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PRORN PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM NEONATOLOGIA ORGANIZADO PELA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA Diretores acadêmicos Renato S. Procianoy Cléa R. Leone Artmed/Panamericana Editora Ltda. SISTEMA DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA A DISTÂNCIA Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado. No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação de na primeira oportunidade reparar as falhas ocorridas. A medicina é uma ciência em permanente atualização científica. À medida que as novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta obra verificaram toda a informação com fontes confiáveis para assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de um erro humano ou de mudanças nas ciências médicas, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou completa e não se responsabilizam por erros ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de cada fármaco que planejam administrar para certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta e não tenha produzido mudanças nas doses sugeridas ou nas contra-indicações da sua administração. Esta recomendação tem especial importância em relação a fármacos novos ou de pouco uso. Estimado leitor É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. Quem não estiver inscrito no Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN) não poderá realizar as avaliações, obter certificação e créditos. Sociedade Brasileira de Pediatria Rua Santa Clara, 292. Bairro Copacabana 22041-010 - Rio de Janeiro, RJ Fone (21) 2548-1999 – Fax (21) 2547-3567 E-mail: sbp@sbp.com.br http://www.sbp.com.br SISTEMA DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA A DISTÂNCIA (SEMCAD®) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM NEONATOLOGIA (PRORN) Artmed/Panamericana Editora Ltda. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555 E-mail: info@semcad.com.br consultas@semcad.com.br http://www.semcad.com.br 119 PR OR N S EM CA D DROGAS E LACTAÇÃO ELSA R. J. GIUGLIANI CAMILA GIUGLIANI Elsa R. J. Giugliani é professora de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Camila Giugliani (colaboradora) é médica de Família e Comunidade, com especialização em Saúde Pública. INTRODUÇÃO Antes de começarmos a abordagem do tema proposto para este capítulo, é importante escla recermos a definição de alguns conceitos básicos que serão utilizados ao longo do texto. Droga: termo usado para medicamentos, fármacos, drogas de abuso, vacinas e outras substâncias tais como álcool, nicotina, ervas e produtos para tratamento de cabelo. Aleitamento materno, amamentação e lactação: termos usados como sinônimos. Lactantes, nutrizes: mulheres que amamentam. Quase todas as mulheres que amamentam utilizam algum tipo de droga. Pesquisas realiza das em países ocidentais mostraram que 90 a 99% das mulheres que amamentam são medi cadas durante a primeira semana após o parto.1 Em média, são utilizados 3,3 fármacos dife rentes por mulher ao longo da amamentação.2 A maioria dos medicamentos é compatível com a amamentação; poucos são formalmente contra-indicados e alguns requerem cautela ao serem prescritos durante a lactação, devido aos riscos de efeitos adversos em lactentes ou de interferirem na síntese e/ou ejeção do leite materno. 120 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO Freqüentemente, profissionais de saúde recomendam a interrupção do aleitamento materno enquanto as mães são medicadas, simplesmente porque desconhecem o grau de segurança do uso das diversas drogas durante a lactação. Essa atitude, na maioria das vezes, é equivocada, privando, desnecessariamente, mãe e criança de todos os benefícios da amamentação. Nem sempre o risco do uso de drogas pode ser adequadamente avaliado, ou por falta de estudos sobre os efeitos colaterais de muitas drogas – em especial as novas, que continua mente estão entrando no mercado – para as crianças amamentadas, ou por divergências quanto à segurança de sua utilização durante a amamentação. Além disso, é comum a discre pância entre informações contidas em bulas de medicamentos e as fornecidas em estudos científicos sobre o uso dos mesmos durante o aleitamento materno.3 Cabe ao profissional de saúde, antes de tomar qualquer decisão, avaliar os riscos e os bene fícios do uso de uma determinada droga em uma mulher que está amamentando. OBJETIVOS Visando a auxiliar os profissionais de saúde em suas avaliações quanto ao uso de drogas na lactação, este capítulo tem como objetivos capacitar os leitores a: ■ ■■■■ conhecer o grau de segurança do uso das principais drogas em mulheres durante a lactação; ■ ■■■■ reconhecer situações de risco para a criança amamentada, identificando as principais dro gas contra-indicadas ou que requerem cautela durante a lactação; ■ ■■■■ analisar os riscos e os benefícios de uma determinada droga durante o aleitamento mater no, considerando os diversos fatores envolvidos; ■ ■■■■ conhecer o melhor manejo terapêutico das principais situações envolvendo o uso de dro gas durante a lactação, como depressão, hipertensão e outras situações. 121 ESQUEMA CONCEITUAL Drogas e lactação Fatores que influenciam a presença e a concentração de drogas no leite Minimizando os riscos Classificação das drogas quanto à segurança de seu uso durante a amamentação Efeitos dos medicamentos de categorias farmacológicas selecionadas Analgésicos Antibióticos Drogas cardiovasculares Antidepressivos e outros psicofármacos Drogas de abuso Maconha Cocaína Alucinógenos Ervas Vacinas Produtos para tratamento de cabelo Drogas que inibem a produção do leite Drogas que estimulam a produção do leite Caso clínico Manejo dos problemas diagnosticados Conclusão Acetaminofeno Ácido acetilsalicílico Dipirona Antiinflamatórios não-esteróides Narcóticos Metadona Anestésicos epidurais Penicilinas, cefalosporinas e ácido clavulânico Sulfonamidas Aminoglicosídeos Eritromicina Tetraciclinas Metronidazol Fluconazol e aciclovir Betabloqueadores Anti-hipertensivos Antiarrítmicos Diuréticos Inibidores seletivos da recaptação da serotonina Antidepressivos tricíclicos Benzodiazepínicos Fenotiazínicos Antimaníaco Antipsicóticos Estrogênio Bromocriptina Pseudo-efedrina Álcool Nicotina Problema 1: mastite infecciosa Problema 2: asma brônquica Problema 3: depressão Problema 4: consumo social de álcool Problema 5: consumo ocasional de maconha Problema 6: risco de voltar ao tabagismo PR OR N S EM CA D 122 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO FATORES QUE INFLUENCIAM A PRESENÇA E A CONCENTRAÇÃO DE DROGAS NO LEITE As drogas passam do plasma para o leite materno principalmente por difusão. Em geral, os níveis plasmáticos da drogasão o fator mais importante na determinação de sua presença e de sua concentração no leite materno, com a maior transferência ocorrendo no pico máximo de sua concentração no plasma. Porém, vários outros fatores podem influenciar a passagem do fármaco para o leite e o grau de exposição da criança a ele, tais como: ■ ■■■■ via de administração: as vias intravenosa (IV) e muscular, em comparação à via oral (VO), resultam em maiores níveis sangüíneos do fármaco na mãe, facilitando sua passagem para o leite; ■ ■■■■ dose administrada: quanto maior a dose, maior tende a ser a concentração no leite; ■ ■■■■ duração do tratamento: quanto mais prolongado, maior a exposição da criança ao medicamento; ■ ■■■■ biodisponibilidade: alguns fármacos não são absorvidos pelo trato gastrintestinal (como a gentamicina e a vancomicina), outros são inativados pela acidez gástrica excessiva do estô mago da criança ou são seqüestrados pelo fígado antes de atingirem o plasma. A maioria dos medicamentos de uso tópico é pouco absorvida; ■ ■■■■ meia-vida do fármaco: quanto maior, maior o risco de acúmulo na mãe e na criança; ■ ■■■■ peso molecular: quanto menor, maior a difusão; ■ ■■■■ ligação a proteínas: em geral, os fármacos fortemente ligados a proteínas passam em menor quantidade para o leite; ■ ■■■■ grau de ionização: substâncias não-ionizadas, como o álcool, atravessam as membranas bio lógicas com mais facilidade; ■ ■■■■ conteúdo