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CONTEÚDO 2 - ANATOMIA E FISIOLOGIA CARDÍACA ANATOMIA CARDÍACA O coração é um órgão muscular, oco, que funciona como uma bomba contrátil propulsora. Está posicionado no mediastino, na cavidade torácica, atrás do esterno e sobre o músculo diafragma, predominantemente à esquerda do plano mediano e obliquamente disposta a 40º da linha horizontal. É dividido em 4 câmaras: 2 átrios e 2 ventrículos. Os átrios são câmaras receptoras de sangue e os ventrículos são câmaras ejetoras de sangue. O CORAÇÃO COMO BOMBA Coração Direito - Bombeia sangue para os pulmões Coração Esquerdo - Bombeia sangue para os órgãos O tamanho do coração é de 5g/Kg, e existem variações em relação ao sexo, idade, altura, peso e área de superfície corporal. O músculo cardiaco é constituído por 3 camadas: 1º - Epicárdio: camada externa. 2º -Miocárdio: camada média e mais espessa. É composto de músculo estriado cardiaco. 3º - Endocárdio: camada interna. *O músculo cardiaco fica disposto em espiral, e isso aumenta a potência de contração. O trofismo é proporcional ao seu trabalho, então o trofismo do ventrículo esquerdo (VE) é maior que o do ventrículo direito (VD). É um músculo estriado cardiaco. Pericárdio: É um saco fibroseroso que envolve o coração, separando-o dos outros órgãos do mediastino e limitando sua expansão durante a diástole ventricular. Pericárdio Fibroso – Externo Pericárdio Seroso – Interno Saco fibroseroso – envolve o coração A parte interna contêm um líquido lubrificante Função: Deslizamento, contenção e proteção. Tem a forma de um cone – Base e Ápice: O ápice é formado pelos 2 ventrículos e a base pelos 2 átrios. Morfologia Externa: O coração possui 3 faces e 4 margens: Faces: Face anterior: Esternocostal (VD) Face inferior: Diafragmática (VD e VE) Face esquerda: Pulmonar (VE) Margens: Margem Direita - Formada pelo átrio direito e estendendo-se entre as veias cavas superior e inferior. Margem Inferior - Formada principalmente pelo ventrículo direito e, ligeiramente, pelo ventrículo esquerdo. Margem Esquerda - Formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e, ligeiramente, pela aurícula esquerda. Margem Superior - Formada pelos átrios e pelas aurículas direita e esquerda em uma vista anterior; a parte ascendente da aorta e o tronco pulmonar emergem da margem superior, e a veia cava superior entra no seu lado direito. Posterior à aorta e ao tronco pulmonar e anterior à veia cava superior, a margem superior forma o limite inferior do seio transverso do pericárdio. Morfologia Interna: SEPTOS: Dividem as 4 câmaras cardíacas. Septo interatrial: divide o átrio direito (AD) do átrio esquerdo (AE). Não permite comunicação. Septo interventricular: divide o ventrículo direito (VD) do ventrículo esquerdo (VE). Não permite comunicação. Septos átrioventriculares: separa os átrios dos ventrículos. Permitem comunicação por meio das valvas. VALVAS: Tem a função de impedir o refluxo do sangue, direciona o fluxo sanguíneo. Temos 4 valvas: As átrio ventriculares (tricúspide e mitral) As semilunares (pulmonar e aórtica) Valva Tricúspide: Localizada entre o AD do VD. Função: impedir o refluxo do sangue do VD para o AD durante a sístole ventricular. Valva Bicúspide ou Mitral: Localizada entre o AE do VE. Função: impedir o refluxo do sangue do VE para o AE durante a sístole ventricular. Valva Pulmonar: Localizada entre o VD e a artéria pulmonar. Função: impedir o refluxo do sangue da artéria pulmonar para o VD durante a diástole ventricular. Valva Aórtica: Localizada entre o VE e a artéria aorta. Função: impedir o refluxo do sangue da artéria aorta para o VE durante a diástole ventricular. Óstios: São os orifícios pelos quais o sangue circula. AD: óstios das veias cavas inferior e superior e da valva tricúspide VD: óstios da valva tricúspide e da artéria pulmonar AE: óstios das veias pulmonares e da valva mitral VE: óstios das valvas mitral e aórtica VASOS DO CORAÇÃO: Artéria Pulmonar: É a artéria que sai do VD levando sangue venoso e se divide em duas artérias, a artéria pulmonar direita e a artéria pulmonar esquerda. Aorta: Sai do VE levando sangue arterial e tem seu trajeto em arco: 1º - trajeto superior: aorta ascendente 2º - trajeto posterior: arco da aorta 3º - trajeto inferior: aorta descendente A aorta ascendente emite 3 ramos: 1º - ramo da artéria carótida comum 2º - ramo da artéria subclávia 3º - ramo da artéria braquiocefálica Esses ramos irrigam a parte superior do corpo (cabeça, tórax e membros superiores). A aorta descendente irrigam o abdomen e membros inferiores. Veias Pulmonares: São 4 veias pulmonares que desembocam sangue arterial no AE. Veias Cavas: São 2 veias (superior e inferior), trazem sangue venoso sistêmico para o AD. SUPRIMENTO SANGUÍNEO DO CORAÇÃO O coração necessita de fluxo sanguíneo nutridor. O sangue é fornecido ao coração pelas artérias coronárias direita e esquerda. Originam-se da Aorta. O sangue NÃO passa das câmaras cardíacas direto para o músculo. FISIOLOGIA CARDÍACA O sistema cardiovascular ou circulatório é uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres, que põe em comunicação todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue, impulsionado pelas contrações rítmicas do coração. O aparelho cardiovascular funciona para fornecer e manter suficiente, contínuo e variável fluxo sanguíneo aos diversos tecidos do organismo, segundo suas necessidades metabólicas para desempenho das funções que devem cumprir, diante das diversas exigências funcionais a que o organismo está sujeito. O aparelho cardiovascular está organizado morfologicamente e funcionalmente: a) Para gerar e manter uma diferença de pressão interna ao longo do circuito; b) Para conduzir e distribuir continuamente o volume sanguíneo aos diferentes tecidos do organismo; c) Para promover a troca de gases (principalmente oxigênio e gás carbônico), nutrientes e substâncias entre o compartimento vascular e as células teciduais; d) Para coletar o volume sanguíneo proveniente dos tecidos e retorná-lo de volta ao coração. COMPOSIÇÃO: a) Uma bomba premente e aspirante geradora de pressão receptora de volume sanguíneo, representada pelo coração; b) Um sistema tubular condutor e distribuidor, representado pelo sistema de vasos arteriais (sistema vascular arterial); c) Um sistema tubular trocador, que é a microcirculação; d) Um sistema tubular coletor de retorno, que é o sistema de vasos venosos (sistema vascular venoso) e linfáticos (sistema vascular linfático). O funcionamento do coração é extraordinariamente complexo, sendo a resposta integrada de propriedades intrínsecas do miocárdio sob muitas influências extrínsecas tais como: fatores do sistema nervoso, fatores humorais, o volume de sangue e o retorno venoso, e também as impedâncias instantâneas da vasculatura periférica. FUNÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR: - Transporte de gases; - Transporte de nutrientes; - Transporte de resíduos metabólicos; - Transporte de hormônios; - Intercâmbio de materiais; - Transporte de calor; - Distribuição de mecanismos de defesa; - Coagulação sanguínea. CIRCULAÇÃO: Chama-se circulação, o movimento que o sangue realiza ciclicamente dentro do sistema vascular. Este sistema compreende uma extensa rede de condutosou tubos especialmente preparados para que o sangue circule em seu interior. As artérias são os vasos que levam o sangue do coração para os órgãos, músculos, ossos, enfim, para cada célula do nosso organismo. A parede das artérias é composta de três camadas: a camada adventícia, que é a camada mais externa; a camada média, formada por musculatura lisa e a camada íntima, que é um revestimento de endotélio. As artérias tem a propriedade especial de se contraírem assim que recebem o estímulo de substâncias contidas no próprio sangue (hormônios) produzindo o efeito que se chama de pressão arterial. O pulso arterial é produzido pela ejeção de sangue do ventrículo esquerdo dentro da aorta e grandes vasos. Esta pressão faz com que o sangue seja empurrado para a frente, chegando aos órgãos e as células. As veias são os vasos que trazem o sangue de volta ao coração. Diferem das artérias por ter uma camada média menos espessa, isto porque a pressão de retorno do sangue para o coração é menor do que a de saída. O retorno do sangue ocorre devido ao pulso venoso gerado pela contração dos músculos e pela contração da própria veia. A isto, soma-se a ação das válvulas contidas no interior das