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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 O QUE É A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Representa uma abordagem para a compreensão da criança e do adolescente, através da descrição e exploração das mudanças psicológicas que as crianças sofrem no decorrer do tempo. A Psicologia do Desenvolvimento pretende explicar de que maneiras importantes as crianças mudam no decorrer do tempo e como essas mudanças podem ser descritas e compreendidas. Note-se que esta preocupação com o estudo da criança é bastante recente em termos de História da Humanidade. Até época relativamente próxima ao século XX, as crianças eram tratadas como pequenos adultos. Recebiam cuidados especiais apenas em idade precoce. A partir dos 3 a 4 anos participavam das mesmas atividades que os adultos, inclusive orgias, enforcamentos públicos, trabalhavam nos campos e vendiam seus produtos nos mercados, além de serem alvos de todo tipo de atrocidades pelos adultos. A partir do século XVII, a Igreja afasta a criança de assuntos ligados ao sexo, apontando as inadequações que estas vivências traziam à formação do caráter e da moral dos indivíduos. Passaram a constituir escolas onde, além da preocupação básica com o ensino da religião e da moral, ensinavam-se habilidades como leitura, escrita, aritmética, etc. Esta atuação foi evidentemente limitada, embora tenha sido importante no sentido de apontar as grandes diferenças entre as personalidades das crianças e dos adultos. Esta limitação se refere tanto aos objetivos específicos propostos para a educação, como aos métodos utilizados e ainda ao pequeno número de crianças atendidas. Mas despertou a consciência da humanidade para uma reflexão acerca do assunto, e grandes filósofos dos séculos XVII e XVIII passaram a discutir aspectos da natureza humana, baseados nas suas próprias concepções a respeito da criança. Já no século XIX e mesmo no início do século XX observamos urna preocupação mais ampla e mais sistemática com o estudo da criança e com a necessidade de educação formal. Apesar disso, a disciplina era exercida, tanto nas famílias como nas escolas, de forma violenta e agressiva. Várias formas de castigo - como palmatória, ajoelhar no milho, espancamentos violentos e quartos escuros - foram abolidas das escolas ainda recentemente, embora, infelizmente, algumas dessas práticas continuem sendo utilizadas em nosso meio, especialmente nas populações de baixo nível sócio-econômico-educacional. Estas atitudes começaram a modificar-se a partir do estudo científico da criança, que se iniciou efetivamente neste século. Podemos ver, portanto, que dentro de uma perspectiva histórica de milhares de anos, em que predominou o total desconhecimento da criança, a nossa área de estudos encontrou no seu início uma série de dificuldades para se impor como área realmente séria, científica e útil, do ponto de vista social. Iniciamos nossa história como ciência do comportamento infantil com uma tendência para descrever os comportamentos típicos de cada faixa etária e organizar extensas escalas de desenvolvimento. Como exemplo podemos citar o trabalho de Gesell, nos Estados Unidos, ou de Binet, na França (este último mais preocupado com medidas da inteligência). A partir da elaboração destas escalas de uma certa forma, o desenvolvimento de cada criança poderia ser medido e comparado com o que se esperava para a sua faixa de idade ou com o comportamento considerado "normal". Por outro lado, através de um procedimento muito diferente, qual seja a psicanálise de pacientes adultos com vários tipos de perturbações, Freud chocava a humanidade no início do século XX com suas descobertas a respeito do desenvolvimento da personalidade da criança e com a constatação de que certos acontecimentos vivenciados na infância eram os determinantes principais de distúrbios de personalidade na idade adulta. Freud causou um impacto decisivo ao mostrar a importância dos primeiros anos de vida na estruturação da personalidade, determinando o curso do seu desenvolvimento futuro no sentido da saúde mental e da adaptação social adequada OU da patologia. A idéia e a metodologia de trabalho de Freud, que serão expostas no próximo capítulo deste livro, tiveram também o mérito de mostrar a presença de processos inconscientes em todas as fases da vida (derrubando o mito do homem racional) e da sexualidade infantil. Apesar de