de gordura no leite: de uma maneira geral, substâncias lipossolúveis passam para o leite materno em concentrações mais altas, além de se concentrarem no chamado leite poste rior, sendo ingeridas pelas crianças principalmente no final das mamadas; ■ ■■■■ pH do meio: o pH do leite é um pouco inferior ao do plasma; portanto, medicamentos levemen te alcalinos (por exemplo, barbitúricos) concentram-se mais no leite materno, enquanto os levemente ácidos encontram-se mais concentrados no plasma; ■ ■■■■ idade da criança: quanto menor a criança, menor sua habilidade de absorver, de metabolizar e de excretar os medicamentos. De acordo com a idade, as crianças podem ser categorizadas em alto risco (prematuros, recém-nascidos (RN) e crianças clinicamente instáveis ou com pro blemas renais), médio risco (crianças menores de 6 meses com problemas metabólicos decor rentes de complicações do parto, apnéia, distúrbios gastrintestinais, entre outros) e baixo risco (crianças sadias com mais de 6 meses); ■ ■■■■ fase da amamentação: no início da amamentação (fase de colostro, na primeira semana após o parto), as células alveolares (lactócitos) são menores, e os espaços intercelulares são maio res, facilitando a transferência da droga para o leite; ■ ■■■■ freqüência das mamadas: uma criança que mama poucas vezes ao dia expõe-se menos do que outra que é amamentada exclusivamente; ■ ■■■■ esvaziamento das mamas: quanto maior o esvaziamento das mamas, maior a ingestão de substâncias lipossolúveis, encontradas em maior concentração no leite posterior; ■ ■■■■ tempo decorrido entre a ingestão do medicamento e a mamada: o pico sérico varia de acordo com a droga; porém, em geral, os medicamentos ingeridos atingem seu pico sérico materno, com maior passagem para o leite, em 30 a 60 minutos. 123 1. Qual das seguintes propriedades de um fármaco predispõe mais sua transfe rência para o leite materno? A) Solubilidade lipídica. B) pH levemente ácido. C) Peso molecular grande. D) Elevada ligação protéica. 2. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso), fazendo as alterações necessárias. A) ( ) Alguns fármacos não são absorvidos pelo trato gastrintestinal, outros são inativados pela acidez gástrica excessiva do estômago da criança ou são seqüestrados pelo fígado antes de atingirem o plasma. ................................................................................................................ B) ( ................................................................................................................ ) A via de administração oral do fármaco, em comparação com as vias intravenosa e muscular, resulta em maiores níveis sangüíneos do fármaco na mãe, facilitando sua passagem para o leite. ................................................................................................................ C) ( ................................................................................................................ ) Quanto menor a meia-vida do fármaco, maior o risco de acúmulo na mãe e na criança. ................................................................................................................ D) ( ................................................................................................................ ) No início da amamentação, as células alveolares são menores, e os es paços intercelulares são maiores, facilitando a transferência da droga para o leite ................................................................................................................ E) ( ................................................................................................................ ) Em geral, os fármacos fortemente ligados a proteínas passam para o leite em menor quantidade. ................................................................................................................ F) ( ................................................................................................................ ) Em geral, os medicamentos ingeridos atingem seu pico sérico materno, com maior passagem para o leite, em 30 a 60 minutos. ................................................................................................................ ................................................................................................................ Respostas no final do capítulo PR OR N S EM CA D 124 MINIMIZANDO OS RISCOS Sempre que possível, deve-se evitar o uso de drogas em mulheres que estão amamentando. Uma vez estabelecida a necessidade de algum medicamento, alguns cuidados, listados no Qua dro 1, podem reduzir substancialmente a exposição da criança ao medicamento e os seus riscos. Quadro 1 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO CUIDADOS PARA EVITAR A EXPOSIÇÃO DA CRIANÇA A MEDICAMENTOS E SEUS RISCOS ■■■■■ Usar medicações tópicas quando possível. ■■■■■ Evitar amamentar a criança durante o pico máximo de concentração da droga no plasma materno. Essa medida é questionável quando a droga tem meia-vida longa.1 Uma regra prática é amamentar o bebê imediatamente antes da dose do medicamento, quando várias doses ao dia são necessárias. Para fármacos com dose única diária, deve-se orientar a mãe para que tome o medicamento antes do maior intervalo de sono do bebê. ■■■■■ Optar por medicamentos que atinjam concentrações plasmáticas menores no leite. Por exemplo, no tratamento da depressão, preferir sertralina ou paroxetina, em vez de fluoxetina. ■■■■■ Optar por fármacos comumente utilizados em crianças pequenas e comprovadamente seguros para essa faixa etária. ■■■■■ Selecionar fármacos sabidamente mais seguros (por exemplo, acetaminofeno no lugar de ácido acetilsalicílico); ■■■■■ Escolher medicamentos com alta capacidade de ligação a proteínas (por exemplo, varfarina), pouco permeáveis à barreira hematoencefálica (domperidona em vez de metoclopramida), com peso molecular alto (por exemplo, heparina), com menor absor ção oral e menor lipossolubilidade; ■■■■■ Evitar medicamentos de ação prolongada, uma vez que as crianças têm mais dificulda de para excretá-los. É importante lembrar que medicações consideradas seguras na gestação nem sempre são seguras na amamentação. 125 3. Assinale os medicamentos que podem ser empregados em mulheres que es tão amamentando e explique o quetorna possível o seu uso: ( ) fluoxetina – ..................................................................................................... .................................................................................................................................... ( ) varfarina – .......................................................................................................... .................................................................................................................................... ( ) ácido acetilsalicílico – ................................................................................... .................................................................................................................................... ( ) sertralina – ......................................................................................................... .................................................................................................................................... ( ) domperidona – .................................................................................................. .................................................................................................................................... ( ) paracetamol – ................................................................................................... .................................................................................................................................... ( ) paroxetina – ...................................................................................................... .................................................................................................................................... ( ) metoclopramida – .............................................................................................. .................................................................................................................................... ( ) heparina – ......................................................................................................... .................................................................................................................................... Respostas no final do capítulo PR OR N S EM CA D CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS QUANTO À SEGURANÇA DE SEU USO DURANTE A AMAMENTAÇÃO O Comitê de Drogas da Academia Americana de Pediatria agrupa as drogas nas seguintes cate gorias, de acordo com os riscos para a criança:4 ■ ■■■■ Drogas contra-indicadas na lactação – poucas são as drogas cuja toxicidade para o lactente durante o aleitamento materno é significativa e bem-documentada. Elas estão listadas no Qua dro 2. O uso de compostos radioativos requer suspensão da amamentação por um período equivalente a 4-5 meias-vidas do composto. ■ ■■■■ Drogas que devem ser prescritas à nutriz com cautela, por estarem associadas a efeitos ad versos importantes em casos isolados. O Quadro 3 relaciona essas drogas e seus efeitos. ■ ■■■■ Drogas cujos efeitos adversos são desconhecidos em crianças amamentadas, mas que reque rem cautela, devido aos efeitos adversos em potencial. A relação dessas drogas está no Qua dro 4. ■ ■■■■ Drogas compatíveis com a amamentação. 126 Quadro 2 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO FÁRMACOS COMPROVADAMENTE CONTRA-INDICADOS NA LACTAÇÃO Fármacos Efeitos observados na criança e/ou na lactação Anfetamina Irritabilidade, distúrbios do sono. Ciclofosfamida Possível imunossupressão, neutropenia, efeito desconhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese. Ciclosporina Possível imunossupressão, efeito desconhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese. Cocaína Intoxicação, irritabilidade, tremores, diarréia, vômitos e convulsões. Doxorrubicina Possível imunossupressão, efeito desconhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese. Fenciclidina Alucinógeno potente. Heroína Tremores, hiperatividade, vômitos, anorexia. Maconha Quando presente no leite; efeitos adversos não relatados. Metotrexato Possível imunossupressão, neutropenia, efeito desconhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese. Fonte: American Academy of Pediatrics, 20014 Quadro 3 FÁRMACOS QUE DEVEM SER PRESCRITOS COM CAUTELA NA LACTAÇÃO, DEVIDO A EFEITOS ADVERSOS IMPORTANTES EM CASOS ISOLADOS Fármacos Efeitos observados na criança e/ou na lactação Acebutolol Hipotensão, bradicardia e taquipnéia na criança. Ácido acetilsalicílico (salicilatos) Pode aumentar o risco de síndrome de Reye em infecções virais; em doses maternas muito altas, há potencial de causar sangramento discreto na criança. Atenolol Existe um relato de bradicardia, cianose e hipotensão em RN amamentado cuja mãe usava 100mg/dia de atenolol. Bromocriptina Supressão da lactação; paraefeitos nas mulheres. Clemastina Um caso descrito de sonolência, irritabilidade, recusa alimentar, choro agudo e rigidez de nuca na criança. Ergotamina Vômitos, diarréia, convulsões. Fenindiona Anticoagulante, aumento do tempo de protrombina e tromboplastina parcial no lactente. Fenobarbital Existe relato de sedação da criança, mas é infreqüente; também há relatos de sintomas de abstinência. Concentração sangüínea é de um terço ou menos da concentração sérica materna. Lítio Concentração sangüínea no lactente de um terço a um meio da concentração terapêutica. Existe um relato de cianose, anormalidades de onda T e diminuição do tônus muscular. Primidona Possibilidade de sedação no período neonatal. Sulfazalazina Observar diarréia, desconforto gastrintestinal. Existe um relato de hipersensibilidade. Fonte: American Academy of Pediatrics, 20014 127 Quadro 4 DROGAS COM EFEITOS DESCONHECIDOS NOS LACTENTES, MAS QUE REQUEREM CAUTELA Ansiolíticos Antidepressivos Antipsicóticos Outros Alprazolam Diazepam Lorazepam Midazolam Perfenazina Prazepam Quazepam Temazepam Amitriptilina Amoxapina Bupropiona Clomipramina Desipramina Dotiepina Doxepina Fluoxetina Fluvoxamina Imipramina Nortriptilina Paroxetina Sertralina Trazodona Clorpromazina Clorprotixeno Clozapina Haloperidol Mesoridazina Trifluoperazina Amiodarona Cloranfenicol Clofazimina Lamotrigina Metoclopramida Metronidazol Tinidazol PR OR N S EM CA D 4. Em qual das seguintes situações a domperidona provavelmente dará melhores resultados como galactagogo? A) Nutriz com insuficiência de tecido mamário. B) Mãe de gêmeos. C) Mãe de prematuro que ainda não suga o peito. D) Mãe com níveis de prolactina altos. 5. Qual dos seguintes grupos de medicamentos é incompatível com a amamentação? A) Antimicrobianos. B) Antibióticos. C) Antineoplásicos. D) Antidepressivos. Respostas no final do capítulo 128 6. Considerando a análise dos fármacos contra-indicados na lactação, assinale os efei tos observados na criança e/ou na lactação. DR OG AS E LA CT AÇ ÃO Irritabili dade Distúr bios do sono Neutro penia Vômitos Possível imunos supres são Aluci nógeno Convul sões Efeitos não relata dos Anfetamina Ciclofosfamida Ciclosporina Cocaína Doxorrubicina Fenciclidina Heroína Maconha Metotrexate EFEITOS DOS MEDICAMENTOS DE CATEGORIAS FARMACOLÓGICAS SELECIONADAS ANALGÉSICOS Os analgésicos são os medicamentos mais utilizados em mulheres durante a fase de lactação. Os opiáceos (morfina, codeína) são os mais utilizados no período pós-parto imediato, enquanto os demais analgésicos são muito utilizados durante toda a lactação. Acetaminofeno O acetaminofeno atinge concentrações baixas no leite. Essa medicaçãoé considerada pela Academia Americana de Pediatria (AAP)4 compatível com a amamentação e é uma boa opção para a analgesia nas nutrizes. Ácido acetilsalicílico O ácido acetilsalicílico também encontra-se em baixas concentrações no leite materno. O ácido salicílico, que é responsável por alterações de agregação plaquetária, não aparece no leite mater no; portanto, é muito improvável que esse tipo de alteração ocorra na criança exposta ao ácido acetilsalicílico. Devido ao risco de síndrome de Reye no RN, o ácido acetilsalicílico, em geral, não é recomendada durante a amamentação.1 129 Dipirona Os efeitos da dipirona para a criança que a recebe através do leite materno são pouco conheci dos, pois o comércio desse fármaco é proibido nos Estados Unidos. Portanto, é prudente conside rar outros analgésicos durante a amamentação. Antiinflamatórios não-esteróides O ibuprofeno e o diclofenaco são os antiinflamatórios não-esteróides (AINE) mais seguros na lactação, pois são praticamente indetectáveis no leite materno. Os AINE de meia-vida maior, como o naproxeno e o piroxicam, têm menor evidência de segu rança, devido ao risco de ocorrer acúmulo da substância no bebê com o uso prolongado e, por isso, são menos recomendados, embora eles sejam considerados compatíveis com a amamentação.5 Narcóticos A maioria dos narcóticos, quando administrados em dose única, é excretada no leite em pouca quantidade. Contudo, pode haver uma variação individual; por isso, recomenda-se atenção espe cial para os efeitos adversos, como depressão no RN. Esses efeitos costumam ser mais freqüen tes no período neonatal, quando a meia-vida de eliminação do fármaco encontra-se prolongada. A codeína e a morfina são consideradas medicamentos compatíveis com a amamentação pela American Academy of Pediatrics (AAP),4 desde que a mãe receba doses baixas a moderadas (inferiores a 240mg diários de codeína) e a criança esteja clinicamente estável. A meperidina e petidina devem ser evitadas, pois existem relatos de que o seu uso durante o parto ou no período pós-parto imediato está relacionado a alterações da função neurocognitiva de algumas crianças, com maior dificuldade no estabelecimento precoce da amamentação. Metadona A metadona, amplamente utilizada no tratamento de adição aos opiáceos durante a gestação, pode ser utilizada durante a amamentação. Como os níveis de metadona no leite materno são baixos, a síndrome de abstinência pode ocorrer nos RN cujas mães são medicadas com metadona na gravidez.1 PR OR N S EM CA D 130 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO Anestésicos epidurais O uso epidural de bupivacaína, lidocaína, morfina e fentanil é geralmente considerado seguro na amamentação, mas as evidências sobre os efeitos desses anestésicos na lactação são limita das. Existem relatos de que os bebês de mães que receberam analgesia de parto, inclusive peridural, têm mais dificuldade para iniciar a amamentação, tanto pelos efeitos diretos neles quanto pelos efeitos na mãe.6 Esses efeitos, no entanto, são difíceis de se interpretar devido a problemas de aferição, falta de grupos-controle, amostras pequenas e diversidade de drogas e doses utiliza das nos estudos existentes. Enquanto estudos mais bem delineados não estiverem disponíveis, deve-se estar aten to para possíveis efeitos de anestésicos epidurais que dificultem a amamentação do bebê exposto. 7. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, correlacionando o fármaco às suas características (as características podem referir-se a mais de um medicamento). ( 1 ) Acetaminofeno ( ) Embora seja considerado compatível com a ( 2 ) Ácido amamentação, seu uso é menos recomenda acetilsalicílico do. ( 3 ) Dipirona ( ) Esse fármaco atinge concentrações baixas no ( 4 ) Ibuprofeno leite. ( 5 ) Naproxeno ( ) Há possibilidade de ocorrer síndrome de ( 6 ) Codeína abstinência nos RN cujas mães são medica- e morfina das com esse medicamento na gravidez. ( 7 ) Piroxicam ( ) Seus efeitos para a criança são pouco conhe ( 8 ) Diclofenaco cidos, o que não favorece o seu emprego. ( 9 ) Meperidina ( ) Ocorre compatibilidade com a amamentação e petidina desde que a mãe receba doses baixas e a ( 10 ) Metadona criança esteja clinicamente estável. ( ) Antiinflamatório não-esteróide menos seguro devido ao risco de ocorrer acúmulo da subs tância no bebê com o uso prolongado. ( ) Antiinflamatório não-esteróide mais seguro na lactação, pois é praticamente indetectável no leite materno. ( ) Fármaco não-recomendado durante a amamentação em função do risco de síndrome de Reye no RN. ( ) Há registro de alterações da função neurocognitiva de algumas crianças devido ao uso desse medicamento. ( ) Fármaco compatível com a amamentação, que se constitui em boa opção de analgesia. Respostas no final do capítulo 131 8. Se a maioria dos narcóticos é excretada no leite em pequena quantidade, por que é recomendada atenção especial para seus efeitos adversos? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 9. Que aspectos devem ser observados no que se refere ao emprego de anestésicos epidurais? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ANTIBIÓTICOS Depois dos analgésicos, os antibióticos são a categoria de medicamentos mais utilizada durante a amamentação. Os riscos de seu uso durante a lactação dependem do tipo de antibiótico e dos seus níveis no leite materno. Penicilinas, cefalosporinas e ácido clavulânico As penicilinas, as cefalosporinas e o ácido clavulânico são excretados no leite materno em pequenas quantidades e são compatíveis com a amamentação. Mesmo assim, existe um poten cial remoto para alteração da flora gastrintestinal e de sensibilização ou reação alérgica na crian ça. Se não há alergia, a amamentação é considerada segura. Sulfonamidas As sulfonamidas competem com a bilirrubina pelos mesmos sítios de ligação, sendo contra indicadas em RN ictéricos ou com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). É prudente evitar seu uso nos dois primeiros meses de amamentação, devido à indução potencial de hiperbilirrubinemia no lactente. Aminoglicosídeos Os aminoglicosídeos têm biodisponibilidade oral pobre e são encontrados no leite materno em baixas quantidades. As crianças expostas devem ser observadas para evidências de alteração da flora do trato gastrintestinal. Seu uso é compatível com a amamentação. PR OR N S EM CA D 132 Eritromicina A eritromicina encontra-se no leite materno em concentrações muito baixas, sendo considerada segura pela AAP. No entanto, recentemente foiconstatado um risco aumentado de estenose pilórica em crianças amamentadas cujas mães receberam eritromicina nos primeiros 15 dias após o parto.7 Tetraciclinas O uso de tetraciclinas em mulheres que amamentam é permitido apenas para tratamentos cur tos, de até três semanas. Tratamentos prolongados (como da acne) não são recomendados pela possibilidade de alteração da coloração dos dentes e anormalidades no crescimento ósseo da criança.1 Metronidazol O metronidazol aparece no leite materno na mesma concentração do que no plasma. Até pouco tempo, recomendava-se a interrupção temporária da amamentação se as mães estivessem usan do metronidazol, devido ao risco teórico de carcinogênese (nunca demonstrado em humanos) e à possibilidade de altas concentrações plasmáticas nas crianças. Atualmente, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação (por 12 a 24 horas) apenas quando a mãe ingere altas doses da droga, como 2g para o tratamento da tricomoniose.1 O metronidazol é considerado seguro na dose de 400mg, 3 vezes ao dia. Fluconazol e aciclovir O fluconazol parece ser seguro na lactação, uma vez que a concentração da droga absorvida pelo lactente é muito pequena. O aciclovir também é considerado compatível com a amamentação, já que os seus níveis no leite materno e a biodisponibilidade oral são muito baixos.1 10. Preencha o quadro abaixo, indicando vantagens e desvantagens associadas a cada um dos medicamentos mencionados. DR OG AS E LA CT AÇ ÃO Vantagens Desvantagens Penicilina, cefalosporina e ácido clavulânico Sulfonamida Aminoglicosídeo Eritromicina Tetraciclina Metronidazol 133 DROGAS CARDIOVASCULARES Betabloqueadores A quantidade de betabloqueadores excretada no leite materno depende de cada agente, em especial da sua ligação a proteínas e hidrossolubilidade. Propranolol, metoprolol e labetalol são considerados compatíveis com a amamentação pela AAP, pois são excretados no leite mater no em pouca quantidade. De qualquer maneira, deve-se estar atento para efeitos adversos no lactente, como depressão respiratória, bradicardia e hipoglicemia. Já o atenolol, que é um agente que se liga fracamente às proteínas, deve ser evitado, pois sua concentração no leite é maior, e está associado à cianose, à bradicardia e à hipotensão na criança.8 O uso de nifedipino, verapamil ou diltiazem na lactação parece ser seguro, e esses agentes são considerados compatíveis com a amamentação pela AAP. O nifedipino é usado no tratamento do fenômeno de Raynaud nos mamilos em lactantes. Anti-hipertensivos Uma revisão sistemática sobre anti-hipertensivos na lactação concluiu que os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), metildopa, betabloqueadores com forte ligação protéica (propranolol, metoprolol) e alguns antagonistas do cálcio parecem ser tratamentos seguros para hipertensão na amamentação. No entanto, alguns autores ponderam que são necessários mais estudos para confirmar esses achados.8 PR OR N S EM CA D Alguns autores não recomendam inibidores da ECA para lactantes nas primeiras sema nas após o parto, devido à dificuldade de alguns RN de controlar sua pressão arterial.1 As doses de digoxina transmitidas para a criança via leite materno são baixas, o que torna seu uso seguro durante a amamentação. Da mesma forma, o captopril, o enalapril, a metildopa e a hidralazina são considerados compatíveis com a lactação pela AAP, pois não existe nenhum registro de efeitos adversos nas crianças com o uso desses fármacos. Antiarrítmicos Dentre os antiarrítmicos, a amiodarona pode atingir altos níveis no leite materno; por isso, seu uso não é recomendado na lactação. Se for necessária a terapia com esse fármaco, o bebê deve ser monitorado para os seus níveis plasmáticos e para a função da tireóide, devido ao risco de indução de hipotireoidismo.9 134 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO Diuréticos Doses baixas de diuréticos de curta ação parecem ser seguras. Contudo, doses altas de diuréticos tiazídicos ou doses usuais de diuréticos de alça devem ser evitadas, pois costumam ser usadas para suprimir a lactação. Clortalidona e hidroclorotiazida são consideradas compatíveis com a amamentação pela AAP, assim como acetazolamida e espironolactona, por serem encontradas em pouca quantidade no leite. 