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1 EMPRESARIAL III AULA 01 a 16 OFICIAL ALUNOS 2

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Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
1 
 
Teoria Geral dos Títulos de Crédito (módulo 01) 
1. Noções históricas - evolução do escambo para o crédito 
O título de crédito serve para colocar no papel um crédito que alguém tem contra uma pessoa. Faz 
parte do direito das obrigações e a obrigação sempre vai ter conteúdo econômico, seja ela de dar, 
fazer ou não fazer, mas principalmente dar (coisa certa ou incerta). Tem natureza de troca (dinheiro 
por documento). Assim para um melhor entendimento acerca de títulos de crédito, devemos, antes, 
analisar o instituto do crédito. 
1.1. A doutrina (sem citar autores) elaborou os seguintes conceitos econômicos de crédito: 
a) Crédito é a troca no tempo e não no espaço; 
b) Crédito é a permissão de usar capital alheio; 
c) Crédito é o saque contra o futuro e, 
d) Crédito confere poder de compra a quem não dispõe de recursos. 
e) troca de uma prestação atual por uma prestação futura. 
Assim podem sintetizar um conceito de crédito como a possibilidade de dispor imediatamente de 
bens presentes, através de um recurso próprio ou de terceiro, que estará disponível no futuro. 
Também temos o conceito natural de crédito, pertinente ao sentido etmológico. O temo crédito 
deriva do latim creditum, que por sua vez deriva de credere, que significa confiança, ter fé. Logo 
crédito está intimamente ligado à confiança, à fidúcia, entre credor e devedor. Mitigando o primeiro 
contexto - econômico - representa o poder de compra conferido a alguém que não tem condição de 
pagá-lo à vista, mas que se tem confiança que o terá no futuro, fará o respectivo pagamento. 
Percebemos então que, aglutinando esses dois conceitos temos que o crédito é composto pelos 
seguintes elementos: fidúcia (confiança) e tempo. 
1.2. Os créditos podem ser classificados em função: 
1.2.1. da sua garantia: a) crédito real, quando estiver garantido por um determinado bem do 
devedor (penhor/móveis ou hipoteca/imóveis), ficando esse bem vinculado ao cumprimento 
da obrigação; b) crédito pessoal, quando estiver garantido pela integridade dos bens do 
devedor (fiança e aval) e não por um bem específico; 
1.2.2. da finalidade de sua utilização: a) crédito para consumo, quando utilizado para 
satisfação de suas necessidades individuais; b) crédito para produção, quando utilizado para 
produção de determinados bens (comercial, industrial, agrícola, imobiliário, etc...); 
1.2.3. do tempo decorrido entre cumprimento da obrigação atual e da futura: a) curto, b) 
médio ou c) longo prazo; 
1.2.4. do instrumento de sua realização: a) título de crédito; b) contrato (mútuo, venda a 
prazo, etc...); 
1.2.5. da pessoa que se beneficia do crédito (tomador do crédito): a) privado ou b) público; 
1.2.6. do local da obtenção do crédito: a) interno ou b) externo; 
 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
2 
 
2. Obrigação Cambial 
Temos como Direito Obrigacional o conjunto de normas que regula as relações entre as pessoas, 
onde uma pode exigir uma prestação da outra, ou seja, entre o sujeito ativo, credor ou accipiens, e 
o sujeito passivo, devedor ou solvens. 
As prestações podem ser de dar (coisa certa ou incerta); fazer ou não fazer. 
O vínculo jurídico obrigacional que pode nascer do contrato, da lei, de um título de crédito, de uma 
sentença, etc. Desse modo a obrigação cambial tem como vínculo jurídico obrigacional um título de 
crédito 
Várias são as teorias para determinar as fontes da obrigação em um título de crédito: 
2.1. Teoria contratualista: para esta teoria a natureza da obrigação assumida no título de 
crédito seria derivada de um contrato. O emitente de um título de crédito se obriga, em razão 
de uma relação contratual subjacente. Esta teoria sofreu inúmeras críticas, pois, não 
consegue explicar o princípio da autonomia das obrigações, uma vez que, se a obrigação 
cambiária surge consubstanciada em um contrato, então, o terceiro que receber o título 
estará adquirindo direito derivado e não autônomo e original como realmente ocorre. 
2.2. Teoria da declaração unilateral de vontade: para esta teoria, a fonte da obrigação 
cartular não seria um contrato, mas sim, uma declaração unilateral de vontade livre e 
incondicional do devedor. Esta teoria também sofreu inúmeras críticas, pois, o emitente 
estaria sempre obrigado, ainda que houvesse exceções pessoais, desde que o título tenha sido 
emitido regularmente. 
2.3. Teoria dúplice de Vivante: para esta teoria deve-se analisar a posição do devedor sob 
duas vertentes: i) perante seu credor: o fundamento será o contrato; ii) perante terceiro de 
boa-fé: o fundamento será uma declaração unilateral de vontade. Desse modo, essa teoria 
mitiga ambas as anteriores. 
Baseado nessa teoria e nos conceitos dados por Vivante que se conceitua titulos de crédito, 
sendo abarcado pela legislação pátria no art. 887, CC, e retiramos algumas caracterísitcas 
dos títulos de crédito: cartularidade (i), literalidade (ii) e autonomia (iii), que se juntarão a 
outros atributos (módulo 01 - item 5) 
Art. 887 CC. O título de crédito, documento (i) necessário ao exercício do 
direito literal (ii) e autônomo (iii) nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei. 
3. Noções históricas - evolução dos títulos de crédito 
Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. Não se confundem 
com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a representam. As 
obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem extracambial, ou de um contrato de 
compra e venda, ou de mútuo, etc., ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do 
avalista. 
Os títulos de créditos surgiram na Idade Média, com intuito de fomentar o comércio, simplificando 
e agilizando as transações comerciais. A evolução da utilização dos títulos de crédito podem ser 
compartimentadas nos seguintes lapsos temporais: 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
3 
 