ter estudado pouco a criança em si, pois ele propôs a sua teoria de desenvolvimento, com base principalmente na análise de pacientes adultos, Freud prestou contribuição inestimável à nossa ciência. Muitas de suas ideias continuam sendo plenamente aceitas, em nossos dias, ao passo que outras foram revistas pelos seus seguidores ortodoxos ou dissidentes. De qualquer forma, apesar das críticas que hoje em dia possam ser feitas à obra de Freud, seu nome continua presente entre os autores que mais auxiliam a compreensão do desenvolvimento psicológico da criança. A psicologia infantil, podemos atualmente conceituá-la de maneira bem ampla, bem como a ciência, ou aspecto da ciência, que pretende descrever e explicar os eventos ocorridos no decorrer do tempo que levam a determinados comportamentos emergentes durante a infância, adolescência ou idade adulta. Pretende, pois, explicar como é que, a partir de um equipamento inicial (inato), o sujeito vai sofrendo uma série de transformações decorrentes de sua própria maturação (fisiológica, neurológica e psicológica) que, em contato com as exigências e respostas do meio (físico e social), levam à emergência desses comportamentos. Portanto, a nossa ciência pretende: a) Observar e descrever os fenômenos (exemplo: choro, agressão, linguagem, solução de problemas, etc.). b) Explicar os fenômenos. Explicar quais os processos subjacentes, quais os mecanismos psicológicos, internos, que atuam para possibilitar o aparecimento destes fenômenos comportamentais. Por conseguinte, a Psicologia Infantil pretende descrever e explicar o processo de desenvolvimento da personalidade em termos de como e por que aparecem certos comportamentos. Tenciona, portanto, conhecer os processos internos que direcionam o comportamento infantil. Para tanto, valemo-nos de pesquisas cuja principal finalidade é a obtenção da descrição precisa dos comportamentos das crianças quer em situações naturais (lar, escola, parque) quer em situações de laboratório; e de teorias que propõem conceitos explicativos desses comportamentos. Exemplificando: ao estudar a interação mãe-criança, aspecto fundamental para a compreensão da criança e da família, iniciamos pela observação de nossos sujeitos. Selecionamos amostras de pares mãe-criança representativas de vários segmentos da população, das várias faixas etárias, etc. Recorremos então a um método de observação e registro de comportamento: observação no meio natural e registro gráfico ou em filmes, aplicação de questionários e entrevistas, testes de desenvolvimento, etc. A partir deste procedimento, denominado coleta de dados, temos uma visão dos comportamentos emitidos pelos nossos sujeitos. Sabemos então como se comportam mãe e filho, uma em relação ao outro, dentro de determinadas situações delimitadas pelo nosso procedimento experimental. Trata-se de um passo fundamental, sem dúvida, porém insuficiente. Não basta saber que a mãe, ou as mães, tomam certas atitudes em relação a seus filhos. E necessário explicar quais os fatores que determinam essas atitudes. Seriam características de personalidade da própria mãe? Quais? Seriam as características da criança? Seriam fatores circunstanciais, momentâneos? Seriam fatores externos à dinâmica da própria dupla (econômicos, porexemplo)? Quais as repercussões que essas atitudes maternas terão no desenvolvimento da personalidade da criança? E na própria sequencia da interação? No momento então em que estas dúvidas são lançadas, torna-se necessário recorrer à teoria, ou às teorias do desenvolvimento. Uma teoria do desenvolvimento se constitui num conjunto de conhecimentos teóricos que oferecem subsídios para a explicação dos comportamentos observados. Fica claro então que o psicólogo do desenvolvimento, através da pesquisa (descrição precisa dos fenômenos comportamentais individuais ou em situação de interação social) e da teorização (tentativa de explicar e integrar os dados das pesquisas num todo coerente e unitário), oferece subsídios para a compreensão: a) do processo normal de desenvolvimento numa determinada cultura. Isto é, conhecimento das capacidades, potencialidades, limitações, ansiedades, angústias mais ou menos típicas de cada faixa etária. b) dos possíveis desvios, desajustes e distúrbios que ocorrem durante o processo e podem resultar em problemas emocionais (neuroses, psicoses), sociais (delinquência, vícios, etc.), escolares (repetência, evasão, distúrbios de