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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
Crimes de competência do tribunal do juri art. 406 a 
497 do CPP; 
Crimes Funcionais – art. 513 a 518 do CPP; 
Crimes contra a honra - art .519 a 523; 
Crimes contra a propriedade imaterial – art.524 a 530 
– CPP 
 
 
 
Procedimentos nos Crimes Funcionais – art. 513 a 518 do CPP; 
 
O CPP traz o termo “crimes de responsabilidade cometidos por 
funcionários públicos”; 
 
Na verdade os crimes de responsabilidade do qual trata o CPP, 
se referem unicamente aos crimes cometidos por funcionários 
públicos contra a administração pública. 
 
Por isso, referimo-nos a eles chamado-os de “crimes 
funcionais”; 
 
Os crimes funcionais estão submetidos às regras do 
procedimento ordinário. 
 
E porque a apuração deste crime está entre aqueles dos ritos 
especiais? 
 
 
Há, no momento da apreciação judicial, uma 
condição primária de procedibilidade da ação; 
 
ou seja, há uma condição anterior ao processo 
judicial em si, em que é permitido a apresentação de 
justificação e defesa pelo acusado (funcionário público), 
mediante procedimento administrativo. 
 
Seria uma defesa preliminar; 
 
Observe o teor do art. 514 e 515 do CPP; 
 
Se o juiz se convencer das alegações defensivas 
iniciais do acusado, rejeitará, fundamentadamente, a 
ação penal. E se a receber, fará desencadear o processo. 
 
 
Algumas observações : 
Ao particular que, como co-autor ou partícipe, pratica crimes 
funcionais, não se aplica este rito especial, mas sim o rito comum no 
procedimento especifico em razão da pena de reclusão ou de detenção 
(arts. 498 ou 539). 
 
O procedimento especial dos arts. 513 a 518 do CPP é previsto para os 
crimes "afiançáveis" que o funcionário pratica contra a sua Administração 
Pública; 
 
Embora pareça que todos os crimes funcionais do CP sejam à primeira 
vista afiançáveis, há circunstâncias que podem torná-los inafiançáveis. 
 
Basta olhar para o que reza o CPP sobre a liberdade provisória com fiança 
(art. 321 a 328 – CPP); 
 
Veja: Se o servidor já tiver sido condenado por crime doloso – ainda que 
se trate de crime de menor gravidade, como um furto ou uma lesão 
corporal; se tiver quebrado fiança anterior; se não tiver comparecido 
injustificadamente a ato do processo para o qual fora devidamente 
intimado; se o crime provocar clamor público, o crime funcional se 
tornará inafiançável. 
 
Rito ou procedimento 
 
1- Oferecida a denúncia ou queixa o juiz notificará o 
funcionário público para que ofereça uma resposta 
por escrito dentro do prazo de 15 dias. É a 
chamada defesa preliminar. 
 
2 - Após o oferecimento da defesa preliminar, os 
autos irão para o juiz decidir se recebe ou rejeita a 
denúncia ou queixa. 
 
3 - Recebendo-a, os atos procedimentais posteriores 
seguirão no rito comum; 
 
Obs: Ao prolatar a sentença, se houver condenação 
por crime funcional, o juiz deverá atentar para o 
disposto no artigo 92, I,a CP - efeitos da condenação 
- a perda de cargo. 
 
Mais Algumas Observações : 
 
STJ Súmula nº 330 - 13/09/2006 - DJ 20.09.2006 - É desnecessária a resposta 
preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal 
instruída por inquérito policial; 
 
Informativo 457 -STF: é indispensável a defesa preliminar nas hipóteses do art. 
514 do Código de Processo Penal, mesmo quando a denúncia é lastreada em 
inquérito policial 
 
Posicionamento Isolado no STF - Habeas Corpus (HC 113620- Min. Luiz Fux) - 
o pleito foi arquivado pelo ministro. O ministro Luiz Fux lembrou que a Súmula 330, 
do STJ, dispõe que “é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 
do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial”, 
evidenciando que a exigência de notificação prévia do servidor público foi sanada 
em razão de a ação penal ter sido instruída com o inquérito policial. 
Procedimento nos Crimes contra a honra - Art.519 a 523 - CPP; 
 
os crimes contra a honra são: CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA; 
Um breve esclarecimento: 
 
*A calúnia consiste em atribuir, falsamente, à alguém a responsabilidade 
pela prática de fato definido como crime. 
 Se “A” disser que “B” roubou a moto de “C”, sendo que tal 
imputação não é verdadeira, constitui crime de calúnia cometido por “A”. 
 