veias ajudam a vencer a força da gravidade. Além disto o próprio átrio direito gera uma força ou pressão negativa, sugando o sangue na direção do coração. Grande Circulação ou Circulação Sistêmica é o movimento do sangue que sai do ventrículo esquerdo para aorta, daí para os sistemas corporais e retorna pelas veias cavas inferior e superior de volta ao átrio direito. Pequena Circulação ou Circulação Pulmonar é o movimento do sangue que sai do ventrículo direito para artéria pulmonar, passando pelos capilares pulmonares (local onde o sangue entra em contato com o leito alveolar e é oxigenado). Depois de oxigenado o sangue retorna através das veias pulmonares para o átrio esquerdo. MÚSCULO CARDÍACO: Fibras musculares especializadas: Sistema de geração e condução de impulso. As fibras musculares cardíacas possuem uma estriação transversa, mecanismo contrátil por filamentos deslizantes de actina e miosina. SINCÍCIO ATRIAL SINCÍCIO VENTRICULAR POTENCIAL DE AÇÃO: é devido à abertura de canais rápidos de Na+ e lentos de Ca++. PROPRIEDADES DO MÚSCULO CARDÍACO: EXCITABILIDADE: Capacidade que cada célula do coração tem de se excitar em resposta a um estímulo elétrico, mecânico ou químico, gerando um impulso elétrico que pode se conduzir, no caso do tecido excito-condutor, ou gerando uma resposta contrátil, no caso do micárdio. CONDUTIBILIDADE: Capacidade de condução do estímulo elétrico, gerado em um determinado local, ao longo de todo o órgão, para cada uma das suas células. CONTRATILIDADE: Capacidade de contração do coração, que leva a ejeção de um determinado volume sanguíneo para os tecidos e ao esvaziamento do órgão. RELAXAMENTO: Capacidade de desativação da contração, que resulta em retorno de um volume de sangue e ao enchimento do coração. AUTOMATISMO: Capacidade que o coração tem de gerar seu próprio estímulo elétrico, o qual promove a contração das células miocárdicas contráteis; é o grau do automatismo que determina o ritmo cardíaco, ou a frequência dos batimentos do coração, que varia normalmente de 60 a 100 vezes por minuto. SÍSTOLE E DIÁSTOLE Sístole: contração da musculatura ventricular, aumento das pressões dentro das câmaras, ejeção de sangue para os tecidos; Diástole: relaxamento da musculatura ventricular, ejeção de sangue para os ventrículos. SISTEMA CONDUTIVO EXCITATÓRIO DO CORAÇÃO Nodo sinoatrial ou sinusal (SA): Localizado na parede superior do AD, perto da veia cava superior. Cada ciclo é iniciado pela geração espontânea de um potencial de ação no nodo sinusal. Visto que o nodo SA tem frequência mais elevada do que qualquer outra região do coração, os impulsos originados neste, são propagados para os átrios e para os ventrículos. Por isto, o ritmo do nodo SA passa a ser o ritmo do coração, razão por ser conhecido como o “marcapasso natural do coração". Vias internodais: Localizados nas paredes atrias, conduz o impulso até o nodo atrioventricular. Nodo atrioventricular (AV): Situado na parte inferior da parede posterior do átrio direito. Conduz o impulso para os ventrículos, onde o impulso sofre um retardo, tempo suficiente para que os átrios contraiam antes dos ventrículos. Feixe atrioventricular (HIS): Situado nos ventrículos (feixe interventricular). Fibras de Purkinje: ramificações periféricas ramos D (VD) e E (VE). CICLO CARDÍACO Período compreendido entre o começo de um batimento cardíaco e o começo do seguinte. O ciclo cardíaco é composto por dois eventos: a diástole e a sístole A diástole (período de relaxamento) é o enchimento das câmaras cardíacas com o volume de sangue. A sístole (período de contração) é a expulsão do sangue das câmaras cardíacas. Existem dois tipos de sístole, a atrial e a ventricular. Cada uma é precedida por uma diástole. FUNÇÃO DOS ÁTRIOS COMO BOMBA: O sangue flui normalmente sem interrupção das grandes artérias e veias para os átrios, cerca de 70% desse fluxo passa para os ventrículos, antes que os átrios se contraiam, isso significa que a contração (sístole atrial) fornece de 20 a 30% de enchimento adicional para os ventrículos. FUNÇÃO DOS VENTRÍCULOS COMO BOMBA: ENCHIMENTO DOS VENTRÍCULOS: SÍSTOLE VENTRICULAR: Grande quantidade de sangue é acumulada nos átrios devido ao fechamento das válvulas atrioventriculares. TÉRMINO DA SÍSTOLE VENTRICULAR: As pressões ventriculares caem para seus baixos valores diastólicos, a maior pressão nos átrios força a abertura das válvulas AV, o que permite que o sangue flua rapidamente para os ventrículos. ESVAZIAMENTO DOS VENTRÍCULOS DURANTE A SÍSTOLE PERÍODO DE CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA: Imediatamente após a contração ventricular, a pressão ventricular aumenta de forma abrupta, fazendo com que as válvulas AV se fechem. Após isso os ventrículos geram pressão suficiente para abrir as válvulas semilunares, contra as pressões na aorta e na artéria pulmonar. Durante esse período ocorre contração ventricular, mas os ventrículos não esvaziam. PERÍODO DE EJEÇÃO: Quando a pressão ventricular esquerda ultrapassa 80 mmHg e a pressão ventricular direita ultrapassa 8 mmHg, começa a forçar a abertura das válvulas semilunares, o sangue jorra para fora dos ventrículos (70% do esvaziamento durante 1/3 → período de ejeção rápida, e os 30% restantes durante os últimos dois terços → período de ejeção lenta). PERÍODO E RELAXAMENTO ISOMÉTRICO: Final da sístole: Relaxamento ventricular de forma abrupta (pressões ventriculares caem rapidamente) → pressões elevadas nas grandes artérias distendidas forçam imediatamente o sangue a voltar em direção dos ventrículos → fechamento das válvulas semilunares. Durante os 0,03 a 0,06s seguintes, o músculo ventricular continua a relaxar, mas o volume ventricular não se altera → período de relaxamento isovolumétrico ou isométrico, onde a pressão intraventricular diminui de modo muito rápido até atingir seus valores diastólicos muito baixos. As válvulas AV se abrem para que ocorra um novo ciclo de bombeamento. MECÂNICA CARDÍACA A mecânica básica da contração muscular do coração é regulada por dois fatores: Regulação intrínsica do bombeamento: Lei de Frank-Starling Pré carga e Pós carga Controle da FC e da Força de contração cardíaca pelos nervos simpáticos e parassimpáticos: Contratilidade (inotropismo) Frequência cardíaca PRÉ CARGA Tensão exercida na parede do ventrículoapós a contração atrial. Grau de estiramento muscular no final da diástole. O volume sanguíneo estira o músculo até o seu comprimento inicial antes da contração. Quanto maior o comprimento muscular, maior será a força de contração (Lei de Frank-Starling) PÓS CARGA Volume de sangue que o músculo deve mover após o início da contração. A ejeção e o desempenho ventricular dependem da resistência contra a qual os ventrículos se contraem: - VE: Resistência vascular periférica, rigidez da parede da aorta e viscosidade do sangue. - VD: Rigidez e resistência do tronco arterial pulmonar e viscosidade do sangue. REGULAÇÃO PELO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Embora o coração possua sistema de controle que lhe é intrínseco, podendo continuar a funcionar sem quaisquer influências nervosas, a eficácia da ação cardíaca pode ser muito melhorada por meio de impulsos reguladores com origem no SNC. O SNC é ligado ao coração por dois grupos de nervos: Simpáticos e Parassimpáticos. Estimulação pelo SN Simpático: Causa liberação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) nas terminações nervosas simpáticas. EFEITOS: - ↑ da FC; - ↑ da força de contração; e - ↑ do fluxo sangüíneo através dos vasos coronários visando a suprir o ↑ da nutrição do músculo cardíaco. Estimulação pelo SN Parassimpático: Libera acetilcolina nas terminações nervosas parassimpáticas. EFEITOS: - ↓ da FC; - ↓ da força de contração; - ↓ na velocidade de condução dos impulsos através do nó AV, ↑ o período de retardo entre a contração atrial e a ventricular; e - ↓ do fluxo sangüíneo. FATORES QUE AUMENTAM A FREQUÊNCIA CARDÍACA Queda da pressão arterial Inspiração Excitação Raiva Dor Hipóxia (redução da disponibilidade de oxigênio para as células do organismo) Exercício Adrenalina Febre FATORES QUE DIMINUEM A FREQUÊNCIA CARDÍACA Aumento da pressão arterial Expiração Tristeza ALGUNS CONCEITOS VOLUME DIASTÓLICO FINAL (VDF): Quantidade de sangue dentro dos ventrículos ao final da diástole= 110-120ml. DÉBITO SÍSTOLICO: Quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada sístole ventricular, em torno de 50-70 ml. VOLUME SISTÓLICO FINAL (VSF): Os 40 a 50 