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Procedimentos especiais nos crimes de responsabilidade pública

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PROCEDIMENTO ESPECIAL NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.
A competência para processar e julgar os crimes cometidos por funcionários públicos será dos juízes de direito, devendo-se observar apenas a qual unidade federativa o funcionário público é filiado.
Por exemplo, caso o funcionário público seja empregado da União, Territórios ou Distrito Federal, a competência para julgar e processar a denúncia será de juiz de 1º grau da Justiça Federal, no entanto, caso o funcionário público tenha sua relação trabalhista ligada a Estado membro ou Município, a competência para julgar o caso será de juiz de 1º grau do Tribunal de Justiça daquele Estado.
Em concordância com o acima exposto, segue redação do Art. 513 do Código de Processo Penal:
"Art. 513.  Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas"
O procedimento penal comum de primeira instância, seja no rito ordinário ou sumário, não admite oitiva do acusado antes de ser admitida a denúncia. Exceção a essa regra é o procedimento em estudo, qual seja, o procedimento especial previsto para funcionários públicos que cometem crimes afiançáveis em decorrência de sua função.
 O caput do Art. 514 do Código de Processo Penal, que se insere no Capítulo que trata do procedimento e julgamento dos crimes cometidos por funcionários públicos, prevê:
"Art. 514.  Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias."
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a falta de notificação do acusado para apresentar a resposta prevista no artigo acima acarretará na nulidade do processo, conforme RT 572/412, in verbis:
"Artigo 514 do CPP. Falta de notificação do acusado para responder, por escrito, em caso de crime afiançável, apresentada a denúncia. Relevância da falta, importando nulidade do processo, porque atinge o princípio fundamental da ampla defesa. Evidência do prejuízo."
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem compartilhando do mesmo entendimento, conforme RSTJ 34/64-5:
"Recurso de habeas corpus Crime de responsabilidade de funcionário público. Sua notificação para apresentar defesa preliminar (art. 514, CPP). Omissão. Causa de nulidade absoluta e insanável do processo. Ofensa à Constituição Federal (art. 5º., LV). Nos presentes autos, conheceu-se do recurso e deu-se-lhe provimento, para se anular o processo criminal a que respondeu o paciente, pelo crime do artigo 317 do CP, a partir do recebimento da denúncia (inclusive), a fim de que se cumpra o estabelecido no artigo 514 do CPP."
O procedimento correto a ser adotado, conforme previsto no Art. 514 do Código de Processo Penal, é, que o juiz faça uma verificação anterior à notificação do funcionário infrator. Não estando presentes na denúncia ou queixa as formalidades necessárias, caberá ao juiz não recebê-la, gerando coisa julgada formal, de maneira que vencido o vício a demanda poderá ser novamente proposta. Ainda quanto ao não recebimento da denúncia, cumpre ressaltar que apesar da lei prever o não recebimento da mesma devido a sua forma, não há empecilho para que o juiz rejeite a acusação caso seja evidenciada a extinção da punibilidade.
Recebida a denúncia, caso o crime seja afiançável, o juiz notificará o funcionário público acusado para que o mesmo apresente resposta por escrito dentro de quinze dias. Conforme Art.515 do CPP, durante os quinze dias concedidos de prazo para que o funcionário público ofereça resposta, os autos ficarão armazenados em cartório, onde poderão ser examinados pelo infrator ou por seu defensor.
Recebida a resposta, o juiz decidirá se receberá ou não a denúncia e irá proceder com base na redação do Art. 516 do Código de Processo Penal, qual seja:
"Art. 516.  O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação."
Infere-se da norma acima que a denúncia ou queixa será rejeitada quando o juiz se convencer pela resposta do acusado ou de seu defensor, no entanto, caso a denúncia ou queixa seja recebida, o funcionário público infrator será citado para o procedimento de instrução criminal normal, que deverá ser iniciado conforme Art. 517 do Código de Processo Penal. No art. 318 do CPP, indica que a lei que, ultrapassada a fase inaugural de notificação e defesa preliminar, será adotado o procedimento comum, utilizando-se então os arts. 394 e seguintes do Código de Processo Penal.
PROCEDIMENTO ESPECIAL NOS CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA:
O procedimento especial dos crimes contra a honra é tratado nos artigos 519 á 523.
