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Cadeias Produtivas II Unidade IV

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Cadeias Produtivas ii
Unidade IV
7 CuniCultura
7.1 introdução 
Cunicultura é a produção comercial de coelhos.
Os coelhos são da família dos leporídeos, pertencentes à espécie Oryctolagus cuniculus. As principais 
raças voltadas para carne são a Nova Zelândia (albinos, cc) e Califórnia (Himalaia, ponta do nariz e ponta 
da orelha preta, ChCh, Chc).
7.2 Manejo 
Os coelhos são muito utilizados. Há animais voltados para estimação, outros são usados em biotério 
e aqueles dos quais se usam a pele e a carne, que tem alto valor proteico.
O galpão onde os coelhos são criados deve ser direcionado no sentido leste-oeste; deve ter cortinas, 
valas embaixo da gaiola e pedilúvio na entrada do galpão. Também deve possuir gaiola e balança.
Os animais são tatuados na orelha, quando são desmamados, entre 4 e 5 semanas de vida.
Vão para reprodução com quatro meses de vida (as fêmeas), e os machos com cinco meses e ficam 
até 6 a 7 anos. Deve-se colocar o macho com a fêmea por cinco minutos na gaiola, quando os filhotes 
tiverem 10 dias de vida. A gestação dura cerca de 30 dias, então as fêmeas ficam desmamadas entre 1 
e 2 semanas.
Cada fêmea pode ter entre 2 e 17 filhotes, a média são 8 filhotes, dando 7 a 8 partos/ano.
Vão para o abate com cinco meses, por volta de 3 kg de peso vivo = 1,5 kg de carcaça.
A relação macho/fêmea varia entre 1 para 7, até 1 para 10 ou mesmo 1 para 15; o macho pode ser 
utilizado de 6 a 8 vezes/semana. A retirada das fezes e limpeza das gaiolas é feita uma vez por semana.
7.3 Características básicas 
Os coelhos são herbívoros monogástricos como os equinos. Comem cerca de 130 g de ração/dia + 
capim de preferência seco. A ração é 60% do custo da produção; a alimentação deve ser servida várias 
vezes ao dia. 
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Unidade IV
Principais aspectos clínicos: possuem sarnas, causadas por ácaros, podendo ser zoonose (Sarcoptes) 
ou não (Psoroptes); diarreia provocada por capim úmido, ou parasita ou bactéria.
8 Produção de Grãos
8.1 Produção de milho
A produção de milho está dentre as mais expressivas produções de cereais no Brasil. Segundo o texto 
desenvolvido por José Carlo Cruz e publicado no site da Embrapa, em 2010, durante os dois períodos 
de safra – a safra normal e a safrinha – foram produzidos cerca de 54 milhões de toneladas deste grão, 
ocupando uma área de quase 13 milhões de hectares (CRUZ et al., 2010). 
Ainda na perspectiva de José Carlo Cruz, o milho possui características fisiológicas que permitem que 
seu cultivo apresente alto potencial produtivo. O País demostrou nos últimos anos uma produtividade 
superior a 16 toneladas por hectare de área cultivada. Entretanto, a produtividade média nacional pode 
ser considerada baixa, em torno de 4.400 kg por hectare. Por esse motivo, o País ainda precisa aprimorar 
os sistemas de produção para que ocorra o aumento de produtividade e rentabilidade no cultivo do 
milho (CRUZ et al., 2010).
Segundo dados mais recentes do Conab – Companhia Nacional de Abastecimento (2015), o 
desenvolvimento da lavoura brasileira de milho foi considerado satisfatório pelo governo federal, com 
perspectiva de aumento de produtividade, embora haja redução de área de plantio, justificado pela 
competitividade com a cultura de soja.
Para o período 2014/2015, há preocupações com o plantio do milho, em especial para a segunda 
safra, devido aos atrasos no plantio da cultura de primeira safra e resultado da escassez de chuvas 
durante o período do plantio. 
A tabela a seguir traz a estimativa para o início de 2015 da área do cultivo, produtividade e produção 
do milho no País por estado:
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Tabela 1 – Comparativo de área, produtividade e produção de milho (estimativa jan./2015) 
REGIÃO/
UF
ÁREA (Em mil ha) PRODUTIVIDADE (Em kg/ha) PRODUÇÃO (Em mil t)
Safra 13/14
(a)
Safra 14/15
(b)
VAR. %
(b/a)
Safra 13/14
(c)
Safra 14/15
(d)
VAR. %
(d/c)
Safra 13/14
(e)
Safra 14/15
(f)
VAR. %
(f/e)
NORTE 551,5 526,2 (4,6) 3.303 3.423 3,6 1.821,5 1.801,0 (1,1)
RR 6,5 6,5 - 923 1.174 27,2 6,0 7,6 26,7
RO 149,3 129,6 (13,2) 3.051 3.253 6,6 455,5 421,7 (7,4)
AC 46,5 43,9 (5,6) 2.340 2.402 2,6 108,8 105,4 (3,1)
AM 11,0 11,0 - 2.627 2.709 3,1 28,9 29,8 3,1
AP 2,2 2,2 - 921 979 6,3 2,0 2,2 10,0
PA 184,1 184,1 - 2.916 3.015 3,4 536,8 555,1 3,4
TO 151,9 148,9 (2,0) 4.500 4.562 1,4 683,5 679,2 (0,6)
NORDESTE 2.899,7 2.969,7 2,4 2.612 2.732 4,6 7.574,5 8.112,2 7,1
MA 606,4 606,4 - 2.846 3.059 7,5 1.725,9 1.854,8 7,5
PI 405,0 433,6 7,1 2.542 2.665 4,8 1.029,4 1.155,4 12,2
CE 480,6 480,6 - 835 892 6,8 401,3 428,7 6,8
RN 32,4 32,4 - 633 465 (26,5) 20,5 15,1 (26,3)
PB 76,6 76,6 - 462 485 5,0 35,4 37,2 5,1
PE 228,6 228,6 - 411 378 (8,0) 94,0 86,4 (8,1)
AL 31,0 31,0 - 887 887 - 27,5 27,5 -
SE 226,6 226,6 - 4.670 4.670 - 1.058,2 1.058,2 -
BA 812,5 853,9 5,1 3.917 4.039 3,1 3.182,3 3.448,9 8,4
CENTRO-
OESTE 6.173,7 6.096,6 (1,2) 5.654 5.820 2,9 34.907,3 35.484,7 1,7
MT 3.298,2 3.298,2 - 5.473 5.647 3,2 18.049,4 18.626,4 3,2
MS 1.546,0 1.539,5 (0,4) 5.196 5.452 4,9 8.033,1 8.393,1 4,5
GO 1.240,5 1.169,9 (5,7) 6.448 6.579 2,0 7.999,1 7.696,3 (3,8)
DF 89,0 89,0 - 9.278 8.639 (6,9) 825,7 768,9 (6,9)
SUDESTE 2.106,5 1.979,9 (6,0) 5.093 5.581 9,6 10.728,4 11.049,9 3,0
MG 1.326,0 1.240,8 (6,4) 5.236 5.916 13,0 6.943,0 7.340,4 5,7
ES 22,3 18,6 (16,6) 2.711 2.802 3,4 60,5 52,1 (13,9)
RJ 4,4 3,4 (22,7) 2.332 2.324 (0,3) 10,3 7,9 (23,3)
SP 753,8 717,1 (4,9) 4.928 5.089 3,3 3.714,6 3.649,5 (1,8)
SUL 4.069,3 3.788,7 (6,9) 6.113 5.966 (2,4) 24.873,8 22.603,9 (9,1)
PR 2.566,2 2.437,2 (5,0) 6.107 6.040 (1,1) 15.671,8 14.721,6 (6,1)
SC 471,9 411,5 (12,8) 7.385 7.505 1,6 3.485,0 3.088,3 (11,4)
RS 1.031,2 940,0 (8,8) 5.544 5.100 (8,0) 5.717,0 4.794,0 (16,1)
NORTE/
NORDESTE 3.451,2 3.495,9 1,3 2.723 2.836 4,2 9.396,0 9.913,2 5,5
CENTRO-
SUL 12.349,5 11.865,2 (3,9) 5.709 5.827 2,1 70.509,5 69.138,5 (1,9)
BRASIL 15.800,7 15.361,1 (2,8) 5.057 5.146 1,8 79.905,5 79.051,7 (1,1)
Fonte: Conab (2015, p. 67). 
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Junto a isso, a competição com a cultura de soja, que apresenta melhor liquidez ao produtor, 
significou redução significativa da área cultivada em comparação com as últimas safras. Entretanto, a 
Conab (2015) estima que haja um aumento nos índices de produtividade da cultura de milho devido à 
expectativa das condições climáticas serem mais favoráveis e aos investimentos em tecnologia, o que 
melhora a produtividade.
Figura 22 – Mapa da produção de milho 2014/2015 (primeira e segunda safras) 
Ainda no texto da Embrapa, somos informados de que, para que a produção expresse seu máximo 
potencial genético, os fatores climáticos devem atingir níveis considerados ótimos. Cada fase de 
crescimento e desenvolvimento do milho precisa de uma condição ótima de temperatura diferente. 
De modo geral, a temperatura da planta é a mesma do ambiente que a cerca e variações influenciam 
nos seus processos metabólicos. Em temperaturas mais altas, a planta apresenta aceleração do 
metabolismo e quando ocorre uma diminuição da temperatura, seu metabolismo tende a diminuir. 
É importante lembrar que essas variações ocorrem dentro dos limites de temperatura tolerados pelo 
milho, entre 10 °C e 30 °C. 
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Durante longos períodos em temperaturas abaixo do mínimo tolerado ou acima de 30 °C, a planta 
apresenta crescimento quase nulo. Durante a noite, também pode ocorrer uma queda no crescimento 
dos grãos de milho, devido ao consumo dos metabólitos produzidos pela planta durante o dia. É 
importante salientar que quando ocorrem longos períodos de noites com altas temperaturas, a planta 
sofre grande influência em seu desenvolvimento, com a redução do rendimento dos grãos, causando o 
envelhecimento precoce das folhas do milho.
