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Resenha – Teoria Simplificada da Posse 
Teoria Simplificada da Posse, de Rudolf Von Ihering.
 
A universalidade do Direito o incompatibiliza com a sua nacionalização.
 I – A POSSE COMO OBJETO DE DIREITO
    A posse é o poder de fato, exercido com animus domini e a propriedade o poder de direito sobre a coisa, podendo ser encontradas reunidas ou separadas, o que ocorre pela transferência (posse justa) ou tirada contra a vontade (posse injusta). Há na posse uma situação de fato protegida por uma relação jurídica: o direito de possuir.
    A posse revela-se em utilização econômica da propriedade (lícita): usar, fruir e consumir, pessoalmente ou por intermédio de terceiro, de forma onerosa ou gratuita. A propriedade não pode ser transmitida sem a transmissão da posse, valendo dizer que o proprietário privado da posse também está impedido de utilizar o bem economicamente.
II – A POSSE COMO CONDIÇÃO DA ORIGEM DE UM DIREITO
     A condição de proprietário não está condicionada ao exercício da posse. Todavia, a posse antecede a propriedade. O que orienta está idéia é de que a propriedade deve surgir em toda a sua realidade que, precisamente, é a posse, indispensável à realização dos fins da propriedade (utilização econômica). Assim, entre vivos, a posse é indispensável para que se chegue à propriedade. A exceção ocorre nos casos de aquisição a título de herança ou legado.
 III – A POSSE COMO FUNDAMENTO DE UM DIREITO
         Há proteção do possuidor contra a turbação ou perda de sua relação possessória. O direito de possuidor deve prevalecer até que se depare com alguém que o despoje. Mas qual a razão de se proteger a posse e não possibilitar a discussão do título com alguém que poderá despojá-la? É que pelo Direito Romano, bastava emanar do pretor a pedido de uma parte a outra uma ordem (interdito), o qual não tinha poder contra esta, salvo se existissem condições as quais se encontrava subordinada. Para o Direito Romano existia a posse juridicamente protegida e a posse juridicamente desprovida de proteção. A primeira é a posse jurídica civil e a segunda, a posse natural ou posse-detenção.
IV – RELAÇÕES POSSESSÓRIAS NÃO PROTEGIDAS
As coisas sobre as quais não se pode adquirir a propriedade também não podem ser objeto de posse. 
    Nesse aspecto, há diferenciação da mera detenção (pode em nome de outro) em que a posse direta é transferida coma condição de devolução. Isso se dá em razão do detentor não ter animus domini, ao contrário daquele que cedeu a posse em tal condição (ex. locador), havendo reconhecimento de que a este pertence a propriedade. Mas o detentor, embora não tenha a proteção possessória, não é privado de todo o direito, podendo manter-se, por si mesmo, na posse, mas tais mecanismos de proteção não são, por si mesmos, ações possessórias.
 V. O MOTIVO LEGISLATIVO DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
    O autor começa indagando acerca da estranheza de ser concedida a proteção possessória ao possuidor injusto, negando-a, todavia, ao detentor que, afinal, também é pessoa capaz de ato de vontade, tanto quanto o possuidor jurídico.
    A explicação vem do Direito Romano, na qual a posse foi instituída com o fim de facilitar e aliviar a proteção da propriedade, pois estatisticamente o possuidor é, na maioria dos casos, o proprietário, prevalecendo esta presunção. Por tal razão a ação possessória situa a propriedade defensivamente e a reivindicação ofensivamente.
    No primeiro caso (defensivamente) exigir-lhe a prova da propriedade seria qualificá-lo como fora-da-lei e permitir que qualquer um arrebatasse a sua propriedade. Já na segunda hipótese (ofensivamente), exigir a posse é negar-lhe o direito de propriedade, o que se coaduna com o princípio de que onde a propriedade não é possível, tampouco o é a posse.
    Mas, observe-se que a proteção possessória, criada para o proprietário, beneficiará pessoa para a qual não foi instituída, inevitavelmente, o que se justifica para alcance de um fim: facilitar as provas da propriedade. Exemplo de tal situação, são os títulos ao portador e os certificados: para facilitar a prova de seu direito, favorece aqueles que o obtiveram de forma injusta.
