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Uso de aditivos no concreto BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, V1, 1980. Capítulo 6 Definições Pode-se definir como ADITIVO todo produto não indisponível à composição e finalidade do concreto, que colocado na betoneira imediatamente antes ou durante a mistura do concreto, em quantidades geralmente pequenas e bem homogeneizado, faz aparecer ou reforçar certas características. As normas Norte-Americanas (ASTM C 125) definem aditivo como “Material outro que não a água, agregado ou cimento, empregado como ingrediente do concreto ou da argamassa, adicionado a estes, antes ou durante a mistura”. Classificação A classificação dos aditivos pode ser baseada na ação ou nos efeitos. O critério baseado na ação é mais cientifico e distingue apenas as ações puramente químicas, físicas ou físico-químicas. Entende-se por ação química aquela que modifica a solubilidade dos compostos do cimento. Assim sendo, os aditivos de ação química modificam em um ou em outro sentido a cinética da hidratação. Por ação física pode-se dizer que os tensoativos fazem com que as moléculas de água da interfaces “água-ar” e “água-sólido” tenham menor coesão. Aumentam a capacidade de molhabilidade (umectação) da água, bem como seu poder de penetração. Por ação físico-química, entende-se aquela que por efeito físico modifica a tensão superficial e interfacial água e por efeito químico modifica a cinética do processo de hidratação. Aditivos – Incorporadores de ar O concreto contém sempre, em sua massa, grande ou considerável quantidade de ar nele introduzido durante o período de mistura. O ar naturalmente se mistura à água, e as bolhas assim formadas, por serem instáveis, agrupam-se formando outras de maiores dimensões que escapam durante o lançamento. Estas bolhas “aninham-se”, por vezes sob os agregados graúdos, principalmente quando estes apresentam formas lamelares, acarretando o rompimento da aderência pasta-agregado, e acarretando o enfraquecimento do concreto. As bolhas de ar assim formadas, durante ou pela mistura, podem atingir dimensões de até 10 mm de diâmetro. Ocorrem ainda vazios no concreto, decorrentes da evaporação da água empregada no preparo do mesmo, com a finalidade de a ele fornecer condições de trabalhabilidade. Quanto maior for o fator água/cimento maiores os diâmetros desses capilares. Aditivos – Incorporadores de ar Os incorporadores podem ser formulados com varias matérias-primas básicas: ácido abiético, alquil-a rilsulfonatos, sais de ácidos graxos, etc. São tensoativos iônicos, orgânicos ou sintéticos, caracterizados por cadeias longas de carbono, que reduzem a tensão superficial da água. O caráter aniônico dos incorporadores leva à dispersão dos finos, incluindo o cimento. Fluifica e plastifica fortemente graças à formação de grande quantidade de bolhas de ar que se repelem devido às cargas de igual polaridade atuantes em suas superfícies. O sistema de microbolhas é estável, não se desfazendo facilmente mediante vibração convencional. As microbolhas aderem às partículas sólidas da água e, consequentemente, numa significativa diminuição da exsudação. A impermeabilidade do concreto é reforçada pelo fato do ar incorporado formar alvéolos, não interligados, ao longo dos capilares oriundos da evaporação da água. Aditivos – Incorporadores de ar A ação e os efeitos do incorporador de ar sobre o concreto recém- misturado são resumidamente, agir como um fluido, substituindo uma parte da água. A experiência mostra que, ao aumentar a porcentagem igual a X de ar em um concreto, o aumento da fluidez resultante é comparável ao acréscimo de X/2% de água de mistura. Exemplo: No caso de termos consumo de 200 l de água por m3 de concreto e viermos incorporar 5% de ar (ou 50 l por m3), teremos uma redução de 50/2=25 l no volume de água a ser adicionado para obtenção da mesma fluidez. A redução, no entanto, é influenciada pela dosagem e pela quantidade de ar efetivamente incorporado. Aditivos – Incorporadores de ar As bolhas de ar incorporada melhoram a durabilidade do concreto, tornando-o mais resistente à ação do gelo e degelo, bem como à ação de elementos agressivos que penetram no concreto por meio dos canalículos. Aditivos – Redutores de água, dispersantes e fluidificantes-retardadores São materiais orgânicos ou combinados orgânicos e inorgânicos que reduzem a quantidade