Como informa José Carlos Cruz no site da Embrapa, para um melhor desenvolvimento do milho, 
considera-se ideal a temperatura entre 24 °C e 30 °C. De forma geral, é em 21 °C que o milho apresenta 
a maior produção de matéria seca e rendimento de grãos. Com o aumento da temperatura, ocorre uma 
queda no rendimento de sua produção. Essa queda acontece devido ao curto período de tempo de 
enchimento de grãos, pois há diminuição do ciclo da planta (CRUZ et al., 2010).
O milho é uma planta que precisa acumular diferentes quantidades de energia em diferentes etapas 
de seu crescimento e desenvolvimento, sendo obtida desde o plantio até o florescimento masculino. 
Essa energia (ou unidades calóricas) é obtida através da soma térmica necessária para cada etapa no 
ciclo do milho. Esse cálculo é feito através das temperaturas máximas e mínimas diárias, utilizando 
como referência as temperaturas de 30 °C e 10 °C (CRUZ et al., 2010).
Por ser o principal insumo de qualquer lavoura, o produtor deve fazer a escolha correta para que sua 
lavoura obtenha os melhores resultados. Para isso, é importante que o produtor leve em consideração 
diversas características dos cultivares, como resistência a doenças e pragas, potencial produtivo, 
adequação ao sistema de produção utilizado e às condições edafoclimáticas. Importante destacar que 
não existe um cultivar de milho que seja superior a ponto de atender a todas as situações de maneira 
ótima. Desse modo, o uso de um conjunto de cultivares é uma forma de maximizar o sucesso da lavoura.
Segundo informações do texto de José Carlos Cruz disponível no site da Embrapa dedicado à 
produção de milho e sorgo, para a safra 2013/2014 foram disponibilizadas 467 cultivares de milho, destas 
253 são transgênicas e 214 convencionais. Sendo a primeira vez que a quantidade de transgênicos é 
superior às sementes convencionais, junto a essas duas cultivares (transgênicos e convencionais) foram 
disponibilizados para esta safra dois híbridos duplos transgênicos. Essa novidade significou um aumento 
nas opções de cultivares de milho oferecidas ao produtor, que teve suas escolhas ampliadas, favorecendo, 
em especial, aqueles produtores que apresentam uma menor capacidade de investimento.
Quanto ao ciclo da planta, as sementes (chamadas também de cultivares) apresentam diferentes 
classificações, segundo as empresas produtoras de sementes. Elas são divididas em normais ou tardias, 
semiprecoces, precoces e superprecoces. Essa classificação é baseada nas exigências térmicas de cada 
tipo de cultivar, as normais apresentam exigências térmicas de 890 a 1200 graus-dia (G.D.), as precoces, 
de 831 a 890 G.D. e as super precoces de 780 a 830 G.D. Essas exigências referem-se ao cumprimento 
das fases fenológicas entre a emergência e o início da polinização (CRUZ et al., 2010).
Ainda de acordo com o texto de Cruz et al. (2010) publicado pela Embrapa, conforme o Zoneamento 
Agrícola para a cultura do milho, as sementes podem ser classificadas em três grupos distintos conforme 
o ciclo:
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•	 Grupo	I	–	Cultivares	de	ciclo	precoces.
•	 Grupo	II	–	Cultivares	de	ciclo	médio.
•	 Grupo	III	–	Cultivares	de	ciclo	tardio.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil passou, a partir da safra de 2009/2010, 
a classificar as cultivares baseando-se nas suas características homogêneas. Assim, cultivares do Grupo 
I apresentam n < a 110 dias, do Grupo II apresentam n ≥ 110 e n ≤ 145 dias e finalmente as do Grupo III 
apresentam n > a 145 dias, onde n significa os dias da emergência até a maturação fisiológica.
Dentre as cultivares disponíveis para a última safra (2013/2014), verificou-se um predomínio das 
precoces, com 66,87%. 
Outro fator importante para o cultivo do milho refere-se à água. O milho pode ser cultivado em 
regiões onde as chuvas estejam entre 250 mm até 5000 mm anuais. Ainda de acordo com Cruz et al. 
(2010) durante seu ciclo, o milho consome cerca de 600 mm de água. Durante os estágios iniciais de 
seu crescimento, a planta consome menos água. Num clima quente e seco, dificilmente ultrapassa 
2,5 mm de água/dia. Entretanto, esse consumo aumenta para 5 a 7,5 mm/dia durante o período de 
espigamento e maturação (CRUZ et al., 2010). Lembrando que em condições de temperaturas elevadas 
e baixa umidade do ar, esse consumo pode aumentar até 10 mm de água diário.
Quando há diminuição da disponibilidade de água, a cultura do milho pode sofrer com danos em 
todas as suas fases, afetando diretamente a produção de grãos, gerando redução da massa vegetativa 
e diminuindo a taxa fotossintética. Segundo Cruz et al. (2010), durante o período de florescimento, 
ocorre a dessecação dos estilos-estigmas, distúrbios na meiose, aborto dos sacos embrionários e das 
espiguetas, além de morte dos grãos de pólen, o que resulta em redução no rendimento. Se o déficit 
de água ocorrer durante a fase de enchimento de grãos, a planta terá seu metabolismo afetado, com 
fechamento dos estômatos, o que reduz a taxa fotossintética e a produção de fotossimilados e a sua 
translocação para os grãos (CRUZ et al., 2010).
O fotoperíodo, número de horas de luz solar, é outro fator climático que afeta a produtividade 
do milho. Sendo um fator climático de variação sazonal, não apresenta muita variação entre os 
anos. O milho é considerado uma planta de dias curtos, mas apresenta alguns cultivares que já não 
apresentam muita sensibilidade a essas variações. Quando ocorre um aumento do fotoperíodo, a 
duração da fase vegetativa aumenta, o que gera um incremento na quantidade de folhas durante a 
diferenciação do pendão e na quantidade total de folhas produzidas pela planta (CRUZ et al., 2010). 
Embora seja importante saber dessas variações, no Brasil, quase não há efeito do fotoperíodo em 
relação à produtividade do milho.
Segundo o mesmo autor, outro fator de importância para o cultivo do milho é a radiação solar, sendo 
de extrema importância, uma vez que sem a radiação há a inibição do processo fotossintético e, assim, a 
planta não consegue expressar todo seu potencial produtivo. Cerca de 90% do seu material seco provém 
da fixação de CO2, que acontece através do processo de fotossíntese. Sendo o milho uma planta que 
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apresenta alta eficiência na utilização da luz, de modo que uma redução de até 40% da intensidade 
luminosa, por longos períodos, atrasa a maturação dos grãos podendo gerar queda de produção. 
Segundo a Cruz et al. (2010), foi realizada uma pesquisa no País avaliando a produção de sementes, 
que verificou que o milho semeado no mês de outubro apresentou uma redução de produtividade 
e rendimento de suas sementes quando comparadas à semeadura ocorrida no mês de março, sendo 
esta última 60% mais produtiva e rentável. Essa variação foi explicada para o milho cultivado em 
outubro estar no período de enchimento de grãos durante o mês de janeiro, sendo este um mês que 
costuma apresentar longos períodos de nebulosidade(alto período chuvoso durante o dia), isto interfere 
com redução na radiação solar, necessária, como dito anteriormente, para intensificar o processo de 
fotossíntese da planta (CRUZ et al., 2010).
Além desses fatores, outro fator a ser considerado é a profundidade da semeadura. Sendo a 
profundidade diretamente relacionada com as variações do solo, como temperatura, umidade 
e tipo de solo. Assim, a semente deve ser colocada em profundidade de modo a ter um bom 
contato com a umidade do solo. Solos mais pesados (deficientes em drenagem), que dificultam 
a emergência de plântulas, devem ter sementes colocadas com profundidade entre 3 a 5 cm. 
Enquanto que solos mais arenosos, as sementes devem estar mais profundas entre 5 e 7 cm. Desse 
modo, as sementes estarão em contato com maior teor de umidade. Diferentemente da crendice 
popular, a profundidade da semeadura apresenta uma influência muito pequena na profundidade 
do sistema radicalar definitivo.
O efeito da profundidade da semeadura na cultura de milho pode ser representado, conforme a 
tabela a seguir:
Tabela 2 – Porcentagem de emergência, vigor e duração do período 
de germinação de sementes de milho em diferentes profundidades 
Profundidade (cm) Emergência (%) Vigor ¹ Duração Média (dias)
2.5 100.0 3.0 8.0
5.0 97.5 3.0 10.0
7.5 97.5 3.0 12.0
10.0 80.0 2.5 15.0
12.5 32.5 0.7 18.0
¹vigor aos 22 dias após a semeadura. Onde 3.0 representa máximo de vigor a zero para mínimo vigor.
Fonte: Cruz et al. (2010).
Visto que os fatores citados anteriormente afetam todo o desenvolvimento da planta, a época 
para o plantio deve-se à função desses fatores, sendo variável em cada região. Para uma semeadura 
mais adequada, é importante que o período de floração da planta coincida com o maior fotoperíodo 
(dias mais longos) enquanto que a etapa de enchimento dos grãos deve coincidir com a época de alta 
disponibilidade de radiação solar e de temperaturas mais elevadas. Para isso, deve-se considerar que 
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todas as necessidades hídricas das plantas estejam satisfeitas. Em condições tropicais, a melhor época 
para a semeadura do milho é determinada, geralmente, pela distribuição das chuvas, uma vez que não 
há grande variação de temperatura e duração do dia (CRUZ et al., 2010).
Devido à extensão territorial brasileira, as regiões apresentam peculiaridades distintas, o que 
determina que haja períodos de plantação diferentes. Na região Sul, a plantação do milho é realizada 
entre os meses de agosto e setembro. Enquanto que no Sudeste e no Centro-Oeste, esse período é 
entre os meses de outubro a novembro. Diversas características da planta estão diretamente ligadas ao 
período de semeadura. O atraso no plantio pode causar redução no ciclo da cultura, além de afetar o 
rendimento dos grãos. Outro fator que pode ocorrer em caso de atraso na época do plantio é a queda na 
prolificidade, ou seja, a diminuição no número de espigas por planta. Segundo informações da Embrapa, 
o atraso no plantio pode gerar perdas que podem ser superiores a 60 kg por hectares ao dia, sendo que 
isso pode ser revertido caso não ocorra déficit hídrico e uma diminuição da temperatura entre os meses 
de fevereiro e março.