    A teoria sobre a posse transforma a relação, pois não foi criada para o proprietário e sim para o possuidor que ostenta essa qualidade, ou seja, ostenta a utilização econômica da propriedade, sendo o direito de possuir, portanto, indispensável, ensejando ao possuidor um caminho à propriedade, assentando-se em posição defensiva e, finalmente, inexistindo impedimento jurídico de aquisição de propriedade.
VI – A POSSE É UM DIREITO
    A posse é um direito ou um fato? A resposta não é dada pela ciência jurídica. A interpretação dominante é de que ela é um fato. Não seria um direito uma vez que o possuidor sucumbe na luta com o proprietário reivindicante, ou seja, o fato desaparece onde o direito surge. Todavia, não se pretende dizer que a posse não é um direito, mas que se constitui em um tipo especial, juridicamente protegido.
    Segundo Ihering, criticado pelo fato de sua definição envolver o próprio conceito do direito, os direitos são os interesses juridicamente protegidos (sentido subjetivo) que, todavia, não deve ser confundido com legalmente protegidos (sentido objetivo), tanto que o direito consuetudinário não pode ser incluído na definição de legalmente protegidos.
    Essa situação se torna clara quando exemplifica que um comodante pode pedir a restituição de um livro emprestado ao comodatário, ainda que esse tenha interesse em conservá-lo por mais algum tempo e aquele não tenha qualquer interesse em tê-lo.
    A posse constitui utilização econômica da coisa, pouco importando que essa utilização seja possível para quem tem ou não o direito; a posse apresenta interesse apenas para uma pura relação de fato. O Direito então fornece a posse a proteção jurídica, que equivale a um direito.
    Houve crítica de Windscheid, atribuindo a posse conseqüências jurídicas, negando-lhe a constituição de um direito, sob pena de qualificar como tal as convenções e testamentos.
    Ihering afirma que Windscheid confunde fato gerador do direito com o seu efeito. A posse, nesse sentido, vale tanto quanto o fechamento de um contrato ou a confecção de um testamento. Todavia, quando a lei atribui ao fato conseqüências jurídicas favoráveis a certa pessoa, permite-lhe a invocação de ação judicial, produzido elementos legais a denominação de direito.
    A conseqüência jurídica relativa ao contrato é a exigência de observância pelo devedor. No testamento é a faculdade de reclamar de terceiros a restituição dos bens da sucessão. Em relação à posse é exigir de terceiros o respeito à situação possessória.
    Em todos os direitos, a condição que o originou desaparece. Assim é na propriedade e na obrigação. O fato transforma em passado e persistem as conseqüências. Na posse isso não ocorre. Sua permanência (relação de fato) é condição essencial à proteção. Nos outros direitos, o fato gerador é condição transitória, na posse, o fato gerador é a condição permanente. A repercussão na prova é imediata. Naqueles é remetida ao passado e na posse, ao presente.
    Tanto quanto o direito à personalidade está ligado à existência da pessoa, a posse está ligada ao estado de fato.
    Outra crítica quanto a posse constituir um direito é seu desaparecimento na luta contra a propriedade (reivindicação). Ihering sustenta que a noção de direito nada sofre com tal situação, exemplificando que o credor hipotecário pode sempre por termo à propriedade do devedor pela venda da cosa e vice-versa, o mesmo ocorrendo com a propriedade.Enquanto a pessoa que tem o direito de revogação dele não usa, o proprietário, o credor hipotecário, o possuidor, devem ser considerados como no gozo pleno de seus direitos.
 VII – POSIÇÃO DA POSSE NO SISTEMA JURÍDICO
    A posse se constitui de uma relação imediata da pessoa com a coisa, pertencendo ao direito das coisas. Sendo um complemento da propriedade,deve ser considerada após esta, eixo de todos os direitos das coisas. Ademais, deve ser considerada a insuficiência da propriedade para o reconhecimento da proteção possessória. Com a propriedade devem ser relacionados dois importantes institutos, o da proteção possessória e a propriedade putativa (desmembramentos da propriedade).
