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RESUMO DIREITO DIFUSO E COLETIVO

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Sobre Tutela dos interesses metaindividuais
Inquérito Civil/Ação Civil
- Conceito: investigação administrativa prévia, presidida e arquivada pelo MP destinada a colher elementos de convicção para embasar as atuações de seu cargo. ( Hugo Nigro Mazzilli)
- Natureza Jurídica: A doutrina majoritária entende, corretamente, que a natureza jurídica do inquérito civil é a de procedimento administrativo, e não a de processo administrativo. É um procedimento – não se julga direito, não se fazem acusações é puramente colher elementos de convicções para impetrar ou não ação civil. Não tem contraditório
- Características: Facultatividade e dispensabilidade. O membro do Ministério Público deliberará, dentro dos seus próprios critérios de conveniência e oportunidade, sobre a necessidade da instauração do inquérito civil, pois este é dispensável para o Þ m da propositura de uma ação civil pública. se o promotor tiver convicções, elementos tudo para determinar autoria e materialidade pode entrar com ação civil pública; Instrumento do MP – de atuação 
- Origem: Origem do Inquérito Civil – antes de 1980 o MP tinha pouco poder investigatório na área civil até que em 1980 em Ourinhos os promotores do Estado de Sp tinham reuniões pra discutirem assuntos diversos, nesta reunião um promotor questionou a atuação do MP sobre o procedimento investigatório na área civil, demonstrando sua importância, a ideia que não fosse o MP que realizaria a investigação, mas requisitaria a uma autoridade administrativa. 
Professores paulista envolvidos com a defesa coletiva elaboraram um anteprojeto de ação de finalidade coletiva ( meio ambiente, patrimônio cultural, artística) dava atribuição ao MP, propor ação,mas não dava instrumentos para investigar. 
Membros do MP mobilizados, Antonio Augusto Camargo Ferraz, Edis Milare e Nelson Nery Jr vieram com a proposta de condução de investigação pelo MP, criar o inquérito civil instaurado pelo MP. Foi acolhida pela Lei 7347/85. 
Com advento da CF/88 – consagrou o IC e ganhou novos espaços na legislação infraconstitucional – 7.853/89 – Lei sobre a proteção das pessoas portadoras de deficiência, Lei 8.069/90 –ECA, Lei 8.078/90 CDC.
- Legitimação da Ação Civil: Possui legitimação ativa o Ministério Público; as pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), Autarquias, sociedade de economia mista, fundações; Órgãos públicos e Associações Civis.
- Competência da Ação Civil: possui competência para propor tal ação o local onde  ocorrer o dano, trata-se de uma hipótese de competência territorial; todavia a lei 8.078/90 prevê exceção à regra do local do dano, quando o dano for nacional ou regional abrangendo mais de um Estado, capital do estado ou DF, a escolha do autor, se houver interesse da União, autarquia ou empresa pública Federal, competência da Justiça Federal. Se tratar de defesa coletiva da criança será competente o local da ação ou omissão;
- Recurso: De acordo com o art. 14 da Lei 7.347/85, o art. 85 da Lei 10.741/03 e o art. 198, VI da Lei 8.069/90, a regra geral é de que nas ações civil pública e coletiva em sentido amplo os recursos terão apenas efeito devolutivo, uma vez que fica facultado ao juiz, apenas se houver probabilidade de ocorrência de dano de difícil reparação à parte, conceder também o efeito suspensivo. Nesse aspecto, o processo coletivo diferencia-se do processo individual, onde, à exceção dos recursos elencados no art. 497 do CPC, todos os demais possuem efeito suspensivo.
- Ajustamento de conduta e ações mitigatórias e Compensatória: O ajustamento de conduta pode ser entendido como um instrumento de solução extrajudicial de conflitos, de forma negociada. É uma maneira alternativa de proteção dos direitos supra individuais, complementando a já́ tradicional via jurisdicional. Está, portanto, em consonância com o principio de acesso à justiça, uma vez que permite a solução da controvérsia sem o dispêndio dos recursos judiciários, de uma forma célere, eficaz e econômica.
Ação Popular e Mandado de Segurança
- Conceito da ação popular: A Ação Popular concede ao cidadão o direito de ir à juízo para tentar invalidar atos administrativos praticados por pessoas jurídicas de Direito Público enquanto Administração Direta e também pessoas jurídicas da Administração Indireta.
- Conceito do mandado de segurança: remédio constitucional o qual garante à sociedade proteção contra abusos e ilegalidades perpetradas principalmente pelo Poder Público.
- Objetivo da ação popular: prevenção ou correção de ato lesivo de caráter concreto praticado conta o patrimônio público, quando praticado contra entidade em que o Estado participe ou ainda contra o meio ambiente, ou também ato de caráter abstrato, sendo estes praticados ofendendo a moralidade administrativa e o patrimônio histórico cultural.