aprendizagem) ou profissionais. Assim, a Psicologia do Desenvolvimento é uma disciplina básica dentro da Psicologia, pois nos permite conhecer e trabalhar tanto com as crianças como com os adolescentes e adultos. Oferecemos inúmeras opções de aplicação prática de nossa ciência tanto no trabalho profissional como psicólogos (clínicos ou escolares) ou ainda orientando profissionais de áreas afins. Podemos auxiliar o educador, mostrando quais as habilidades, capacidades e limitações de cada faixa etária nos vários aspectos da personalidade (motores, emocionais, intelectuais, etc.), e assim ajudá-lo a estabelecer programas escolares e metodologias de ensino adequadas, bem como programas esportivos e recreativos. Podemos auxiliar o assistente social, ensinando-lhe como orientar as famílias no sentido de proporcionar um desenvolvimento saudável; o médico, mostrando-lhe os componentes emocionais dos distúrbios físicos, etc. Enfim, a nossa ciência é muito abrangente e pode ter uma série de aplicações práticas. O psicólogo do desenvolvimento pode optar por um trabalho mais ligado à pesquisa do comportamento infantil, portanto um trabalho mais acadêmico, ou à aplicação prática. Neste último caso, pode ainda atuar no sentido profilático ou remediativo, clínico. Profilaticamente, podemos atuar junto às instituições da comunidade (família, escola, etc.), procurando criar condições para que as crianças possam ter um desenvolvimento saudável, clinicamente, auxiliando aqueles que, pelas mais diversas razões, estejam apresentando distúrbios de conduta ou de personalidade. Não há dúvida de que se torna necessário, no momento atual da sociedade brasileira (aonde o problema do menor vem assumindo proporções cada vez mais graves), uma intervenção do psicólogo infantil ao lado de outros profissionais. A divulgação de nossas ideias junto às famílias e às instituições educacionais pode contribuir para que as crianças carentes recebam um tratamento mais adequado. Se os pais forem apoiados e educados no sentido de proporcionar mais afeto e mais estimulação para o desenvolvimento intelectual, e receberem eles próprios este afeto e esta estimulação, poderemos então minimizar um pouco o sofrimento de nossas crianças e diminuir o grau de abandono em que se encontram. Se as escolas forem instrumentadas para elaborar programas educacionais mais adequados a estas crianças, menor será o índice de evasão escolar e de desajuste social e profissional consequente. Enfim, é muito amplo o campo de trabalho tanto no sentido de conhecer a nossa criança (pesquisa) quanto de aplicações práticas. Muito há para fazer. Mas, é sem dúvida necessária uma grande disposição para o trabalho e para a sua avaliação crítica constante. Por um lado, temos um grande conjunto de conhecimentos científicos e, por outro, inumeráveis oportunidades de aplicações práticas. Por que atuamos tão pouco então? Ou por que falhamos tantas e tantas vezes? Pelo menos em parte, a resposta está na jovialidade da nossa ciência. Pois, apesar da maturidade crescente que a Psicologia do Desenvolvimento vem ganhando como ciência, notamos ainda muitos pontos falhos. E um dos principais pontos em que falhamos é o dos métodos de pesquisa que temos. Antes de iniciarmos o estudo do desenvolvimento humano propriamente dito, focalizaremos rapidamente as dificuldades metodológicas inerentes às pesquisas neste campo, pois se verifica que acompanhando as investigações empíricas e clínicas a respeito dos fatores mais importantes e da forma como atuam no desenvolvimento da personalidade infantil, tem ocorrido, em paralelo, uma discussão sobre a adequação dos métodos de investigação, que, em última análise, determinam a validade e a credibilidade dos dados. Tão grande seria esta preocupação, que várias análises críticas foram feitas. Apenas na área da interação mãe-criança podemos contar dez publicações. As pesquisas iniciais sobre o desenvolvimento da personalidade infantil receberam influência teórica da psicanálise e gradualmente tiveram seus interesses deslocados dos estudos longitudinais para os efeitos que as características infantis exerciam na personalidade do adulto. Assim, historicamente, tais estudos se orientaram em duas direções diferentes: a da influência do adulto sobre a criança em desenvolvimento e, posteriormente, a da influência desta sobre o adulto. A primeira destas linhas de estudo preocupou-se com as práticas de criação infantil e os traços de