No País, dentre as lavouras que apresentaram produtividade superior a 8 toneladas por hectare, os 
pesquisadores do setor de milho e sorgo da Embrapa verificaram que dentre os estados da região Sul do 
Brasil, o Rio Grande do Sul apresenta os maiores rendimentos com plantio mais cedo, aproximadamente 
90% da área plantada durante os meses de agosto e setembro, seguido de Santa Catarina que têm 80% 
do seu plantio realizado durante este mesmo período, enquanto que no estado do Paraná, lavouras com 
maiores rendimentos são aquelas que apresentam a época de semeadura entre os meses de setembro 
e outubro. Segundo o site do Embrapa, essa diferença nos resultados é baseada no clima característico 
desses estados. Na região Sudeste, o plantio das lavouras de alta produtividade concentra-se entre 
os meses de outubro e novembro, onde 80% das lavouras chegam a produzir acima de 8.000 kg por 
hectare, o mesmo ocorre nos estados do Centro-Oeste. Para os estados da região Nordeste, a época 
de plantio para as lavouras de alta produtividade (nos estados da Bahia e do Piauí) concentram-se no 
final do mês de novembro e no mês de dezembro. Na região Norte, apenas o estado do Pará apresenta 
lavouras de alta produtividade, sendo que em 70% destas foi realizado o período de plantio no mês de 
janeiro (CRUZ et al., 2010).
Ao analisar esses dados, é possível concluir que as diferenças regionais influenciam na melhor época 
para a semeadura da cultura do milho.
Há ainda um tipo de cultura de milho em que o plantio é realizado ao final da época 
recomendada, o chamado milho safrinha, que têm sua produção afetada pelas intempéries. O 
milho safrinha costuma ser plantado após uma cultura de verão. Desse modo, sua data de plantio 
depende da época e do ciclo da cultura anterior. Seu planejamento deve ser iniciado ainda 
durante a cultura de verão para liberar a área o mais breve possível. O cultivo desse planejamento 
terá mais potencial e terá menor risco de perdas devido à seca (ou geadas) característicos do 
período da safrinha.
No estado de São Paulo, os maiores rendimentos da cultura de milho safrinha ocorrem 
quando o seu plantio acontece entre os meses de fevereiro até abril. Para os estados do Paraná e 
Mato Grosso do Sul, os maiores rendimentos ocorrem em plantios realizados entre as primeiras 
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quinzenas de fevereiro e março. No estado de Goiás, esses rendimentos ocorrem com plantio 
entre a primeira quinzena de fevereiro. Já para o estado de Mato Grosso, este plantio de maior 
rendimento concentra-se na segunda quinzena desse mês.
Atualmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento elaborou um zoneamento 
agrícola para a cultura do milho. Esse zoneamento fornece informações para as épocas de plantio (safra 
e safrinha) com menores riscos de perda de produtividade para quase todo o território brasileiro.
Junto a esses fatores, a densidade do plantio também apresenta grande importância no 
rendimento da lavoura do milho. A densidade, também chamada de estande, é definida pelo número 
de plantas por área. Pequenas variações de estande resultam em grande influência no rendimento 
final do cultivo.
Dentre as gramíneas, o milho é um dos mais sensíveis a essa variação. Para que seu rendimento seja 
maximizado, recomenda-se a densidade entre 40.000 e 80.000 plantas por hectare. A variação entre 
espécimes vai depender de fatores como disponibilidade de água, época de semeadura, espaçamento 
entre linhas, ciclo do cultivar e fertilidade do solo. Sendo o genótipo da planta determinante para a 
densidade de plantas.
O aumento na produtividade pode ser determinado até certo ponto pela densidade de plantio. 
Entretanto, não existe uma regra sobre o número ideal de plantas por área. O milho pode ter seu 
rendimento alterado dependendo da competição intraespecífica que ocorre pelas diferentes densidades 
de plantio. O aumento da densidade de plantio aumenta o rendimento de uma lavoura até atingir um 
“ponto ótimo” que é determinado pelo tipo de cultivar e de outras condições (manejo, clima). Nesse 
ponto, ocorre o rendimento máximo. A partir disso (densidade ótima), o aumento da densidade resulta 
em redução progressiva da produtividade do cultivo.
O tipo de cultivar, nível de fertilidade do solo e a disponibilidade hídrica são as três condições 
determinantes para a estande do cultivo do milho. Qualquer alteraçãoentre uma ou mais dessas 
condições afetará a densidade ótima do plantio.
Juntamente com o rendimento, a densidade de plantio influencia outras características do 
milho, como o índice de espigas (redução na quantidade de espigas por planta), tamanho das 
espigas, juntamente com uma maior susceptibilidade ao acamamento e quebramento, sendo 
também responsável por um aumento na ocorrência de doenças, como podridões de colmo. São 
aspectos como esses os determinantes para a diminuição do rendimento da colheita, em especial 
em colheitas mecânicas, desse modo, em muitos casos o aumento na densidade de plantio, mesmo 
apresentando maior rendimento em condições experimentais, não são aconselhadas para lavouras 
que utilizam de colheita mecanizada.
A velocidade com que ocorre a semeadura também é outro fator a ser considerado, pois afeta 
tanto a densidade como a distribuição das sementes. Ela deve ser baseada nas condições do solo e 
principalmente nas características do equipamento utilizado.
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É importante lembrar que velocidades acima do recomendado causam prejuízo ao produtor, por 
aumentar o número de falhas e afetam a uniformidade na profundidade das sementes, de modo 
a reduzir a quantidade de espécimes, gerando prejuízos no rendimento, pois afetam o número 
de espigas e de grãos por espiga. Para plantadeiras a disco, a velocidade não deve ultrapassar a 
velocidade de 5 km/h; plantadeiras a vácuo ou a dedo podem ser utilizadas em velocidade entre 
5 a 10 km/h. Para isso, é importante que o produtor verifique se as condições do terreno e as 
características do solo permitam essa velocidade. Normalmente não se recomendam velocidades 
de semeadura superiores a 7 km/h quando se utilizam essas plantadeiras (CRUZ et al., 2010).
Genericamente, cultivares precoces exigem maiores densidades de plantio comparados com 
cultivares tardias para que seu máximo rendimento seja atingido. Isso pode ser explicado devido 
às características das plantas resultantes desses cultivares. Cultivares precoces (que possuem 
ciclos mais curtos) apresentam plantas mais baixas e com menor massa vegetativa, o que que faz 
com que ocorra menos sombreamento na lavoura, permitindo um menor espaçamento entre as 
plantas (diminuindo a competição entre os espécimes pelo aproveitamento de luz). Dessa forma, 
o desenvolvimento de novos cultivares de milho, de ciclos mais curtos, estão gerando plantas 
mais baixas, com menor número de folhas (sendo estas mais eretas); isso aumenta o potencial da 
cultura à densidade de plantio. Junto a isso, o aumento da população, assim como uma correta 
exploração do seu genótipo e do ambiente ao qual a planta está sujeita resulta no aumento do 
rendimento.
Atualmente, o Brasil já apresenta uma realidade em que o aumento da densidade de plantio e a 
diminuição do espaço entre fileiras são possíveis, visto que o mercado interno já disponibiliza plataformas 
que, quando adaptadas às colhedeiras, podem realizar colheitas onde o espaçamento entre fileiras é de 
45 cm. 
Há uma tendência no cultivo do milho está com a redução de espaçamento entre fileiras. O 
espaçamento convencional é de 80 a 90 cm; com a redução, esses espaços passaram a ser de 
45 a 50 cm. Segundo Cruz et al. (2010), essa redução interfere num aumento do rendimento 
de grãos, por fazer com que as plantas apresentem uma distribuição mais equidistante, o que 
aumenta a eficiência da utilização de luz, água e nutrientes. Junto a isso, os espaços são fechados 
mais rapidamente, controlando a proliferação de plantas daninhas e reduzindo a erosão do solo, 
melhorando a qualidade do plantio com uma menor velocidade da rotação dos sistemas de 
distribuição de sementes, assim diferentes culturas (como soja e milho, por exemplo) poderão ser 
plantadas utilizando o mesmo espaçamento, permitindo maior praticidade ao produtor; com a 
redução do espaçamento, a palhada do milho fica melhor distribuída no terreno após a colheita, 
o que favorece o sistema de plantio direto (CRUZ et al., 2010).
A diminuição do espaço entre as fileiras tem resultado em maior peso de grãos por espiga, 
principalmente com os cultivares híbridos atuais. Esses cultivares resultam em plantas de menor porte, 
estrutura mais ereta e menor massa vegetal. Essas características permitem que haja menor espaçamento 
entre as fileiras e culturas mais densas. Como essas plantas apresentam menor sombreamento, elas 
aproveitam melhor a luz solar, o que resulta em maior produtividade. 
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Para que a redução no espaçamento das fileiras assim como o aumento da densidade de plantio 
resulte em aumento na produção do milho, é importante que o produtor escolha cuidadosamente o 
tipo de cultivar a ser utilizado. As variedades de ciclos longos costumam apresentar porte alto e maior 
quantidade de massa vegetal. Assim, normalmente, já apresentam captação de luz solar prejudicada 
enquanto os de ciclos mais curtos geralmente produzem plantas de porte menor e pouca massa 
vegetal, o que facilita a captação de luz, favorece o seu cultivo em espaços menores e densidades de 
plantio menores.