a) Período italiano (até 1.650) – Durante a Idade Média a estrutura política na Europa era o 
feudal, caracterizado pela descentralização do poder. Na Itália havia a proeminência das 
cidades marítimas, potências comerciais, que atraiam grande quantidade de mercadores da 
época. Não havendo uma "moeda" de curso em todas cidades, surge então o câmbio 
trajetício, pelo qual o banqueiro ficava responsável pelo transporte das moedas. Nesse 
procedimento tivemos o embrião da nota promissória - cautio - pois o banqueiro 
reconhecia a 'dívida' e comprometia-se a 'pagá-la' na data e local determinados; e da letra 
de câmbio - littera cambii - pois também ordenava ao correspondente que pagasse a quantia 
ali determinada. Entretanto não tínhamos, ainda, a figura do endosso, os títulos tinham 
beneficiários únicos e específicos 
b) Período francês (1.650 a 1848) – Surgia, então, o endosso, que possibilitava a circulação 
desses títulos, independente da autorização do sacador, utilizando-se da cláusula à ordem. 
Também estabeleceu-se a comprovação/garantia da existência de fundos para a 
compensação da carta de crédito junto ao emitente pelo destinatário. 
c) Período alemão (1.848 a 1930) – Em 1848 tivemos a codificação de normas disciplinadoras 
cambiais, com viés internacionalizado, com a Ordenação Geral do Dirieto Cambiário. 
Houve a consolidação da letra de câmbio, como instrumento de crédito. 
 No Brasil: Código Comercial – Decreto 2.044/1908 derrogou a parte de títulos de crédito 
que havia no Código Comercial. obs.1 
e) Período Uniforme (a partir de 1.930) – Influenciada pela ordenação alemã tivemos a 
elaboração da Lei Uniforme de Genebra (LUG), consolidando três convenções: a) as partes 
contraentes - Estados - se obrigam a introduzir em suas respectivas legislações a LUG 
(uniformização espacial); b) regulamentação de controvérsias/conflitosde leis em matéria 
de nota promissória e letra de câmbio; c) as partes contraentes se obrigam a não fazer 
depender a validade das obrigações cambiárias do cumprimentos de disposições internas 
pertinentes ao imposto do selo. 
 No Brasil: As ratificações dessas convenções se deram: b) Decreto 57.663/66 – que visou 
uniformizar a letra de câmbio e nota promissória com a LUG; b) Decreto 57.595/66 
pertinente a convenções sobre o cheque, e que foi revogada pela Lei 7.357/85; e Lei 
5.794/68 que regula a duplicata, mas que determina, expressamente no seu art. 25, a 
utilização subsidiária da LUG. Tais dispositivos serão objeto de análise mais apurada 
quando do estudo de cada um desses títulos de crédito. 
obs. 1. Nem todos os dispositivos da LUG entraram em vigor no Brasil, pois foram feitas 
algumas reservas, ou seja, reservou-se o direito de introduzir, parcialmente, em nosso 
ordenamento, a LUG, o que nos levou a um sistema híbrido, sendo uma parte regida pelo 
Decreto 2.044/08, outra pelos Decretos 57.663/66 e 57.595/66 e ainda pelo Código Civil. 
4. Natureza jurídica dos títulos de crédito: 
Título de Crédito é um título executivo extrajudicial, conforme disposto no art. 585 do CPC, nesse 
contexto também é denominado como título falimentar, posto que falência do devedor pode ser 
decretada com base na impontualidade (art. 94, I, L 11.101/2005); com base na prática de atos de 
falência (art. 94, II, L 11.101/2005) e com base na auto-falência (art. 97, I cc art. 105, L 
11.101/2005) - tais assuntos serão estudados mais amiúde em Direito Empresarial IV. 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
4 
 
