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CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO II Ronei Tiago Stein Tendências no agronegócio Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as principais tendências no agronegócio. � Discutir as implicações de tais tendências. � Determinar ações a serem desenvolvidas pelas empresas de agronegócio. Introdução Redução dos impactos ambientais da produção agrícola, produção mais orgânica, globalização, novas tecnologias, inserção internacional do Brasil e políticas agrícolas de modernização são apenas algumas das tendências que o agronegócio vem enfrentando atualmente. Tendências estão relacionadas às necessidades do mercado/clientes. É fundamental que o agronegócio analise as tendências, pois estas permitirão identificar traje- tórias possíveis, bem como estruturar visões de futuro do agronegócio no contexto mundial para que o Brasil continue crescendo e conquistando novos mercados. Neste capítulo, iremos compreender melhor a definição de tendên- cias no agronegócio e suas implicações. Aliado a isso, iremos identificar ações que as empresas do ramo do agronegócio devem tomar, visando a garantir seu sucesso e prosperidade. Principais tendências no agronegócio O termo tendências, de modo geral, pode ser definido como a inclinação ou, então, preferência por determinada atividade ou determinados objetos. O termo também permite fazer referência à força que imprime determinado movimento ou orientação. Para ficar mais claro, o termo tendência é normalmente utilizado como sinônimo de moda. A tendência não está relacionada apenas com as nossas vestimentas/cal- çados, ou seja, aquilo que será moda na próxima estação do ano, mas, na verdade, a tendência é uma importante ferramenta de mercado. A tendência de mercado, conforme Galvão et al. (2018), é uma análise da direção do negócio/ empreendimento, como alterações econômicas, costumes e hábitos que irão afetar a direção dos negócios. A tendência de mercado pode ser dividida em três tipos: 1. Modismo: é uma reação imprevisível do mercado, normalmente de curta duração. 2. Tendências: normalmente se mantêm por muito tempo, em diferentes setores da economia. 3. Megatências: podem ser definidas como grandes mudanças, seja na sociedade, economia, políticas ou tecnologia. Como exemplo, podemos citar o Uber, que modificou totalmente o sistema de transporte urbano mundial por meio do uso de aplicativo. Tendência prevalece por um longo período de tempo (que pode durar anos) e é responsável por controlar o mercado nas mais diferentes áreas. Mas você pode estar se perguntando: quais são as tendências no agrone- gócio? De acordo com Stefanelo (2002), tem-se: � aumento da concentração e da escala das propriedades e das empresas agroindustriais; � aumento da competitividade tecnológica nos processos, na produção e na gestão; � maior integração em cadeias produtivas e profissionalização; � maior acesso às informações e aumento do associativismo. Tendências no agronegócio2 Obviamente, que para atingir essas tendências, é necessário superar alguns desafios, os quais são citados por Stefanelo (2002). � Financiamento do agronegócio: abrange as políticas de crédito rural; o apoio à mecanização, à correção, à conservação e ao uso do solo e da água; o seguro rural; e o desenvolvimento dos bancos cooperativos e das cooperativas de crédito. � Modernização da comercialização externa e interna: envolve a promoção externa dos produtos brasileiros. � Desenvolvimento tecnológico: compreende o apoio à pesquisa pública; o desenvolvimento de instrumento legal na linha dos Institutos de Pesquisa e o fomento à parceria entre os setores público e privado, dentre outros. � Sustentabilidade da agropecuária: envolve o manejo sustentado dos recursos naturais; a preservação da biodiversidade e a ampliação da base genética das principais culturas e microrganismos; o incentivo aos sistemas alternativos de produção e das tecnologias preservacionistas. � Agricultura familiar: aperfeiçoamento do Programa Nacional da Agri- cultura Familiar (Pronaf); a criação de infraestrutura socioeconômica de apoio; o desenvolvimento de agroindústrias integradas e de projetos de beneficiamento e transformação da produção dos pequenos produtores, dentre outros. Investir em inovações é uma forte tendência de mercado, indiferentemente do setor, visando a garantir o sucesso do empreendimento (FERNANDES et al., 2015). Zuin e Queiroz (2015) descrevem que essas inovações podem e devem ocorrer em diferentes setores do agronegócio, sendo que, no Quadro 1, apresentam-se alguns exemplos. 