A versatilidade da cultura do milho contribui para que se adapte a diferentes sistemas de 
produção. É fundamental em programas de sucessão de culturas em sistemas de plantio direto 
onde pode (não necessariamente) envolver sistemas de produção de integração lavoura-pecuária 
devido à grande quantidade de fitomassa produzida. No Brasil, o rendimento da cultura do milho 
ainda é muito baixo, apesar de apresentar um alto potencial de produção, assim como a qualidade 
e potencial das sementes disponíveis, onde predominam os cultivares híbridos simples. Desse 
modo, os sistemas de produção de milho devem ser aperfeiçoados para que as lavouras tenham 
condições de aumentar o rendimento de suas produções, e os cultivares possam expressar todo 
seu potencial genético, tornando-se culturas de alta produtividade em sistemas de produção 
sustentáveis.
 saiba mais
Para saber mais sobre o plantio de milho, leia:
COMO plantar milho. Hortas.info, [s.d.]. Disponível em: <http://hortas.
info/como-plantar-milho>. Acesso em: 27 jul. 2015.
CRUZ, J. C. et al. Manejo da cultura do milho. Circular Técnica, Embrapa, 
Sete Lagoas, nº 87, dez. 2006. Disponível em: <http://www.cnpms.embrapa.
br/publicacoes/publica/2006/circular/Circ_87.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
CRUZ, J. C.; GARCIA, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A. Caracterização dos sistemas 
de produção de milho para altas produtividades. Circular Técnica, Embrapa, 
Sete Lagoas, nº 124, dez. 2009. Disponível em: <http://www.cnpms.embrapa.
br/publicacoes/publica/2009/circular/Circ_124.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A.; QUEIROZ, L. R. Milho – cultivares 
para 2013/2014. Quatrocentas e sessenta e sete cultivares de milho estão 
disponíveis no mercado de sementes do Brasil para a safra 2013/14. 
Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [s.d.]. Disponível em: <http://www.
cnpms.embrapa.br/milho/cultivares/#>. Acesso em: 21 jul. 2015.
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8.2 Produção de sorgo
O sorgo, da mesma família botânica do milho, é de origem africana e comumente utilizado para 
alimentação animal, em especial para a alimentação de bovinos. Entre os anos de 2008/2009, a cultura 
do sorgo apresentou grande crescimento, chegando a ter mais de 1,5 milhão de hectares em área 
plantada em todo o Brasil, segundo dados da Embrapa. 
O sorgo apresenta um alto potencial de produção de grãos e dematéria seca. Aliado a isso, 
o sorgo tem alta capacidade de suportar os estresses ambientais. Essas características fazem do 
sorgo uma boa opção ao produtor como forragem e produção de grãos em todas as situações em 
que as condições adversas, como disponibilidade hídrica e baixa fertilidade do solo, comprometam 
as demais culturas, em especial o milho, cultura que apresenta maiores exigências nesses quesitos.
Figura 23 – Plantação de sorgo 
Para o mercado, o sorgo apresenta-se como uma opção sustentável sobre as culturas de verão, como 
alimento de boa qualidade e de baixo custo para a alimentação animal ou para produtores como para 
a agroindústria de rações. É um cereal importante que compõe o mix de insumos presentes em rações 
para aves, bovinos, suínos, pet food e, recentemente, também é utilizado na produção do bioetanol. 
O mercado exige, para alimentação animal, preferencialmente grãos de sorgo sem tanino; no Brasil o 
comércio de sementes de sorgo com ausência de tanino é bastante restrito, em torno de 4% de toda a 
produção brasileira. Mundialmente, cerca de 50% a 60% dos sorgos graníferos apresentam tanino.
Basicamente existem no mercado quatro tipos de sorgo:
•	 Sorgo	granífero	–	planta	de	porte	baixo,	com	altura	de	até	170	cm.	Esse	tipo	de	sorgo	produz	uma	
panícula compacta de grãos localizada na extremidade superior da planta. O sorgo granífero têm 
o grão como seu produto principal, embora, mesmo após a colheita, parte da planta possa ser 
utilizada para pastejo de animais ou como feno.
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•	 Sorgo	 sacarino	 –	 planta	 de	 porte	 alto,	 com	 altura	 superior	 a	 2	 m.	 Apresenta	 colmo	 doce	 e	
suculento, semelhante ao da cana-de-açúcar. A panícula (cacho) é aberta, com baixa produção de 
grãos, sendo utilizado na região Nordeste como planta forrageira, na produção de silagem.
•	 Sorgo	vassoura	–	planta	apresenta	panícula	em	forma	de	vassoura,	bastante	utilizada	na	região	
do Rio Grande do Sul para produção de vassouras.
•	 Sorgo	 forrageiro	 –	 planta	 de	 porte	 alto,	 com	 altura	 superior	 a	 dois	metros,	 apresenta	muitas	
folhas, panículas abertas com poucas sementes. Esse tipo de sorgo apresenta grande produção de 
forragem, sendo bem adaptado para a região de Agreste e Sertão Nordestino.
No País, a cultura do sorgo vem se expandindo a cada ano, em especial durante o período 
de safrinha, sucedendo as culturas de verão. Segundo dados mais recentes do Conab (2015), a 
produção de sorgo está distribuída no Brasil conforme mapa a seguir:
Figura 24 – Distribuição da produção de sorgo. Safra 2014/2015
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Além da distribuição de sua produção, os dados mais recentes indicam o aumento de produção e de 
produtividade em todas as regiões brasileiras, conforme demostrados na tabela a seguir.
Tabela 3 – Comparativo de área, produtividade e produção de sorgo (estimativa jan./2015)
REGIÃO/UF
ÁREA (Em mil ha) PRODUTIVIDADE (Em kg/ha) PRODUÇÃO (Em mil t)
Safra 
13/14
(a)
Safra 
14/15
(b)
VAR. %
(b/a)
Safra 
13/14
(c)
Safra 
14/15
(d)
VAR. %
(d/c)
Safra 
13/14
(e)
Safra 
14/15
(f)
VAR. %
(f/e)
NORTE 20,4 20,4 - 1.880 1.928 2,6 38,4 39,3 2,3
TO 20,4 20,4 - 1.880 1.928 2,6 38,4 39,3 2,3
NORDESTE 148,7 169,5 14,0 922 1.738 88,6 137,0 294,7 115,1
PI 7,7 7,7 - 1.819 2.500 37,4 14,0 19,3 37,9
CE 0,7 0,7 - 2.442 1.489 (39,0) 1,7 1,0 (41,2)
RN 1,2 1,2 - 955 921 (3,6) 1,1 1,1 -
PB 0,2 0,2 - 1.500 1.012 (32,5) 0,3 0,2 (33,3)
PE 1,8 1,8 - 560 820 46,4 1,0 1,5 50,0
BA 137,1 157,9 15,2 867 1.720 98,4 118,9 271,6 128,4
CENTRO-
OESTE 363,7 363,7 - 3.096 3.008 (2,8) 1.126,0 1.094,0 (2,8)
MT 139,5 139,5 - 2.526 2.406 (4,8) 352,4 335,6 (4,8)
MS 9,1 9,1 - 3.300 2.894 (12,3) 30,0 26,3 (12,3)
GO 206,9 206,9 - 3.420 3.398 (0,6) 707,6 703,0 (0,7)
DF 8,2 8,2 - 4.392 3.551 (19,1) 36,0 29,1 (19,2)
SUDESTE 183,0 183,0 - 3.003 2.990 (0,4) 549,6 547,1 (0,5)
MG 170,2 170,2 - 2.974 2.975 0,1 506,1 506,3 -
SP 12,8 12,8 - 3.400 3.191 (6,1) 43,5 40,8 (6,2)
SUL 15,2 14,4 (5,3) 2.645 2.708 2,4 40,2 39,0 (3,0)
RS 15,2 14,4 (5,0) 2.645 2.708 2,4 40,2 39,0 (3,0)
NORTE/
NORDESTE 169,1 189,9 12,3 1.037 1.759 69,6 175,4 334,0 90,4
CENTRO-
SUL 561,9 561,1 (0,1) 3.054 2.995 (1,9) 1.715,8 1.680,1 (2,1)
BRASIL 731,0 751,0 2,7 2.587 2.682 3,7 1.891,2 2.014,1 6,5
Fonte: Conab (2015, p.75).
Com a expansão da agroindústria e a busca de matérias-primas de menor custo para a alimentação 
dos plantéis (aves, suínos e bovinos), juntamente com a profissionalização cada vez maior da pecuária 
de corte e leite, num mercado atual, que exige maior qualidade a um preço competitivo, o sorgo aparece 
como o principal grão alternativo ao uso do milho como ingrediente forrageiro, estando ao lado do 
próprio milho, trigo e farelo de arroz. 
Com o aumento do fornecimento de carnes brasileiras para os mercados interno e externo, é 
importante que a oferta de grãos alternativos seja compatível com as demandas dos mercados. Sendo 
a produção de grãos brasileira dependente, quase que exclusivamente, da precipitação de chuvas, em 
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períodos. Onde as condições apresentam-se desfavoráveis, ocorre um déficit de produção. A cultura do 
sorgo, por se apresentar favorável em condições normalmente adversas, se mostra como uma alternativa 
estratégica para garantir o abastecimento de grãos.
Segundo Magalhães, Souza e Rodrigues (2012), o sorgo apresenta baixa taxa de fecundação cruzada, 
resposta fotoperiódica de dia curto e altas taxas fotossintéticas. Para um bom desenvolvimento e 
crescimento, a grande maioria dos tipos comerciais de sorgo necessitam de temperaturas superiores a 21°C. 
Estágios de desenvolvimento do sorgo
O conhecimento do ciclo da cultura do sorgo permite avaliar as necessidades mais adequadas e as 
práticas de manejo. Durante os primeiros 30 dias após a emergência, as plantas crescem lentamente. 
Depois desse período, seu crescimento e acúmulo de matéria seca são rápidos até a maturação fisiológica. 
Após a emergência, entre 30 a 40 dias, as plantas são constituídas praticamente de bainha e lâmina. 
Após esse período, inicia-se o ganho de peso rápido e o alongamento do colmo (MAGALHÃES; SOUZA; 
RODRIGUES, 2012).
Para adequar melhor as práticas de manejo da cultura do sorgo, elas devem estar associadas aos 
estádios fenológicos da planta. Esses estádios variam conforme a cultivar, condições edafoclimáticas e 
práticas de manejo. Para uma cultivar de sorgo de ciclo de cem dias, podemos apresentar as fases de 
desenvolvimento:
•	 Estádio	0	–	fase	emergência	–	desde	a	semeadura	até	o	surgimento	do	coleóptilo	na	superfície	
do solo, período entre 4 a 10 dias. Esse período depende das condições ambientais (umidade, 
temperatura, oxigênio e qualidade da semente).
