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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE GUANAMBI – CESG CURSO DE ENGENHARIA CIVIL REVISANDO A TERMODINÂMICA GUANAMBI - BA 2017 Jardel Gybson Soares Costa João Mateus Guimarães de Souza REVISANDO A TERMODINÂMICA Revisão bibliográfica apresentada ao curso de Engenharia Civil da Faculdade Guanambi, como um dos pré-requisitos da avaliação da disciplina de Mecânica dos fluídos e termodinâmica. Professor: Thomas Marques de Castro GUANAMBI – BA 2017 Sumário 1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3 2.PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ................................................................... 4 2.1 TRANSFORMAÇÕES TERMODINÂMICA ........................................................ 4 2.1.1 Transformação isotérmica ........................................................................ 4 2.1.2 Transformação isométrica ........................................................................ 5 2.1.3 Transformação isobárica .......................................................................... 5 2.1.4 Transformação adiabática ........................................................................ 5 3. AS MÁQUINAS TÉRMICAS E A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ............. 5 4.ENTROPIA ............................................................................................................... 7 5. APLICAÇÕES ......................................................................................................... 7 REFERENCIA ............................................................................................................. 9 3 1.INTRODUÇÃO O brilhante físico estadunidense, Richard Feynman (1918-1988) apresentou a termodinâmica como a ciência que estuda a relação entre várias propriedades da matéria, porém, não levando em consideração a sua estrutura ou como ocorrem as interações ou colisões entre as moléculas. Logo, a Termodinâmica estuda as transformações e as relações existentes entre dois tipos de energia: energia mecânica e energia térmica (FILHO, 2006; BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). No passado, com a descoberta do átomo, o calor passou a ser reconhecido como o resultado obtido através do movimento interno dos corpos. Foi criada por volta de 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736) a sua escala, a escala de Fahrenheit. Outra escala bastante utilizada, foi a de Anders Celsius que adaptou essa teoria, estabelecendo os limites de sua escala: os pontos de ebulição (100ºC) e de congelamento da água (0ºC). Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo físico inglês William Thompson (1824-1907), conhecido como Lorde Kelvin. Esta escala tem como referência a temperatura do menor estado de agitação de qualquer molécula e é calculada a partir da escala Celsius. A temperatura é, provavelmente, o primeiro conceito termodinâmico (COSTA, 2014). A termodinâmica estuda as leis, sendo essas as quais os corpos trocam (doando e recebendo) calor e trabalho com meio em que os cercam. A Primeira Lei da Termodinâmica, é traduzida pela conservação da energia. Por condução, o calor se transfere de um corpo para outro em consequência de choques moleculares. Quanto maior a temperatura, maiores as velocidades moleculares e mais frequentes os choques, ocorrendo, então, transferência de energia cinética para as moléculas de menor velocidade e, portanto, menor temperatura (REVISTA DE FÍSICA, 2008; MEDINA; NISENBAUM, 2009). Graças aos princípios da termodinâmica, foi possível construir e estudar sistemas que trocam com o meio externo as formas de energia calor e trabalho, de modo contínuo, Estes são denominados Máquinas Térmicas. O engenheiro inglês, James Watt (1736-1819), foi inventor da máquina térmica. A máquina térmica de James Watt foi o ponto de partida para o início da Revolução industrial, que transformou toda a estrutura social da Europa e do resto do mundo (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). A Segunda Lei da Termodinâmica, comprovada com a busca pelo 4 aperfeiçoamento das máquinas térmicas pelo o cientista francês Sadi Carnot (1796- 1832), propõe que para um sistema realizar conversões de calor em trabalho, ele deve realizar ciclos entre uma fonte quente e fria, isso de forma permanente. A cada ciclo é retirada uma quantidade de calor da fonte quente, que é parcialmente convertida em trabalho e a quantidade de calor restante é rejeitada para a fonte fria. (NUSSENZVEIG, 2014) Existe uma propriedade associada a segunda lei da termodinâmica, esta propriedade é a entropia. De acordo com essa propriedade, a entropia de todos os corpos tende a zero quando a temperatura tende ao zero absoluto. Pode-se entender como entropia o "grau de desordem" de um sistema termodinâmico, mensurando a parcela de energia que não pode ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas (FILHO, 2006). 