3Tendências no agronegócio Fonte: Adaptado de Zuin e Queiroz (2015). Produto As melhorias são contínuas nos equipamentos agrícolas ofertados pelas empresas fabricantes de bens de capital para o segmento agrícola brasileiro. Os tratores e as colheitadeiras sofrem contínua alteração em termos de incorporação de novos materiais e especificações técnicas, as quais objetivam tanto o aumento do conforto e melhor performance do operador (com cabines fechadas, ar-condicionado, dentre outras) quanto a elevação de produtividade no próprio processo agrícola, com a elevação na potência do equipamento, medida em cavalos. Serviço Um novo serviço começou a ser oferecido em uma rede varejista de supermercados, no Brasil, em 2012. Trata-se do self check-out, serviço que permite ao consumidor registrar suas compras e pagar por elas sem a presença do funcionário da loja para até 15 itens adquiridos. Esse serviço já é utilizado na Europa, mas, no Brasil, começou a ser adotado por uma rede varejista do estado do Paraná, em uma de suas lojas. A inovação nesse tipo de serviço visa, principalmente, a agilizar o serviço, reduzindo o tempo de atendimento ao cliente. Processo No estado do Paraná, principalmente no ano de 2012, os produtores da citricultura experimentaram mudanças no processo de produção e gestão relacionado à cultura da laranja, o que repercutiu em maior produtividade (900 caixas/ha) e menor custo médio de produção (R$ 7.320,00/ha), comparativamente ao estado de São Paulo (produtividade de 716 caixas/ha e custo médio de R$ 9.974,00/ha), maior região produtora do país. Essas melhorias estiveram relacionadas a investimentos em tecnologia e utilização de assistência técnica para controle de doenças e à gestão familiar, com a intensificação da mão de obra familiar. Marketing Algumas empresas do setor de alimentos estão diversificando o seu canal de comercialização, realizando vendas diretas ao consumidor por meio de franquias ou lojas próprias, o que até então era utilizado quase predominantemente pelo segmento de varejo. O objetivo dessa diversificação é estar mais próximo do cliente, sendo possível conhecer melhor seus gostos, valorizar a marca e melhorar a distribuição, o que também poderá refletir no aumento das margens de lucro. Organi- zacional A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem como visão desenvolver pesquisa e inovação na agricultura sustentável, de modo a trazer benefícios à sociedade brasileira. Desde a sua fundação, a Embrapa vem implementando mudanças organizacionais visando a melhores práticas de gestão para a pesquisa. Quadro 1. Exemplos de inovações no agronegócio brasileiro Tendências no agronegócio4 Atualmente, cerca de 1/3 do PIB (Produto Interno Bruto) é oriundo do agro- negócio. Dentre os responsáveis por esse sucesso, está o governo, por meio da criação de políticas públicas de incentivo à produção e ao desenvolvimento de novas tecnologias. Em se tratando de política de incentivo ao setor agropecuário, a Política Agrícola pode ser considerada a mais importante. Instituída pela Lei nº. 8.171/91 (BRASIL, 1991), esta legislação prevê uma série de instrumentos que visam a promover investimentos e a criar incentivos ao setor agropecuário, direcionando a expansão do setor. Desses instrumentos, podemos destacar: � pesquisaagrícola tecnológica; � assistência técnica e extensão rural; � proteção do meio ambiente; � defesa da agropecuária; � produção, comercialização, abastecimento e armazenagem; � associativismo e cooperativismo; � formação profissional e educação rural; � crédito rural; � seguro agrícola. O governo tem políticas públicas nas áreas da educação, da segurança, da saúde, do desenvolvimento, da agricultura, dentre outras. Na agricultura, existem alguns instrumentos que merecem destaque, sendo fundamentais para garantir o aumento da produção e a competividade do setor. Entre eles, podemos citar: � Pronaf: busca a geração de renda e a melhora do uso da mão de obra familiar por meio do financiamento agrícola para implantação, ampliação, modernização da estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e serviços em proprie- dades rurais. � Seguro rural: o produtor poderá ter suas perdas minimizas, recuperando o capital investido na lavoura, quando esta for atingida por fenômenos climáticos extremos (granizo, vendaval, chuvas fortes, dentre outros). � Políticas de defesa agropecuária: buscam a proteção da saúde dos animais e a sanidade dos vegetais, a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na agropecuária, além da identidade, da qualidade e da segurança sanitárias dos alimentos e demais produtos agropecuários. � Políticas de assistência técnica e extensão rural: a assistência técnica busca resolver problemas pontuais na agricultura, no entanto, a extensão rural busca promover o conhecimento e melhorar as questões sociais nas propriedades rurais, principal- mente por meio da capacitação. 