- Objetivo do mandado de segurança: permitir maior facilidade no acesso à justiça, ao admitir que pessoas jurídicas protejam os direitos de seus membros e associados, afastando o ajuizamento de múltiplas ações junto ao Poder Judiciário
- Requisitos da ação popular e do mandando de segurança: ser cidadão brasileiro e que esteja devidamente inscrito na justiça eleitoral; apurar se o ato praticado é realmente ilegal; demonstrado que o ato praticado vem trazendo algum tipo de lesão.
- Partes: o impetrante (o titular do direito individual ou coletivo líquido e certo ), o impetrado ( autoridade coatora) e o MP(atua como parte autônoma na correta aplicação da Lei ), poderão somar-se a estas partes os litisconsortes ou assistentes. Cidadão no gozo de seus direito políticos. O Ministério Público deve atuar verificando se todos os atos processuais estão sendo praticados
Sobre Direito do Ambiente
- Origem: Pós Segunda Guerra Mundial – Efeito Smog, Conferência de Estocolmo – 1972; Consolidação – Década de 1980/1990.
- Princípios:
Da natureza pública da proteção ambiental
Do controle do poluidor pagador
Da participação comunitária
Do Poluidor pagador
Da prevenção
Da precaução
Do desenvolvimento Sustentável
- Instrumentos de proteção ambiental:
Padrões Ambientais: de água, ar, sons... Fixados pelas resoluções do CONAMA. Ar: 005/89 - PRONAR; Água: 20/86; Som 001/90. ISO 14000 – produtos limpos e saudáveis
Licenciamento: permissão do Poder Público para o exercício de qualquer atividade que possa degradar o ambiente. Prévio, de Instalação e de Operação. O termo licença não é considerado apropriado, pois pressupõe ato administrativo definitivo, o melhor é autorização que é ato administrativo precário e discricionário. Pode ser revisto, renovados ou suspensas.
Zoneamento ambiental: visa subsidiar processo de planejamento e ordenação do território, bem com a utilização dos recursos ambientais. É apresentado por meio de representações cartográficas. Ex: Área correspondente a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, realizou-se um macrozoneamento determinando áreas destinadas a indústria, expansão urbana, agricultura e proteção ambiental.
Avaliação de Impacto AIA, Estudo de Impacto (EIA) e Relatório de Impacto ( RIMA) – Resoluções do CONAMA – 001/86, 006/86 
- Dano e responsabilidade civil, penal e administrativa: As Esferas De Responsabilidade por Dano Ambiental encontra-se no § 3º, do artigo 225, da Constituição Federal:
“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Sendo assim estão presentes as 3 responsabilidades:
Administrativa: Resulta de infração a normas administrativas. Capacidade que tem têm as pessoas jurídicas de direito público de impor condutas aos administrados. Sanções: advertência, multa, interdição de atividade, suspensão de benefícios etc.
Fundamentado no Art. 70 da Lei 9.605/98, considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperaçãodo meio ambiente.
Já o artigo 14 da Lei 9.638/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) elenca os tipos de sanções administrativas às quais estão sujeitos os violadores das regras jurídicas discriminadas no artigo 70 - 2ª parte (de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente).
Civil: É a que impõe ao infrator a obrigação de ressarcir o prejuízo causado por sua conduta ou atividade. 
A responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental (independentemente da existência de culpa) é um mecanismo processual que garante a proteção dos direitos da vítima, no caso dos danos ambientais, a coletividade. Por isso, aquele que exerce uma atividade poluidora, uma atividade potencialmente poluidora ou que implique risco a alguém, assume a responsabilidade pelos danos oriundos do risco criado. Pode-se dizer, então, que a responsabilidade do agente é exonerada nas seguintes hipóteses: a) quando o risco não foi criado; b) o dano ambiental não existiu e c) quando não se estabelece uma relação de causalidade entre o dano e o sujeito que criou o risco.
Criminal: Emana do cometimento de crime ou contravenção, ficando o infrator sujeito à pena de perda da liberdade ou pena pecuniária. Há, pois, dois tipos de infração penal: o crime e contravenção.
A responsabilidade penal da pessoa física pela prática de crimes ambientais (assim como para os demais crimes) não levanta controvérsias, no entanto, em se tratando de pessoas jurídicas a aceitação da responsabilidade penal, em qualquer esfera, não é pacífica. A bem da verdade registre-se que o tema vem gerando inúmeras discussões acadêmicas.