ml de sangue remanescente em cada ventrículo. DÉBITO CARDÍACO (DC): Quantidade de sangue bombeado pelo coração por minuto, DC= FC x VS= 5l/min. RETORNO VENOSO (RV): Fluxo de sangue proveniente dos tecidos periféricos que chega ao coração direito. Deve ser igual ou próximo do DC, tudo o que diminui o RV altera a função cardíaca CONTEÚDO 3 - AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA. Anamnese em Cardiologia A boa anamnese e o exame físico cuidadoso podem ser suficientes. Fonte mais rica de informações. Estabelece um vínculo entre o médico e o paciente. Tem como objetivo associar à avaliação functional e aos exames complementares. Técnicas de Aquisição da História Queixas Aparecimento dos sintomas Duração / Intensidade / Qualidade / Local História Pregressa Tireóide / Extração / Exames Anteriores Vícios Estresse Antecedentes Familiares Doenças Endócrinas / Reumatológicas e/ou Neurológicas PRINCIPAIS SINTOMAS DAS CARDIOPATIAS: 1. Dispneia 2. Dor ou Desconforto Torácico 3. Cianose 4. Síncope 5. Palpitação 6. Edema 7. Tosse 8. Hemoptise 9. Fadiga 1. DISPNEIA Sensação de falta de ar Origem Cardíaca e Pulmonar Aparecimento Súbito Edema Agudo Pulmonar / Embolia Pulmonar / Pneumonia / Obstrução de Via Aéreas Superiores Crônico ICC / Obesidade / Gravidez / Derrame Pleural 2. DOR OU DESCONFORTO TORÁCICO Precordial, comum irradiar para MSE 2 a 15 minutos: angina pectoris >15 minutos: Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) OUTROS TIPOS DE DESCONFORTO TORÁCICO Pericardite Aguda Infecção ou inflamação do pericárdio devido à infecção viral ou bacteriana. Mais aguda do que a angina pectoris Mais a esquerda do que centralizada Forte irradiação para o pescoço Duração: Horas Pouco relacionada ao esforço Relacionado a alteração de decúbito Dissecção Aórtica Dor em Pontada Irradiação para região torácica posterior e lombar 3. CIANOSE Coloração azulada da pele, em decorrência do aumento da concentração de hemoglobina reduzida Central Cardiovascular ou Pulmonar Periférica Vasoconstrição cutânea por redução no DC ou hipotermia - SatO2 < 85 % - Doenças Congênitas 4. SÍNCOPE Perda temporária da consciência comumente resulta de estado de redução do fluxo sanguíneo cerebral Etiologias: síndromes, arritmias, convulsões Quando de origem cardiovascular, geralmente início abrupto não associado a quadros convulsivos Curto: Vasopressora Longo: Estenose Aórtica 5. PALPITAÇÃO Sensação desconfortável de batimento forte e/ou rápido do coração Presente em situações de alteração do ritmo ou da frequência cardíaca Apresenta correlação com atividade física Arritmias mais frequentes: Flutter atrial, Taquicardia supraventricular ou Fibrilação atrial 6. EDEMA Localização e Hipótese Diagnóstico: 1. MMII, Noturno e Gradativo: Insuficiência Cardíaca Congestiva ou Insuficiência Vascular Periférica 2. MMII e Abdome: ICC ou Cirrose Hepática 3. Anasarca: Síndrome Nefrótica, ICC grave ou Cirrose Hepática 4. Periorbitário, palpebral e facial: Síndrome Nefrótica, Glomerulonefrite, Hipoproteinemia e Mixedema 5. Face, Pescoço e MMSS: Obstrução de veia cava superior por Carcinoma Pulmonar, Linfomas e Aneurisma Aórtico 6. Edema Unilateral: Trombose Venosa e Bloqueio a Drenagem Linfática 7. TOSSE Frequente em: Hipertensão pulmonar venosa Edema pulmonar Infarto pulmonar Compressão de arvore brônquica Características Seca/ irritativa/ espasmódica/ noturna 8. HEMOPTISE Expectoração sanguinolenta Etiologia: Passagem de sangue para o interior dos alvéolos de vasos congestos Edema pulmonar agudo Ruptura de vasos endobrônquicos dilatados que formam canais colaterais entre os sistemas venosos pulmonar e brônquico Estenose mitral Necrose e hemorragia para a luz alveolar Infarto pulmonar Ulceração da mucosa brônquica ou pequenas lesões Tuberculose ou tosse excessiva Invasão vascular Carcinoma pulmonar Necrose da mucosa com ruptura das conexões venosas broncopulmonares Bronquiectasia 8. FADIGA Diminuição do condicionamento físico Efeitos deletários da inatividade física EXAME FÍSICO INSPEÇÃO Forma de tórax: observar deformidades, cicatriz, drenos. Ictus Cordis: vibração que o batimento ventricular gera na caixa torácica, na linha hemiclavicular esquerda no 5º espaço intercostal. PALPAÇÃO Ictus Cordis Perfusão periférica Aspecto e temperatura da pele Ritmo e Frequência cardíaca Pulso Arterial: Radial, Braquial, Carotídeo e Femoral Frequênciacardíaca: 60 a 100 bpm – Adultos bradicardia < 60 bpm taquicardia > 100 bpm 80 a 120 bpm – Crianças 120 a 160 bpm – RN PRESSÃO ARTERIAL: PRESSÃO SISTÓLICA PRESSÃO DISTÓLICA CLASSIFICAÇÃO SEGUIMENTO < 130 <85 Normal Reavaliar - anual 130 a 139 85 a 89 Normal limítrofe Reavaliar: 6 meses 140 a 159 90 a 99 Leve – Estágio I Imediato 160 a 179 100 a 109 Moderada – Estágio II Imediato 180 a 209 110 a 119 Grave – Estágio III Imediato >210 >120 Muito grave – Estágio IV Imediato AUSCULTA CARDÍACA: FOCOS: FOCO MITRAL: intersecção do 7º espaço intercostal com a linha hemiclavicular esquerda. FOCO AÓRTICO: 3º espaço intercostal direito, junto ao esterno. FOCO PULMONAR: 2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. FOCO TRICÚSPIDE: 9º espaço intercostal, na linha justa esternal direita. BULHAS CARDÍACAS: Sons que correspondem ao fechamento das valvas cardíacas. São manifestações acústicas decorrentes do impacto e vibração entre as estruturas cardíacas, o sangue e a parede dos grandes vasos. Audíveis com auxílio de estetoscópio. Funcionamento das Valvas – Bulhas Cardíacas: 1ª Bulha (TUM) – fechamento das valvas tricúspide e mitral no início da sístole ventricular; 2ª Bulha (TÁ) – fechamento das valvas aórtica e pulmonar no início da diástole ventricular; 3ªBulha- vibração da parede ventricular durante o enchimento do ventrículo na diástole, menos audível e frequente em crianças e adolescentes; 4ª Bulha – Ruído que ocorre no final da diástole e precede à sístole. Não audível em adultos. Pequena intensidade. Avaliar a fonese: quantidade de som emitido pelas bulhas. Elas podem ser: normofonéticas, hipofonéticas ou hiperfonéticas. EXAMES COMPLEMENTARES Métodos não invasivos Métodos invasivos ELETROCARDIOGRAMA(ECG): é um exame que avalia a atividade elétrica do coração, incluindo também a freqüência e a regularidade dos batimentos, assim como dimensão e posição dos ventrículos, qualquer lesão ao coração, efeitos de medicamentos ou aparelhos para regular o coração. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES: Frequência Ritmo Eixo Hipertrofia Infarto ONDAS DO ECG: ONDA P: Despolarização Atrial ONDA QRS: Despolarização ventricular ONDA T: Repolarização Ventricular RADIOGRAFIA DE TÓRAX: As estruturas mediastinais tem todas a mesma densidade radiológica, sendo indistinguíveis. No entanto, as bordas cardíacas são bem marcadas e uma configuração anormal dessas bordas pode sugerir a presença de patologia TESTE ERGOMÉTRICO: É um procedimento clínico, onde o paciente executa caminhada e/ou corrida em esteira rolante (pode ser executado em cicloergômetro, mas é menos freqüente) e o objetivo é avaliar o funcionamento do coração através do eletrocardiógrafo. Além do eletrocardiograma, monitora-se a pressão arterial em repouso e durante todo o teste, o que permite avaliar o funcionamento do sistema cardiovascular como um todo. Através de exercício físico de intensidade progressiva, realizado em esteira , são obtidos dados relacionados às condições gerais do paciente, como: a - sinais e sintomas sugestivos de doenças cardiovasculares e/ou respiratórias b - capacidade física c- comportamento da pressão arterial d - alterações eletrocardiográficas como distúrbios do ritmo cardíaco e aquelas relacionadas à isquemia miocárdica. TESTE ERGOESPIROMÉTRICO: Permite avaliar o potencial aeróbio e identificar as zonas ideais para treinamento aeróbio leve, moderado e máximo. Geralmente é executado simultaneamente com o teste ergométrico, através da utilização de um analisador de gases, o qual é acoplado através de uma máscara no rosto do paciente e possui um sensor extremamente sensível, que detecta inúmeras variáveis ventilatórias, como o consumo máximo de oxigênio, mais conhecido por VO2max. HOLTER: Exame que registra as atividades elétricas do coração através de aparelho portátil, durante 24 horas, para avaliação de arritmias cardíacas e doenças coronárias. ECODOPPLERCARDIOGRAMA: Consiste na utilização do ultra-som, derivado do sonar, para a visualização direta do coração, possibilitando a análise da anatomia cardíaca, da função cardíaca, das