2.PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA É chamada de 1ª Lei da Termodinâmica, o princípio da conservação de energia, onde é dito que, para todo sistema termodinâmico, existe uma função característica, denominada energia interna. A variação dessa energia interna (ΔU) entre dois estados quaisquer pode ser determinado pela diferença entre a quantidade de calor (Q) e o trabalho (τ) trocados com o meio externo. Matematicamente dada por: Q= τ + ΔU (S.I: Joule (J)) (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001, p. 119). Um sistema deve apenas armazenar ou transferir energia ao meio onde se encontra, como trabalho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho τ e aumentar a energia interna do sistema ΔU. (COSTA, 2014). 2.1 TRANSFORMAÇÕES TERMODINÂMICA Conforme Medina & Nisenbaum (2009) A primeira lei da termodinâmica é responsável por estudar algumas transformações, que são elas: 2.1.1 Transformação isotérmica As transformações isotérmicas, a temperatura do sistema gasoso se mantém constante e, em decorrência disso, a variação de sua energia é nula (ΔU=0). Lembrando que a energia interna de um gás perfeito é função de sua temperatura 5 absoluta (U= (3/2) nRT), onde, U = energia interna, T = temperatura absoluta, n = constante (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). 2.1.2 Transformação isométrica As transformações isométricas que também são denominadas isovolumétricas, ou isocóricas, o volume do gás mantém-se constante, como consequência, o sistema não troca trabalho com o meio externo (τgás = 0). Logo, nesse tipo de transformação o sistema não realiza nem recebe trabalho (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). 2.1.3 Transformação isobárica As transformações isobáricas, a pressão do sistema gasoso mantém-se constante. Dessa forma, a análise do que acontece é feita fazendo uso da Equação de Clapeyron (é valido salientar que o gás utilizado é perfeito como sistema físico intermediário): pV= nRT (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). 2.1.4 Transformação adiabática As transformações adiabáticas, não há troca de calor entre o sistema e o meio externo. Sendo assim, toda a energia recebida ou doada pelo sistema ocorre por meio de trabalho. Onde, ΔU = -τgás (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). 3. AS MÁQUINAS TÉRMICAS E A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA Segundo Costa (2014, p. 30) “Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a quetem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indústria, pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas”. Logo, “São denominadas máquinas térmicas os dispositivos usados para converter energia térmica em energia mecânica” (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001, p. 143). Por meio de analises, Carnot desvendou que as máquinas térmicas apresentavam mais eficiencia quando ocorria transferência de calor da temperatura mais elevada para a temperatura mais baixa. Isso decorre continuamente nessa ordem, por fim a transferência de energia térmica é um processo irreversível. Logo, implica que o trabalho depende da transferência de energia térmica, sendo importante salientar que não é possível transformar todo calor em trabalho. Fundamentando-se nas ideias de Carnot, que Clausius e Kelvin basearam seus estudos sobre a Termodinâmica (CHAVES. 2007). 6 Os respectivos enunciados ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, sendo eles de Clausius e Kelvin-Planck: Enunciado de Clausius: “O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta”. Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo (COSTA, 2014, p. 30). Enunciado de Kelvin-Planck: “É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor recebido em trabalho”. Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo (COSTA, 2014, p. 30). Existem duas fontes térmicas, a fonte quente e a fonte fria. Entre elas colocam- se a máquina térmica. Um fluido operante, serve de veículo para a energia térmica que sai da fonte quente, passa pelo dispositivo intermediário, que utiliza parte dessa energia na realização do trabalho, e leva o restante para fonte fria (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). A quantidade QA de calor que chega a máquina térmica, vindo da fonte quente, geralmente é obtida pela combustão do carvão, óleo, madeira ou mesmo por fissão nuclear, ocorrida nos modernos reatores nucleares. A conservação de energia garante que: τ = |QA| - |QB|, onde, τ = trabalho, QA: calor fornecido por aquecimento, QB: calor não transformado em trabalho (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). Segundo Nussenzveig (2014) A Segunda Lei da Termodinâmica lida com transferência de energia térmica. Isso significa que ela aponta as trocas de calor que têm tendência para igualar temperaturas diferentes, assim promovendo um equilíbrio térmico, o que acontece de forma espontânea. Seus princípios são: O calor é transferido de forma espontânea do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura; todo processo tem perda porque seu rendimento sempre é inferior a 100%. É expressa pela seguinte fórmula: η = QA - QB / QA, onde, η: rendimento, QA: calor fornecido por aquecimento, QB: calor não transformado em trabalho Visto que o rendimento de uma máquina térmica se define pela porção do calor recebido da fonte quente, que é usada para a realização de trabalho, temos: η=1- |QB|/|QA| (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). É importante observar que a máquina térmica ideal seria aquela que tivesse um rendimento de 100% (η = 1). Para que isso se concretizasse, a quantidade de calor rejeitada para a fonte fria deveria ser nula (QB = 0). Na prática, isso é impossível, pois a energia térmica QA somente sai da fonte quente devido a existência da fonte fria. (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001, p. 145). 