VIII – SURGIMENTO E EXTINÇÃO DA POSSE (EXISTÊNCIA CONCRETA) – CONDIÇÃO DA VONTADE
    O surgimento da posse ocorre pelo animus domini, o qual cria um laço entre a coisa e a pessoa. A detenção não impede o surgimento do animus domini
IX – A APROPRIAÇÃO CORPORAL DAS COISAS
    Posse não é poder físico, mas exteriorização de propriedade. Se assim não fosse, poderia haver posse de pessoas livres e filhos. A segurança do possuidor não está em um obstáculo físico (excluir a ação de pessoas estranhas – Savigny) mas num obstáculo jurídico. A posse é protegida pelo direito para dar ao possuidor o uso econômico da coisa.
    Contudo, para o direito romano, equivocadamente, obtinha-se duas formas da relação possessória:
- Sobre as coisas suscetíveis de guarda e defesa (relação de poder físico sobre a coisa);
- Sobre as coisas livres e franqueadas, sem relação de poder.
    Ihering cita como exemplo o caso de alguns pássaros apanhados num laço, ou materiais de construção ao lado de uma residência em construção e, ao lado, uma charuteira com charutos. Observa-se que tanto os pássaros quanto os materiais estão aparentando terem sido ali dispostos pelo proprietário, ao passo que a charuteira demonstra a perda pelo seu dono (situação alheia à vontade do dono). No primeiro caso o homem leigo sabe que se apropriando cometerá um crime. No segundo, é indiferente apanhar a charuteira.
    Nesse exemplo percebemos a diversidade da relação possessória. Ao afirmar-se que a charuteira está perdia compreendemos que a relação com o proprietário está perturbada. Já com relação aos pássaros e os materiais conclui-se que essa situação é decorrente do destino econômico dado à coisa. No primeiro caso havia posse, no segundo não.
    Se aplicarmos a suposição do poder físico sobre a coisa e não o animus, ficaremos sem critério para identificarmos a permanência de tal poder físico.
    Outro exemplo para compreensão é dado pelos povos montanheses que, separando madeira para o fogo, cortadas nos bosques, lançam-na ao rio, para mais abaixo tirá-las da correnteza. Nesse caso, no percurso, não há poder físico e, contudo, a posse permanece, uma vez que a destinação econômica dada pelo homem também permanece.
X – A POSSE DE DIREITOS
    Para a proteção de um estado de fato, é preciso a existência de um direito, ou, onde não existe o direito não pode existir a posse de direito, em linguagem processual: "onde não há petitório não pode haver possessório."
    A proteção possessório beneficia mesmo aquele que não tem direito, isso porque o escopo é proteger aquele que tem o direito, sendo aquele apenas um parasita que o direito não pode eliminar.
    A noção de posse deve alcançar as coisas e os direitos, condição não realizada pela ciência romanista que limitou-se a justapô-las: a posse de coisas é um poder físico e a de direitos é o exercício de um direito. Para Ihering, a posse de coisas é exteriorização da propriedade e a posse de direitos a exteriorização do direito sobre coisas alheias, apresentando duas vantagens que a noção de poder físico romanista não apresenta:
    A exteriorização do direito cria um laço íntimo entre o fato e o direito, não se contrapondo;
    Se o estado de puro fato tivesse proteção nessa condição, deveria sê-lo também nos casos em que não fosse considerado como o exercício de um direito.
XI – TRANSFORMAÇÃO DA POSSE NO DIREITO MODERNO
Posse de Coisas
    A transformação afeta ambos os gêneros: de coisas e de direitos. A idéia romanista de que sendo a coisa entregue no interesse do detentor o subordinava à falta de proteção, uma vez que houve perda do poder físico da coisa, mostrou-se em flagrante contradição com os povos modernos.
    A solução veio como forma de concessão da proteção até mesmo ao mero detentor.
Posse de Direitos
    A idéia se assenta na situação de que todo indivíduo que está no gozo pacífico de um direito qualquer, por um período prolongado, culminando num estado de fato, deve ser protegido neste gozo provisoriamente.
XII – A LITERATURA
    Duas obras são referidas pelo autor. Interessa-nos a de Savigny. Segundo Ihering, as idéias foram preconcebidas, impedindo-o de ser imparcial para conhecer o Direito Romano, incorreu ainda no defeito de não levar em conta o lado prático.