Art. 585 CPC. São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o 
cheque; 
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o 
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o 
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela 
Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; 
III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem 
como os de seguro de vida; 
IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; 
V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de 
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de 
condomínio; 
VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de 
tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por 
decisão judicial; 
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, 
do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos 
créditos inscritos na forma da lei; 
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir 
força executiva. 
Art. 94 LRF. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação 
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma 
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido 
de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
Art. 97 LRF. Podem requerer a falência do devedor: 
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; 
Art. 105 LRF. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não 
atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer 
ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de 
prosseguimento da atividade empresarial, (...): 
 
5. Atributos dos títulos de créditos. 
Alguns doutrinadores preconizam os atributos como características, outros vice-versa e ainda temos 
os que entendem que atributos e características são sinônimos. Faremos então uma síntese desses 
entendimentos, ou como característica ou como atributos, sem preocupação com essas diferentes 
nomenclaturas, mas focando no conteúdo. 
Art. 887 CC. O título de crédito, documento necessário ao exercício do 
direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando 
preencha os requisitos da lei. (g.n.) 
Pela leitura simples do art. 887 CC podemos perceber que os atributos essenciais do título de 
crédito são: negociabilidade (5.4), executividade (5.5) e autonomia (5.6) e literalidade (5.2 e 5.3). 
Vamos ver o que a doutrina majoritária apresenta para nós: 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
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5.1. natureza comercial: Os títulos de crédito tem natureza comercial, tanto que letra de câmbio e 
nota promissória estavam disciplinados no Código Comercial, e ressaltando que o direito cambiário 
é um sub-ramo específico do Direito Comercial. 
5.2. documentos formais: os títulos de crédito somente produzem efeito ao observar os requisitos 
essenciais previstos na legislação cambiária, como se demonstra na leitura do art. 887 CC in fine. 
5.3. títulos de apresentação: o credor, para exigir a obrigação contida no título de crédito (princípio 
da literalidade - módulo 02 item 6.2), deve apresentar o documento original ao exercício desse 
direito (princípio da cartularidade - módulo 02 - item 6.1), desde que preenchido os requisitos 
legais (princípio do formalismo - módulo 01 - item 5.1). Assim o devedor deve ter a oportunidade 
de avaliar esses quesitos e, por esta razão, que se exige a apresentação do documento original. 
5.4. títulos de circulação ou negociação: os títulos de crédito devem estar aptos a circular, uma vez 
que sua principal função é a circulabilidade ou negociabilidade dos direitos incorporados ao título 
de crédito (não necessariamente e exclusivamente o crédito, como podemos interpretar pelo 
conhecimento de transporte ou conhecimento de depósito) 
5.5. representam obrigações líquidas, certas e exigíveis: os títulos de crédito representam uma 
obrigação líquida, certa e exigível (art. 618, I do CPC). A certeza quanto à existência (an debeatur) 
e a liquidez determinada ou determinável (quantum debeatur), dão a natureza executiva ao título de 
crédito (art. 585, I, CPC). 
Art. 585, CPC . São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque 
Art. 618, CPC. É nula a execução: 
I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, 
líquida e exigível (art. 586 CPC) 
5.6. eficácia processual abstrata ou de auto-executoriedade: Os títulos de crédito tem força 
executiva e gera para o credor um poder processual independente do mérito da pretensão 
consubstanciada no título. O título de crédito não é prova de crédito porque desta prova não há 
necessidade, e o que autoriza a execução é exclusivamente o título, e não a obrigação que o gerou. 
(art. 580 c.c. art. 585, I, CPC). Essa caracteristica deriva do princípio da autonomia dos títulos de 
crédito (módulo 02 - item 6.3) 
Art. 580, CPC. A execução pode ser instaurada caso o devedor não 
satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título 
executivo (art. 585, I , CPC). 
Em uma execução, pode o credor requerer a tutela jurisdicional com base na aparência formal do 
título (legitimidade extrínseca). O juiz vai analisar se o documento, que instrui a inicial, possui 
algum vício de forma. Caso haja deve o juiz reconhecê-lo de ofício, caso contrário mandará citar o 
executado. Se houver algum vício, que não seja de forma (legitimidade intrínseca), o juiz não 
poderá reconhecê-lo de oficio, pois só podem ser reconhecidos mediante provocação do executado, 
através de embargos. 
5.7. títulos de resgate: os títulos de crédito, como vimos na construção do conceito de crédito, 
pressupõe o futuro pagamento em dinheiro, para que se extinga a relação cambiária. Ressalvado-se 
apenas que, em não havendo data de vencimentono título de crédito, a exigência será à vista. 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
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5.8. obrigação querable ou quesível: uma obrigação cambiária é dita quesível ou querable, posto 
que para ser cumprida, ou satisfeita, é necessário que o credor procure o devedor para exigir o 
pagamento do título na data e local aprazado. 
5.9. natureza pro solvendo: os títulos de crédito tem, via de regra, natureza pró solvendo (e não pró 
soluto), não implica em novação no que tange a relação causal (causa debendi), que subsiste a 
relação cambiária, porque a duas relações subsistem. Um exemplo bem elucidativo pode ser dado 
pelo contrato de compromisso de compra e venda, com promitente comprador obrigando-se a pagar 
o preço no prazo de 90 dias, a contar da data de celebração da avença, e, representando esse preço, 
emite uma nota promissória no valor do preço e na data avençada. A emissão da nota promissória 
não extingue a obrigação do pagamento do preço, e, caso o promitente comprador não pague o 
preço, o promitente vendedor poderá optar entre a) promover a ação de cobrança da referida nota 
promissória, ou b) interpelar o promitente comprador para que no prazo de 15/30 dias 
(loteamento/parcelamento solo urbano) o faça o pagamento, sob pena de rescisão da promessa de 
compra e venda. Percebe-se que as duas relações subsistem concomitantemente. 
 