personalidade dos pais associados com o desenvolvimento da personalidade da criança. Coerentes com esta orientação, esses trabalhos tomaram emprestados métodos de investigação usados em estudos clínicos e em explorações da personalidade humana, entre os quais se destacam as entrevistas e os questionários. As possibilidades e limitações desses procedimentos foram discutidas por Yarrow (1963), para quem as entrevistas representam autodescrições de pessoas extremamente ego-envolvidas; sofrem, especialmente na classe média, influência dos tabus e das expectativas sociais. Além disso, as entrevistas e questionários, quando usados para identificar atitudes adotadas pelos pais, requerem discriminações e sínteses muito difíceis para a mãe ou para o pai. Pede-se ao sujeito que sintetize em duas horas de entrevista a essência do processo entrevista a essência do processo de interação com seu(s) filho(s); e que ele se "lembre" dos seus sentimentos e dos de seus filhos; e assim ocorre o perigo de fazerem observações gerais, baseadas em respostas a situações específicas. A todas essas limitações, acrescente-se que, quando vários membros da família são consultados (pai, mãe, criança), os dados variam em função do informante. Verificou-se, por exemplo, que quando uma das pessoas (digamos a mãe) sabe que a outra, o pai, também será consultado, suas referências sobre o marido tendem a ser mais positivas do que quando sabe ou pensa que apenas ela será consultada. Embora não invalide as respostas maternas, isso tudo coloca a questão de se saber até que ponto elas refletem a situação. Usando estes procedimentos, alguns autores estabeleceram relações comprobatórias dos princípios teóricos relativos à socialização infantil; mas, neste caso, diz Yarrow (1963), as correlações são muito baixas, indicando apenas que "existe algo" que não pode ser especificado. A partir de 1945, além dos métodos correlacionais, um número crescente de pesquisadores preferiu observar diretamente a criança,usando para isso basicamente dois métodos: a observação naturalística, sem manipulação experimental; ou o método situacional, que consiste no estudo de laboratório com manipulação e controle das variáveis. 1 Uma descrição destes métodos poderá ser encontrada nas seguintes obras: Mussen, P.H.; Conger, J.J. e Kagan, J. Desenvolvimento e personalidade da criança. São Paulo, Ed. Harper, 1977 ou Pikynas, J. Desenvolvimento humano São Paulo, Ed. McGraw-HiIl do Brasil, 1979. 2 Ver em Rappaport, C . R. Interação mãe-filho: influência da hiperatividade da criança no comportamento materno. Tese - U.S.P.. 1978. Estes métodos apresentam, porém, sérias limitações (Lytton, 1971). Por exemplo, as observações naturalísticas realizadas no lar, embora permitam observar algumas facetas da socialização, como a hora do banho ou de dormir, contudo, podem perder dados valiosos. E que situações de conflito ou punições podem ocorrer fora do horário de observação. Geralmente, este método sem estruturação é usado com bebês, pois são sujeitos mais fáceis de serem observados (o que talvez explique o fato de a literatura oferecer um número muito maior de dados a respeito desta faixa etária do que das subsequentes). Na idade pré-escolar (2 a 6 anos), são mais raros os estudos deste tipo, quando se usam mais situações de laboratório. Em relação à idade escolar (7 a 11 anos) existem alguns estudos com objetivos específicos, por exemplo, o de verificar as reações dos pais e das crianças diante de certas tarefas estruturadas. Quanto à observação naturalística, os autores reconhecem que nela pode haver uma distorção no sentido da desejabilidade social. O laboratório ou a sala experimental de brinquedos também leva às mesmas distorções, embora alguns controles, como mudança inesperada de situações, estejam sendo introduzidos no sentido de forçar o aparecimento de comportamentos espontâneos, não planejados. Por outro lado, estudiosos com formação etológica, como Blurton Jones (1972) ou Lytton (1971), criticam o que consideram como falta grave na metodologia de pesquisa da Psicologia do Desenvolvimento, qual seja a de ter pulado o passo essencial de descrição e de estudos normativos do repertório comportamental de seus sujeitos. Embora sugiram para a obtenção de dados o uso dos métodos etológicos, esses autores reconhecem a necessidade de cautela ao se transpor diretamente para o estudo de seres humanos, métodos, técnicas e mesmo dados colhidos