    Realmente a teoria simplificada da posse é surpreendente, fazendo-nos concordar com o pensamento do autor de que A universalidade do Direito o incompatibiliza com sua nacionalização.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1) INTERDITOS POSSESSÓRIOS. VIÚVA E HERDEIROS DO PROPRIETÁRIO QUE NÃO MANTÊM POSSE DE FATO SOBRE O BEM LITIGIOSO. ADOÇÃO DA TEORIA OBJETIVA, DE IHERING, ENTRETANTO. Nos termos da teoria objetiva da posse, preconizada por Ihering e adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, tem posse quem se comporta como se dono fosse. A posse, então, é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio e o uso econômico da coisa, ou seja, o corpus não é revelado unicamente pelo contato físico com a coisa, mas decorre da mera possibilidade de exercício desse contato, tendo a coisa à sua disposição. Assim, não é carente de ação possessória o autor que não possui posse fática sobre o imóvel, mas desde que exerça sobre a área os poderes inerentes ao domínio. AUTORES E RÉU QUE ARGÚEM SER PROPRIETÁRIOS DO IMÓVEL. INTELIGÊNCIA DO ART. 505 DO CC. AUSÊNCIA DE REGISTRO IMOBILIÁRIO DO REQUERIDO. POSSE QUE NÃO PODE PREVALECER SOBRE O DOMÍNIO DOS AUTORES. Nos termos do art. 505 do CC, se ambas as partes discutem a posse a título de proprietárias (jus possidendi), a ação deve ser julgada favoravelmente àqueles que evidentemente são os proprietários do imóvel registrado, ainda que não exerçam a posse fática sobre a área, em decorrência da adoção da teoria objetiva de Ihering. Apelação cível 99.020057-4. TJSC. 12/9/2000
2) REINTEGRAÇÃO DE POSSE. USUFRUTO. USUCAPIÃO. POSSE PRECÁRIA. A posse precária não gera direito a usucapião. Direito à posse é corolário inerente ao direito de propriedade, ante a regra dos artigos 524 e 485 do Código Civil. Como o Código Civil segue a teoria de Ihering em relação à posse, basta que o bem cumpra a função econômica a que se destina para que o proprietário tenha direito aos interditos na defesa de sua posse. TJMG. 19/3/2003. Proc. 2.0000.00.379018-5/000(1) . Relator ARMANDO FREIRE
3) REIVINDICATÓRIA. USUCAPIÃO. MATÉRIA DE DEFESA. PROVA INSUFICIENTE. O usucapião, na reivindicatória, se constitui em matéria de defesa, pelo que deve ser arguida em contestação. O elemento intencional animus é visto por Ihering como implícito no poder de exercício da posse, enquanto para Savigny ele deveria ser exteriorizado. A legislação civil pátria consagrou a teoria objetiva de Ihering, apesar de ainda persistirem algumas idéias da teoria subjetiva de Savigny (art. 493 e art. 520, CC). O usucapião, como matéria de defesa, só pode postular quem exerce a posse, sem o consentimento do proprietário, e nela permanece sem oposição, pelo período de tempo mínimo previsto na lei. TJMG. 30/11/2002. Proc. 2.0000.00.378685-2/000(1). Relator SALDANHA DA FONSECA
4) APELAÇÃO CÍVEL - REINTEGRAÇÃO DEPOSSE - REQUISITOS DO ARTIGO 927 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL NÃO ATENDIDOS - POSSE DOS AUTORES NÃO COMPROVADA -- PROVA TESTEMUNHAL CONTUNDENTE - RECURSO DESPROVIDO. "Possuidor é aquele que atua frente à coisa como se fosse o proprietário, pois exerce algum dos poderes inerentes ao domínio, a posse, para o codificador, se caracteriza como a exteriorização da propriedade, dentre dos termos da concepção de IHERING." (Sílvio Rodrigues) Ao propor ação de reintegração de posse, cabe ao autor a comprovação do seu efetivo exercício e o seu esbulho,nos termos do art. 927 do CPC, sob pena de indeferimento da pretensão. TJSC. 13/05/2005. Apelação cível 2003.013260-0. Rel. Des. Dionízio Jenczak.
5) AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. POSSE NÃO COMPROVADA DE MANEIRA IDÔNEA. RÉU QUE COMPROVA A AQUISIÇÃO DA ÁREA E O EXERCÍCIO DO JUS POSSIDENDI. AÇÃO DE USUCAPIÃO AJUIZADA PELOS AUTORES. RECONHECIMENTO DO DOMÍNIO, NAQUELA DEMANDA, SOMENTE COM RELAÇÃO A IMÓVEL CONTÍGUO À PRESENTE AÇÃO POSSESSÓRIA. RECURSO DESPROVIDO. Adotada no direito brasileiro, na sua quase totalidade, a teoria objetivista preconizada pelo ilustre civilista Rudolf Von Ihering, tem-se a posse como situação de fato de uma pessoa sobre uma coisa, independendo do título de propriedade. Tratando-se de ação possessória, como se sabe, não se discute o domínio; ao contrário, a discussão fixa-se apenas na posse como um fato em si mesma, da qual decorrem efeitos jurídicos. Ainda que a invocação do título dominial, em sede de ação possessória, só se justifique quando ambas as partes discutem a posse na qualidade de proprietários ou quando aquela é duvidosa, tem-se que o exercício do jus possidendi pelos réus, em ação reintegratória, prevalece sobre a alegada mas não comprovada posse mansa e antiga da área pelos autores. TJSC. 17/2/2000. Apelação cível 99.004005-4. Des. Carlos Prudêncio
6) DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. TERMO DE PERMISSÃO DE USO A TÍTULO PRECÁRIO E ONEROSO. INADIMPLÊNCIA. CONFIGURAÇÃO DO ESBULHO. 1. A posse é condição de qualquer ação possessória, e não havendo posse sobre bens públicos, senão quando seu uso for concedido por lei específica, a mera detenção ou ocupação, ainda que não clandestina, isto é, quando permitida, é sempre a título precário. 2. Ihering: ""as coisas sobre as quais não pode haver um direito de sociedade não podem também ser objeto de posse no sentido jurídico: onde não pode haver propriedade, objetiva ou subjetivamente, também pode haver posse"". 3. O título é uma permissão precária de uso outorgada por pessoa jurídica de direito público. O bem (a coisa) pertence ao patrimônio público. 4. Não provimento do recurso. TJMG. 29/8/2003. Proc. 1.0000.00.333765-6/000(1). Rel. CÉLIO CÉSAR PADUANI
7) Ap. 890.876-7 TJSP Suzano 3ª Vara VOTO 13253 Relator Campos Mello (...) Cumpre aqui ainda relembrar a antiga e interminável polémica que grassa entre os adeptos de Savigny e Ihering a respeito da conceituação de posse. Um dos pontos nos quais mais se patenteou tal polemica foi justamente naquele referente à perda da posse. Recorra-se ao ensinamento de Astolpho Rezende, verbis: "A differença radical, que distingue a formula de Ihering da de Savigny, consiste nisto: no systema de Ihering, não é somente quando se tornou impossível ao possuidor comportar-se como dono que a posse cessa; mas é também quando de facto elle deixou de comportar-se como dono, mesmo quando isto lhe fosse possível; em consequência, a perda da posse poderá resultar da conducta pessoal do possuidor; sua diligencia ou negligencia, sua incúria, sua indifferença, todas essas circumstancias têm importância decisiva no ponto de vista da conservação e da perda da posse. Ao inverso, no systema de Savigny, todas essas circumstancias são completamente indiff crentes; emquanto não se verifica a impossibilidade absoluta de dispor da coisa, a posse é conservada pela força da inércia, qualquer que tenha sido a incúria ou a indifferença do possuidor a respeito da coisa, ainda mesmo que elle se tivesse completamente desinterassado delia, contanto que não houvesse de sua parte vontade positiva de não mais a possuir" (in. "Manual do Código Civil", Vol. VII - Direito das Cousas - 2a tiragem - Ed. Jacintho Ribeiro dos Santos - 1929 - p. 309). E o citado autor ainda leciona que "o possuidor, segundo Savigny, pode desprezar inteiramente o seu terreno e deixal-o inculto; pode afastar-se sem alugal-o e sem confiar a ninguém a sua vigilância; elle conserva a posse, porque pode acontecer que elle volte um dia, após l ou 20 annos. Segundo Ihering, elle perde a posse. Assim, a conducta pessoal do possuidor, sua diligencia ou negligencia, sua incúria, sua indiferença, não têm nenhuma importância segundo a doutrina de Savigny, que basêa a posse sobre a idéa da vis inertiae; segundo Ihering, ellas têm, ao contrario, importância decisiva" (ob. e loc. cit.).