5Tendências no agronegócio Entre as principais tendências do agronegócio, está a modernização tecnoló- gica em harmonia com o meio ambiente. Inclusive, existem políticas públicas de proteção do meio ambiente, como, por exemplo, o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas (Plano ABC). Este plano, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) (PERACI et al., 2012), tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, selecionadas com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de gases do efeito estufa no setor agropecuário assumidos pelo país. O Plano ABC é composto por sete programas, a saber (PERACI et al., 2012): � Recuperação de Pastagens Degradadas; � Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e Sistemas Agroflorestais; � Sistema Plantio Direto; � Fixação Biológica de Nitrogênio; � Florestas Plantadas; � Tratamento de Dejetos Animais; � Adaptação às Mudanças Climáticas. Atualmente, de acordo com a Embrapa (2019), a agricultura inteligente é essencial para garantir o sucesso no setor, que não é uma tecnologia ou prática agrícola específica, e pode ser aplicada universalmente em todas as propriedades rurais, mas é uma abordagem que requer avaliações específicas para cada local/propriedade, a fim de identificar tecnologias e práticas apro- priadas de produção agrícola. A agricultura de precisão vem sendo considerada uma forma de agricul- tura inteligente, e consiste em um sistema de manejo integrado de informações e tecnologias, que leva em conta a influência da variabilidade do espaço nos rendimentos dos cultivos, visa ao gerenciamento mais detalhado do sistema de produção agrícola como um todo, não somente das aplicações de insumos ou de mapeamentos diversos, mas de todos os processos envolvidos na produção. Apesar de ser mais utilizada pelos grandes agricultores, hoje a ideia da agri- cultura de precisão pode ser difundida também entre os médios e pequenos produtores (EMBRAPA, 2019). Tendências no agronegócio6 A agricultura de precisão utiliza sistemas de monitoramento e une da- dos meteorológicos para auxiliar o agricultor no processo de avaliação das principais condições da produção. Esse trabalho é realizado por meio do acompanhamento das condições do tempo durante as várias fases da cultura (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL [SENAR], 2016). Um exemplo de agricultura de precisão é a obtenção e a análise de dados precisos, coletados por meio de estações meteorológicas e sensores que captam informações, como: temperatura do ar, tempo de molhamento foliar, precipitação, umidade do solo, entre outros parâmetros. Dessa forma, reduz-se as chances de prejuízos e desperdícios (como sementes, adubos, fertilizantes) e aumenta-se as chances de melhorar a qualidade da produção e o seu retorno financeiro. Confira, no vídeo a seguir, cinco exemplos de tendências tecnológicas para o agronegócio. https://qrgo.page.link/C3XFc Implicações das tendências no agronegócio A população mundial passará dos atuais 7,5 bilhões de pessoas para 9,7 bilhões em 2050, segundo estimativas do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU], 2019). No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (c2019), a maior parcela da população vive nas cidades (representando 84,72% de toda população). A urbanização foi acompanhada por uma transição nos padrões de alimentação e teve grandes impactos nos sistemas alimentares. Como um todo, a população mundial está envelhecendo, inclusive nos países em desenvolvimento. 7Tendências no agronegócio Essas tendências de crescimento e melhores condições de vida da população mundial acabam implicando em alterações no agronegócio. Mas quais seriam essas implicações/alterações? Conforme descrito anteriormente, a agricultura de precisão é a mais nova tendência do agronegócio mundial. Ela é considerada o alicerce fundamental para a próxima agricultura, denominada de agricultura digital. Com a utilização de técnicas de monitoramento, é possível ter controle do comportamento do solo, da disponibilidade hídrica da região em que se encontra a plantação e do desenvolvimento recorrente das vegetações/plantações. A agricultura de precisão apresenta três pilares básico, de acordo com a Embrapa (2019), sendo estes: 1. aumentar de maneira sustentável a produtividade e a renda agrícola; 2. adaptar e desenvolver resiliência às mudanças