11. De que fatores depende a quantidade de betabloqueadores excretada no leite materno? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 12. Enumere os efeitos adversos que podem ser observados com o uso dos seguintes fármacos cardiovasculares: A) propranolol – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ B) metoprolol – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ C) labetalol – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ D) atenolol – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ E) amiodarona – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ F) diuréticos – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ANTIDEPRESSIVOS E OUTROS PSICOFÁRMACOS O índice de depressão materna nos primeiros três meses após o parto chega a 15%. Depressões graves podem afetar a capacidade da mãe de cuidar de seu filho, o que pode comprometer o desenvolvimento neuroafetivo das crianças. Por isso, cada caso deve ser avaliado individualmen te, devendo ser instituído o tratamento da depressão quando os benefícios para a mãe e para a criança superarem os riscos. 135 No caso de exposição da criança ao antidepressivo, deve-se monitorá-la, observando: ■■■■■ sintomas gastrintestinais; ■■■■■ sedação; ■■■■■ agitação; ■■■■■ irritabilidade; ■■■■■ falta de interesse para mamar. Uma revisão da literatura10 indicou que amitriptilina,nortriptilina, desipramina, clomipramina e sertralina são os medicamentos mais seguros para serem usados durante a amamentação. Constatou-se, também, a partir do registro dos níveis séricos dos fármacos nas crianças, que aquelas com mais de 10 semanas de vida tinham baixo risco para efeitos adversos. Inibidores seletivos da recaptação da serotonina Dentre os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), a sertralina é, provavelmente, a opção mais segura, por ser o antidepressivo mais bem estudado e por seus níveis praticamen te indetectáveis nos lactentes. A paroxetina também é considerada segura na lactação.1 A fluoxetina e seu metabólito, a norfluoxetina, devem ser evitados sempre que possí vel durante a lactação, devido à meia-vida longa de ambos e ao relato de paraefeitos importantes em crianças amamentadas.11 Até o momento, os estudos sugerem que o citalopram é seguro para ser usado durante o aleitamento materno.1 Antidepressivos tricíclicos Com relação aos antidepressivos tricíclicos, não existe descrição de efeitos adversos com o uso de amitriptilina, nortriptilina, desipramina e imipramina na amamentação. Além disso, suas concentrações no leite materno são muito baixas. Devido ao risco potencial de anormalidades neurológicas a longo prazo sugerido por alguns autores, deve-se minimizar a exposição da criança à amitriptilina, à nortriptilina, à desipramina e à imipramina, administrando o fármaco em dose única antes de dormir.5 Benzodiazepínicos PR OR N S EM CA D O uso prolongado de benzodiazepínicos deve ser evitado durante a amamentação, sobretudo no período neonatal. LEMBRAR 136 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO O uso intermitente ou por curtos períodos (uma a duas semanas) de diazepam, midazolam e lorazepam em lactantes não tem sido associado à sedação significante nas crianças amamenta das. Quando for necessário o uso de um desses medicamentos, deve-se dar preferência àqueles de curta ação, como lorazepam e oxazepam. Fenotiazínicos Os fenotiazínicos prometazina e torazina estão associados ao risco aumentado para apnéia do sono e síndrome da morte súbita. Por isso, seu uso é desaconselhado em mulheres que estão amamentando. Recomenda-se cautela no uso de fenobarbital. Antimaníaco A taxa de concentração de lítio na criança exposta via leite materno pode chegar a 50% da taxa de concentração materna. Os efeitos desses níveis plasmáticos são desconhecidos. RN e bebês prematuros são especialmente suscetíveis a efeitos adversos. A AAP recomenda cautela na prescrição do lítio durante a amamentação, devido a efeitos adversos importantes em casos isolados. No caso de necessidade do uso do fármaco, deve-se monitorar os níveis plasmáticos de lítio na mãe e no bebê, assim como a função tireóidea.1 O ácido valpróico é preferível no tratamento da mania em mulheres que amamentam. Nesse caso, as crianças devem ser monitoradas quanto às funções hepática e plaquetária.1 Antipsicóticos Entre os antipsicóticos, a risperidona e a olanzapina são provavelmente as melhores opções durante a lactação. O Quadro 5 apresenta uma hierarquização dos fármacos utilizados no tratamento de condições comuns quanto à recomendação em mulheres que estão amamentando, e o Quadro 6 contém a relação dos principais medicamentos e a recomendação quanto ao seu uso na lactação. 137 Quadro 5 NÍVEIS DE RECOMENDAÇÃO DE FÁRMACOS PARA TRATAMENTO DE CONDIÇÕES COMUNS DURANTE A AMAMENTAÇÃO Condição Agentes recomendados Agentes alternativos Usar com cautela Rinite alérgica Beclometasona Fluticasona Cromolin Loratadina Anti-histamínicos sedativos Descongestionantes Doença cardiovascular Hidroclorotiazida Metoprolol Propranolol Labetalol Nifedipino Verapamil Hidralazina Captopril Enalapril Atenolol Diltiazem Amiodarona Depressão Sertralina Paroxetina Nortriptilina Desipramina Fluoxetina Diabetes Insulina Glibenclamida Acarbose Metformina Epilepsia Fenitoína Carbamazepina Etossuximida Ácido valpróico Fenobarbital Dores Acetaminofeno Ibuprofeno Morfina Naproxeno Meperidina Aspirina Asma Cromoglicato dissódico Nedocromila Fluticasona Beclometasona Teofilina Corticóides Prednisona Prednisolona Hipertireoidismo Propiltiouracil Contracepção Métodos de barreira Agentes contendo somente progestogênios (minipílula) Agentes contendo estrogênio PR OR N S EM CA D Adaptado de Spencer e colaboradores, 20005 138 Quadro 6 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO INFORMAÇÕES SOBRE A SEGURANÇA DO USO DE MEDICAMENTOS E SUBSTÂNCIAS NA AMAMENTAÇÃO, EM ORDEM ALFABÉTICA Nome da substância Uso durante a lactação Acetaminofeno Seguro. Aciclovir Seguro. Ácido acetilsalicílico Evitar. Ácido clavulânico Seguro. Ácido valpróico Seguro. Álcool Evitar. Amitriptilina (e outros antidepressivos tricíclicos) Seguro. Amoxicilina Seguro. Ampicilina Seguro. Atenolol Usar com cautela, altas concentrações no leite materno. Azitromicina Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Beclometasona (inalatório) Seguro. Budesonida (inalatório) Sem relatos de efeitos adversos. Cafeína Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos; consumir moderadamente. Captopril (e outros inibidores da ECA) Seguro. Carbamazepina Seguro. Cefaclor Seguro. Cefalotina Seguro. Cefazolina Seguro. Ceftriaxona Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Cefuroxima Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Cimetidina Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Ciprofloxacino Pode ser usado se não houver outra opção de tratamento, e a amamentação não deve ser interrompida. Cocaína Contra-indicado. Codeína Seguro em doses baixas. Dexclorfeniramina Seguro. Diazepam Evitar, potencial de efeitos adversos no RN. Diclofenaco Seguro. Dimenidrinato Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Dipirona Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Eritromicina Seguro. Estreptomicina Evitar; usar apenas em casos de necessidade comprovada. Fenitoína Seguro. Fenobarbital Potencial teratógeno, requer avaliação individual do caso e monitorização de níveis séricos na mãe e no bebê. Fluconazol Seguro. Fluoxetina Evitar. Glibenclamida Seguro. Haloperidol Avaliar risco-beneficio individualmente, monitorizar efeitos de sedação no RN. Continua ➜➜➜➜➜ 139 Nome da substância Uso durante a lactação Hidralazina Seguro. Hidroclorotiazida (e outros diuréticos) Evitar. Gentamicina Evitar, usar apenas em casos de necessidade comprovada. Ibuprofeno Seguro. Indometacina Compatível, mas preferir ibuprofeno. Insulina Seguro. Isoniazida + rifampicina + pirazinamida Sem relatos de efeitos adversos. Levotiroxina Seguro. Lítio Usar apenas em casos de necessidade comprovada; requer monitorização de níveis