Sabendo-se outrossim que nosso sistema normativo abraçou a teoria objetiva da posse, filiando-se à doutrina de Ihering (cf. Clóvis Beviláqua - "Código Civil Commentado" - Vol. III, Ed. Francisco Alves, 1919, p. 9), constitui erro de perspectiva tratar a perda da posse unicamente pelo prisma subjetivo. Ao contrário, é de rigor a aferição das circunstâncias de cada caso concreto, justamente porque nunca o possuidor que tenha perdido a posse pelo abandono vai admitir em Juízo que a perdeu. Então, apenas a análise das circunstâncias objetivas é que pode propiciar a exata definição do ocorrido. E essa análise, como visto, leva ao convencimento de que o réu é que é o possuidor. O que há é apenas a contraposição do jus possidendi dos apelantes, que todavia relegaram o imóvel ao abandono, ao jui possessionis do apelado, que há muito tempo age em relação ao bem como se dele proprietário fosse, obtendo para si o "gozo normal e completo daquilo para que, conforme a sua natureza ou índole, a coisa prestava", tal como já previa o art. 531 do Código Civil Português de 1867, ao se referir à prescrição ad usucapionem. (cf. Manuel Rodrigues Júnior - "A Posse" - Livraria Académica Saraiva & Cia, 1926, p. 288).
E ainda que não esteja proscrita do ordenamento a ação denominada de força velha espoliativa (antigo Código Civil, vigente na época, art. 523, caputl, malgrado respeitáveis opiniões que verberam sua existência como excrescência proveniente do velho direito reinol e incompatível com a sistemática adotada na codificação (cf. Astolpho Rezende, ob. cit., p. 596), deve-se atentar para as circunstâncias, pois nem sempre a aquisição da posse atual deu-se em virtude de esbulho praticado contra a vontade do possuidor anterior, mas em decorrência da ausência dessa vontade. Até mesmo Savigny, que tanta ênfase emprestava ao aspecto volitivo na definição da posse, chegou a admitir a possibilidade de renúncia tácita, como por exemplo na hipótese de o possuidor deixar seu campo por vários anos sem o cultivar e retirar dele benefício, inferindo-se daí tal renúncia (cf., a propósito, José de Oliveira Ascenção - "Direitos Reais", Ed. Almedina, 1978, p. 289). E, nesse caso, não se pode falar em esbulho, já que este se caracteriza pela colisão de vontades. Aqui, quando os apelantes cuidaram de externar vontade de recobrar o uso do bem, após inércia mais do que evidenciada, já se houvera configurado a posse do réu.
8) 1º TAC APELAÇÃO N° 945.436-0, da Comarca de ATIBAIA, sendo apelante MARIA IRENE ALBONETTI E OUTROS e apelado JOÃO ULYSSES BAPTISTA MONTEIRO. Relator SAMPAIO PONTES Interessante transcrever aqui jurisprudência aduzida a fls. 203 e 204, "verbis: "O que se quer saber neste tipo de ação é quem tem posse e foi esbulhado. Não se discute o direito a posse, protege-se, sim a posse como um faio (fls. ). Realmente, posse é fato. Fracassaram as tentativas de caracterizá-la como um direito, inclusive a de Ihering, líder da corrente. A própria doutrina germânica, de um modo geral, manteve-se fiel à ideia de ser a posse um simples fato, independente de qualquer relação jurídica entre a pessoa e coisa. A posse é estado de fato, em que acontece poder e não necessariamente ato de poder. Sem dúvida alguma, pode haver 'direito de possuir' ou 'direito a possuir', mas esse direito, positivamente, não é a posse, tanto que o titular daquele 'jus possidendi' nem sempre é possuidor" (Do acórdão unânime da 5a Cam. do 1o TARJ de 04/05/83, na Apel. 87.015, rei. Juiz Anaudim Freitas), in CPC Anotado, Alexandre de Paula, 4o ed., pág. 3.130.

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