       A ação penal de iniciativa privada será exercida pelo ofendido ou seu representante legal  através de queixa-crime.
          Os crimes contra a honra, no nosso ordenamento jurídico são a calúnia, a difamação e a injúria, não obstante o art. 519, do CPP refira-se apenas à calúnia e à injúria, fazendo exclusão tácita da difamação. Apesar disso, esse procedimento a ela se estende. Antes do Código Penal de 1940 não havia, entre nós, a difamação com esse  nomem júris, vale dizer, como figura delitual autônoma. O Código Penal de 1890, no art. 317, b, dela cuidava como modalidade de injúria. Por isso, quando da elaboração do estatuto processual penal, que entrou em vigor em janeiro de 1942, por uma lamentável falha, os seus autores esqueceram-se de incluir no corpo do art. 519 a figura da difamação. Mas nem por isso se tem por excluída desse dispositivo. E tanto é exato que o CPP, no art. 523, salienta que, “quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante poderá contesta a exceção no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal”.
          Assim, o procedimento de todos os crimes contra a honra obedece às regras contidas no art. 519, salvo, como ele próprio o diz, quando tratados em lei especial.
          Os crimes contra a honra de que trata o art. 519 são aqueles cujo processo e julgamento compete ao Juiz singular. Evidente que mesmo na hipótese de os crimes contra a honra serem de alçada dos Tribunais, e malgrado o procedimento seja o traçado em leis especiais, as particularidades que oferece o estatuto processual penal devem ser observadas, tais como conciliação, exceção da verdade e exceção da notoriedade do fato, em se tratando de difamação. 
           O rito processual da ação penal nos crimes contra a honra, inicia-se com o oferecimento da queixa, conforme estabelece o art. 394, do CPP. O juiz antes de receber a queixa, determinará o cumprimento do disposto no art. 520: deverão ser notificado querelante e querelado a comparecer, desacompanhados de seus advogados, à audiência de reconciliação. No despacho, o Juiz mandará seja ouvido o Promotor de Justiça para que, se for o caso, aplique o art. 46, § 2º do CPP. Na audiência de reconciliação (art. 520, CPP), as partes serão ouvidas separadamente pelo Juiz. Primeiro o querelante; depois o querelado. Havendo reconciliação, o querelante assinará um termo de desistência. Após sua juntada no processo, o Juiz determinará o arquivamento do feito. Caso não haja conciliação, segue-se, então o procedimento comum sumário ou sumaríssimo, conforme a pena máxima cominada.
          O artigo 519 ao 523, do CPP, tratam dos crimes contra a honra cuja ação penal é de competência do juiz singular. Quanto às pessoas que gozam de foro de prerrogativa de função,  aplica-se a Lei nº 8.038 de 28.05.90.
         O número de testemunhas será de até cinco no processo sumário e de trêsno sumaríssimo.
         É privada a ação penal quando a ofensa, em razão do cargo, vem a ser manifestada quando o funcionário público já deixou o exercício da função (referência: art. 145, parágrafo único do CP).
       Crime contra funcionário público, a ação penal é pública condicionada à representação (CP, art. 145, parágrafo único). É incabível ação penal privada. Sumula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra  a honra de servidor público  em razão do exercício de suas funções”.
       O art. 144 do Código Penal estabelece que, “se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injuria, quem se julga ofendido pode pedir explicação em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”. A mesma regra se encontrava no art. 25 da revogada Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67).
         Trata-se de excelente providência para evitar que uma ação penal seja promovida precipitadamente, quando o próprio autor da pretensa ofensa pode dar explicações necessárias, desfazendo equívocos.
         No processo penal comum, como o direito de queixa ou representação deve ser exercido no prazo de 6 meses, a partir do momento em que a pessoa investida desse direito vem a saber quem foi o autor do crime, e como se trata de prazo decadencial, contínuo e peremptório, não admitindo suspensão ou interrupção, o pedido de explicação em juízo deve ser formulado com a antecedência necessária para que não haja a decadência do direito de representação ou queixa.
          O pedido de explicação compete, com exclusividade, ao ofendido, mesmo que se trate de funcionário público. Nem teria sentido o Ministério Público formulá-lo.
