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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prescrição e Decadência • O decurso do tempo tem grande influência na aquisição e na extinção de direitos, pois “dormientibus non succurrit jus” (O Direito não socorre aos que dormem). • Grande é a semelhança entre a prescrição e a decadência. Em ambos, há uma inação ou omissão (um não fazer) injustificada por certo lapso de tempo, que faz perecer um direito. Direito Subjetivo e Direito Potestativo DIREITO SUBJETIVO é um direito a uma prestação. Ao direito subjetivo corresponde um dever. De um lado haverá o direito e de outro um dever. Os direitos subjetivos podem ser violados, pois a prestação pode não ser cumprida. Por conseguinte, a realização, a concretização do direito subjetivo do credor depende da cooperação do devedor. Exemplo: o direito de exigir de alguém que cumpra uma prestação. DIREITO POTESTATIVO (também chamado de formativo) é um direito a formação de uma nova situação jurídica. A ele não corresponde um dever. Por consequência, não pode ser violado, pois da outra parte não corresponde um dever e sim uma sujeição. O que corresponde a esse direito de obter um pronunciamento favorável é uma sujeição. Exemplo: direito assegurado ao empregador de despedir um empregado; cabe a ele apenas aceitar esta condição; como também num caso de divórcio, uma das partes aceitando ou não, o divórcio terá desfecho positivo. Prescrição - Conceito • É a perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da inércia do seu titular, no prazo fixado em lei (Stolze). • É uma exceção que alguém tem contra aquele que não exerceu, durante um lapso de tempo fixado em norma, sua pretensão ou ação. (Pontes de Miranda) • Pretensão é a exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio. O direito material violado dá origem à pretensão, que é deduzida em juízo por meio da ação. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Prescrição - Espécies • ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO – EXTINTIVA - faz desaparecer direitos – extingue situações jurídicas. É a prescrição propriamente dita, que foi tratada na parte geral do novo Código Civil, aplicada a todos os direitos. – AQUISITIVA - Corresponde ao usucapião, previsto no novo Código Civil, na parte relativa ao direito das coisas, mais precisamente no tocante aos modos originários de aquisição do direito de propriedade. Está prevista também nos arts. 183 e 191 da CF/88, continuando restrita a direitos reais. Nessa espécie, além do tempo e da inércia ou desinteresse do dono anterior, é necessária a posse do novo dono. Prescrição – Causas Modificativas • CAUSAS IMPEDITIVAS (arts. 197, I a III, e 199, I e II, do CC) - são as circunstâncias que obstam que o curso prescricional se inicie. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; Prescrição – Causas Modificativas • CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 198, I, II e III, e 199, III, do CC) - são as situações que paralisam temporariamente o curso prescricional já iniciado, com efeitos similares às causas impeditivas. Superado o fato, a prescrição continua a correr, computado o prazo decorrido antes do fato. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: III - pendendo ação de evicção. Prescrição – Causas Modificativas • CAUSAS INTERRUPTIVAS (arts. 202 do CC) - Situações que liquidam com a prescrição já iniciada, de modo que o seu prazo recomeça a correr por inteiro da data do ato que a interrompeu. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; [...] Prescrição – Causas Modificativas • CAUSAS INTERRUPTIVAS Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: [...] VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. Prescrição - Requisitos Requisitos da Prescrição Violação do direito com o nascimento da pretensão Inércia do Titular Decurso do tempo fixado em lei Prescrição – Exceções (Pretensões Imprescritíveis) PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA • O que perece é a ação (pretensão) que protege o direito. • É o próprio direito que perece. • Atinge diretamente a pretensão e, por via oblíqua, atinge o direito. • Atinge diretamente o direito e, por via oblíqua, atinge a pretensão. • Não atinge certas pessoas. • Atinge de forma idêntica a todos. • O seu prazo pode se suspender ou interromper. • O seu prazo é fatal, não se suspende ou interrompe. • Ocorre penas nos casos doas arts. 205 e 206. • Todos os demais prazos do Código Civil são decadenciais. • Resulta somente da lei. • Pode resultar da lei, do contrato e do testamento. • Pode ser extintiva ou aquisitiva (usucapião). • Só pode ser extintiva. • O prazo fatal começa a correr depois de vencida a obrigação, ou seja, depois da data em que a prestação deveria ser cumprida. • Começa com o nascimento do Direito. Ele só pode ser exercido no prazo fixado, sob pena de extinção. Decadência - Conceito • DECADÊNCIA (ou caducidade, ou prazo extintivo) é o direito outorgado para ser exercido em determinado prazo, caso não for exercido, extingue-se. • “A perda do direito ou a da faculdade não exercida no prazo fatal estabelecido em lei.” (Paulo Dourado de Gusmão) • “A supressão do direito pela inatividade de seu titular que deixou escoar o prazo legal ou voluntariamente determinado para seu exercício, sendo esse seu principal efeito.” (Maria Helena Diniz) • OBJETO DA DECADÊNCIA - é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. Decadência - Características • DECADÊNCIA ou CADUCIDADE, nada tem a ver com pretensão. A decadência refere-se à direitos potestativos. • Direito potestativo: não tem conteúdo prestacional, se ele tivesse, violaria direito e nasceria a pretensão, sendo assim, seria prescrição e não decadência. • Quando se exerce um direito potestativo, não está se esperando uma contraprestação correspondente. • O direito potestativo é um direito de interferência, ou seja, traduz uma prerrogativa ou poder que, quando exercido interfere na esfera jurídica de terceiro sem que este nada possa fazer. • Há direitos potestativos sem prazo para o exercício (direito do advogado de renunciar ao mandado que lhe foi outorgado). Mas quando o direito potestativo tiver prazo para o exercício, este prazo sempre será decadencial. Decadência - Normas Gerais • Interrupção ou suspensão - artigo 207/CC. - A única forma hábil para interromper ou suspendera decadência é o exercício efetivo do direito. • Direitos de Incapazes – trata-se exceção do artigo anterior, indicando o impedimento da decadência em relação aos absolutamente incapazes. • Irrenunciabilidade: Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Decadência - Espécies • ESPÉCIES: – Legal - a decadência poderá resultar de lei. Deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, ainda que se trate de direitos patrimoniais. direito de anular negócio jurídico por vício de vontade (erro, dolo, lesão...). É um direito potestativo tendo prazo decadencial previsto na lei. Exemplos: arts. 26, 45 par. único, 119 par. único, 178, 179 etc. – O prazo decadencial legal é irrenunciável, segundo o art. 209 do Código Civil de 2002. Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Decadência - Espécies • ESPÉCIES: – CONVENCIONAL - ou resultante de acordo entre as partes. Somente a parte beneficiada poderá alegá-la, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte. Quando as partes criam prazo, para o exercício de determinado direito, é decadencial convencional. O juiz não pode reconhecer de ofício quando se tratar de decadência convencional. – Exemplo: cláusula contratual na qual o contratante pode desistir do contrato em 30 dias. Também é direito potestativo, pois a outra parte nada pode fazer. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
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