de água necessária para a obtenção de um concreto de uma certa consistência, ou que modificam o tempo de pega e/ou o de endurecimento. A ASTM classifica os aditivos deste grupo em: A - Redutores; B - Retardadores; C - Aceleradores; D - Redutores-Retardadores; E - Redutores-Aceleradores. Aditivos – Redutores Redutores causam sobre o concreto recém misturado: • Redução do consumo de água para a mesma plascidade; • Os aditivos das classes A, D e E aumentam a plasticidade do concreto para uma mesma quantidade de água de mistura; • Para o mesmo “abatimento” o concreto preparado com aditivo redutor usualmente apresenta melhor trabalhabilidade, menor segregação e melhor condição de vibração e bombeamento; • Os redutores reduzem a temperatura do “concreto massa” durante o período de hidratação, graças à diminuição do consumo de cimento. Aditivos – Redutores Redutores alteram as seguintes características sobre o concreto endurecido: • Pela redução do fator água/cimento, para uma mesma trabalhabilidade, o aumento das resistências mecânicas; • Os aditivos do tipo A e E aumentam as resistências em todas as idades; • Os redutores são empregados como meio de atender simultaneamente as especificações no que diz respeito ao máximo consumo de cimento, alta resistência inicial e boa trabalhabilidade. Aditivos – Retardadores Modificam o tempo de pega, o que permite sobre o concreto recém misturado : • Evitar as juntas “frias” nas concretagens de peças de grande porte e a consequente descontinuidade; • Obter, na concretagem de grande volume, resistência homogênea em todas as seções; • Permitem a concretagem em dias de elevada temperatura ambiente. Aditivos – Retardadores Os retardadores interferem nas propriedades do concreto endurecido conforme segue: • Os aditivos tipo B e D empregados em concreto com o mesmo consumo de cimento, mesmo abatimento, mesmo teor de ar incorporado terão geralmente a mesma resistência à compressão que o concreto padrão sem aditivo nas primeiras idades (24 e 48 h); • Aos 28 dias a resistência pode resultar 15 a 25% maior. Em idades posteriores, aumento de resistência são menores; • O controle da pega em elementos estruturais de grande volume diminui o aparecimento de fissuras decorrentes da movimentação das formas causadas pela concretagem de elementos adjacentes, quando o concreto se encontra ainda em início de endurecimento. Aditivos – Retardadores Densificadores Os agentes retardares agem sobre o cimento, regulando a formação de gel. Seu efeito principal é retardar a pega do cimento, conservando a massa em estado plástico, durante um maior período de tempo. O componente quimicamente ativo dos retardadores detém a formação do gel, em proporção direta da quantidade empregada. O recolhimento da partícula de gel, ainda relativamente pequena, retém em dado instante, menos água, permitindo que a quantidade de água não adsorvida melhore as condições de trabalhabilidade. Aditivos – Aceleradores Denomina-se aceleradores o material que adicionado ao concreto, diminui o tempo de início de pega e desenvolve mais rapidamente as resistências iniciais. Neste grupo estão os aceleradores que combinam quimicamente com o cimento durante a hidratação e os estabilizadores que somente pela sua presença facilitam eapressam a hidratação (catalizadores) ou endurecimento. Os produtos químicos que aceleram a pega do cimento são: cloreto de cálcio, cloreto de sódio, carbonatos, silicatos, fluossilicatos e hidróxidos, e entre os catalizadores, a trietanolamina composta com outras substancias. Aditivos – Aceleradores Os aceleradores são empregados com a finalidade de modificar as propriedades do concreto no que diz respeito a: • Redução do tempo de pega inicial e final. Efeito este que varia com: quantidade de aditivo empregado; temperatura ambiente e do concreto. • Aumento da resistência à compressão nas primeiras idades. As resistências finais podem ser reduzidas. • Aumento da variação de volume que parece ocorrer, tanto para concreto submetido `cura úmida, quanto curado ao ar. • Resistência ao sulfatos que é diminuída. • Aumento da reação provocada pelos álcalis dos agregados. • Corrosão dos metais- O cloreto de cálcio (o mais usual dos aceleradores) não deve ser usado em concreto curado a vapor, a menos que testes específicos comprovem a viabilidade de seu emprego. Causa ainda a corrosão de formas metálicas incorporadas à estrutura e