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USO DA MACONHA

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A Cannabis trata-se de uma planta que pode ser encontrada em três gêneros: o primeiro foi classificado pelo botânico sueco Carolus Linnaeus (1707 – 1778) em 1753, Cannabis sativa, o segundo gênero foi registrado pelo biólogo francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744 – 1829) em 1785, denominado Cannabis indica, por fim, a variedade Cannabis ruderalis, catalogada pelo geobotânico russo Dmitrij Erastovich Janischewsky (1875 – 1944). Embora não exista consenso entre a maioria dos autores sobre os dois últimos, a devida classificação das espécies se faz importante para a elaboração de pesquisas no campo científico.
Antes da Era Cristã, os chineses já faziam referência à Cannabis sativa (cannabis) afirmando que “se ingerida em excesso pode produzir visão de demônios e por longo tempo faz a pessoa comunicar-se com espíritos” (Pen Ts’ao Ching, a mais antiga farmacopéia), enquanto hoje algumas evidências sugerem que um dos componentes da planta, o canabidiol (CBD), apresenta efeitos antipsicóticos. (Crippa, 2010).
No mesmo sentido, inúmeros estudos mostram que usuários da cannabis justificam seu uso como uma forma de relaxarem, lidarem com o estresse e reduzirem a ansiedade. No entanto, o principal efeito adverso da planta é uma reação aguda e intensa de ansiedade que frequentemente lembra um ataque de pânico. (Crippa, 2010).
Segundo Carlini (2006), a planta Cannabis sativa teria sido introduzida no Brasil por volta de 1549. Os negros e escravos traziam suas sementes em bonecas de panos ou amarradas nas pontas das tangas. Inclusive o nome “maconha” provém de um anagrama da palavra “cânhamo”. 
Ainda segundo o autor, o uso da maconha se espalhou rapidamente, afetando até mesmo os índios, que passaram a realizar o plantio da herbácea. O estado só viria a sofrer alterações na metade do século XIX, com a descoberta dos efeitos prazerosos da planta. Conseguintemente a coroa iniciaria uma espécie de perseguição ao plantio e uso da maconha.
Segundo Barros (2010), mundialmente, a droga ilícita mais consumida é a maconha. Estimasse que 3,8% da população mundial faça uso da substância.
No Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em 2012 mais de 3 milhões de adultos com idades entre 18 e 59 anos realizaram o uso da maconha, além disso, cerca de 8 milhões (7% da população analisada) experimentou a substância alguma vez na vida.
A planta cannabis sativa possui mais de 400 componentes, sendo que aproximadamente 60 deles são componentes canabinóides. O principal constituinte psicoativo da cannabis é o D9-tetrahidrocanabinol (D9-THC), isolado pela primeira vez na década de 60. Sua influência no cérebro é complexa, dose-dependente e parece ser o componente responsável pela indução de sintomas psicóticos em sujeitos vulneráveis, o que é compatível com o efeito de aumentar o efluxo pré-sináptico de dopamina no córtex pré-frontal medial. (Amaro et al., 2005).
Nos últimos anos, ocorreu um aumento de interesse acerca do uso terapêutico do D9-THC, tendo sido demonstradas diversas utilidades clínicas, como, por exemplo, para o tratamento da dor, náusea e vômito causados por quimioterapia, perda de apetite em pacientes com AIDS, distúrbios do movimento, glaucoma e doenças cardiovasculares. (Amaro et al., 2005).
Hoje, com a diversidade de estruturas naturais e sintéticas de substâncias com atuação nestes receptores, ampliou-se bastante o grupo de compostos classificados como canabinoides, de maneira que os de ocorrência natural e origem vegetal são denominados fitocanabinoides. Desta forma, endocanabinoide é a denominação dada a canabinoides de origem natural não vegetal presentes endogenamente e produzidos mediante estimulação fisiológica. Em suma, os canabinoides endógenos, que participam de processos fisiológicos, para diferenciar dos canabinoides exógenos, que podem ser fitocanabinoides ou canabinoides sintéticos. (Pamplona, 2014).
O CBD foi inicialmente considerado não psicoativo, ou seja, desprovido de efeitos cerebrais. Embora hoje se saiba que isso não é verdade [...] o CBD isolado não induz os efeitos euforizantes do THC, e ainda balanceia alguns efeitos adversos que o THC isolado apresenta, por exemplo, em relação ao prejuízo de memórias. Por este motivo, estratégias farmacológicas mais modernas tem focado na utilização de um blend de THC e CBD em diferentes proporções, em detrimento da utilização de THC puro, como se pensava antigamente. (Pamplona, 2014).
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (2005), os sinais ou sintomas decorrentes do uso da maconha são abrangidos por três categorias: efeitos euforizantes (aumento do desejo sexual, aumento da autoconfiança e grandiosidade, risos imotivados, loquacidade, hilaridade, aumento da sociabilidade, sensação de relaxamento, aumento da percepção das cores, sons, texturas e paladar e aumento da capacidade de introspecção), efeitos físicos (taquicardia, hiperemia conjuntival, boca seca, hipotermia, tontura, retardo psicomotor, redução da acuidade auditiva, aumento da acuidade visual, broncodilatação, aumento do apetite, xerostomia, tosse e midríase) e por fim, efeitos psíquicos (despersonalização, desrealização, depressão, sonolência, ansiedade, irritabilidade, prejuízos à concentração, prejuízo da memória de curto prazo, letargia, excitação psicomotora, ataques de pânico, paranoia e prejuízo do julgamento). 
Estamos hoje mais próximos de conhecermos como os canabinoides exercem seus efeitos e esse conhecimento tem nos revelado o funcionamento de um sistema modulador de nossa neurotransmissão, cuja existência não se suspeitava há 20 anos. Estes avanços poderão reconciliar os achados aparentemente paradoxais obtidos com a cannabis, melhorar o nosso entendimento. (Crippa, 2010).
No entanto, por ser uma temática repleta de preconceitos e que divide opiniões políticas e sociais as pesquisas com a Cannabis bem como a descoberta de seus malefícios ou benefícios são extremamente prejudicadas. Embora ocorram avanços no meio científico, as políticas de saúde pública não acompanham tais progressos.
REFERÊNCIAS:

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