com outras espécies. A transposição de tais modos e técnicasconstituiria apenas uma tentativa inicial para tornar mais rigorosa e válida a observação. As dificuldades aqui apontadas devem ser levadas em conta quando se analisam as pesquisas e os resultados delas derivados. Além disso, não se pode deixar de pensar que fatores externos à própria criança ou à dinâmica específica estabelecida entre os membros da família possam interferir ou mesmo dirigir o processo de desenvolvimento. Isto porque, conforme sugestões de Biurton Jones (1972) é apenas a partir de uma abordagem mais ampla, que leve em consideração outras variáveis além das especificamente psicológicas que se poderá chegar à compreensão do processo do desenvolvimento humano. Entre estas outras variáveis uma delas é o nível sócio-econômico-educacional a que o sujeito pertence. E, neste sentido, é pertinente relembrar as maiores dificuldades metodológicas encontradas por alguns pesquisadores ao trabalhar com sujeitos de classe baixa. Entre estes, Zunich (1971) mostra a dificuldade de se obter um perfil real da interação mãe-criança em uma amostragem de pessoas de classe baixa - vinte mães de meninos e vinte mães de meninas de três a cinco anos de idade - através de um procedimento de questionário e também observando diretamente a interação. Embora o autor acredite que esta forneça mais subsídios (mesmo que a reticência ou inibição das mães interfira nos resultados) do que aquela onde os julgamentos são feitos por indivíduos (os próprios sujeitos) menos qualificados do que os observadores treinados e objetivos. Estas rápidas considerações a respeito da metodologia podem ser realmente desalentadoras para o pesquisador que procura uma forma de trabalho que possa conferir validade aos seus resultados. Se os métodos tradicionais apresentam falhas e limitações comprovadas, e os mais recentes são ainda apenas tentativas, qual a melhor opção para o pesquisador? Nesse sentido lembramos ao leitor que deve estar ciente das dificuldades metodológicas da pesquisa na área da Psicologia Infantil e da Psicologia em geral, quando os resultados práticos e os conceitos teóricos forem analisados. Apenas com o progresso na área de pesquisas, acompanhado da crítica constante sobre a metodologia utilizada, é que se poderá chegar, talvez, a modelos mais rigorosos e mais confiáveis de coleta e interpretação dos dados. Sem dúvida, são necessários novos modos de se pensar e de investigar o processo de desenvolvimento humano, pois, quanto mais nos aprofundamos em seu estudo, mais parece estarmos atentos a aspectos particulares, mínimos, sem uma orientação subjacente, que nos permita uma visão global do processo. Não que não sejam válidos os estudos de partes do comportamento, e até talvez seja esta a única forma de se abordar cientificamente a conduta humana ou animal: mas porque esses resultados, por vezes, se tornam fragmentados e não permitem que o interessado em Psicologia do Desenvolvimento tenha uma visão adequada do processo como um todo, dos encadeamentos e das influências biológicas e sociais que ocorrem, sem dúvida, a todo momento, quer dando condições para o aparecimento de determinados comportamentos, quer impondo exigências ou limitações para a manifestação desses mesmos comportamentos. 1.2 BIBLIOGRAFIA Burton Jones, N. Ethological studies of child behavior. Cambridge, Cambridge Univ. Press, 1972. Erikson, E. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro, Ed. Zahar, 1972. Erikson, E. Infância e sociedade. 2. ed. Rio de Janeiro, Ed. Zahar, 1976. Lytton, H. Observational studies of parent-child interaction: a methodological review. Child Development. Sept. 1971, v. 42, n. 3, p. 651-84. Mussen. P. J.; Conger, 3. 3. e Kagan, J. Desenvolvimento e personalidade da criança. 4. ed. São Paulo, Ed. Harper e Row do Brasil, 1977. Pereira, O. G. e Jesuino, J. C. Desenvolvimento psicológico da criança. Rio de Janeiro, Ed. Moraes, 1978. 1.0 v. Pikunas, J. Desenvolvimento humano. São Paulo, Ed. McGraw-HjlI do Brasil, 1979. Rappaport, C. R. Interação mãe-filho: influência da hiperatividade da criança no comportamento materno. Tese - U.S.P., 1978. Smith, H. A comparison of interview and observation measures of mother behavior. Journal of Abnormal and Social Psychology, 1958. v. 57. p. 278-82. Smith, H.C. Desenvolvimento da personalidade. São Paulo, Ed. McGrawHill do Brasil, 1977.
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