de barras de aço de armadura, quando o recobrimento de concreto é insuficiente. Aditivos – Aceleradores Os aceleradores são empregados com a finalidade de modificar as propriedades do concreto no que diz respeito a: • O cloreto de cálcio acelera o desprendimento do calor de hidratação, não tendo, no entanto, efeito sobre a quantidade total de calor desprendido. • Cloreto de sódio, empregado no preparo de concreto usado na moldagem de elementos estruturais armados com aço simples ou especial, mas que tenham peças de alumínio ou galvanizados, embutidos em sua massa, acarreta a formação de pequenos circuitos elétricos que ocasionam ou agravam a corrosão dos metais. • Cloreto de cálcio não deve ser empregado em concreto destinado à moldagem de elementos estruturais protendidos, pela possível corrosão por ele causada, das barras protendidas. Aceleradores ultra-rápidos são empregados nos casos de selamento de vazamento de água. Aditivos – Aceleradores (Cloreto de cálcio) É o mais empregado dos aceleradores. Cuidados especiais devem ser tomados quanto ao seu emprego. O aditivo é normalmente fornecido sob forma de escamas. Pode ainda ser fornecido concentrado sob forma “lamelar”, ou ainda, granular, ou “pelets”. Impermeabilizantes Integrais Denomina-se “impermeabilizante integral” o produto ou substancia química que afeta as propriedades do concreto endurecido. Os impermeabilizantes integrais são substancias capazes de tornar o concreto praticamente impermeável, desde que este tenha sido preparado, lançado e curado convenientemente. Os aditivos “impermeabilizantes integrais” podem ser divididos em: • Aditivos à absorção capilar; • Redutores de porosidade e de permeabilidade. Aditivos à absorção capilar São substâncias dentro dos grupos de estearatos, oleatos e alguns derivados do petróleo. Os mais empregados são os estearatos, uma que os oleatos formam espuma, e os derivados de petróleo podem causar desintegração do concreto. Os estearatos quando em contato com a cal liberada durante a hidratação do cimento, formam estearatos de cálcio, que por sua vez aderem às paredes dos poros e pequenos capilares, onde formam uma película delgadíssima ao secar. Tornam assim o concreto repelente à água ou criam uma capilaridade negativa. Os estearatos ainda fixam a cal ao formarem estearatos de cálcio, evitando a sua perda por exsudação ou pela absorção de água e secagem que possa ocorrer posteriormente durante a vida do concreto. Este efeito naturalmente não ocorre quando se emprega o próprio estearato de cálcio. Redutores de porosidade e de permeabilidade Podem ser empregados como redutores de porosidade pós muito finos como as terras pozolânicas, e betonita ou ainda pó de ferro. As duas primeiras aumentam de volume ao hidratar-se e a última, ao se oxidar. Por este processo obstruem a passagem de água pelos poros ou fissuras. Os incorporadores de ar reduzem também o fluxo de água através do concreto pela formação de bolsas de ar. Expansores Os aditivos que produzem expansão de concreto durante o período de hidratação combinam com o cimento, gerando gás, ou aumentando seu volume. Devido aos efeitos que podem estes aditivos produzir, só devem ser empregados após cuidadosos estudos. O mais comum dos aditivos geradores de gás é o alumínio em pó. Outros agentes geradores de gás são hipoclorito de cálcio e o peróxido de hidrogênio. O pó de alumínio reage coma cal liberada durante a hidratação do cimento, gerando hidrogênio em forma de pequenas bolhas. Os aditivos preparados com base no pó de alumínio são geralmente compostos com dispersantes retardadores ou com pozolanas. Esta composição tem por finalidade facilitar a homogeneização da mistura do alumínio na massa do concreto e melhorar as condições de impermeabilidade. São empregados os pós de alumínio com bastante proveito nos reparos de estruturas, bem como, com finalidade de melhorar a aderência do aço. Superfluidificantes São constituídos, principalmente por polímeros de formaldeído- naftaleno sulfonado (NSF) ou por polímeros de formaldeído- melamina sulfonada (MSF). Com relação aos efeitos, os superfluidificantes distinguem-se dos plastificantes normais, somente do ponto de vista quantitativo; a redução da relação água/cimento que, em média é de 5% para um plastificante, alcança de 20 a 30%, para um superfluidificante. Pode transformar um concreto seco em um concreto fluido. Materiais