Sobre Estatuto da Criança e do Adolescente
Doutrina da proteção Integral x Doutrina da situação irregular (Codigo de Menores):
A doutrina da situação irregular foi adotada antes do estabelecimento do atual Estatuto da Criança e do Adolescente, ela foi sustentada pelo antigo Código de Menores (Lei 6697/79), que admitia situações absurdas de não proteção à criança e ao adolescente. Naquele ínterim, os menores infratores eram afastados da sociedade, sendo segregados, de forma generalizada, em estabelecimentos como a FEBEM, desrespeitada a dignidade da pessoa humana e o termo “menor”, inclusive, passando a ser usado pejorativamente.
A adoção da doutrina da proteção integral é fruto da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Apesar de a denominação da convenção não incluir adolescente, ela tem como padrão internacional que todo menor de 18 anos é considerado criança, portanto, sendo possível a compatibilidade com o ordenamento jurídico brasileiro. Vale ressaltar que a Convenção sobre os Direitos da Criança é o instrumento de direitos humanos mais aceito na história, sendo ratificada por 193 países.
A doutrina da proteção integral, juntamente aos princípios do Melhor interesse do menor e da Absoluta prioridade, faz parte da tríade principiológica que forma o ECA..
Visto isto concluímos que a doutrina da situação irregular do menor encontra-se ultrapassada e, em seu lugar, surgiu a doutrina da proteção integral. Esta última privilegia a criança e o adolescente, de forma a garantir seu correto desenvolvimento psicológico, físico e social. Os menores não devem ser mais fruto de severa e indigna correção penal.
Princípios:
O princípio da dignidade da pessoa humana: é um valor moral e espiritual inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado desse preceito.
Doutrina da proteção integral: A nova lei visa garantir os direitos instituídos na Declaração Universal da Criança e do Adolescente. Em seu artigo 4º, caput ampara de forma evidente os direitos das crianças e dos adolescentes.
Garantia da absoluta prioridade – artigo 227 da CF: Assim encontramos no artigo 227 da CF que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Criança e adolescente como sujeitos de direito: Independentemente dos deveres dos pais e da sociedade, o Estado é diretamente responsável por esses direitos, cabendo-lhe o dever de assisti-los em tudo que diga respeito à saúde, à alimentação, à habitação, à educação, à formação profissional, inclusive concedendo aos pais tudo o que for necessário para que promovam os referidos direitos a essas crianças e adolescentes.
Criança e adolescente encontram-se na condição humana peculiar de desenvolvimento.
Antonio Carlos Gomes da Costa e sua contribuição ao estatuto – Protagonismo Juvenil e Autonomia – Educação pela reflexão do erro:
As medidas socioeducativas do ECA foram elaboradas baseadas na Política de Proteção e na sanção por reciprocidade, pois em parceria ao seu caráter punitivo, possuem um cunho educativo que visam despertar a autonomia dos adolescentes, trazendo a estes uma consciência de reprovação a sua conduta. ( Antonio Carlos Gomes da Costa – Protagonismo).
As medidas protetivas e socioeconômicas e Sanção por reciprocidade/ restaurativa/mediação:
O grande desafio jurídico é tornar a legislação eficaz, que as medidas protetivas e socioeducativas sejam realmente aplicadas com objetivo de educar a criança e adolescente para serem cidadãos com acesso a todos seus direitos para não realizarem ato infracional. Que a família e o Estado não omitam suas obrigações e que satisfaçam as necessidades para que alcancem o pleno desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e sociocultural, não sendo, assim, seduzidos pelo mundo do crime. 
Neste sentido, fica claro que a intenção do legislador não era a de punir a criança ou adolescente quando estes praticassem ato infracional, mas sim de aplicar medidas capazes de resgatá-los, de torná-los cidadãos dignos.
Celso Vasconcelos cita que as medidas socioeducativas são embasadas na ideia de sanção por reciprocidade de Jean Piaget. 
De acordo com Piaget apud Ramos apud Moura ( 2015 ) há duas tendências morais: a heteronomia e a autonomia. Na heteronomia a criança ou adolescente atende as normas porque é imposta pela autoridade. A regra vem de fonte externa é determinada por outra pessoa ou autoridade, não havendo a participação da criança ou adolescente. Na autonomia, ao contrário, a pessoa não se submete a norma simplesmente pela obediência, mas sim porque a compreende e a aceita. Na heterônomia, as pessoas praticam ou deixam de praticar algo, porque vão ser punidas se não fizerem o que lhe é imposto, já na autonomia,as pessoas escolhem, tomam decisões, sobre o que deve ser feito e qual a consequência que vai gerar para as outras pessoas que estão ao meu redor.
As medidas socioeducativas do ECA foram elaboradas baseadas na Política de Proteção e na sanção por reciprocidade, pois em parceria ao seu caráter punitivo, possuem um cunho educativo que visam despertar a autonomia dos adolescentes, trazendo a estes uma consciência de reprovação a sua conduta. ( Antonio Carlos Gomes da Costa – Protagonismo)

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