•	 Estádio	1	–	fase	visível	a	lígula	ou	cartucho	da	terceira	folha	–	a	partir	de	dez	dias	após	a	emergência.
•	 Estádio	2	–	fase	visível	a	lígula	ou	cartucho	da	quinta	folha	–	após	três	semanas	da	emergência.
•	 Estádio	3	–	 fase	de	diferenciação	do	ponto	de	 crescimento	–	após	 trinta	dias	da	emergência,	
representa a mudança do ponto de crescimento vegetativo para crescimento reprodutivo. 
Determinada pelas características da cultivar e condições ambientais. O período correspondente 
do plantio a diferenciação do ponto de crescimento é de cerca de um terço do período necessário 
para o ciclo da cultura. Neste estádio começa o alongamento do colmo, quandocerca de sete a 
dez folhas estão com o desenvolvimento completo.
•	 Estádio	4	–	fase	em	que	ocorre	o	rápido	alongamento	do	colmo	e	a	maioria	das	folhas	estão	com	
desenvolvimento completo.
•	 Estádio	5	–	fase	de	emborrachamento	–	todas	as	folhas	estão	com	o	desenvolvimento	completo,	
apresentando máxima área foliar. Além disso, a panícula alcança seu comprimento máximo, 
dentro da bainha da folha bandeira.
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•	 Estádio	6	–	fase	de	emergência	de	50%	de	floração,	em	torno	de	sessenta	dias,	equivalente	a	cerca	
de dois terços do período da emergência à maturação fisiológica.
•	 Estádio	7	–	fase	em	que	cerca	de	50%	da	matéria	seca	dos	grãos	estão	acumulados	(setenta	dias	
após emergência).
•	 Estádio	 8	 –	 fase	 na	 qual	 aproximadamente	 três	 quartos	 da	 matéria	 seca	 dos	 grãos	 já	 estão	
acumuladas (85 dias após período de emergência).
•	 Estágio	9	–	fase	de	maturação	fisiológica	em	que	os	grãos	apresentam	entre	22	a	23%	e	umidade	
(período a 95 dias após a emergência da planta).
A planta pode ser classificada conforme sua altura, que oscila entre 40 cm a 4 metros de altura. 
Essa altura varia conforme o número e a distância dos entrenós, o pendúculo e a panícula. O número 
de nós é determinado geneticamente e pela sua reação com o fotoperíodo e a temperatura a qual foi 
submetido. A distância dos entrenós também é determinada entre combinação de fatores genéticos e 
características ambientais.
Características como temperatura, déficit de água e nutricionais podem afetar algumas características 
da planta como taxas de expansão das folhas, altura e duração da área foliar. O déficit de água é uma 
das causas mais comuns de redução da área foliar nos cereais. Outro fator importante para a expansão 
foliar está relacionado à quantidade e à qualidade de luz fornecida ao vegetal.
Ainda de acordo com Magalhães, Souza e Rodrigues (2012), o crescimento das raízes de sorgo está 
relacionado com a temperatura e está limitado à umidade no solo. Um dos fatores mais importantes que 
afetam o uso de água e sua tolerância a períodos de estiagem é o sistema radicular apresentado pelo 
sorgo, que é profundo e denso.
O sorgo apresenta raízes primárias, secundárias e adventícias. As raízes primárias podem ser 
única ou várias, são pouco ramificadas e morrem com o desenvolvimento das raízes secundárias, que 
se desenvolvem no primeiro nó, apresentam diversas ramificações, que formam o sistema radicular 
principal.
As raízes secundárias são extensões das células da epiderme da raiz, que fazem a função de aquisição 
de água e nutrientes de baixa mobilidade no solo. Estão relacionadas à produção de substâncias que 
transitam entre planta e microrganismos associados e também fazem a função de fixação das plantas. 
Além das raízes secundárias, podem aparecer as raízes adventícias, que surgem em nós acima do solo, 
normalmente como sinal de falta de adaptação da planta ao ambiente. As adventícias são ineficientes 
na absorção de água e nutrientes, de forma que apresentam mais uma função de suporte da planta.
O sistema radicular da cultura de sorgo pode chegar a 1,5 m de profundidade e de 2,0 m de extensão 
lateral. Seu crescimento costumar cessar antes do florescimento da planta, quando ela passa a priorizar 
as partes reprodutivas.
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Ao comparar as raízes primárias de milho e sorgo, verifica-se que ambas apresentam a mesma 
quantidade de massa radicular, embora as raízes secundárias do sorgo sejam cerca de duas vezes maiores 
do que as encontradas nas culturas de milho. 
Coleóptilo
Raiz adventicia
Raiz seminal
Mesocótilo
Semente
Figura 25 – Esquema do sistema radicular do sorgo 
No texto “Desenvolvimento da Parte Aéreas”, de Paulo César Magalhães, Frederico Durães e 
José Avelino Santos Rodrigues, publicado no site do Embrapa, durante o ciclo, a planta de sorgo 
depende de suas folhas como principais órgãos fotossintéticos. A fotossíntese fornece até 95% da 
matéria seca ao vegetal, juntamente como a energia metabólica para o desenvolvimento do vegetal. 
“A taxa de crescimento de uma planta depende da taxa de expansão da área foliar e da taxa de 
fotossíntese por unidade de área foliar” (MAGALHÃES; DURÃES; RODRIGUES, 2012). Ainda para os 
autores, “a inflorescência do sorgo pode interceptar entre 25 a 40% da radiação incidente, de modo a 
fornecer 15% ou mais da fotossíntese total da copa, essa variação é dependente de fatores genéticos” 
(MAGALHÃES; DURÃES; RODRIGUES, 2012).
Verificando a morfologia das folhas da planta de sorgo, pode-se perceber a presença de um grande 
número de estômatos, se compararmos com a morfologia das folhas de milho. Estima-se que o sorgo 
apresente até o dobro de estômatos presentes nas folhas de milho, embora estes sejam menores. 
Normalmente uma planta de sorgo possui entre sete e trinta folhas; essa variação é determinada por 
alguns fatores como cultivares, temperatura e fotoperíodo. Para evitar a perda de água por transpiração, 
as superfícies das folhas de sorgo são revestidas por uma substância cerosa, sendo esta uma importante 
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estratégia da planta para economia de água, em especial quando sob condições de estresse hídrico. 
(MAGALHÃES; DURÃES; RODRIGUES, 2012)
As folhas de sorgo também apresentam células especializadas, conhecidas como buliformes; essas 
células permitem que a folha se enrole em condições de estresse hídrico, sendo outro recurso de defesa 
do sorgo.
Importante salientar que a floração do sorgo pode ocorrer de maneira irregular, ou seja não acontece 
ao mesmo tempo em uma mesma plantação, variando entre 6 a 15 dias. A quantidade de espiguetas 
por panícula costuma variar entre 1500 até 7000, sendo que, na grande parte das variedades híbridas, 
possuem mais de 5 mil grãs de pólen por antera, de modo que é correto afirmar que, no sorgo, cada 
panícula possui mais de 20 milhões de grãos de pólen. 
Para o sorgo, a autofecundação é predominante, sendo que a taxa de fecundação cruzada costuma 
variar entre 2 a 10%.
Para Magalhães, Durães e Rodrigues (2012), a fertilização do sorgo tem início no topo da panícula e 
procede para a base (duração de 4 a 5 dias). O pólen germina imediatamente se cair num estigma receptivo, 
entretanto, para que ocorra a germinação é necessário que haja luz. Assim, pólen espalhado durante a 
noite não germina até que ocorra o amanhecer. Importante citar que o pólen pode ter sua longevidade 
afetada pela temperatura, de modo que em temperaturas elevadas, devido a mudanças em sua estrutura 
e carboidratos, o pólen pode ter a sua longevidade reduzida (MAGALHÃES; DURÃES; RODRIGUES, 2012)
Apesar de mais resistente que a cultura de milho, o sorgo apresenta sensibilidade ao fotoperíodo, o 
comprimento do dia varia conforme as estações do ano e latitude. Sendo o sorgo uma planta de dias curtos, 
floresce em noites longas. Ainda sob a ótica de Magalhães, Durães e Rodrigues (2012), para cultivares mais 
sensíveis, a gema terminal permanece vegetativa até que os dias se tornem mais curtos, o suficiente para 
que possa se diferenciar em gema floral, sendo este período chamado de fotoperíodo crítico.
O fotoperíodo crítico pode variar para cada variedade genética de sorgo, algumas variedades de sorgo 
tropicais apresentam dificuldades para florescer em regiões mais temperadas, onde os dias apresentam 
mais de 12 horas, enquanto variedades que apresentam um fotoperíodo crítico maior florescem com 
mais facilidade nas regiões tropicais.Segundo os aurores citados, a duração do período sem luz é importante para que o florescimento da 
planta seja estimulado. Grande parte da maioria dos materiais de sorgo granífero utilizado comercialmente 
foram modificados geneticamente de modo a apresentarem uma insensibilidade ao fotoperíodo; dentre 
todos genótipos de sorgo, apenas os de sorgo forrageiro apresentam sensibilidade ao fotoperíodo. 
O sorgo apresenta uma alta capacidade de rebrota, por preservar seu sistema radicular ativo, com 
cerca de 90% de taxa de rebrota em híbridos avaliados para corte. Ainda de acordo com os autores 
citados, a intensidade de rebrota do sorgo é proporcional à sanidade da primeira época de corte, de 
modo dependente ao número de plantas presentes na plantação. A rebrota rende, normalmente, dentre 
40 a 60% do rendimento do primeiro corte, embora algumas situações específicas possam gerar um 
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rendimento maior no rebrote. Antigamente usava-se a rebrota como uma segunda produção de grãos, 
cujo rendimento era dependente da cultivar utilizada. Já atualmente, o uso da rebrota têm como objetivo 
massa para o plantio direto, visto que o sorgo é mais persistente que, por exemplo, o milheto.