climáticas; 3. reduzir e/ou eliminar as emissões de gases de efeito estufa sempre que possível. A agricultura de precisão, de forma muito resumida, visa a aumentar a quantidade e a qualidade da produção, além de reduzir perdas/prejuízos. Porém, outra questão que merece destaque é quanto à diminuição do uso de defensivos agrícolas nas culturas. Isto, porque a população está cada vez mais preocupada em consumir alimentos saudáveis, a fim de chegar na terceira idade com disposição e saúde. Mas como diminuir o uso de defensivos, visto que a população mundial está crescendo e a agricultura precisa atender a essa demanda mundial, aliado ao fato de as pragas/ervas daninhas causarem enormes prejuízos nas lavouras? Tendências no agronegócio8 O consumo de alimentos orgânicos é crescente, mas infelizmente nem todas as pessoas têm acesso a eles, visto que esses alimentos normalmente têm valores mais elevados (em comparação aos alimentos não orgânicos). De acordo com Guivant (2003), o impulso para a produção orgânica bra- sileira foi dado pelo interesse das grandes redes de supermercados, uma vez que esses produtos são diferenciados, saudáveis e atingem um público de maior poder aquisitivo disposto a pagar por eles. O consumo de produ- tos orgânicos não é necessariamente decorrente de consciência ambiental. A frequência de consumo desses produtos é semanal e regular e a motivação principal para sua compra relaciona-se à saúde pessoal e da família. Atualmente, no Brasil, produtores orgânicos são pequenos agricultores familiares ligados a associações, cooperativas e movimentos sociais. Essa é uma forma inteligente de acompanhar as tendências do mercado, visto que normalmente a produção de orgânicos em cada propriedade não é elevadae os produtores obtêm maior renta- bilidade (BRASIL, 2009). Umas das principais tendências do agronegócio não é aumentar a produção, mas desenvolver formas/medidas para respeitar o meio ambiente. De acordo com a Embrapa (2015), cerca de 33% das terras agrícolas do mundo estão mo- deradas a altamente degradadas devido à erosão, à salinização, à compactação, à acidificação e à contaminação, que estão entre os principais problemas. No Brasil, a área total de terras ocupadas pela agricultura é de aproxima- damente 30% (Figura 1), enquanto as áreas de preservação permanente (terras indígenas, unidades de conservação) e as áreas em propriedades privadas separadas em função da legislação ambiental, como a Reserva Legal, e áreas de proteção representam quase 50% do território brasileiro. Dessa forma, o Brasil figura atualmente como um dos principais players mundiais na produção, principalmente na pecuária (EMBRAPA, 2018). 9Tendências no agronegócio Figura 1. Ocupação e uso das terras, no Brasil, em 2017. Fonte: Embrapa (2018, p. 19). Mas, em geral, a degradação do solo é um impedimento para a segurança alimentar e a redução da fome. Em termos planetários, restam poucas opor- tunidades para expandir a área agrícola mundial. Além disso, grande parte da terra adicional disponível não é adequada para a agricultura. Dessa forma, não é possível simplesmente abandonar essas áreas de terras e procurar novas regiões para promover a agricultura. É necessário recuperar as áreas degradas, e, ao mesmo tempo, produzir mais em um menor espaço. Tendências no agronegócio10 Dessa forma, as fazendas verticais, ou agricultura vertical (Figura 2), vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado. Amaral (2018) descreve que elas vêm sendo utilizadas de forma crescente como solução de abastecimento alimentar em grandes metrópoles, visando à redução do custo de transporte, bem como às questões climáticas e de abastecimento alimentar. Figura 2. A agricultura vertical é uma tendência do agronegócio, aumentando a produção em um menor espaço. Fonte: Ottoboni (2018, documento on-line). De forma genérica, a agricultura vertical é representada por uma edificação, de tamanho variável, para a produção confinada de hortaliças e árvores frutí- feras, por meio de cultivo em solo ou em sistemas hidropônicos, aeropônico ou aquapônico, utilizando água como meio de transporte de nutrientes, sem a necessidade de emprego de agrotóxicos, ou, então, com reduzido uso deles (AMARAL, 2018). 