         O Código de Processo Penal não estabeleceu forma e procedimento para o pedido de explicações em juízo. Deve ser feito, pois, nos termos dos arts. 867 a 873 do CPC. No caso do juiz indeferir o pedido, o interessado pode interpor recurso de apelo, com fulcro no art. 593,II, do CPP.
         Quando o querelado se retrata, conforme disposto no art. 143, do CP, extingue-se a punibilidade, tratando de crime de calúnia e difamação, no entanto, é inadmissível na injúria.
         Nos crimes contra a honra, de ação penal exclusivamente privada, oferecida a queixa e após a observância do disposto no § 2º, do art. 46, do CPP, o juiz, antes de proferir o despacho de eventual rejeição, deverá determinar a notificação das partes a fim de comparecerem em juízo para a audiência de reconciliação, formalidade essencial do procedimento cuja ausência implica em nulidade.
         A essa audiência, verdadeira condição imprópria de procedibilidade, pois que exigida depois de iniciada a ação e não antes, como sucede normalmente, não devem estar presentes os Advogados das partes, mesmo porque a atividade do Juiz, aqui, não é a de expor conceitos de crimes contra a honra, mas, tão somente, tentar impedir com sua prudência e moderação, que o fato seja levado ao conhecimento da opinião pública. Essa a razão da audiência ser reservada.
         Lograda a conciliação, será lavrado um termo, subscrito pelo escrivão e assinado pelas partes e pelo Juiz, em que ressalta a reconciliação, com o querelante abdicando do direito de prosseguir na ação e o querelado concordando. No fundo, é como se houvesse perdão e aceitação. Feita a reconciliação, verdadeira causa extintiva da punibilidade não prevista no art. 107 do CP, a queixa crime será arquivada.
         Não havendo a conciliação, serão observadas as regras dos arts. 395 a 405 do CPP, com vamos ver adiante.
         A exceção da verdade é o meio de defesa pelo qual o agente procura demonstrar a veracidade do que afirmou (art. 520 do CPP). É nos crimes de  calúnia que esse meio de defesa apresenta extraordinária importância.
        A exceção da verdade, é a prova da veracidade do fato imputado. Para existir calúnia é necessário que seja falsa a imputação. Logo, quando verdadeira, inexiste o delito. Assim, provando o sujeito que está sendo processado por calúnia que a imputação era verdadeira, e, que o ofendido realmente praticou o fato definido como crime, deve ser absolvido por ausência de tipicidade. Nos termos da figura típica, calúnia é a imputação falsa de fato descrito como crime. Se a imputação não é falsa, mas verdadeira, inexiste tal delito por ausência de adequação típica. Mas nem sempre o réu pode provar a verdade. Há casos que, pela sua natureza, não permitem a exceção da verdade.
         Por fim, não se admite a exceção da verdade se do crime imputado, embora de ação penal pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Se do crime imputado de ação penal pública ou privada, o ofendido pelo crime de calúnia foi absolvido por sentença transitada em julgado, a coisa julgada impede prova da verdade (art. 138, do CP).
          Outra forma de defesa, no procedimento do crime de difamação, consiste na argüição da notoriedade do fato imputado. Não cabe a mencionada forma de defesa na injúria porque aí não há imputação de fato, e sim atribuição de qualidade. Tratando-se de difamação, que consiste na imputação de fato que ofende a honra objetiva, admite-se. A notoriedade é a qualidade daquilo que ocorreu à vista de todos ou é sabido de todos.
          E se o querelado ou réu não argüir a exceção da verdade ou da notoriedade, quando da defesa prévia, não mais poderá fazê-lo. Tampouco deverá o Juiz permitir que a defesa faça reperguntas sobre a veracidade ou falsidade do fato que o agente imputou ao ofendido. Se isso fosse possível, ficaria o acusador indefeso e não teria condições de fazer contraprova, mesmo porque, quando ofertou a denúncia ou queixa, arrolou testemunhas que sabiam, apenas, do fato objeto da peça acusatória, ignorando se houve, ou não, o crime imputado ao ofendido. Houvesse sido argüido a exceptio, o acusador teria oportunidade de alterar o rol das suas testemunhas, para a contraprova.

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