Diferentemente de outros cultivares, como milho, cevada e trigo, o sorgo não produz nenhum 
tipo de proteção para suas sementes. Entretanto o sorgo produz diversos compostos fenólicos que 
funcionam como uma defesa química contra predadores, agentes patogênicos e até contra outras 
espécies competidoras. 
É certo afirmar que todas as plantas de sorgo apresentam os mesmos níveis de proteína, amido, 
lipídios etc., em contrapartida, a produção dos compostos fenólicos podem ou não ocorrer dependendo 
da situação em que o espécime encontra-se.
As plantas produzem diversas substâncias, dentre essas há aquelas que participam das vias 
metabólicas de crescimento e reprodução, denominadas metabólitos principais, sendo produzidas entre 
todos os indivíduos de uma mesma espécie por serem fundamentais para o seu desenvolvimento. Há 
também outras substâncias que são produzidas pelas plantas que não fazem parte das vias metabólicas 
citadas, sendo denominadas como metabólitos secundários (ou especiais); por não fazerem parte destas 
vias, a natureza, quantidade e presença destes variam para cada espécime.
 Dentre esses diversos compostos fenólicos o tanino condensado apresenta grande destaque por 
apresentar ação antinutricional, especialmente para animais não ruminantes (aqueles que apresentam 
apenas um estômago). 
A constituição genética do sorgo determina a presença do tanino no seu grão. Em genótipos que 
apresentam os genes B1 e B2 dominantes, considera-se que esse sorgo apresenta tanino. No passado o 
sorgo era comumente classificado em grupos (I, II e III) que representavam os teores de tanino presentes 
nos grãos (baixo, médio e altos), atualmente sabe-se que o tanino pode estar presente ou não no grão 
do sorgo. Segundo Magalhães, Durães e Rodrigues (2012), grãos que apresentam percentuais de tanino 
inferiores a 0,7% estão relacionados à presença de outros compostos fenólicos diferentes do tanino 
condensado, de modo que estes não são maléficos à dieta alimentar.
Embora o tanino presente nos grãos de sorgo atue como proteção química a patógenos e predadores, 
sua presença interfere negativamente quando utilizado para alimentação animal, pois formam complexos, 
responsáveis por problemas de digestão e palatibilidade dos animais, quando associados a proteínas.
Os metabólitos especiais podem ser classificados em três grandes grupos: flavonoides, taninos e ácidos 
fenólicos. Esses metabólitos, quando produzidos pelos diversos cultivares de sorgo, são responsáveis por 
alterações nas características do grão, como cor, aparência além da qualidade nutricional do grão. 
Os flavonoides, de forma geral, podem ser encontrados em muitos, mas não todos os sorgos; estes 
não causam problemas de palatabilidade e digestibilidade ao sorgo. Os ácidos fenólicos são encontrados 
em todos os tipos de sorgo, sendo que não causam efeito negativo na qualidade nutricional do sorgo, 
embora possam causar uma alteração de coloração (indesejável) aos alimentos sob condições alcalinas. 
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Já o tanino encontra-se concentrado na testa da semente de sorgo, um tecido altamente pigmentado, 
que fica abaixo do pericarpo. É a presença desse tecido, a testa, que determina a presença de tanino no 
grão de sorgo.
Dentre o grupo dos taninos, existem duas classes: os hidrolisáveis e os condensados. Segundo 
Magalhães, Durães e Rodrigues (2012), não há presença de grande quantidade de taninos hidrolisáveis 
nos grãos de sorgo, apenas de taninos condensados, conforme já descrito anteriormente.
A produção do sorgo no Brasil nos últimos anos teve um aumento tanto de produção como de 
investimentos, estando estes dentro das expectativas do governo federal em relação ao aumento da 
eficiência, qualidade e competitividade dos produtores brasileiros no atual cenário mundial de agricultura 
sustentada. 
Conforme já citado neste livro-texto, o sorgo pode ser utilizado como substituto parcial do milho na 
composição de rações animais. Essa vantagem se deve pelo sorgo apresentar um menor custo de produção 
e possuir um menor valor de comercialização quando comparado ao milho. Outro fator é a cultura do 
sorgo ter apresentado um bom desempenho, sendo uma excelente opção na integração entre lavoura-
pecuária; por ter boa produção de massa, a cultura de sorgo apresenta maior quantidade de matéria 
orgânica e protege o solo contra erosão, desse modo, melhora a capacidade do solo de reter água. 
 saiba mais
Para saber mais sobre o cultivo do sorgo, consulte o site da Embrapa: 
<www.embrapa.br>.
Consulte também o site do Instituto agronômico de Pernambuco: 
<www.ipa.br>.
 lembrete
O sorgo apresenta-se como alternativa mais econômica e resistente à 
cultura do milho no País.
8.3 Produção de soja
No cultivo, o Brasil é considerado o segundo maior produtor de soja mundial, com uma produção 
que, na safra de 2012/2013, ocupou uma área de mais de 27 milhões de hectares e produziu cerca de 
81 milhões de toneladas, apresentando produtividade média de quase 3 kg/hectare (2,938 kg/hectare), 
perdendo apenas para os Estados Unidos. 
Atualmente, a soja cultivada em todo o mundo é bem diferente das plantas que lhe deram origem. 
A evolução da soja deu-se a partir do cruzamento natural entre duas espécies de soja selvagem, que 
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cientistas da antiga China domesticaram e melhoraram, sendo explorada no Oriente há mais de cinco 
mil anos. Considerada como uma das mais antigas culturas da Terra, mesmo assim, foi só a partir da 
segunda metade do século XX que se iniciou seu cultivo no Ocidente, com a exploração comercial da 
soja pelos EUA – no início como planta forrageira e, posteriormente, como grão. Durante o auge do 
cultivo da soja, na década de 1940, a área de cultivo destinada à produção de grãos superou a destinada 
para forragem, cultivo este que foi declinando gradativamente, até desaparecer durante os anos 1960. 
Em contrapartida, o cultivo de soja para a produção de grãos foi crescendo exponencialmente nos EUA 
juntamente no Brasil e em especial na Argentina.
A entrada da soja no Brasil deu-se a partir de 1882, via EUA, quando foram realizados os primeiros 
estudos avaliando os cultivares introduzidos a partir dos Estados Unidos, pelo professor Gustavo Dutrada Escola de Agronomia da Bahia.
Segundo o texto Tecnologia de Produção de Soja Região Central do Brasil (2000), publicado no site 
do Embrapa Soja, em 1891 o Instituto Agronômico de Campinas – SP conduziu testes de adaptação 
de cultivares similares aos realizados por Dutra. Assim como nos EUA, durante este período a soja 
era estudada no Brasil como sendo uma cultura forrageira que eventualmente produzia grãos para 
consumo dos animais da propriedade mais do que exatamente uma planta produtora de grãos (visando 
à indústria de farelos e óleos). 
Entre os anos de 1900 e 1901 este mesmo Instituto de Campinas promoveu a primeira 
distribuição de sementes de soja para produtores do estado de São Paulo. Nesse mesmo período, 
foi registrado o primeiro cultivo da soja no Estado do Rio Grande do Sul (RS), região que 
apresentou condições para o desenvolvimento e expansão da cultura da soja no País, visto que 
apresenta clima e ecossistema semelhantes aos apresentados no local de origem dos primeiros 
cultivares trazidos ao Brasil (sul dos EUA). 
Durante os anos 1950, com o governo brasileiro estabelecendo um programa oficial de incentivo à 
cultura de trigo, a cultura de soja também foi incentivada, tecnicamente, como leguminosa, sucedendo 
culturas gramíneas e, economicamente, aproveitando a terra, maquinário, infraestrutura e mão de obra, 
apresentado-se como uma opção de cultura de verão, sucedendo o trigo cultivado durante o período 
de inverno.
Ainda no texto Tecnologia de Produção de Soja Região Central do Brasil, a soja estabeleceu-se 
como uma cultura de importância econômica para o Brasil a partir da década de 1960 devido à 
política de subsídios ao cultivo do trigo que visava à autossuficiência do País. Foi nesse período que 
a produção brasileira de soja aumentou em cinco vezes (de 206 mil toneladas produzidas em 1960 
passou a 1,056 milhão de toneladas em 1969), sendo que 98% desse volume era produzido em todos 
os três estados da região Sul brasileira, prevalecendo a produção de trigo no inverno e soja no verão. 
Apesar desse crescimento na produção, foi só a partir dos anos 1970 que a cultura de soja no Brasil 
foi consolidada como sendo a principal do agronegócio brasileiro, aumentando em mais de dez vezes 
a produção durante esse período (de 1,5 milhões de toneladas em 1970 para mais de 15 milhões de 
toneladas em 1979).
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Esse crescimento foi em decorrência do aumento significativo da área e também do incremento da 
produtividade devido às novas tecnologias que foram disponibilizadas aos produtores por pesquisadores 
brasileiros à época, embora mais de 80% de toda a produção de soja ainda se concentravasse nos 
estados da região Sul do Brasil. 
Foi durante as décadas de 1980 e 1990 que houve o crescimento da produção da soja, agora na região 
tropical do Brasil. Até 1970, menos de 2% de toda a produção de soja era produzida no Centro-Oeste 
do País, a partir de 1980 esse percentual subiu para 20% e, no início da década de 90, já ultrapassava 
os 40% de toda a produção brasileira, chegando próximo de 60% a partir dos anos 2000, com ênfase 
especial ao estado do Mato Grosso que passou a ser líder nacional de produção e produtividade de soja 
no Brasil. Segundo os dados mais atuais do Conab, a produção de soja no Centro-Oeste brasileiro na 
safra de 2013/2014 foi de quase 42 mil toneladas. 
Veja a seguir o mapa com a distribuição da produção nacional de soja.