Pulverulentos São materiais pétreos minerais ou terras finamente moídos que adicionados ao concreto, durante seu preparo, podem modificar suas características físicas e mecânicas. Estes materiais podem ser: • Inertes; • Cimentantes; • Pozolantes; • Agentes de cristalização. Materiais Pulverulentos - Inertes Como a própria designação indica, são matérias quimicamente não reativos ou quase não reativos, tais como o quartzo, a betonita e o talco. Os efeitos do emprego de materiais inertes finamente divididos no preparo do concreto dependem de suas próprias características de finura e da forma das partículas do agregado fino. • Em concretos pobres e sem finos (partículas que passam na peneira 200) o emprego de materiais pulverulentos causa a diminuição da exsudação e da segregação, bem como, melhoria da trabalhabilidade; • Em concretos ricos ou preparados com partículas passantes pela peneira 200, adição do material pulverulento acarreta diminuição da trabalhabilidade do concreto; • A adição do material pulverulento quase totalmente inertes podem melhorar as características de resistência à compressão do concreto; Materiais Pulverulentos - Inertes • A sílica finamente dividida, em estado ativo natural pode formar coma cal, ao hidratar-se em temperatura normal, hidratos coloidais de silicato de cálcio (os silicatos de cálcio são responsáveis pelas resistências iniciais e finais do concreto); • A areia quartzosa praticamente inertes, não obstante diminuírem a resistência à compressão dos concretos ricos, podem ser empregados com a finalidade de reduzir a retração e a consequente formação de fissuras; • Materiais pulverulentos inertes, não obstante diminuírem a resistência à compressão dos concretos ricos, podem ser empregados com a finalidade de reduzir a retração e a consequente formação de fissuras. Os materiais inertes empregados na proporção de 5 a 15 % do peso do cimento. Materiais Pulverulentos - Cimentantes São os cimentos naturais de alto-forno, os cimentos pobre e a cal hidráulica. Os efeitos do emprego dos materiais cimentantes coincidem em vários aspectos com os dos materiais inertes.• Em concretos pobres e sem finos (partículas que passam na peneira 200) o emprego de materiais pulverulentos causa a diminuição da exsudação e da segregação, bem como, melhoria da trabalhabilidade; • Em concretos ricos ou preparados com partículas passantes pela peneira 200, adição do material pulverulento acarreta diminuição da trabalhabilidade do concreto; • A adição do material pulverulento quase totalmente inertes podem melhorar as características de resistência à compressão do concreto. Os cimentos de alto-forno ou metalúrgicos reduzem o calor de hidratação do concreto. Materiais Pulverulentos - Pozolanas São materiais que por si não possuem propriedades cimentantes mas que, quando finamente dividido na presença de umidade, reagem quimicamente com a cal, formando compostos que tem propriedades cimentantes. Podem ser classificados em: • Cinzas vulcânicas soltas ou compactas, rochas ígneas; • Rochas silicosas sedimentares (terras diatomáceas, argilas); • Argilas calcinadas; • Subprodutos industriis, tais como escória de alto-forno, cinzas volantes. Os efeitos do emprego da pozolana são: • Melhoria na trabalhabilidade do concreto dentro das 3 primeiras condições mencionadas para o material inerte; Materiais Pulverulentos - Pozolanas • Proteção do concreto contra a expansão entre alguns componentes silicosos de certos agregados e os álcalis do cimento (óxido de sódio Na2O e óxido de potássio K2O); • diminuição da reação álcali-agregado às seguintes pozolanas: terra diatomáceas, vidro vulcânicos, argilas calcinadas do tipo caolim e cinza vulcânicas; betonita calcinada à temperatura entre 500 e 1000C; • Melhoria da resistência do concreto a ação da água do mar, ou outras águas agressivas, com as sulfatadas. Materiais Pulverulentos – Agentes de cristalização O cimento já hidratado, quando finamente moído, atua como agente de cristalização, além de agir como acelerador. Os microcritais do cimento hidratado desempenham o papel de acelerador, podendo ainda desencadear a precipitação dos cristais do cimento ativo. O grau de finura do cimento moído tem que ser, pelo menos, igual ao do cimento novo. Quanto mais finos, porém, forem os grãos de cimento hidratado e moído, maior será seu efeito.
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