*A difamação consiste em atribuir à alguém fato determinado ofensivo à 
sua reputação. 
 Se “A” diz que “B” foi trabalhar embriagado, constitui crime de 
difamação cometido por “A”. 
 
 *A injúria consiste em atribuir à alguém qualidade negativa, que 
ofenda sua dignidade ou decoro. 
 Se “A” chama “B” de idiota, de safado, etc., constitui crime de injúria 
cometido por “A”. 
 
Nos termos do art. 145 CP no crimes contra a honra, a ação penal é 
privada. MAS TEMOS TRÊS EXCEÇÕES: 
 
1)Se a ofensa for contra funcionário público em razão de suas funções a 
ação penal é pública condicionada a representação; 
 
Obs: Sumula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante 
queixa, e do Ministério Público condicionada à representação do ofendido, para 
a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício 
de suas funções”. 
 
2)Se a ofensa for contra presidente da república ou chefe de governo 
estrangeiro a ação é pública condicionada à representação do Ministro da 
Justiça; 
 
3)No crime de injúria real, se a vítima sofrer lesões a ação será pública 
incondicionada - (com a lei 9.099/95 passou-se a entender que no crime de 
injúria real a ação penal só será pública incondicionada se a lesão sofrida 
pela vítima for grave; se for lesão leve, será condicionada à representação.) 
 
Audiência de conciliação – art. 520 – CPP 
O juiz marcará uma audiência e ouvirá as partes separadamente, sem a presença dos 
advogados e sem lavrar termo. 
 
Obs: a não designação dessa audiência acarreta nulidade da ação. 
 
Obs: Não comparecimento das partes na aud. de conciliação: tem prevalecido, na doutrina, a 
ideia de que a audiência é essencial, implicando em perempção (querelante) ou condução 
coercitiva (querelado); Existe posição que entende que o não comparecimento apenas traduz 
a vontade de não conciliar 
 
Obs: Essa audiência não será realizada quando o crime contra a honra é de ação pública. Isso 
pelo fato de o MP não poder conciliar-se com o querelado em nome do ofendido. 
 
 
Caso entrem em acordo, o querelante assinará um termo de desistência da ação e a 
queixa será arquivada, decretando o juiz a extinção da punibilidade do querelado. 
 
OBS:essa reconciliação é tida como verdadeira causa extintiva da punibilidade não prevista 
no art. 107 do CP. 
 
Caso não haja acordo ou se for no crime contra a honra de ação pública, o juiz decidirá se 
recebe a queixa. 
 
Se for recebida, segue-se o procedimento comum, sumário ou sumaríssimo, conforme a 
pena máxima cominada. 
 
 
EXCEÇÃO DA VERDADE - art. 523 do CPP. 
 
É o meio de defesa pelo qual o agente procura demonstrar a veracidade 
do que afirmou; 
 
Nada mais é que o querelado provar que o que afirmou contra o 
querelante é verdadeiro; 
 
Entenda: por exemplo, para existir calúnia é necessário que alguém tenha 
afirmado que outrem cometeu um crime. Logo, se o que afirmou for 
verdadeiro, inexistirá a calúnia. 
 
Assim, o querelado provando que a imputação era verdadeira e que o 
querelando realmente praticou o fato definido como crime, deve aquele ser 
absolvido por ausência de tipicidade. 
 
Obs: não se admite a exceção da verdade se do crime imputado, embora de 
ação penal pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
NOTORIEDADE DO FATO 
 
É outra forma de defesa; 
 
A notoriedade nada mais é do que a qualidade 
daquilo queocorreu à vista de todos ou é sabido de 
todos; 
 
Cabe no procedimento do crime de difamação, 
consiste demonstrar a notoriedade do fato imputado; 
 
Não cabe na injúria porque aí não há imputação de 
fato, e sim atribuição de qualidade (ex: fulano é um 
tarado) 
PEDIDO DE EXPLICAÇÃO 
 
 Vejamos o teor do art. 144 do Código Penal: 
 
Trata-se de excelente providência para evitar que uma ação 
penal seja promovida açodadamente, quando o próprio acusado 
da pretensa ofensa pode dar explicações necessárias, desfazendo 
equívocos. 
 
 é adotado quando o ofendido não tiver certeza sobre a ofensa; 
 
O pedido de explicação compete, com exclusividade, ao 
ofendido, mesmo que se trate de funcionário público; 
 
O Código de Processo Penal não estabeleceu forma e 
procedimento para o pedido de explicações em juízo. Deve ser 
feito, pois, nos termos dos arts. 867 a 873 do CPC. 
PROCEDIMENTO: 
 
1º - Oferecimento da denúncia ou queixa; 
 
2º - Em seguida, se o crime for de exclusiva ação penal 
privada, haverá a audiência de conciliação de que trata o art. 
520. Se houver conciliação o processo será arquivado. 
 