válvulas, do tamanho do coração a do fluxo de sangue. Avaliação da função ventricular; Avaliação da contratilidade; Avaliação da espessura do miocárdio; Avaliação das características das valvas; Avaliação da aorta e da artéria pulmonar; Avaliação do pericárdio. VANTAGENS: É indolor, podendo ser realizado em qualquer posição, sem desconforto ou preparo prévio do paciente Extremamente seguro, mesmo em crianças e gestantes O equipamento é móvel O exame é rápido (30 a 15 minutos). MAPA( Monitorização ambulatorial da pressão arterial): Exame que registra os níveis de PA durante 24 horas para avaliação principalmente de pacientes hipertensos. ANGIOGRAFIA: é o método de visualização dos vasos sanguíneo que através da injeção de contraste por dentro desses vasos e a utilização de radiação (raios x) é possível que sejam detectadas anomalias, como estenoses, aneurismas, etc. Normalmente, a angiografia coronária é realizada juntamente com a cateterização cardíaca. Antes do exame, o paciente recebe um sedativo suave. Um cateter intravenoso é introduzido em um dos braços ou pernas para permitir a administração de medicamentos durante o exame. CIRURGIAS CARDÍACAS: Umas das principias cirurgias feita no coração é a revascularização do miocárdio. Revascularização do Miocárdio Por meio de esternotomia Sob anestesia geral Com ou sem Circulação extracorpórea (CEC) Indicação: Obstrução parcial ou total de arteria coronária principal Mais de 2 ramos obstruídos Troca/reconstrução valva cardíaca Algumas patologias de valvas necessitam de reconstrução ou troca propriamente dita. Na grande maioria das vezes são realizadas sem a CEC. Entretanto o pós cirúrgico requer extrema atenção da fisioterapia. A atenção fisioterapêutica pré-operatória é sempre ideal. Entretanto a fisioterapia no pós- operatório imediato, favorece menor tempo de recuperação, menor índice de complicações respiratórias e alta hospitalar precoce. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA Visa identificar pacientes com risco aumentado de desenvolver complicações pulmonares. Este risco depende do estado clínico do paciente e da cirurgia a ser realizada. Anamnese Identificação; História da moléstia atual; História de moléstias pregressas; Antecedentes pessoais e familiares; Hábitos pessoais. As probabilidades de incidência das cardiopatias: Idade: nos adultos a hipertensão arterial sistêmica e a insuficiência coronariana. Sexo, raça, hereditariedade, distribuição regional: Cardiopatia chagásica, HAS, valvopatias. Queixa principal: Sinal ou sintoma que mais incomoda o paciente. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Após uma cirurgia cardíaca ocorre diminuição dos volumes e capacidades pulmonares. Diminuição da CRF (capacidade residual funcional) = hipoxemia e atelectasia. Diminuição de 40 a 50% em relação ao pré-operatório. O VC (volume corrente) e o VM (volume minuto) podem ser obtidos por meio de um ventilômetro. A hipoxemia ocorre devido ao“shunt”. A indução anestésica interfere na diminuição da CRF, pois relaxa o diafragma e a parede torácica. O relaxamento promove uma diminuição da complacência pulmonar. Na cirurgia cardíaca ocorre uma diminuição da força diafragmática, que pode durar de 7 a 14 dias após a cirurgia, dor e paresia do diafragma por inibição do nervo frênico. A força muscular respiratória pode ser avaliada por meio da manovacuometria. FATORES DE RISCOS: Enquanto a paresia diafragmática ocorre em todos os pacientes submetidos à cirurgia torácicas ou abdominais altas, a ocorrência de complicações depende de outros fatores de risco, como: Fatores fixos: Idade superior a 60 anos; Cirurgias torácicas ou abdominais; Duração da cirurgia; Cirurgias de emergência. Fatores alteráveis: Obesidade; Controle de sintomas respiratórios prévios; Tabagismo. Outros: Hipotensão; Sepse; Transfusões; Presença de sonda nasogástrica; Infecção de parede FATORES QUE INTERFEREM NO PÓS OPERATÓRIO (PO) Tipo de duração do protocolo anestésico Tipo de incisão cirúrgica Tempo de proteção miocárdica Quantidade de enxertos Utilização e tempo de circulação extracorpórea (CEC) Manuseio adequado da ventilação intra-operatória COMPLICAÇÕES PULMONARES NO PO Derrame Pleural Atelectasia Pneumonia Edema Pulmonar Cardiogênico Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo Lesão no nervo frênico Embolia Pulmonar Pneumotórax CONTEÚDO 4 - FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CORONARIANAS (DAC)/ DOENÇAS CORONARIANAS FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR Identificação e manejo “ Eu sempre enfatizei que a cirurgia de ‘bypass’ é um tratamento paliativo. A incidência de DAC somente será diminuída através de medidas preventivas” René G. Favaloro FATOR DE RISCO Um FR pode ser definido como qualquer traço ou característica mensurável de um indivíduo que possa predizer a probabilidade deste indivíduo vir a manifestar uma determinada doença. DEFINIÇÕES: Coronárias: responsáveis pela irrigação do coração. DAC: ocorre estreitamento das artérias, geralmente por depósito de gordura, aterosclerose. Arteriosclerose: “endurecimento das arterias”. Aterosclerose: forma mais comum de arterioesclerose, “ateroma”. Robbin,et al. Patologia Estrutural e Funcional. Ed. Guanabara, 1991 “athero” = sopa ou mingau de aveia. “esclerose” = endurecimento. FATORES DE RISCO Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) Diabetes Mellitus (DM) Dislipidemia Tabagismo Obesidade Estresse Sedentarismo HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: situação na qual a pressão arterial (PA) ultrapassa os níveis de normalidade e isso pode ocorrer de forma aguda ou crônica. Pressão arterial é o débito cardiaco X resistência vascular PA= DC X RV DC= frequência cardiaca (FC) X volume sistólico (VS) A PA depende da FC, VS e RV DC ↑ FC ↑ catecolaminas – (adrenalina, epinefrina) ↑ pré-carga ↑ ingestão de sal – (volume sistólico) ↑ retenção hídrica RV Perda de vasos Vasoconstrição (SNA) Hipertrofia das paredes PRESSÃO SISTÓLICA PRESSÃO DISTÓLICA CLASSIFICAÇÃO SEGUIMENTO < 130 <85 Normal Reavaliar - anual 130 a 139 85 a 89 Normal limítrofe Reavaliar: 6 meses 140 a 159 90 a 99 Leve – Estágio I Imediato 160 a 179 100 a 109 Moderada – Estágio II Imediato 180 a 209 110 a 119 Grave – Estágio III Imediato >210 >120 Muito grave – Estágio IV Imediato QUADRO CLÍNICO: Tontura Zumbido Cefaléia Náusea Assintomática ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: Anamnese Exame físico Exame laboratoriais TRATAMENTO: Tratamento sintomático visando: Controle da doença ↓ mortalidade ↑ sobrevida ↓ complicações Conservador: ↓ peso ↓ sal Supressão do fumo e álcool ↑ atividade física Farmacológico: Diuréticos β bloqueadores Antagonistas dos canais de cálcio IECA – inibidores da enzima conversora de angiotensina DISLIPIDEMIA: Metabolismo Lipídico: Lipídeos + proteínas = colesterol Gordura nunca “anda” sozinha, sempre se liga a uma proteína Ligados a proteínas: LDL – baixa densidade HDL – alta densidade VLDL – muito baixa densidade LDL – PERIGOSO – adere paredes dos vasos COLESTEROL TOTAL < 200 LDL < 180 HDL > 40 SEDENTARISMO: Indivíduo ocioso Benefícios da Atividade Física: • Modulação de catecolaminas • ↑ sensibilidade a insulina • ↑ níveis de HDL ↓ triglicérides • Efeito músculo-esquelético • Psicológicos OBESIDADE: Efeitos sobre os sistemas: • Cardiovascular: • ↑ peso ↑ DC ↑ volemia – hipertrofia VE e ↑ RV ↑ VS • ↑ risco diabetes tipo 2 • ↑ LDL • TRATAMENTO • Emagrecimento, medicamentos, exercícios físicos, cirurgia. ESTRESSE: Interação entre o indivíduo e o meio, incluindo componentes físicos e psicológicos. • Estresse mental – momentâneo • Personalidade – depressão / raiva • Tratamento: • Psicoterapia • Relaxamento • Exercício • Medicamentos DIABETES MELLITUS: Mecanismos da hiperglicemia para formar arteriosclerose: • ↓ motricidade do vaso • ↑ produção fibronectina e colágeno • ↑ ligação de lipoproteínas (LDL): • ↑ macrófagos – agregação • ↑ depósito de fibras TABAGISMO: OMS relata ocorrer 3 milhões mortes/ano. • Risco de IAM: 4 cigarros ao dia. • Efeitos Indesejáveis: • Afinidade Hb/CO = hipóxia • Deterioração das propriedades elásticas ATEROSCLEROSE Principal causa de morte em todo o mundo; Evolução lenta; Vários fatores aceleram sua evolução - fatores de risco; Os sintomas aparecem geralmente apenas quando ocorre importante obstrução do vaso; Não existe terapêutica curativa; A abordagem consiste na identificação e correção dos fatores de risco; O tratamento invasivo é feito