séricos na mãe e no bebê. Loratadina Segura. Maconha Evitar. Meperidina Evitar. Metformina Aparentemente seguro. Metronidazol Cautela, mas tratamento com doses habituais é seguro; interromper amamentação por 12-24 horas em doses altas. Metildopa Seguro. Metoclopramida Seguro. Morfina Segura em doses baixas a moderada. Nicotina Evitar, diminuir o consumo ao máximo. Nistatina Seguro. Nifedipino e outros antagonistas do cálcio Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Norfloxacino Há relatos de casos de efeitos adversos; pode ser usado se não houver outra opção de tratamento, e a amamentação não deve ser interrompida. Óleo mineral Evitar, por falta de dados. Omeprazol Sem dados. Paroxetina Seguro. Penicilina G Seguro. Penicilina V Seguro. Piroxicam Compatível, mas preferir ibuprofeno. Prednisonae prednisolona Seguro. Propranolol Seguro. Ranitidina Dados limitados, mas sem relatos de efeitos adversos. Salbutamol (inalatório) Seguro. Sertralina Seguro. Sinvastatina (e outras estatinas) Sem dados disponíveis. Sulfas Compatível, mas atenção a RN ictéricos; evitar nos primeiros meses. Tetraciclinas Seguro em tratamentos curtos (até 3 semanas). Trimetoprima Seguro. Venlafaxina Sem relatos de efeitos adversos. PR OR N S EM CA D 140 13. Que aspectos devem ser considerados ao se optar pelo tratamento farmacológico da depressão materna? DR OG AS E LA CT AÇ ÃO ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 14. Dentre os inibidores seletivos de recaptação da serotonina, qual deve ser indicado e contra-indicado, respectivamente. Por quê? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 15. Por que é recomendada a minimização do uso de antidepressivos tricíclicos? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 16. Diferencie os benzodiazepínicos no que se refere aos efeitos decorrentes do uso prolongado, intermitente e curto. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 141 17. Marque V (verdadeiro) e F (falso) e assinale a alternativa correta. ( ) Quando há necessidade de uso do lítio durante a amamentação, deve-se monitorar os níveis plasmáticos de lítio na mãe e no bebê, assim como a função tireóidea. ( ) Em caso de doença cardiovascular, os fármacos recomendados são atenolol, diltiazem e amiodarona. ( ) O captopril, a carbamazepina, a cefazolina, o diazepam, o fenobarbital e o óleo mineral são consideradas substâncias cujo uso durante a lactação é seguro. ( ) Alguns fenotiazínicos (prometazina e torazina) são desaconselhados em função de sua associação com risco aumentado para apnéia do sono e síndrome da morte súbita. As respostas são, respectivamente: A) V, F, V, F B) F, V, F, V C) V, F, F, V D) F, V, V, V Resposta no final do capítulo PR OR N S EM CA D DROGAS DE ABUSO O risco para as crianças que são amamentadas por usuárias de drogas varia de acordo com a substância de abuso. Entretanto, a AAP contra-indica a amamentação nesses casos, independentemente do tipo de droga consumida. MACONHA O efeito do uso da maconha por lactantes para a criança não é bem-conhecido. Há relato de que a exposição à maconha via leite materno no primeiro mês pós-natal está associada a um atraso no desenvolvimento motor das crianças com 1 ano de idade.12 COCAÍNA No caso da cocaína, há relatos de toxicidade (tremores, irritabilidade, vômitos e diarréia) em bebês de mães que usaram a droga durante a amamentação. A metabolização e a excreção da cocaína são lentas, o que leva o leite materno a conter quantidades significativas de benzoilecgonina, o metabólito inativo da cocaína, mesmo após a cessação dos efeitos clínicos. Apesar de a transmissão exata da cocaína no leite materno não ter sido demonstrada, suspeita- se de que a taxa leite/plasma seja alta. Qualquer forma de administração de cocaína (oral, intranasal ou fumo de crack) está contra-indicada na lactação. 142 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO ALUCINÓGENOS Os alucinógenos (LSD e fenciclidina) são as drogas de abuso mais perigosas para a criança amamentada. Se as mães fizerem uso esporádico de drogas de abuso, recomenda-se que a amamentação seja interrompida temporariamente, até que a droga seja eliminada do leite materno. Nesse período, a mãe deve ordenhar o seu leite e descartá-lo. A duração da interrupção varia de acordo com a droga, como pode ser observado no Quadro 7: Quadro 7 RECOMENDAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE INTERRUPÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO APÓS CONSUMO DE DROGAS DE ABUSO Droga Período recomendado Anfetamina, ecstasy 24-36 horas Barbitúricos 48 horas Cocaína, crack 24 horas Etanol 1 hora por dose ou até estar sóbria Heroína, morfina 24 horas LSD 48 horas Maconha 24 horas Fenciclidina 1-2 semanas Fonte: Hale, 20051 18. Que riscos para a criança podem estar associados ao uso de drogas de abuso pela mãe? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 19. O que deve ser feito se a mãe for usuária esporádica de drogas de abuso? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ERVAS A maioria das informações disponíveis sobre o uso de preparações com ervas não inclui dados científicos, embora as propriedades médicas de certas plantas sejamconhecidas há séculos. É importante observar que as concentrações da substância ativa variam conforme a planta, o que torna difícil a quantificação das doses. Quanto aos chás de ervas, existe o mesmo problema, pois a concentração do princípio ativo é influenciada por vários fatores. 143 Além do princípio ativo, podem existir várias outras substâncias que passam para o leite materno. Ainda, deve-se estar atento para a falta de regulamentação e o risco de contaminação.13 Apesar de ser amplamente difundido o uso de ervas para aumentar a produção do leite, existem poucos estudos sobre o uso de compostos com ervas durante a amamentação. Para a maioria das ervas, mais estudos são necessários para que se possa ter certeza de sua segurança na lactação. Portanto, existe uma tendência a não usar esses produtos em tal fase. VACINAS Mães que amamentam podem ser imunizadas conforme a rotina de vacinação para o adulto. Não há nenhuma contra-indicação.14 PRODUTOS PARA TRATAMENTO DE CABELO Uma das dúvidas mais freqüentes, tanto de leigos quanto de profissionais de saúde, relativa ao uso de drogas na lactação refere-se ao uso de produtos para tratamento de cabelo. Esses produtos, tais como tinturas ou alisantes, são muito pouco absorvidos pela pele e, até o momento, não há estudos que comprovem a passagem de substâncias tóxicas para o leite mater no que possam acarretar efeitos deletérios à criança. Apesar de não haver evidências de risco com exposição a esses produtos durante a gravidez e a lactação, tem-se recomendado dar preferência a produtos mais naturais e que não contenham amônia, além de evitar os produtos que contenham acetato de chumbo, devido à possibilidade de meta-hemoglobinemia. Substâncias mais novas, à base de formol, têm sido utilizadas para alisamentos, mas não exis tem ainda relatos nem estudos dos efeitos adversos desses produtos. Hoje, existe no mercado uma série de opções de produtos para tratamento de cabelo. É consenso que a melhora da auto-estima é um fator de importância para o sucesso do aleitamento materno.15 PR OR N S EM CA D 144 20. Assinale a alternativa correta. DR OG AS E LA CT AÇ ÃO A) O uso de tintura para cabelo em lactentes não é recomendado, devido ao risco potencial para a criança. B) Não há proibições quanto ao uso de alisantes e tinturas para cabelo no período da amamentação, mas se recomenda produtos naturais. C) O uso de tinturas para cabelo e alisantes durante a lactação não é recomen dado, pois é freqüente a associação de problemas alérgicos na criança ao uso desses produtos. D) É permitido o uso de tintura para cabelo em mães que estão amamentando, mas não é recomendado o uso de alisantes devido à sua composição. Resposta no final do capítulo DROGAS QUE INIBEM A PRODUÇÃO DO LEITE LEMBRAR Algumas drogas sabidamente afetam a taxa de produção de leite. Entre as que po tencialmente inibem a lactação, encontram-se: ■■■■■ alcalóides do ergot (bromocriptina, cabergolina); ■■■■■ estrogênios; ■■■■■ progestogênios; ■■■■■ pseudo-efedrina; ■■■■■ álcool e a nicotina (estes, em menor grau). ESTROGÊNIO Os efeitos do uso de estrogênio na produção do leite são imprevisíveis, podendo ser nulos ou acentuados, rápidos ou lentos. Em função disso, todas as mulheres que tomam pílulas anticon cepcionais combinadas (estrogênio + progestogênio) devem ser alertadas sobre o risco de diminuição do volume de leite secretado. Quando necessário, deve-se preferir o uso de contraceptivos contendo apenas progestogênios em baixas doses (minipílula). Mesmo os contraceptivos com baixas doses de progestogênios podem afetar negativamente a produção do leite em algumas mães, quando usados muito precocemente após o parto. Por isso, qualquer tipo de anticoncepcional hormonal deve ter seu início postergado o máximo possível (semanas ou mesmo meses).1 145 BROMOCRIPTINA A bromocriptina foi muito utilizada no passado para redução do ingurgitamento mamário e para a interrupção da lactação. Devido aos efeitos colaterais, ela não tem sido mais utilizada para tais fins, sendo substituída pela cabergolina, uma droga bem mais segura. Uma dose de 1mg de cabergolina administrada logo após o parto inibe completamente a lactação, assim como 0,25mg, 2 vezes ao dia, por dois dias, em lactações já estabelecidas.1 PSEUDO-EFEDRINA Recentemente, dados sugerem que descongestionante nasal contendo pseudo-efedrina pode afetar a síntese da lactação, em especial em fases mais tardias (acima de 8 meses).16 Enquanto novos estudos são aguardados para confirmar esse achado, é prudente recomendar que as mu lheres evitem o uso dessa droga durante a amamentação. ÁLCOOL Recomenda-se que as mulheres abstenham-se de ingerir álcool durante a amamentação, devido à baixa atividade das enzimas álcool-desidrogenase no lactente e ao relato de efeito supressor da produção de leite. PR OR N S EM CA D A ingestão de etanol pode reduzir significativamente o reflexo de ejeção do leite e reduzir em até 20% a ingestão de leite pelo lactente.9 A AAP considera compatíveis com a amamentação doses baixas de ingestão de álcool (não mais do que 0,5g de álcool por quilo de peso da mãe por dia). NICOTINA O tabagismo materno está associado à redução do volume de leite e desmame precoce.17 A quantidade de nicotina que a criança recebe via leite materno depende do número de cigarros consumidos por dia e do tempo entre o último cigarro e a amamentação. O provável mecanismo para esse efeito é a ação inibitória da nicotina sobre a prolactina e a ocitocina. Em comparação com as nutrizes que não fumam, aquelas que fumam mais de 15 cigarros por dia têm um nível basal de prolactina 30 a 50% menor.18 Apesar de a quantidade de nicotina excretada no leite materno parecer pequena, existem relatos de toxicidade induzida por nicotina em bebês amamentados.9 É possível que o tabagismo ma terno, na lactação, aumente o risco de cólicas no lactente.19 146 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO O cigarro não é considerado uma contra-indicação à amamentação, já que os bene fícios do leite materno para a criança possivelmente superam os malefícios da expo sição à nicotina via leite materno. LEMBRAR Há relatos de que o aleitamento materno exerce proteção parcial na redução das altas taxas de doenças respiratórias e de síndrome da morte súbita do lactente em crianças de mães fuman tes,20,21 além de diminuir os danos que o fumo causa durante a gravidez. Um estudo holandês mostrou que os efeitos negativos da exposição intra-uterina ao tabaco na performance cognitiva das crianças aos 9 anos de idade eram limitados às crianças que não foram amamentadas.22 Assim, além de encorajar as mães fumantes a parar de fumar ou diminuir o consumo de tabaco, elas devem ser encorajadas a amamentar. Contudo, devido ao risco de redução do volume de leite, deve-se acompanhar atentamente o crescimento do lactente. 21. No que se refere às substâncias mencionadas a seguir, explique que mecanismos afetam a taxa de produção de leite. A) estrogênio – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ B) progestogênio – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ C) álcool – ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ D) nicotina – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ DROGAS QUE ESTIMULAM A PRODUÇÃO DO LEITE Algumas medicações, os chamados galactagogos, podem estimular a lactação, geralmente por antagonismo ao receptor da dopamina e conseqüente aumento de prolactina. Os galactagogos costumam ter utilidade em situações em que as puérperas não conseguem produzir leite materno em quantidade suficiente e quando outras medidas para aumentar o volu me do leite já foram tentadas. Eles são especialmente úteis quando os níveis de prolactina não são suficientemente altos para garantir uma lactação adequada, como em mães de RN prematu ros. Aparentemente, os galactagogos não funcionam como tais em mulheres com níveis de prolactina acima do normal ou quando há insuficiência de tecido mamário. Metoclopramida, domperidona, risperidona, sulpirida e clorpromazina são exemplos de inibidores da dopamina que aumentam a produção láctea em algumas mulheres. 147 A metoclopramida (10 a 15mg, 3 vezes ao dia) e a domperidona (10 a 30mg, 3 vezes ao dia) são as drogas mais utilizadas como galactagogos. SE MC AD A domperidona tem a vantagem de não atravessar a barreira hematoencefálica, o que a torna mais segura do que a metoclopramida, com menos paraefeitos, podendo ser utilizada por tempo indeterminado. PR OR N A metoclopramida, com freqüência, causa depressão importante em tratamentos pro longados por mais de um mês. A suspensão abrupta dessas drogas, quando utilizadas como galactagogos, pode resultar em queda significativa da taxa de síntese láctea, o que pode ser prevenido com sua retirada lenta e gradual, em semanas ou meses.1 Os neurolépticos sulpirida e clorpromazina têm seu uso limitado como galactagogos pela possibilidade de efeitos adversos. A clorpromazina está associada à sonolência e à letargia nos lactentes, devendo ser evitada como galactagogo.11 22. Complete as lacunas empregando as palavras apresentadas no quadro. Se neces sário, use a mesma palavra mais de uma vez: metoclopramida – insuficiência – prolactina clorpromazina – galactagogos A) Os galactagogos são muito úteis nos casos em que os níveis de .......................... não são altos o suficiente para garantir lactação adequada. B) Nas situações em que os níveis de .......................... estão acima do normal ou quan do ocorre .......................... do tecido mamário, pode acontecer de os .......................... não provocarem estímulo para produção do leite. C) Alguns galactagogos, ainda que bastante utilizados, podem provocar depressão sig nificativa quando usados em tratamentos muito longos: esse é o caso da ........................... D) Devido à evidência de efeitos como sonolência e letargia nos lactentes, a .......................... deve ser evitada como galactagogo. 148 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO CASO CLÍNICO Uma mulher de 26 anos foi ao posto de saúde porque estava com febre alta, mal-estar e sinais locais de mastite há um dia. Tinha um filho de 4 meses, ao qual dava amamentação exclusiva. Ela costumava ter crises de asma freqüentes, controladas com o uso de “bombinha”, que se descobriu tratar-se de salbutamol spray. Ela também tomava medicamento antidepressivo (fluoxetina) por ter depressão crôni ca, mas parou com o medicamento na gravidez. Ultimamente, andava sentindo-se muito triste, chorava com facilidade, seu apetite estava diminuído e passou a ter insônia. Para se alegrar um pouco, passou a sair para se divertir, fazendo uso de álcool nessas ocasi ões. Usou maconha uma única vez, 15 dias antes da consulta. Foi fumante (20 cigarros por dia) até descobrir que estava grávida. No momento da consulta, disse que andava com muita vontade de voltar a fumar. No que se refere a este caso, foi identificada a seguinte lista de problemas: ■■■■■ mastite infecciosa; ■■■■■ asma brônquica; ■■■■■ depressão; ■■■■■ consumo social de álcool; ■■■■■ uso esporádico de maconha; ■■■■■ risco de voltar ao tabagismo. 