3º - Se não houve conciliação e o Juiz não rejeitar a peça 
acusatória, determinará seja o réu notificado para responder 
à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias. 
 
4º - O réu será notificado e disporá de 10 dias para dar sua 
resposta, podendo argüir preliminares, argüir exceções, 
notadamente a exceção da verdade ou da notoriedade do 
fato. 
 
Algumas considerações: 
Quando o querelado se retrata, conforme disposto no art. 143, do 
CP, extingue-se a punibilidade. 
 
A retratação só é cabível para calúnia e difamação, não sendo 
admissível na injúria. 
 
Obs: termo circunstanciado – Esse termo nada mais é que um 
Boletim de Ocorrências, onde consta a qualificação dos envolvidos, o 
resumo de suas versões e, se possível, versões de eventuais 
testemunhas. Não haverá, pois, necessidade de inquérito. Após a 
lavratura do termo circunstanciado a autoridade encaminhará ao 
JECRim. 
Procedimentos nos Crimes contra a propriedade imaterial – 
art.524 a 530 – CPP. 
 
Propriedade intelectual é a propriedade sobre tudo aquilo 
que, corporificando-se no mundo exterior, teve sua origem no 
pensamento humano. 
 
Obra intelectual são as criações vindas do pensamento e 
que são exteriorizadas. 
 
Regra Geral: a ação penal é, em regra, privada. As exceções 
encontram-se nos art. 186 do CP. 
 
Portanto, também poderá ser publica condicionada à 
representação ou pública incondicionada, dependendo das 
circunstâncias criminais 
 
QUANDO A AÇÃO FOR PRIVADA: nos termos do art. 524 do CPP, segue-se o procedimento comum 
ordinário, com as alterações constantes dos arts. 525 a 530-A do CPP. 
 
1- SE O CRIME DEIXA VESTÍGIOS (art. 525, CPP): nesse caso, como providência preliminar ao 
oferecimento da ação penal, exige-se que seja feito prévio exame pericial nos objetos que constituam o 
corpo de delito. O exame de corpo de delito é condição de procedibilidade para o exercício da ação 
penal. 
 
1.1.- o querelante deverá requerer ao juiz que se proceda à busca e apreensão do material (a fim de 
se comprovar ou não a falsificação)  haverá, então, a nomeação de 1 perito oficial ou, na sua falta, 2 
não-oficiais, que irão até o local onde os bens se encontram para verificar se há ou não fundamento 
para a apreensão, verificação se o material é ou não falso. Havendo indícios de falsificação o material 
será apreendido. 
 
1.2.- Havendo ou não a apreensão, o laudo pericial deverá ser apresentado em até 03 dias após o 
encerramento da diligência  após isso, o laudo será enviado ao juiz para homologação (art. 528). 
 
1.3- Após toda essa providência de apreensão do material e realização da perícia, exige-se, que a queixa 
seja oferecida no prazo de 30 dias a contar da homologação do laudo. Ultrapassado esse prazo, a 
perícia se torna imprestável, exigindo-se a realização de nova perícia antes do oferecimento da ação 
penal, desde que tudo isso seja feito dentro do prazo decadencial de seis meses. 
 
2 - SE O CRIME NÃO DEIXA VESTÍGIOS: segue-se o rito comum ordinário sem qualquer modificação. 
Nesse caso, o querelante terá 6 (meses) contados do conhecimento da autoria da falsificação para 
oferecimento da queixa, seguindo, após o seu recebimento, a citação do querelado. 
 
 
 
Quando a ação penal for pública: nesse caso, segue-se o disposto nos arts. 
530-B a 530-I do CPP. 
 
A autoridade policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente 
produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com todos os 
equipamentos e materiais que destinem-se à prática do ilícito. 
 
Após a apreensão, será realizada a perícia, por perito oficial ou na sua 
falta, por pessoa tecnicamente habilitada e elaborado laudo. 
 
Segue-se o inquérito e rito processual de praxe. 
 
Obs: Destruição da produção ou reprodução apreendida – poderá ocorrer 
em duas ocasiões: 
1.º - por requerimento da vítima; 
2.º - por determinação do juiz por ocasião da sentença. 
 
Obs: O juiz poderá, ainda, determinar o perdimento dos equipamentos 
apreendidos, em favor da Fazenda Nacional, desde que precipuamente 
destinados à reprodução dos bens.

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