apenas quando a obstrução é severa, pois ele não impede a progressão da doença. Decorrente de três processos biológicos fundamentais: Proliferação das células de músculo liso da íntima, juntamente com números variáveis de macrófagos e linfócitos T acumulados; Formação de grandes quantidades de matriz de tecido conjuntivo, incluindo colágeno, fibras elásticas e proteoglicanos, pelas células de músculo liso proliferadas; Acúmulo de lipídeos, principalmente sob a forma de ésteres de colesterol e colesterol livre no interior das células assim como nos tecidos conjuntivos adjacentes. PLACA ATEROSCLERÓTICA Tipicamente a placa aterosclerótica consiste de um núcleo rico em lipídeos, na porção central. No lado do lúmen do núcleo lipídico, fica a capa fibrótica, constituída principalmente por tecido conectivo. Essa capa fibrótica é a única barreira que separa o sangue circulante do forte sistema de coagulação gerador de trombos do núcleo lipídico, que, por sua vez, são ricos em fator tecidual, um dos mais potentes pró coagulantes conhecidos. PLACA VULNERÁVEL Tamanho e consistência do núcleo aterosclerótico. Espessura da capa fibrótica que reveste o núcleo. Inflamação e reparo dentro da placa aterosclerótica. MECANISMO DE OCLUSÃO Trombo não oclusivo sobre placa pré-existente; Obstrução dinâmica (espasmo coronariano ou vasoconstrição); Obstrução mecânica progressiva; Inflamação ou infecção; Angina secundária; Rotura da placa aterosclerótica. DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Varia desde a forma totalmente assintomáticaaté a morte súbita, estando neste intervalo as chamadas síndromes isquêmicas agudas que são a: Angina; Infarto agudo do miocárdio. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é causado pela limitação do fluxo coronário de tal magnitude e duração que resulta em necrose do músculo cardíaco. É o resultado final da isquemia prolongada e não aliviada devido à interrupção total do suprimento de sangue ao miocárdio. A irrigação do coração é feita através das artérias coronárias direita e esquerda. PATOGENIA A maioria dos casos são devido à uma complicação da aterosclerose coronária. Sua progressão gradual pode levar à oclusão total do vaso. Na ausência de vasos colaterais adequados, a obstrução coronária aguda provoca isquemia transmural grave e, se durar por mais de 20 a 30 minutos, ocorre infarto. 90% dos casos - evento trombótico sobre uma placa de ateroma. O trombo ocorre sobre uma placa aterosclerótica fissurada ou ulcerada FISIOPATOLOGIA Placa Aterosclerótica 4 crescimento Excêntrico 4causa expansão da parede do vaso em sentido oposto à luz arterial 4dura anos ou décadas 4quando ocupa metade da área da luz4protusão para sua luz e redução do fluxo sanguíneo 4agregação plaquetária e formação de trombo Necrose grave compromete de forma aguda a contração e relaxamento cardíacos. <15% a 20% - geralmente função do miocárdio mantida. > 20% a 25% - diminuição da função ventricular e provável ICC (Insuficiência cardíaca congestiva) > 35% pode ocorrer choque cardiogênico. Duração maior que 20 minutos a necrose vai ser irreversível. 50% sofre necrose na 1ª hora e 70% em 3 a 4 horas. 30 a 50% dos pacientes apresentam sinais de dilatação ventricular. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico de IAM hoje em dia é suspeitado até por leigos e quando atendidos adequadamente - Unidade Coronária – ocorre redução do índice de mortalidade anterior de cerca de 25% para 16% ou menos. 25% são vítimas de morte súbita por fibrilação ventricular. TRÍADE DO DIAGNÓSTICO – Quadro clínico/ Eletrocardiograma/ Elevação das enzimas cardíacas. QUADRO CLÍNICO: Dor precordial / retroesternal Dor de intensidade variável Dor irradiada para regiões cervicais e / ou MSE Dor prolongada ≥ 30 minutos Dor resistente ao repouso e a uso de nitrato sublingual Náuseas, vômitos, dispnéia, sudorese, palidez, fraqueza. Durante o IAM o paciente pode apresentar: Postura sentada apertando o tórax; Angústia, ansiedade e agitação; Palidez cutânea; Sudorese. Obs: dor torácica grave e diaforese é fortemente sugestivo de IAM. IAM maciço pode causar: Edema pulmonar; Choque cardiogênico (pele fria e viscosa, palidez facial e cianose); Taquicardia branda; Extra-sístoles ventriculares frequentes; Redução da PA em 10 a 20 mmHg. Febre baixa nas 24horas iniciais. Podemos identificar fatores como a prática de exercícios físicos intensos, febre, taquicardia, estresse emocional entre outros. Cerca de 50% dos pacientes com IAM relatam períodos de dor intermitentes em repouso não previamente existentes, ou aumento da intensidade ou frequência da angina preexistente. A dor está presente na grande maioria dos pacientes com IAM. Maior que 30 minutos. Opressiva, esmagadora, constritiva, asfixiante, ou semelhante a um aperto. Conforme citado anteriormente, outros sintomas podem estar presentes, como: tontura, fraqueza muscular, dispneia, palpitações, fadiga, síncope (inicial ou precoce em poucos pacientes), nervosismo e apreensão. ELETROCARDIOGRAMA: Alteração mais significativa do ECG no IAM: A onda Q estará associado com alterações de onda T ou no segmento ST (supra desnivelamento de ST ). ARRITMIAS PÓS IAM: Com aumento da concentração de catecolaminas haverá uma ativação de receptores localizados no miocárdio atrial ou ventricular causando um aumento da estimulação simpática – diversos tipos de arritmias. ENZIMAS: MARCADORES CELULARES Com a morte dos miócitos, macromoléculas passam através da membrana da célula lesada e seu aparecimento na corrente sangüínea significa a ocorrência de infarto. A CK-MB é a enzima mais específica de necrose do miocárdio, elevando-se de 6 a 8h do início dos sintomas, com pico em 24h. Necrose da miofibrila 4aumento de enzimas intracelulares e proteínas estruturais para circulação 4CPK (creatina fosfoquinase) 4TGO (transaminase glutâmico-oxoloacética) 4DHL (desidrogenase láctica) 4Mioglobina 4Tropomina Troponina - elevação após 3 - 4 horas. CK-MB - elevação após 6 a 8 horas, com o pico em 24 horas. Normaliza-se em 3 a 4 dias. Mioglobina - elevação após 2 horas (pico 3 a 5 horas). TRATAMENTO: Visa a reperfusão por meio de utilização de agentes trombolíticos ou angioplastia transluminal coronária e em alguns casos, a revascularização do miocárdio. Atualmente a revascularização do miocárdio é realizada mais facilmente e rapidamente no cateterismo cardíaco com menor risco para o paciente. Para a realização da cirurgia de revascularização miocárdica são necessários os conhecimentos da anatomia coronariana e das lesões. Para isso é necessário cateterismo cardíaco. TRATAMENTO: Visa a reperfusão por meio de utilização de agentes trombolíticos ou angioplastia transluminal coronária e, em alguns casos, a revascularização do miocárdio. TERAPIA MEDICAMENTOSA: Analgesia Sedação Anti-agregantes plaquetários Anti-arrítmicos Beta-bloqueadores - redução da FC, PA, e contratilidade miocárdica (- ICC) Nitratos – vasodilatadores coronarianos Oxigenioterapia Trombolíticos (Estreptoquinase) Atividade física como prevenção dos fatores de risco da doença arterial coronariana CONTEÚDO 5. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)/ EDEMA AGUDO DE PULMÃO (EAP). 1. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC) DEFINIÇÃO: “Síndrome clínica complexa e progressiva, que pode resultar de qualquer distúrbio funcional ou estrutural do coração que altere sua capacidade de enchimento e/ou ejeção. Caracterizada clinicamente por dispnéia, fadiga, edema e redução da sobrevida.” Segundo Eugene Braunwald (1992), a ICC é um estado em que o débito cadíaco é inadequado para satisfazer as necessidades metabólicas do corpo. EPIDEMIOLOGIA: Problema de Saúde Pública Agravado pelo aumento da população > 65 anos EUA (297 milhões) Prevalência: 5 milhões Incidência: 500.000/ano Mortalidade: 300.000/ano 15 milhões de consultas/ano 6,5 milhões dias-hospital/ano US$ 40 bilhões/ano Brasil (180 milhões de habitantes) 1a causa de hospitalização Visitas ambulatoriais AUMENTO NA INCIDÊNCIA: Alta prevalência na população idosa. 