7 4.ENTROPIA Segundo Filho (2009) existe uma propriedade associada à Segunda Lei, esta propriedade é a entropia. Os processos que acontecem em um único sentido devem ser chamados de irreversíveis. O entendimento de por que processos unidirecionais não podem ser invertidos envolve uma grandeza conhecida como entropia. A entropia é uma grandeza ligada ao macroestado de um sistema, e que o torna dependente do número de microestados inseridos no referido macroestado. Quanto maior o número de microestados, maior a entropia (CHAVES. 2007). A entropia vai quantificar a qualidade da energia disponível. Onde, é dito que energia sob uma forma ordenada e energia térmica não são iguais. Assim. Pode-se facilmente converter energia ordenada em energia térmica, mas o contrário é bem mais difícil. Citando uma exemplificação, se atearmos fogo em um tronco de madeira, convertemos a energia química de ligação das moléculas em energia térmica das moléculas, mas é claro que recriar o tronco a partir da energia térmica das moléculas é impossível, mesmo que esteja mediante a lei de conservação da energia (FÍSICA, 2012). Pode-se garantir que a entropia de um sistema isolado jamais decresce. Usualmente, a entropia é representada pela letra S. A definição matemática de entropia é a seguinte ( ∆s = ∆Q/T ) ou seja, a variação da entropia num certo processo é dada pela quantidade de calor fornecida de modo irreversível divido pela temperatura (em graus K) (FÍSICA, 2012). Quando se trata do calor transferido, como ele é o mesmo e as temperaturas são diferentes, a entropia sempre terá crescimento, pois o calor sempre flui de um lugar (ou um corpo) com temperatura superior para outro de temperatura inferior. Sendo o calor o mesmo, a entropia sempre cresce (FÍSICA, 2012). 5. APLICAÇÕES Nos dias de hoje, muitas máquinas que fazem parte do nosso dia-a-dia operam segundo princípios termodinâmicos (automóvel, geladeira, caldeira, freezer, ar- condicionado, entre outros). As aplicações da termodinâmica são diversas e, quando se trata da Segunda Lei e das máquinas térmicas, pode-se citar o exemplo do funcionamento da geladeira (POGLIA; STEFFANI, 2013). 8 A geladeira se tornou um eletrodoméstico indispensável nos lares. Os primeiros refrigeradores, semelhantes aos que temos hoje, surgiram na década de 1850, mas foi só no início do século 20 que eles começaram a ser adquiridos pelas famílias, para uso doméstico. Onde, Jacob Perkins foi responsável pelo patenteamento de um compressor que tinha a capacidade de fazer a água passar ao estado sólido, contribuindo para o surgimento da geladeira (POGLIA; STEFFANI, 2013; BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). O funcionamento da geladeira se dá através da transferência de calor de uma fonte fria para uma fonte quente. Logo, a geladeira operará em ciclos, utilizando-se um gás refrigerante num circuito fechado. Este fluido circula permanentemente, sem perdas, a não ser que ocorra um vazamento no aparelho. Para que esse processo aconteça é necessário a presença de uma energia (essa que vem na forma de trabalho que age através do compressor), uma vez que esse não ocorre de maneira natural (POGLIA; STEFFANI, 2013). Estando ciente de que a geladeira é portadora de uma fonte fria e outra quente, congelador e radiador, respectivamente e tem como fluído operante o freon, esse que vaporiza a baixa pressão no congelador e condensa a alta pressão no congelador, ou seja, o freon faz a retirada de calor do interior da geladeira quando se vaporiza no congelador e libera o calor para o ambiente através do radiador (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2001). Sendo assim, temos os respectivos, compressor, válvula, radiador e congelador, como elementos principais em um mecanismo de funcionamento de uma geladeira (POGLIA; STEFFANI, 2013). Figura 1 – Sistema de refrigeração de uma geladeira POGLIA; STEFFANI, 2013, p. 9). 9 REFERENCIA FILHO,W. B. Fenômenos de transporte para engenharia. O de Janeiro: LTC, 2006, 481p. BÔAS, N. V.; DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. J. Tópicos de física 2: termologia, ondulatória e óptica. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 512p. COSTA, A. Y. Física. Juiz de Fora: Ufjf. 2014. 76p. MEDINA, M N.; NISENBAUM, M. A. A primeira lei da termodinâmica. Rio de Janeiro: PUC, 2009.41p. CHAVES, A. Física básica: gravitação, fluidos, ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2007. 530p. NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica, 2: fluidos, oscilações e ondas, calor. 5. Ed. São Paulo: Blucher, 2014. 531p. APEOESP. Revista de física. Disponível em: www.apeoesp.org.br/d/sistema/publicacoes/150/arquivo/revista-de-fisica-1.pdf. Acesso em: 19 mai. 2017. POGLIA, R.; STEFFANI, M. H. Ensinando física térmica com um congelador. Porto Alegre: UFRGS, 2013. 55p. CEJARJ. Física: Entropia e a segunda lei da termodinâmica. Disponível em: http://cejarj.cecierj.edu.br/pdf_mod2/CN/Uni05_Mod2_Fis.pdf. Acesso em: 20 mai. 2017.
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