11Tendências no agronegócio A agricultura tem impacto relevante nos recursos naturais, pois a atividade é responsável por 70% da água potável consumida e 30% do gás carbônico produzido (ONU, 2015). Outra tendência é acelerar o transporte e o comércio para que os produtos agrícolas cheguem o mais rápido possível aos consumidores finais, visando a garantir a qualidade e o frescor dos produtos. Dessa forma, as culturas estão cada vez mais próximas das grandes cidades, exatamente para acelerar esse processo. Embora o crescimento populacional aumente a demanda por produtos agrí- colas e estimule as atividades no campo, a urbanização exige que os alimentos sejam armazenados e transportados com facilidade. Assim, o processamento de alimentos tornou-se um fator-chave na transformação de sistemas alimentares e trouxe consigo a padronização da produção agrícola e, em muitos casos, a concentração da produção primária e a consolidação das terras agrícolas. Para saber mais sobre as tendências no agronegócio e as implicações na agricultura brasileira, leia o material desenvolvido pela Embrapa acessando o link a seguir. https://qrgo.page.link/e21ta Ações a serem desenvolvidas pelas empresas de agronegócio As empresas que compõem o agronegócio têm diferentes segmentos. De acordo com Rizzardo (2018), o agronegócio abrange um conjunto de ne- gócios relacionados à agricultura e à pecuária, como, por exemplo, setores relacionados às plantações e às criações de animais, comércio de sementes, de máquinas e de equipamentos, indústrias agrícolas, abatedouros, transporte da produção e atividades voltadas à distribuição. Tendências no agronegócio12 No que se refere à produção, o agronegócio tem vários campos de atividades, sendo o principal deles o que envolve alimentos, ou seja, compreendendo a cadeia da produção alimentícia, citando-se como exemplos os frigoríficos, as usinas de beneficiamento de leite, a indústria de óleo e de rações, os em- pacotadores, os beneficiadores e os distribuidores de grãos. O agronegócio estende-se ao setor dos biocombustíveis, que cuida do cultivo de plantas que serão transformadas em combustíveis orgânicos; e ao ramo industrial, que converte bens agropecuários em produtos têxteis, como vestuário, artigos de cama, mesa e banho, bens de decoração, insumos para a indústria moveleira, calçadista, dentre outros (RIZZARDO, 2018). Ou seja, o agronegócio é extremamente amplo, sendo inúmeros os desafios para o setor mundial ao longo do século XXI. Segundo relatam Zuin e Queiroz (2015), no segmento agropecuário, destaca-se a necessidade de incremento à produção e à produtividade de alimentos, principalmente em países em desenvolvimento, o que exige, por consequência, a reflexão sobre aspectos como direitos de propriedade, pesquisa e desenvolvimento de novas sementes e insumos, processos de irrigação, fortalecimento das políticas de extensão agrícola, crédito, infraestrutura rural, estoque e desenvolvimento dos mercados. Especificamente falando das empresas, as quais processam e transformam os insumos agropecuários, a necessidade de se produzir com menores custos (buscando ampliar não somente o mercado doméstico, mas, inclusive, os ex- ternos) e, ao mesmo tempo, de modo social e ambientalmente sustentável, leva a novas formas de geração e uso de energias na produção agropecuária e nas empresas, assim como na distribuição dos alimentos (ZUIN; QUEIROZ, 2015). De acordo com o Sebrae de Minas Gerais (BAETA, 2019), nunca, na história do agronegócio, os resultados foram tão positivos, visto que o setor é responsável por cerca de 50% das exportações brasileiras. Mas, para garantir o sucesso, é necessário (BAETA, 2019): � Introduzir a agricultura familiar na era da tecnologia. Este grupo reúne cerca de 5 milhões de estabelecimentos rurais, divididos em pequenos e médios produtores, o que representa 88% dos estabelecimentos rurais brasileiros, 24% da área agrícola e 74% da mão de obra no campo (com aproximadamente 12 milhões de pessoas). Muitas dessas propriedades e trabalhadores não têm acesso ou, então, não utilizam a tecnologia à disposição, o que pode acabar sendo um risco/problema futuro, pois estarão desatualizados. 13Tendências no agronegócio � Adaptar-se às mudanças climáticas e às restrições de recursos natu- rais. É fundamental inovar em todos os segmentos do agronegócio. O mundo cada vez mais está preocupado com as questões ambientais, e, dessa forma, investir em produtos mais ecológicos e sustentáveis é fundamental. � Aumentar a produtividade agropecuária, mas sem expandir as áreas de produção. Isso vale tanto para a agricultura como para a pecuária, sendo um verdadeiro desafio que exige estudo, investimento e novas estratégias. É fundamental que o agronegócio se reinvente e inove constantemente. Inovar, de acordo com Dornelas (2019), é a premissa que permite a algu- mas empresas atingir a longevidade. Mais que isso, nós todos admiramos as empresas inovadoras, pois elas disponibilizam ao mercado produtos que facilitam nossas vidas. A inovação ocorre