Figura 26 – Distribuição da produção de soja – safra 2014/2015
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Importante dizer que a cultura da soja foi a única que obteve um crescimento expressivo (com 
relação à área de cultivo) durante os últimos 30 anos quando comparada às demais culturas (feijão, 
arroz, café, algodão, milho entre outras), segundo dados da Embrapa. O último levantamento divulgado 
pelo Conab também indica a expansão do cultivo da soja em todo o Brasil, conforme tabela a seguir:
Tabela 4 : Comparativo de área, produtividade e produção de Soja (estimativa Jan/2015)
Região/UF
Área (em mil ha) Produtividade (em kg/ha) Produção (em mil t)
Safra 
13/14
(A)
Safra 
14/15
(B)
Var. %
(B/a)
Safra 
13/14
(C)
Safra 
14/15
(D)
Var. 
%
(D/c)
Safra 
13/14
(E)
Safra 
14/15
(F)
Var. %
(F/e)
Norte 1.178,9 1.296,9 10,0 2.877 2.934 2,0 3.391,3 3.805,1 12,2
RR 18,0 18,0 - 3.120 2.798 (10,3) 56,2 50,4 (10,3)
RO 191,1 229,5 20,1 3.180 3.190 0,3 607,7 732,1 20,5
PA 221,4 221,4 - 3.020 3.102 2,7 668,6 686,8 2,7
TO 748,4 828,0 10,6 2.751 2.821 2,5 2.058,8 2.335,8 13,5
Nordeste 2.602,2 2.772,3 6,5 2.544 2.945 15,7 6.620,9 8.164,0 23,3
MA 662,2 679,7 2,6 2.754 3.068 11,4 1.823,7 2.085,3 14,3
PI 627,3 670,6 6,9 2.374 3.000 26,4 1.489,2 2.011,8 35,1
BA 1.312,7 1.422,0 8,3 2.520 2.860 13,5 3.308,0 4.066,9 22,9
Centro-Oeste 13.909,4 14.587,9 4,9 3.005 3.112 3,6 41.800,5 45.398,2 8,6
MT 8.615,7 9.020,6 4,7 3.069 3.128 1,9 26.441,6 28.216,4 6,7
MS 2.120,0 2.300,5 8,5 2.900 3.062 5,6 6.148,0 7.044,1 14,6
GO 3.101,7 3.194,8 3,0 2.900 3.099 6,9 8.994,9 9.900,7 10,1
DF 72,0 72,0 - 3.000 3.291 9,7 216,0 237,0 9,7
Sudeste 1.989,9 2.102,9 5,7 2.520 2.876 14,1 5.015,3 6.046,9 20,6
MG 1.238,2 1.304,8 5,4 2.687 3.000 11,6 3.327,0 3.914,4 17,7
SP 751,7 798,1 6,2 2.246 2.672 19,0 1.688,3 2.132,5 26,3
Sul 10.492,7 10.861,8 3,5 2.792 2.993 7,2 29.292,8 32.505,6 11,0
PR 5.010,4 5.175,7 3,3 2.950 3.328 12,8 14.780,7 17.224,7 16,5
SC 542,7 586,1 8,0 3.030 3.100 2,3 1.644,4 1.816,9 10,5
RS 4.939,6 5.100,0 3,2 2.605 2.640 1,3 12.867,7 13.464,0 4,6
Norte/
Nordeste 3.781,1 4.069,2 7,6 2.648 2.941 11,1 10.012,2 11.969,1 19,5
Centro-Sul 26.392,0 27.552,6 4,4 2.884 3.047 5,7 76.108,6 83.950,7 10,3
Brasil 30.173,1 31.621,8 4,8 2.854 3.033 6,3 86.120,8 95.919,8 11,4
Fonte: Conab (2015, p.72).
São diversos os fatores que podem ser atribuídos para o sucesso da cultura da soja no País, 
estabelecendo a soja como um importante produto agrícola nacional, primeiramente no Sul (durante 
as décadas de 1960 e 1970), posteriormente na região de Cerrados (durante as décadas de 1980 e 
1990). O sucesso do estabelecimento dessa cultura apresenta fatores distintos para cada região do 
Brasil, conforme destacaremos neste texto.
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Segundo o Embrapa, para a região Sul do Brasil, a semelhança de seu ecossistema com o predominante 
no Sul dos EUA (região da qual o Brasil importou os primeiros cultivares) favoreceu o cultivo aliado à 
adoção de variedades e outras tecnologias de produção. Durante os anos 1960, o estado do Rio Grande 
do Sul realizou um programa de calagem e correção dos solos que ficou conhecida como “operação 
Tatu”; esse programa favoreceu o cultivo da soja no Estado. Durante o período entre a década de 1950 
até a década de 1970, os incentivos fiscais dados aos produtores de trigo, beneficiaram a cultura da soja, 
pois ela utiliza, durante o verão, área, mão de obra e maquinário usados na produção de trigo que ocorre 
durante o inverno.
Além disso, outros fatores como mercado internacional em alta, em especial durante a década de 
1970, devido à péssima safra de grãos de Rússia e China e da pesca de anchovas no Peru, e matéria-prima 
na produção de rações de animais, como componente proteico foi substituída pelo farelo de soja. 
A substituição das gorduras animais por óleos vegetais, a facilidade de mecanização da cultura, o 
estabelecimento de um parque industrial de processamento de soja, insumos agrícolase máquinas, em 
contrapartida aos incentivos fiscais proporcionaram o estabelecimento de agroindústrias e incremento 
da produção. 
Ainda segundo site do Embrapa, as melhorias nos sistemas viário e de comunicações facilitaram o 
escoamento e a exportações da produção. O eficiente sistema de cooperativas que apoiaram a produção, 
industrialização e comercialização das safras, juntamente com o surgimento de uma rede de pesquisa 
de soja que envolveu poderes públicos (federal e estadual) com apoio das industrias privadas da região 
(como Swift, Samrig etc.) beneficiaram a expansão da cultura da soja no Sul do Brasil.
Na região Central do Brasil, o excelente crescimento da produção de soja pode ser explicado, dentre 
outras, pelas causas expostas a seguir.
A construção de Brasília resultou em diversas melhorias na infraestrutura regional, com o 
aumento nas vias de acesso, comunicação e urbanização da região, o que trouxe benefício ao 
sistema de transporte da produção regional, melhoria de rodovias, ferrovias e até hidrovias, 
gerando corredores de exportação, desenvolvendo a região Central do Brasil, além de incentivos 
fiscais para abertura de novas áreas de produção agrícola, juntamente para compra de maquinário 
e construção de silos e armazéns. Esses mesmos incentivos permitiram a chegada de agroindústrias 
na região, ampliando a fronteira agrícola. A topografia da região Central do Brasil foi favorável à 
mecanização das lavouras, incentivando o uso de equipamentos de grande porte, o que faz com 
que ocorra maior rendimento de todo o processo desde o preparo do solo até a colheita, além da 
economia em mão-de-obra.
Além da topografia, a região apresenta boas condições físicas do solo, o que facilita as operações dos 
maquinários agrícolas, compensando, em parte, as características químicas desfavoráveis desses solos. 
O índice pluviométrico é favorável aos cultivos de verão; junto a essas questões também incentivaram 
o cultivo da soja o baixo valor da terra da região (quando comparado ao preço das propriedades da 
região Sul) e o bom nível econômico e tecnológico dos produtores de soja da região, oriundos, em sua 
maioria, da Região Sul do Brasil, onde já cultivavam com sucesso a soja anteriormente à chegada na 
região Central do País.
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A implementação e a expansão da cultura da soja no Brasil gerou uma revolução tecnológica aliada 
a uma revolução socioeconômica, podendo ser comparada ao ocorrido durante a implantação do cultivo 
da cana-de-açúcar, na época do Brasil Colônia e do café (durante o Brasil Império/República), culturas 
que dominaram o comércio de exportações do País em épocas diferentes. 
Ainda segundo dados da Embrapa, a soja liderou o surgimento de uma nova civilização da região 
Central do Brasil, abriu fronteiras, semeando cidades. Levou progresso e desenvolvimento para essa região, 
até então despovoada e desvalorizada, fazendo surgir cidades no meio do vazio dos Cerrados brasileiros. 
O exponencial crescimento da produção de soja no Brasil, que aumentou em 260 vezes no período de 
quatro décadas determinou diversas mudanças sem precedentes na história brasileira. Foi ela, aliada ao 
cultivo do trigo, a grande responsável pelo surgimento da agricultura comercial no País; a soja também foi 
responsável pela aceleração da mecanização das lavouras brasileiras, modernização do sistema de transportes, 
pela profissionalização, incremento do comércio internacional, expansão da fronteira agrícola, enriquecimento 
da dieta alimentar dos brasileiros, aceleração da urbanização brasileiras e interiorização da população, que 
apresenta-se concentrada no Sul, Sudeste e litoral do Norte e Nordeste. 
A cultura da soja também foi responsável pela tecnificação outras culturas (em especial para 
o milho), impulsionou a agroindústria brasileira, contribuindo para a expansão da avicultura e da 
suinocultura do Brasil.
Dados mais recentes do Conab (2014/2015) indicam que o preço internacional da soja manteve-se 
estável (acima de U$10,00/bu) devido à forte demanda do mercado dos Estados Unidos, em especial 
para farelo de soja, e da importação chinesa. As exportações brasileiras fecharam o ano de 2014 com 
alta de 7% em relação ao ano anterior (aproximadamente 45,7 milhões de toneladas), valor exportado 
acima de 23 bilhões de dólares. Para o mercado interno, os preços apresentaram uma pequena queda, 
embora permaneçam em patamares altos devido à desvalorização do real frente ao dólar. 
Conforme a Embrapa, ao fazer uma análise sobre o agronegócio da soja brasileira tendo a realidade 
atual como referência, pode-se afirmar que a demanda e o consumo de soja continuarão aumentando, 
visto que a população mundial permanece em crescimento. 
É importante dizer que mesmo frente à expansão do consumo mundial da soja, a região da Ásia 
continua a apresentar o maior potencial no consumo desta oleaginosa, devido ao poder aquisitivo de 
sua população. Aliado ao consumo de carne suína e de frango, que permanece em alta, estes animais 
têm como base de alimentação rações à base de farelo de soja, o que corrobora para o grande consumo 
deste cultivar. Essas rações também terão seu consumo aumentado, visto que a Europa proibiu o uso 
de farinha de carne na produção de rações para bovinos. Devido à escassez de áreas disponíveis para 
a expansão do plantio, nos principais concorrentes do Brasil na produção de soja, tais como EUA, 
Argentina, Índia e China, a produção desses países tende a ficar estável. 