23. Considerando a lista de problemas referida anteriormente, pense em possibilidades de manejo de cada uma das situações identificadas: A) mastite crônica – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ B) asma brônquica – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ C) depressão – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ D) consumo social de álcool – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ E) consumo esporádico de maconha – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ F) risco de voltar ao tabagismo – ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 149 MANEJO DOS PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS Problema 1: mastite infecciosa Este é um problema que requer uma ação imediata. Pelos sinais clínicos, trata-se de uma mastite infecciosa, provavelmente causada por estafilococo (95% dos casos). Entre outras medidas, deve- se prescrever antibióticos. A primeira escolha recai sobre a dicloxacilina 500mg, por VO, de 6 em 6 horas. Entre tanto, no Brasil, a dicloxacilina não é habitualmente disponível, daí a preferência pela cefalexina ou amoxicilina associada ao ácido clavulânico, para as pacientes assis tidas em ambulatório, e oxacilina quando o tratamento for no âmbito hospitalar. Todos esses antibióticos são compatíveis com a amamentação, não havendo necessidade de interrompê-la, mesmo temporariamente. Problema 2: asma brônquica Os βββββ2-agonistas de curta ação são de uso seguro na lactação. Essa mãe deve continuar usan do salbutamol spray sempre que tiver necessidade. Deve ser reforçada a importância do controle da asma. Problema 3: depressão Muito provavelmente, por sua história pregressa e pela sintomatologia, essa mulher necessitará de terapia antidepressiva; porém, a fluoxetina (droga utilizada antes da gravidez) não é primeira opção em mulheres que estão amamentando, pois há relatos de efeitosadversos para o bebê, como pouco ganho de peso. PR OR N S EM CA D Para o tratamento da depressão, nesse caso, prefere-se a sertralina ou a paroxetina, por apresentarem níveis praticamente indetectáveis no lactante amamentado. Essa mãe deve ser encaminhada a um especialista de saúde mental, se possível. Deve-se enfatizar à mãe a importância do tratamento, pois depressões graves afetam a capacidade da mãe de cuidar de seu filho, podendo trazer danos para o desenvolvimento do bebê. Problema 4: consumo social de álcool A paciente deve ser advertida quanto ao consumo de álcool durante a amamentação. A ingestão de etanol nesse período deve ser evitada. No entanto, a AAP considera doses baixas de ingestão de álcool (não mais do que 0,5g de álcool por quilo de peso da mãe por dia, o que corresponde a um cálice de vinho ou duas latas de cerveja) compatíveis com a amamentação. 150 DR OG AS E LA CT AÇ ÃO Se houver ingestão excessiva de álcool, a mulher não deve amamentar por um período igual a 1 hora por dose ou até se encontrar sóbria. Ela deve ordenhar e descartar o seu leite nesse período. LEMBRAR Problema 5: consumo ocasional de maconha Uma das contra-indicações formais da amamentação é o uso de drogas de abuso. A mãe deve ser advertida quanto aos perigos dessa prática para a criança amamentada. Na eventualidade de seu uso, como ocorreu nesse caso, a mãe deve ser orientada a não ama mentar seu bebê por 24 horas após o uso da droga, devendo ordenhar e descartar seu leite neste período. Problema 6: risco de voltar ao tabagismo Aqui também a paciente deve ser alertada quanto aos efeitos deletérios do cigarro para a lactação (diminuição da produção e da ejeção do leite) e para a criança. Suporte psicológico a essa mãe é fundamental. Essa mulher deve ser elogiada por dar amamentação exclusiva ao seu filho de 4 me ses, apesar de todas as dificuldades. CONCLUSÃO O aleitamento materno é uma prática de fundamental importância para a mãe e para o bebê; portanto, deve ser sempre incentivada e protegida, salvo algumas exceções. Em geral, deve-se evitar o uso de drogas durante a lactação. Riscos e benefícios devem ser pesados em cada caso. Se o uso da droga for inevitável, deve-se optar por uma substância cujos efeitos para o lactente amamentado já tenham sido estudados, que seja pouco excretada no leite materno e que não tenha riscos aparentes para a saúde da criança. Com uma avaliação adequada, considerando-se vários fatores, só excepcionalmente será neces sário desencorajar ou recomendar a interrupção temporária ou definitiva do aleitamento materno quando a lactante necessitar de algum tipo de tratamento farmacológico. Em relação a grande maioria dos medicamentos, a manutenção da amamentação é vantajosa para a mãe e para a criança. 151 RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: A Comentário: A solubilidade lipídica aumenta a transferência da droga para o leite. Os outros fato res, na realidade, inibem a passagem da droga para o leite. Atividade 2 Chave de respostas: A) V; B) F (Na verdade, as vias intravenosa e muscular é que resultam em maiores níveis sangüíneos, facilitando a passagem do fármaco para o leite.); C) F (Ocorre o contrário do que é afirmado nesta alternativa: a meia-vida maior (e não, menor) do fármaco é que aumenta o risco de acúmulo na mãe e na criança.); D) V; E) V; F) V. Atividade 3 Resposta: varfarin – possui alta capacidade de ligação a proteínas –; sertralina – medicamento que atinge concentrações plasmáticas menores no leite –; domperidona – medicamento pouco permeável à barreira hematoencefálica –; acetaminofeno – medicamento de uso seguro –; paroxetina – medicamento que atinge concentrações plasmáticas menores no leite –; heparina – medicamento com peso molecular alto. Atividade 4 Resposta: C Comentário: A domperidona, um antagonista da dopamina, funciona melhor como galactagogo quando os níveis de prolactina são baixos, como com freqüência ocorre em mães de prematuros que ainda não sugam o peito e as quais querem manter a produção da lactação. Esse medica mento, em geral, não funciona quando os níveis de prolactina já são altos ou quando houver insuficiência de tecido mamário. Em geral, os níveis de prolactina são altos em casos de gêmeos, principalmente quando as crianças mamam simultaneamente. Atividade 5 Resposta: C Comentário: A amamentação é geralmente contra-indicada quando a mãe está recebendo terapia antineoplásica, devido aos riscos à criança. Pode haver restrições para alguns medicamentos dos outros grupos, mas não contra-indicação. Atividade 7 Chave de respostas: 5/7, 1/2, 10, 3, 6, 5/7, 4/8, 2, 9, 1 Atividade 17 Resposta: C Atividade 20 Resposta: B Comentário: Os produtos para tratamento de cabelo, como tinturas ou alisantes, são muito pouco absorvidos pela pele e, até o momento, não há estudos que comprovem a passagem de substân cias tóxicas para o leite materno que possam acarretar efeitos deletérios na criança. Apesar de não haver evidências de risco com exposição a esses produtos durante a gravidez e a lactação, tem-se recomendado dar preferência a produtos mais naturais e que não contenham amônia e acetato de chumbo. PR OR N S EM CA D DR OG AS E LA CT AÇ ÃO 152 REFERÊNCIAS 1 Hale TW. Drug therapy and breastfeeding. In: Riordan J (ed). Breastfeeding and human lactation. 3rd ed. Boston: Jones and Bartlett Publishers; 2005; 137-66. 2 Collaborative Group on Drug Use in Pregnancy: Medications during pregnancy. An intercontinental cooperative study. Int J Gynecol Obstet. 1992; 39:185. 3 Anderson PO, Pochop LS, Manoguerra AS. Adverse drug reactions in breastfed infants: less than imagined. Clin Pediatr. 2003; 42: 325-40. 4 American Academy of Pediatrics, Committee on Drugs. The transfer of drugs and other chemicals into human milk. Pediatrics. 2001; 108: 776-89. 5 Spencer JP, Gonzalez LS, III, Barnhart DJ. Medications in the breast-feeding mother. Am Fam Physician. 2001; 64: 119-26. 6 Walker M. Do labor medications affect breastfeeding? J Hum Lact. 1997; 13: 131-7. 7 Sorensen HT, Skriver MV, Pedersen L, Larsen H, Ebbesen F, Schonheyder HC. Risk of infantile hypertrophic pyloric stenosis after maternal postnatal use of macrolides. Scand J Infect Dis. 2003; 35:104 6. 8 Beardmore KS, Morris JM, Gallery ED. 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