80% dos hospitalizados por IC são idosos. A população envelhece. Idosos no Brasil (2000: 15 milhões; 2020: 30 milhões). Aumentam os sobreviventes de IAM (50% causas). Aumento de casos de IC em futuro próximo. ETIOLOGIA: Doença das artérias coronárias. Hipertensão. Doença valvular cardíaca: estenose aórtica (calcificada no idoso), síndrome da válvula mitral em jovens, doença cardíaca reumática. Doença de Chagas. Pós-miocardite. Congênita. Cardiomiopatias: múltiplas causas (álcool, cocaína, sarcoidose, genética). FISIOPATOLOGIA: Diminuição da contratilidade miocárdica = diminuição do DC (débito cardíaco). Mecanismos adaptativos: Aumento da atividade adrenérgica: aumento da FC e contratilidade. Ativação Sistema Renina Angiotensina Aldosterona (SRAA): vasoconstrição e retenção de Na e água. Compensações: Aumento da FC Aumento da pré carga Hipertrofia: aumenta a massa muscular, para tentar aumentar a contratilidade e volume sistólico. A sobrecarga pode ser a volume ou a pressão.Sobrecarga por volume (ex: insuficiência de valva): o coração gera uma hipertrofia excêntrica (dilatação). Sobrecarga por pressão (ex: HAS, estenose): gera aumento do trabalho cardiaco, que gera uma hipertrofia concêntrica e a longo prazo dilatação. ESTÁGIOS DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESTÁGIOS DA IC ESTÁGIOS DA IC EXEMPLOS A Pacientes de alto risco para IC Pacientes com alto risco de desenvolver IC pela presença de condições clínicas associadas ao desenvolvimento dessa enfermidade HAS, DAC, DM, uso de drogas e álcool, história de miocardiopatia familiar B Disfunção assintomática Pacientes que já desenvolveram cardiopatia estrutural sabidamente associada à IC, mas que nunca exibiram sinais ou sintomas de IC HVE, valvopatia, IAM prévio, disfunção sistólica do VE C IC sintomática Pacientes com sintomas prévios ou presentes de IC associados com cardiopatia estrutural subjacente Dispnéia ou fadiga por disfunção ventricular esquerda sistólica D IC refratária Pacientes com cardiopatia estrutural e sintomas acentuados de IC em repouso, apesar da terapia clínica máxima, e que requerem intervenções especializadas Pacientes com IC refratária ao tratamento clínico CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL: New York Heart Association 1955 CF I: sem limitação à atividade física normal que não provoca fadiga excessiva, dispnéia, palpitação ou dor anginosa. CF II: limitação leve da atividade física. Os pacientes são assintomáticos em repouso. As atividades físicas normais provocam fadiga, palpitação, dispnéia ou angina. CFIII: limitação acentuada da atividade física. Embora os pacientes sejam assintomáticos em repouso, atividades mais leves que as habituais provocarão sintomas. CF IV: incapacidade de realizar qualquer atividade física sem descorforto. Os sintomas da ICC estarão presentes mesmo em repouso. Qualquer atividade física pode apresentar desconforto. CLASSIFICAÇÃO: - Direita / Esquerda - Sistólica / Diastólica SISTÓLICA: mais comum, incapacidade de manter o DC, ejetar o sangue. DIASTÓLICA: incapacidade no relaxamento do coração. - Etiológica: Valvar Miocárdica Hipertensiva Inflamatória / Infecciosa Tóxica SINAIS E SINTOMAS: Insuficiência Direita Edema MMII Hepatomegalia / refluxo hepato-jugular Ascite Derrame Pleural Estase jugular Terceira bulha (VD) Dor abdominal / náusea / anorexia Insuficiência Esquerda Dispnéia de esforço Dispnéia paroxística noturna Ortopnéia / taquipnéia / Cheyne-Stokes Tosse / hemoptise Terceira Bulha (galope) Estertores crepitantes basais Edema pulmonar TRATAMENTO: Não farmacológico; Farmacológico; Cirúrgico. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: Orientações: Redução de sal na dieta Bom aporte calórico na dieta Manter o peso corporal ideal (evitar a sobrecarga para o coração) Eliminar tabagismo e álcool Fisioterapia FISIOTERAPIA – UTI OBJETIVO: Diminuir o trabalho respiratório Manter a capacidade funcional e a performance respiratória do paciente, recuperar a função muscular com segurança e menor gasto energético, reduzir os sinais do imobilismo. CONDUTA: Oxigenioterapia – ofertar O2 para manter uma adequada saturação VNI com uso da PEEP: - redução do gasto energético, - melhora a oxigenação celular, - diminui o trabalho respiratório - auxilia a função cardíaca. Cinesioterapia - deve ser adaptada de acordo com o quadro clínico do paciente : - Exercícios respiratórios (reeducação diafragmática, respiração sustentada, podendo associar aos MMSS), - Exercícios metabólicos, utilizar as posturas: deitado, sentado e bipedestação. FISIOTERAPIA – ENFERMARIA: OBJETIVO: Progredir com o processo de reabilitação, restaurando a capacidade funcional do paciente. CONDUTA: Progressão dos exercícios cinesioterapêuticos (acrescentando resistência progressiva, exercícios em bipedestação). Deambulação progressiva. Manutenção dos exercícios respiratórios. CUIDADOS: FC aumentada – aumento do consumo do oxigênio miocárdico (tolerar 15 a 20 pontos acima da FC pré-esforço). Verificar PA e FC antes, durante e após o atendimento. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: Digitálicos (↑ contratilidade miocárdica) Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) Diuréticos Agentes redutores da pré-carga • Nitrato Agentes redutores da pós carga • Nitroprussiato de sódio • Controle da ingestão de sódio TRATAMENTO CIRÚRGICO: Transplante cardíaco é indicado na ICC grau IV. 2. EDEMA AGUDO DE PULMÃO INTRODUÇÃO: O EAP representa uma das principais causas de insuficiência e/ou desconforto respiratório que motivam a procura de unidades de emergência ou terapia intensiva. Insuficiência Respiratória súbita e progressiva; Diversos mecanismos desencadeantes, porém com alterações fisiopatológicas semelhantes; Corresponde ao extravasamento de líquido seroso para espaço intersticial e/ou alvéolos pulmonares; Resultando em: - Hipoxemia, - Aumento do trabalho respiratório - Comprometimento das trocas gasosas (V/Q) e - Diminuição da Complacência Pulmonar. DEFINIÇÃO: Síndrome clínica caracterizada por acúmulo de fluidos nos espaços alveolares e intersticiais dos pulmões. FISIOPATOLOGIA: Desequilíbrio das forças de Starling, que podem ocorrer: - aumento da pressão hidrostática capilar e/ou - aumento da permeabilidade dos capilares pulmonares. Edema Agudo Cardiogênico: - aumento da pressão hidrostática capilar (falência de ventrículo esquerdo). Edema Agudo não Cardiogênico: - alterações na permeabilidade da membrana alvéolo-capilar (infecções, sepses) - diminuição da pressão oncótica capilar (hipoalbuminemia) - insuficiência da drenagem linfática Independente da causa (aumento da pressão capilar pulmonar ou dano na membrana alvéolo-capilar), a seqüência do acúmulo de líquido no espaço intersticial e/ou alvéolo é a mesma: ETIOLOGIA: Causas hemodinâmicas: Insuficiência ventricular esquerda Obstrução da valva mitral (estenose mitral, mixoma de átrio esquerdo, trombose de átrio esquerdo) Arritmias cardíacas Hipervolemia QUADRO CLÍNICO: Dispnéia rapidamente progressiva Taquipnéia Tosse Escarro espumoso e róseo Ansiedade Sudorese Palidez Taquicardia PA aumentada Estertores crepitantes e roncos bilaterais Sopros cardíacos DIAGNÓSTICO: Diagnóstico é clínico Exames complementares: Radiografia de tórax – opacificação difusa dos campos pulmonares. Gasometria arterial – hipoxemia com hipocapnia inicialmente – hipoxemia com hipercapnia. ECG – Arritmias Sobrecargas IAM- ECO – contratilidade. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: Nitroglicerina: reduz a pré-carga. Nitroprussiato de Na: reduz a pré e pós-carga. Dobutamina: efeito inotrópico positivo. Diuréticos de alça (furosemidas): reduz pré-carga por efeito vasodilatador imediato, efeito diurético. Sedação: reduz pré-carga e a ansiedade. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO: Posicionamento do paciente em sedestação c/ MMII pendentes: diminui a pré-carga, facilita o trabalho respiratório. Oxigenioterapia VMNI com PEEP: reduz a pré e pós-carga, recruta alvéolos não ventilados, reduz o trabalho respiratório. VMI com PEEP: quando há insucesso ou não indicação da VNI. CONTEÚDO 6 - VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA VENTILAÇÃO – DEFINIÇÕES Respiração: conjunto de processos através dos quais o organismo absorve o oxigênio de que necessita para as suas combustões, libertando-se, simultaneamente, dos produtos gasosos que constituem resíduos da sua atividade química. Ventilação: ação pelo qual o sistema respiratório renova o ar alveolar, disponibilizando-o para a troca gasosa. Ventilação espontânea: quando o indivíduo realiza essa tarefa sozinho, utilizando-se da musculatura respiratória (diafragma). Ventilação mecânica: necessidade de auxílio de um dispositivo externo para promover a ventilação. Ventilador: dispositivo utilizado para executar a tarefa de mover ar para os pulmões. VENTILAÇÃO MECÂNICA (VM) Manutenção da oxigenação e/ou ventilação dos pacientes portadores de Insuficiência Respiratória Aguda de maneira artificial, até que estes estejam capacitados a reassumí-la. “A VM é um método de suporte para o paciente durante uma enfermidade, não se constituindo em um tratamento curativo”. (II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, 2000). VM – Sistema de Ventilação Artificial Fase Inspiratória: - Abertura da válvula de fluxo e fechamento válvula de exalação. - Enchimento dos Pulmões: pressão necessária para vencer o atrito nas VAs e expandir os pulmões. Fase Expiratória: Fechamento da válvula de fluxo e abertura da válvula de exalação. Esvaziamento dos pulmões (passiva). VM – Conceitos Básicos PRESSÃO - Força motriz da ventilação pulmonar mecânica. - Representa a interação entre o fluxo de ar e as propriedades elásticas e resistivas (impedância). - Pressão = Força cm H2O Área VOLUME - Espaço ocupado por determinada quantidade de matéria. - Representa a quantidade de ar ofertada às vias aéreas. - É derivado da interação entre fluxo – tempo. FLUXO - Representa a velocidade com que determinado volume é movimentado. - Fluxo = volume L/min. tempo COMPLACÊNCIA Relação entre volume insuflado e pressão no interior dos pulmões Valor indivíduo normal: 80 – 100 ml/cm H2O. C = ? V ml ? P cm H2O Complacência Estática: soma das complacências estáticas pulmonar e da caixa torácica. - Determinada com fluxo zero, musculatura relaxada e após equilíbrio do sistema. - C est= VC /Pplatô – PEEP ml/cm H2O. Complacência Dinâmica: ponto da curva volume-pressão determinado entre os limites máximos e mínimos de pressões geradas durante o ciclo respiratório, imediatamente ao terminar o fluxo gasoso. - Determinada com fluxo zero; pode haver movimento gasoso. - C din= VC/P pico – PEEP ml/cm H2O. RESISTÊNCIA Respiração: insuflação dos pulmões (pressão gerada) depende das propriedades elásticas e resistivas do Sistema Respiratório. - Resistência: soma das resistências ao movimento do tecido pulmonar e da caixa torácica e a resistência aérea ao fluxo gasoso. - R = Ppico – Pplatô / Fluxo cmH2O/L/s (valor = 2). - Pcte VM: patologia broncopulmonar; tubos endotraqueais; conexões. ELASTÂNCIA - É definida como a mudança na pressão de distensão dividida pela modificação de volume. - E = ? P cm H2O ? V ml CONSTANTE DE TEMPO - Produto da resistência e complacência. - Relacionada com o tempo de esvaziamento do pulmão. - Ct = R x C est PICO DE PRESSÃO INSPIRATÓRIO - Pressão máxima necessária para expandir os pulmões, parede torácica e as VAs por um período de tempo. - Valor máximo aceitável: 40 cmH2O. - Não reflete o que ocorre dentro do alvéolo. PRESSÃO DE PLATÔ - Correlaciona-se à pressão alveolar. - Depende do VC, complacência da caixa torácica e da PEEP. - P platô = VC/ Cest + PEEP - P alv = P platô (valores inferiores a 30-35 cmH2O). VM – Indicações Quando não se conseguir manter uma troca gasosa efetiva. Quando se desejar diminuir o trabalho respiratório. Em determinadas situações especiais como Hipertensão Intracraniana e o tórax instável pós-traumatismo. Apneia. Hipoxemia com PaO2 < 50 mmHg c/ FiO2 > 40%. Hipercapnia Aguda com PaCO2 > 50 mmHg e pH < 7,30. VM – Objetivos Clínicos Reverter hipoxemia;* Reverter a acidose respiratória aguda; Reduzir o desconforto respiratório;* Prevenir ou reverter atelectasias; Reverter a fadiga dos músculos respiratórios;* Permitir sedação, anestesia ou uso de bloqueadores neuromuscular; Reduzir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico; Reduzir a pressão intracraniana; Estabilizar a parede torácica. * Reduzindo o consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio. VM – Objetivos Fisiológicos Manter ou modificar a troca gasosa pulmonar (Ventilação Alveolar/Oxigenação Arterial). Aumentar o volume pulmonar (insuflação pulmonar respiratória final/otimizar a CRF). Reduzir o trabalho muscular respiratório. VM – Princípios Básicos Para que ocorra fluxo de gases durante a inspiração e a expiração, durante a VM, é necessário que haja um gradiente de pressão entre a entrada das vias aéreas e os alvéolos. Esse gradiente de pressão das vias respiratórias deve superar as propriedades elásticas do parênquima pulmonar e da parede torácica (complacência), bem como a resistência ao fluxo aéreo. Durante a VM, uma quantidade de gás deve ser ciclicamente transportada através do sistema respiratório, desde as vias aéreas até os alvéolos. Os ventiladores com pressão positiva criam uma pressão supra-atmosférica nas VAS que empurra os gases até os pulmões. Essas pressões tornam-se positivas durante a inspiração mecânica, exatamente o oposto da inspiração espontânea. A expiração se dá de forma passiva. Didaticamente a VM com pressão positiva pode ser dividida em 4 fases: 1. Fase Inspiratória; 2. Mudança da fase inspiratória para a fase expiratória – ciclagem; 3. Fase expiratória; 4. Mudança da fase expiratória para a inspiratória – disparo. 1. Fase inspiratória O ventilador deverá insuflar os pulmões do paciente, vencendo as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório. Ao final desta fase pode-se utilizar um recurso denominado pausa inspiratória com a qual pode-se prolongar esta fase de acordocom o necessário para uma melhor troca gasosa. 2. Mudança da fase inspiratória para a fase expiratória O ventilador deverá interromper a fase inspiratória e permitir o início da fase expiratória; é o que chamamos de ciclagem do ventilador. 3. Fase expiratória De forma passiva, o ventilador permite o esvaziamento dos pulmões. Nesta fase, o ventilador pode permitir apenas o esvaziamento parcial dos pulmões mantendo uma pressão positiva residual no final da fase expiratória e aumentando a capacidade residual funcional (CRF) do indivíduo. Este recurso é denominado PEEP. 4. Mudança da fase expiratória para a fase inspiratória O ventilador interrompe a fase expiratória e permite o início da fase inspiratória do novo ciclo; é o que chamamos de disparo. Esta transição pode ser desencadeada pelo próprio aparelho (critério de tempo), ou pelo próprio paciente (sensibilidade). VM – Parâmetros Programáveis Fração Inspirada de Oxigênio (FiO2) - Porcentagem de O2 enviada a cada ciclo ventilatório. - FiO2 21% a 100%. - Manter FiO2 suficiente para obter SaO2 ≥ 90% e PaO2 ≥ 60 mmHg. - É avaliada pela gasometria arterial e pela SaO2. - Índice Oxigenação: PaO2 ≥ 200. FiO2 Volume Corrente (Vt) - Está relacionado com o peso corporal (peso ideal). - Volume de gás ofertado aos pulmões em cada ciclo ventilatório. - Vt = 6-8 ml/kg. Pressão Inspiratória (P insp. / IPAP) - Pressão ofertada aos pulmões na fase inspiratória. - Ajustada no modo ventilatório pressão controlada. - Valores utilizados: 15 – 20 cm H2O. * Observar expansibilidade torácica e Volume Corrente Exalado (Vt). VC ou Pinsp ↓ VC ou Pinsp ↑ - hipoventilação. - hiperventilação. - ↑ PaCO2. - ↓ PaCO2. - ↑Efeito shunt. - barotrauma/volutrauma. - atelectasias. - hiperdistensão alveolar. Fluxo Inspiratório - Velocidade com que o VC é fornecido ao paciente. - Relação I:E. - 40-60 L/min. - Fluxos baixos/lentos (‹ 40): ↓t exp( auto-PEEP). - Fluxos altos/ rápidos (› 60):↓t insp e ↑t exp (DPOC/Asma). Frequência Respiratória (FR) - Número de ciclos respiratórios durante 1 minuto. - Depende da faixa etária, doença e do modo de ventilação escolhido. - Deve ser ajustado de acordo com a PaCO2 e pH desejados. - 12 – 20 cpm. Pressão Positiva ao Final da Expiração (PEEP) - Paciente IOT/TQT: perda da PEEP fisiológica (glote aberta). - 3 a 5 cmH2O (adultos); 2 a 4 cmH2O (crianças). - Utilizada em todas as modalidades. - Relacionada com as trocas gasosas. Pressão de Suporte (PS) - Liberação de uma pressão nas VAs a fim de auxiliar a fase inspiratória. - Objetivos: manter um Vt próximo ao ideal; ↓ o WOB respiratório, evitar a atrofia da musculatura ventilatória e a fadiga muscular, ↓resistência das VAs. - Valores: mínimo 5-7 cmH2O Sensibilidade - Utilizada nos ciclos assistidos e espontâneos. - Escala varia -0,5 a -20 cmH2O. Tipos de Ciclos CONTROLADOS: iniciados e finalizados pelo VM. ASSISTIDOS: iniciados pelo paciente e finalizados pelo VM. ESPONTÂNEOS: iniciados e “finalizados” pelo paciente. MODOS VENTILATÓRIOS Tipos de ciclos disponibilizados pela modalidade - Modos Básicos Tipos de controle exercidos sobre os ciclos - Modos de Controle MODOS DE CONTROLE Volume Controlado Pressão Controlada Pressão de Suporte Volume Controlado Ciclagem : volume Pressão variável Ajuste de volume e fluxo inspiratório Fluxo , frequência respiratória