Segundo dados da Embrapa Soja, a cadeia produtiva de soja brasileira deve desonerar-se dos tributos 
que são incidentes a ela para que a produção brasileira possa aumentar sua competitividade frente ao 
mercado externo. 
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Unidade IV
Baseado no quadro atual da agricultura no Brasil, é possível estimar que a produção da soja 
permanecerá concentrada em propriedades de grande porte na região Centro-Oeste do País, em 
detrimento das propriedades de pequeno e médio porte da Região Sul, visto que seus proprietários, 
devido à falta de competitividade de suas produções, tendem a mudar para atividades agrícolas mais 
rentáveis, como a produção de leite, criação de suínos e aves, cultivo de frutas e hortaliças, entre outros, 
visto que estas atividades são mais intensivas no uso de mão-de-obra. 
Em propriedades pequenas, familiares, a mão-de-obra costuma ser abundante em contrapartida à 
escassez de terra.
Diante dos maiores produtores de soja no mundo, o Brasil mostra ser um país que apresenta melhores 
condições para expansão da produção, tendo potencial na promoção do esperado aumento da demanda 
mundial. Para exemplificar, diante de todo o território nacional, apenas a região do Cerrado brasileiro 
apresenta 50 milhões de hectares e terras aptas para serem incorporadas ao processo produtivo da soja. 
Em contrapartida, estima-se que a Argentina disponha de, no máximo, 10 milhões de hectares para o 
crescimento de sua produção de soja. Entretanto as áreas destinadas ao cultivo da soja nos EUA, Índia e 
China só podem apresentar crescimento caso ocorra diminuição das áreas destinadas a outros cultivos. 
Lembrando que estes países, juntos com o Brasil, são responsáveis por mais de 90% de toda a produção 
mundial de soja.
O crescimento da produção brasileira junto com o aumento de sua capacidade competitiva está 
associado aos avanços científicos e à disponibilidade de tecnologias ao setor produtivo. 
Até o final da década de 1960, a pesquisa da cultura de soja no País concentrava-se na região 
Sul brasileira, que atuava na adaptação das tecnologias originárias dos EUA e suas variedades,sendo 
que o primeiro programa de pesquisa com soja, consistente, surgiu durante os anos 1950 no Instituto 
Agronômico de Campinas/SP, mas foi no Rio Grande do Sul que a cultura da soja encontrou condições 
de estabelecer-se e expandir como lavoura comercial, cerca de dez anos depois. 
Essas condições foram fundamentais para a excelente adaptação que os cultivares oriundos dos EUA 
tiveram no Sul brasileiro. Com o rápido desenvolvimento desta cultura no Brasil, surgiu um agressivo 
setor produtivo, o que demandou tecnologia e pesquisas, embora o País ainda não possuísse estrutura 
para oferecer qualidade e quantidade desejadas. Deste modo, os poucos programas de pesquisa 
existentes com soja foram fortalecidos e novos foram criados, em especial nas regiões Centro-Oeste e 
Sudeste do País. Dentre todas as iniciativas no fortalecimento da pesquisa de soja no Brasil, podemos 
dar ênfase à criada pela Embrapa Soja, em 1975, que patrocinou a instituição do Programa Nacional 
de Pesquisa de Soja, que tinha como objetivo integrar e potencializar todos os esforços de pesquisa em 
soja espalhados pelas regiões Sul e Sudeste do País. Além deste, localizado no estado do Paraná, neste 
mesmo período, outros programas foram criados por diferentes instituições em todo o Brasil, como a 
Universidade Federal de Viçosa e Epamig em MG; Emgopa em GO; Embrapa Cerrados, no Distrito Federal; 
Embrapa Agropecuária Oeste e Empaer em MS, entre outros. Junto a eles, com o advento da Lei de 
Proteção de Cultivares, de 1997, foram estabelecidos no Brasil novos programas de pesquisa privados, 
destacando-se os da Monsoy, Syngenta, Pioneer, Milênia e Fundação Mato Grosso.
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Cadeias Produtivas ii
Até a década de 1970, os programas de pesquisa de soja no Brasil estavam preocupados com a 
produtividade, enquanto fatores como altura da planta (visando à colheita mecanizada), resistência à 
deiscência das vagens e ao acamamento vinham em segundo plano. 
O texto do Embrapa afirma que a partir da década de 1980, os pesquisadores voltaram-se a problemas 
como resistência a doenças (como Pústula Bacteriana, Fogo Selvagem e Mancha Olho-de-Rã), o que 
passou a constituir características necessárias para a recomendação de um novo cultivar; posteriormente, 
novos problemas fitossanitários (maiores) surgiram, o que ampliou a lista de exigências na recomendação 
de novos cultivares.
Importante dizer que a pesquisa brasileira foi responsável pelo desenvolvimento de cultivares de 
soja adaptadas às baixas latitudes dos climas tropicais, rompendo barreiras, permitindo o cultivo da soja 
em regiões tropicais, com temperaturas superiores a 30 °C, o viabilizando o cultivo da soja em qualquer 
ponto do território brasileiro, o que foi responsável pela transformação de mais de 200 milhões de 
hectares improdutivos em área potencialmente apta ao cultivo de soja e de outros grãos, isto só na 
região de Cerrado.
Estudos sobre a nutrição da soja possibilitaram melhor manejo de adubação, calagem e seleção de 
estripes eficientes de Bradyrhizobiumspp, enriqueceram os inoculantes, substituindo, assim, a adubação 
nitrogenada. Outras pesquisas, com micronutrientes indicaram a necessidade de sua utilização, em 
especial nos Cerrados, para que se obtenham máximos rendimentos.
Trabalhos realizados pela Embrapa Soja sobre manejo de solos e rotacionamento de culturas 
resultaram em alteração total no processo de semeadura convencional, isto trouxe reflexos positivos 
na sustentabilidade dos sistemas produtivos. Esta, por exemplo, tem participado de forma decisiva 
no avanço dessa cultura nas regiões mais tropicais do Brasil, com parcerias, associando-se a 
produtores de sementes, através do programa de melhoramento genético, aumentando a capacidade 
de desenvolvimento de novas cultivares de soja. Essas cultivares respondem por mais de 50% do 
mercado brasileiro de sementes de soja.
 O desenvolvimento de técnicas de manejo integrado de invasoras e de pragas possibilitou uma 
redução na quantidade de pesticidas utilizados no controle de pragas. Junto a isso, o zoneamento 
climático, também desenvolvido pela Embrapa, permitiu indicar as áreas mais aptas para a produção de 
soja no País, aliado à caracterização dos principais fatores responsáveis por perdas ao longo do processo 
de colheita, junto com um programa de conscientização dos produtores sobre o volume dessas perdas (e 
quais fatores eram responsáveis por elas) que possibilitou uma redução significativa de perdas de quatro 
para dois sacos por hectare. 
Essas informações demonstram o quanto o desenvolvimento da pesquisa do cultivo de soja, assim 
como das demais produções agrícolas no País, são importantes para garantir sucesso nessas produções, 
gerando riqueza e desenvolvimento nacional.
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Unidade IV
 observação
A soja cultivada mundialmente difere-se dos seus ancestrais asiáticos.
 saiba mais
Para saber mais sobre o cultivo de soja, leia:
EMBRAPA. Embrapa soja. [s.d.]. Disponível em: <www.embrapa.br/soja>. 
Acesso em: 27 jul. 2015. 
 resumo
Nesta unidade, vimos que a cunicultura está voltada para diferentes 
atividades: o mercado de pets, o uso dos animais em biotério, além da 
produção de pele e carne. Com o desmame, a partir do primeiro mês de 
vida e início de reprodução com menos de um ano de idade, eles podem 
ser usados como matrizes em produção por até sete anos. A produção de 
filhotes é alta, devido à alta fertilidade dos animais.
Estudamos que o Brasil se situa entre os maiores produtores de grãos do 
mundo, sendo o milho a produção de maior expressão nacional. Além disso, 
a produção de soja brasileira também é bastante expressiva – a segunda 
maior do mundo –, devido à alta demanda desses grãos no mercado 
internacional. O cultivo da soja no País é de grande importância, sendo o 
responsável por uma verdadeira revolução socioeconômica e tecnológica, 
em especial na região Centro-Oeste, o que levou desenvolvimento para 
essa região.
Além desses produtos, o sorgo também aparece como uma cultura 
alternativa mais barata e resistente, sendo um alimento de boa qualidade 
para animais (bovinos em especial) e uma excelente opção às culturas de 
verão, como o milho.
Por fim, devemos salientar que essas culturas apresentam grande 
importância em todo o cenário da agroindústria brasileira, em conjunto 
com o aumento do uso de tecnologias que melhoraram a sua capacidade 
produtiva, sendo fundamentais para o aperfeiçoamento das demais 
produções agrícolas e pecuárias brasileiras.
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Cadeias Produtivas ii
 exercícios
Questão 1. (Enade 2004) A tabela seguinte mostra a composição bromatológica de silagens de 
girassol, sorgo e milho.
Tabela 5
Girassol Sorgo Milho
Matéria seca (%) 30,10 30,68 32,76
Proteína bruta (%) 11,73 7,97 8,65
Proteína digestível (%) 7,35 4,57 4,58
Energia bruta (Kcal kg -1) 4.993 4.373 4.536
Energia digestível (Kcal kg -1) 3.108 2.715 2.915
Energia metabólica (Kcal kg -1) 2.548 2.226 2.390
Com base nessa tabela, pode-se afirmar que as melhores silagens, em função do teor de proteína e do 
valor energético desejado para alimentação animal, são obtidas utilizando-se quantidades decrescentes, 
respectivamente, de:
A) Girassol, sorgo e milho.
B) Girassol, milho e sorgo.
C) Sorgo, milho e girassol.
D) Sorgo, girassol e milho.
E) Milho, sorgo e girassol.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: de acordo com a

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