a partir de uma criação, invenção, da busca pela solução de questões ainda não resolvidas ou do aprimoramento de soluções já existentes para problemas que o homem enfrenta ao longo da vida e no dia a dia. Mas no que consiste essa inovação? Esta pergunta é respondida por Zuin e Queiroz (2015), que descrevem que a inovação pode ser visualizada como: � introdução de um bem, que é novo ou significativamentemelhorado em relação às suas características ou aos usos pretendidos, o que inclui alterações em especificações técnicas, componentes e materiais, incor- poração de software ou outras características funcionais; � introdução de um serviço, que é novo ou significativamente melhorado em relação às suas características ou aos usos pretendidos, o que pode incluir melhorias significativas no modo como são oferecidos (em termos de eficiência ou rapidez), a adição de novas funções ou características aos serviços existentes ou a introdução de novos serviços; � implementação de um novo processo ou significativas melhorias na produção ou método de entrega, o que inclui alterações em técnicas, equipamentos e/ou uso de software; Tendências no agronegócio14 � implementação de um novo método de marketing, o que pode envolver significativas mudanças no desenho do produto (mudanças na forma e aparência do produto que não alteram as características funcionais ou de uso dele), na embalagem (tais como alimentos e bebidas, cuja embalagem é o principal determinante da aparência do produto) ou em fatores como promoção, preço ou praça (local de venda e distribuição) do produto; � implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócio, na forma de organização do trabalho ou nas relações externas das organizações (rotinas e procedimentos para a conduta de trabalho). Essas inovações podem ser articuladas para aumentar o desempenho das organizações, reduzindo-se custos administrativos ou de transação, aumentando-se a satisfação no local de trabalho (incrementando, assim, a produtividade do trabalho), reduzindo-se custos de abastecimento, dentre outros. As inovações de processo podem ser pensadas tanto para a redução de custos unitários de produção ou de entrega como para o aumento da qualidade na produção e na entrega de produtos novos ou significativamente melhorados. Dessa forma, percebe-se que as empresas (sejam elas da área do agronegócio ou não) precisam estar atentas às tendências do mercado, investindo constante- mente em inovações e melhorias de seus produtos. A população mundial está crescendo, e o agronegócio precisa atender essa futura nova geração, mas isso somente será possível por meio do respeito entre o setor e o mercado/clientes e o meio ambiente. Como aliado, temos os avanços tecnológicos, que permitem produzir cada vez mais, de forma mais consciente, com melhor qualidade e, principalmente, com diminuição de perdas. 15Tendências no agronegócio AMARAL, C. A. Vertical Farm (Fazenda Vertical): análise da qualidade do investimento usando protótipo de empreendimento imobiliário. 2018. 176 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) — Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. BAETA, F. Tendências 4.0 no agronegócio. 2019. Disponível em: http://sebraemgcomvoce. com.br/tendencias-4-0-do-agronegocio/. Acesso em: 18 dez. 2019. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Produtos orgânicos: o olho do consumidor. Brasília: MAPA/ACS, 2009. Disponível em: https://www.redezero.org/ cartilha-produtos-organicos.pdf. Acesso em: 18 dez. 2019. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política agrícola. Brasília, DF, 1991. 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Direito do agronegócio. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL (SENAR). Assistência Técnica e Gerencial — ATeG. 2016. Disponível em: http://www.senardf.org.br/senar2016/programas/programa- de-assistencia-tecnica-e-extensao-rural/. Acesso em: 18 dez. 2019. STEFANELO, E. L. Agronegócio brasileiro: propostas e tendências. Revista Fae Business, n. 3, set. 2002. Disponível em: https://img.fae.edu/galeria/getImage/1/16579064525508246. pdf. Acesso em: 18 dez. 2019. ZUIN, L. F. S.; QUEIROZ, T. R. (coord.). Agronegócios: gestão, inovação e sustentabilidade. São Paulo: Saraiva, 2015. Leitura recomendada QUIRÓS, G. As 5 tendências tecnológicas para agronegócio. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo Canal Minuto Agronegócio. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=gOY_huFvGR4. Acesso em: 18 dez. 2019. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 17Tendências no agronegócio
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