por exemplo: o previsto no artigo 39 da Lei de Crimes Ambientais; 
“Crime Formal“ – neste caso, não se exige um resultado, sendo possível mesmo assim a sua ocorrência. Por exemplo: o delito previsto no artigo 51 da Lei de Crimes Ambientais; 
“Crime de Mera Conduta“ – é aquele crime em que o legislador descreve somente a conduta inicial sem a exigência de um resultado. Como por exemplo: o delito previsto no artigo 52 da Lei de Crimes Ambientais; 
“Crime Comissivo“ – é aquele praticado por conduta ativa. Por exemplo: cortar árvores em florestas de preservação permanente, art.39 da Lei de Crimes Ambientais;
 “Crime Omissivo“ – neste caso o agente pratica o crime por omissão. Exemplo: o delito previsto no artigo 66 da Lei de Crimes Ambientais;
 “Crime Omissivo Próprio“ – é aquele em que o agente não tem o dever jurídico de agir, não respondendo pelo resultado. Responde sim pela conduta omissiva, tão somente. Por exemplo: o delito previsto no artigo 2º da Lei de Crimes Ambientais; 23
 “Crime Comissivo Impróprio ou Comissivo por Omissão“ – é aquele em que o individuo tem o dever jurídico de evitar o resultado e não o faz, exemplo: artigo 48 da Lei de Crimes Ambientais;
 “Crime Instantâneo“ – é aquele cuja consumação se dá no momento de sua prática. Por exemplo: o delito previsto no artigo 62, I, da Lei de Crimes Ambientais; 
“Crime Permanente“ – sua consumação se prolonga no tempo. Por exemplo: o delito previsto no artigo 38 da Lei de Crimes Ambientais.
4. LEGISLAÇÃO
Por meio da Constituição Federal, no artigo 225 temos:
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causado.
Umas das principais leis que rege o controle ambiental é a lei de 4.771/65, que é conhecida como Código Florestal, este que demonstra grande preocupação com nosso meio ambiente, contudo o assunto meio ambiente somente foi incorporado no ordenamento jurídico pela Lei 6.938/81, que foi responsável por estabelecer a PNMA, ou, Politica Nacional de Meio ambiente, sendo esta a primeira dar maior importância ao direito ambiental.
Na constituição também encontramos dispositivos que são normas de garantia de ações processuais que podem ser utilizadas em juízo para se exigir cumprimentos de alguns direitos.
a) Art. 5º, LXXIII – ação popular;
 b) Art. 5º,LXXI – mandado de injunção; 
c) Art. 5º, LXX – mandado de segurança coletivo;
 d) Art. 129,III – função do ministério público: inquérito civil e ação civil pública, para a proteção do meio ambiente; 
e) Art. 103. Relaciona os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade.
Se tratando de bens, de competência legislativa e material, saúde, função social, etc.
a) Art. 20, II – São bens da União terras devolutas indispensáveis à preservação do meio ambiente; 
b) Art. 216, V – referência a conj. Urbanos e sítios ecológicos, como bens do patrimônio cultural brasileiro. 
 21, XIX – Competência Exclusiva da União para instituir o sistema nacional de Gerenciamento e recursos hídricos, entre vários outros incisos - diretrizes para o desenvolvimento urbano, usinas nucleares, garimpagem;
 Art. 22 - Competência privativa da União para legislar – água, energia, jazidas, minas; 
Art. 23, VI – Competência Administrativa; 
Art. 24, VI, VII e VIII – Competência Legislativa em relação ao meio ambiente;
 Art. 30 – Competência do município para legislar;
 Art. 170, VI – reputa a defesa do meio ambiente como um dos princípios da ordem econômica. 
Art. 200, VIII – Ao Sistema Único de Saúde, compete além de outras atribuições colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o de trabalho; 
Art. 91, § 1º, III – atribuição do Conselho de Defesa Nacional opinar sobre o efetivo uso de áreas indispensáveis à segurança do território nacional, especialmente fronteiras e nas áreas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
 Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, entre eles: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
Art. 220, § 3º, II – dispõe que compete a Lei Federal dispor sobre meios legais que garantam às pessoas e a família a possibilidade de se defenderam da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente; 
Art. 231, §1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades 32 produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
5. CONCLUSÃO.
Podemos concluir por este artigo, que existe uma legislação boa e que respeita o meio ambienta, o grande problema se demonstra na cultura da sociedade e no avanço desenfreado industrial. Se fala em economia sustentável, porem na prática se demonstra muito diferente as grandes empresas e o grande maioria dos governos não se preocupa de fato com os danos ao meio ambiente, e sim com seus lucros e o incentivo a economia, deve haver uma mudança social e cultural e nos atentarmos que o meio ambiente é finito e estamos caminhando para sua destruição.
6. REFERÊNCIAS:
Alessandra Panizi, PANIZI, Alessandra. Direito Ambiental, Série Exame de Ordem & Concursos Públicos, Editora Janina, Cuiabá, 2006
Edis. Direito Do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p..
FERNANDES NETO, Ticho Brahe. apud MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 2. ed. São Paulo: revista dos Tribunais, 1989, p. 55
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza: (de acordo com a Lei 9.605/98). 7. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 22
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco e RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Ambiental e Legislação Aplicável. 2 ed., ver.ampl. São Paulo: Max Limonad, 1999. p.57
http:/www.ibama.gov.Br/leiambiental/ acessado em 11/2017.
www.jusnavegandi.com.br, pesquisado em 11/17, Legislação Ambiental.
www.abrasil.gov.br. Acessado em 11/2017.

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