determinam relação I:E Modo básicos associados: C, A/C ou SIMV Vantagens: - volume garantido Desvantagens: - pressão de vias aéreas variável - na presença de auto – peep risco de barotrauma Pressão Controlada Pressão constante nas vias aéreas durante toda fase inspiratória . Ciclagem: tempo Fluxo livre e decrescente Volume variável Tempo inspiratório e frequencia determinam relação I:E Modo básicos associados: C, A/C ou SIMV Vantagens: -controle da pressão nas vias aéreas -melhor estabilização alveolar (pressão constante) -fluxo livre desacelerado Desvantagens: - volume variável Pressão de Suporte (PSV) Pressão constante nas vias aéreas durante toda fase inspiratória Ciclagem: fluxo Fluxo livre desacelerando Modo:SIMV, espontâneo Vantagens: - controle da pressão - fluxo livre e desacelerado - facilita desmame Desvantagens: - não garantia do volume MODOS BÁSICOS Controlado Assistido/ Controlado SIMV Ventilação Mandatória Controlada (CMV) Ventilador disponibiliza apenas de ciclos controlados f programada Ventilador define o período entre os ciclos Ventilação Assisto Controlada (A/CMV) Ventilador disponibiliza de ciclos controlados e assistidos f programada Ajuste de sensibilidade ( Ciclos Assistidos ) O ventilador define as janelas de tempo O início do tempo de janela se reinicia a cada ciclo Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada (SIMV) A ventilação é intermitente e sincronizada Ciclos controlados, assistidos e espontâneos Ventilador utiliza janelas de tempo Janela de tempo não é reiniciada a cada ciclo Escolher o tipo de ventilação/ modos de controle e modos básicos. Essa escolha depende da idade do paciente, da doença e do tipo de aparelho disponível no hospital. Adequada regulagem dos parâmetros do VM escolhido. No que vou me basear para ajustar a VM? Diagnóstico; Quadro Clínico; Fisiopatologia; Gasometria; Radiografia; Drogas recebidas; Efeitos fisiológicos das alterações da VM; Fisiologia Cardirrespiratória. REGULAGEM INICIAL DO VENTILADOR INVASIVO (Segundo Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica – 2013) FIO2 – necessária para manter SaO2 entre 93 a 97%. VC – Usar 6 ml/Kg/peso inicialmente. Usar modo A/C podendo ser ciclado a volume (VCV) ou ciclado a tempo e limitado a pressão (PCV). Frequência respiratória (f) – Iniciar entre12-16 rpm, com fluxo inspiratório ou tempo inspiratório visando manter inicialmente relação I:E em 1:2 a 1:3.PEEP – Iniciar 3-5 cm H2O (exceto em situações de doenças como SARA. Regular os alarmes de forma individualizada, assim como o Back-Up de Apneia. Recomenda-se o alarme de Pressão Máxima das Vias Aéreas em 40 cm H2O, visando evitar barotrauma. Observar as curvas de VC, Pressão e Fluxo. Verificar a oximetria de pulso. Após 30 minutos de ventilação estável deve-se colher uma gasometria arterial. Avaliar as possíveis repercussões hdm da VM. Avaliar se há presença de hipovolemia/ ocorrência de auto-PEEP e ou Pneumotórax. Link sugerido para complementação do estudo: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica - SciELO CONTEÚDO 8 - DESMAME VENTILATÓRIO DEFINIÇÕES Desmame Processo de transição da ventilação artificial para a espontânea nos pacientes que permanecem em VMI por mais de 24h. Interrupção da VM Refere-se aos pacientes que toleraram um TRE e que podem ou não ser elegíveis para extubação. Teste de Respiração Espontânea (TRE) É a técnica mais simples, estando entre as mais eficazes para o desmame. É realizado permitindo-se que o paciente ventile espontaneamente através do tubo endotraqueal, conectado a uma peça em forma de “T”, com uma fonte enriquecida de oxigênio, ou recebendo pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) de 5 cm H2O, ou com ventilação com pressão de suporte (PSV) de até 7 cm H2O. Extubação ou Decanulação Retirada da via aérea artificial. Falha de Extubação Necessidade de reintubação em até 48h após a extubação. Tempo de VM Prolongada Dependência da assistência ventilatória, invasiva ou não-invasiva, por mais de 6 horas por dia por tempo superior a 3 semanas. DESMAME VENTILATÓRIO A ventilação mecânica é um importante instrumento na insuficiência respiratória, porém é um procedimento invasivo e não-isento de complicações. Torna-se oportuno o rápido reconhecimento da reversibilidade do processo agudo e o retorno à ventilação espontânea. Quando iniciar ? Quais os critérios clínicos e fisiológicos? Quais os modos ventilatórios? Importante traçar estratégias e protocolos Identificar pacientes elegíveis para o TRE Interrupção diária da sedação. O desmame deve ser: Baseado em evidência Baseado na experiência CRITÉRIOS PARA INICIAR O DESMAME Clínicos Fisiológicos CRITÉRIOS CLÍNICOS PARÂMETROS NÍVEIS REQUERIDOS Etiologia Revertido/ sob controle Estímulo respiratório Presente Hemodinâmica Estável (dc/ pa) Sedação/ droga vasoativa (dva) Doses mínimas Eq. Ácido-base 7,30 > ph > 7,60 Troca gasosa Pao2 > 60 (fio2 < 40 e PEEP = 5 cmh2o) Balanço hídrico Sem sobrecarga hídrica Eletrólitos séricos Valores normais Cirurgia próxima Não Nível de consciência Glasgow > 8 CRITÉRIOS FISIOLÓGICOS Capacidade vital Para a CV, um valor maior que 10 ml/Kg é sugestivo de sucesso no desmame. Frequência Respiratória f ≤ 35 ipm Volume Corrente VC ≥ 5 ml/Kg Índice de Tobin Índice de respiração rápida e superficial (IRSS) Relação frequência/volume corrente (f/VT) Tobin ≤ 104 Ventilação ou Volume minuto VM = f x VC VM ≤ 10 l/min Pressão Inspiratória máxima (PImax) PImax ≤ - 30 cmH2O : sucesso Oxigenação FiO2 ≤ 40% PEEP = 5 cmH2O Índice de hipoxemia - Relação PaO2/FiO2 ≥ 200 MODALIDADES PSV TUBO T PSV Redução gradual da pressão de suporte 2 a 4 cmH2O de duas a quatro vezes ao dia até atingir 5 a 7 cmH2O TRE 30 minutos - 2 horas Taxa de reintubação de 15% a 19% Oxigênio suplementar para SaO2 > 90%, com FiO2 até 40% FRACASSO no TRE Parâmetros clínicos e funcionais para interromper o TRE: PARÂMETROS SÍNAIS DE INTOLERÂNCIA Frequência respiratória > 35 ipm Saturação arterial de oxigênio < 90% Frequência cardíaca > 140 bpm Pressão arterial sistólica > 180 mmHg ou < 90 mmHg Sinais e sintomas Agitação, sudorese, alteração do nível de consciência REPOUSO da MUSCULATURA Falha - retorno para VM por 24h (modo ventilatório que ofereça conforto) Reavaliar e tratar as possíveis causas de intolerância Se o paciente permanece elegível e as causas foram revistas, realizar novo teste após 24h de repouso. EXTUBAÇÃO Observar (Monitorização 24 horas por dia na UTI) Tosse Efetiva Nível de Consciência Edema de Laringe Colaboração do paciente CUIDADOS PRÉ-EXTUBAÇÃO Cabeceira elevada entre 30°e 45° Aspiração de Vias aéreas Falha no desmame Retorno para VM, caso o paciente TQT ou insucesso no TRE. Falha na extubação Reintubação antes de 48 horas pós-extubação Possíveis causas de falhas Retenção de Secreções Atelectasias Congestão Pulmonar Broncoaspiração Edema de Laringe Nível de Consciência Link sugerido para complementação do estudo: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica - SciELO CONTEÚDO 9 - VIAS AÉREAS ARTIFICIAIS (INTUBAÇÃO E TRAQUEOSTOMIA) A manutenção da permeabilidade das vias aéreas são visa fundamentalmente evitar a morbidade e a mortalidade de pacientes agudamente enfermos. Independente da forma do comprometimento sistêmico, as condutas básicas de manutenção da homeostase orgânica devem priorizar a adequação da oxigenação e da ventilação (II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica). São essenciais na reanimação cardiorrespiratória: adequada desobstrução e ventilação. Eventos respiratórios adversos podem ocorrer durante o acesso às vias aéreas: ventilação inadequada (38%), intubação esofágica (18%) e intubação difícil (17%). Acesso às vias aéreas inferiores: 1. Intubação orotraqueal; 2. Intubação nasotraqueal; 3. Traqueostomia. 1. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL (IOT) INDICAÇÕES Estabilizar, manter ou proteger as vias aéreas; Para segurança da via aérea em pacientes com risco de aspiração pulmonar de conteúdo gástrico; Melhor toalete brônquica, oxigenação e ventilação; Mais indicada em situações de urgência; Necessidade de suporte ventilatório invasivo. CONTRAINDICAÇÕES Absolutas Atos cirúrgicos na cavidade oral; Trauma maxilofacial; Hemorragia supraglótica; Relativas Injúria cervical; Epiglotite; Diminuição da motilidade da coluna cervical. AVALIAÇÃO DO GRAU DE DIFICULDADE Analisar rapidamente as possíveis dificuldades; Ventilar o paciente com AMBU + O2
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