CASO CONCRETO: Augusto e Bernardo, em virtude de dívida contraída por aquele em favor 
deste, resolveram criar um documento que pudesse representar tal obrigação. Dessa forma, 
questionam você, famoso advogado dessa área: 
a) De que maneira o título de crédito se distingue dos demais tipos representativos de obrigação, 
quanto à cobrança e circulação do crédito? 
Os títulos de crédito têm como características principais, a negociabilidade/ circulabilidade (fácil 
circulação do crédito através do endosso ou da tradição) e a executoriedade (em tese, mais fácil de 
cobrar). Os demais títulos representativos da obrigação (contrato, carnê, cartão de crédito, confissão 
de dívida, dentre outros) não têm tais características. 
b) Porque o título de crédito é considerado, fundamentalmente, um título de apresentação? 
Se for este o título escolhido para representar a obrigação, por ser de muito fácil negociação, o 
devedor somente poderá pagar a dívida àquele que o apresentar o documento, ou seja, o título, 
(cartularidade) mesmo que saiba quem é o seu credor original, sob o risco de ter que pagar duas 
vezes a mesma obrigação. 
QUESTÃO OBJETIVA: As principais características de um título de crédito cambial são: 
a) literalidade, forma, causa. 
b) forma, causa, abstração. 
c) negociabilidade, autonomia e literalidade. 
d) modelo, cártula, autonomia 
 
 
 
 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
7 
 
Princípios gerais dos títulos de crédito (módulo 02) 
6. Princípios gerais dos títulos de crédito 
Como vimos na Teoria dúplice de Vivante e, por conseguinte, no conceito de titulo de crédito, 
determinado no art. 887, CC, extraímos algumas características dos títulos de crédito: cartularidade 
(i), literalidade (ii) e autonomia (iii), que também se consubstanciam nos Princípios Gerais dos 
títulos de crédito: 
Art. 887 CC. O título de crédito, documento necessário (i) ao exercício do 
direito literal (ii) e autônomo (iii) nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei. 
6.1. Princípio da cartularidade. Quando se afirma que o título de crédito é o "documento 
necessário ao exercício do direito (...) nele contido" (i), entendemos que o exercício de qualquer 
direito representado no título pressupõe uma posse legítima. Somente quem exibe a cártula (o papel 
em que se lançaram os atos cambiários constitutivos de crédito) pode pretender a satisfação de uma 
pretensão relativamente ao direto representado no título ou documento (módulo 1 - item 5.3). 
O documento é um meio de prova, qualquer meio físico que se pode colocar algo é documento. O 
título de crédito sempre terá uma manifestação física, só tendo valor o seu original. Para que o 
credor de um título de crédito exerça os direitos por ele representados é indispensável que se 
encontre na posse do documento. Exceção a essa regra são as duplicatas, que admitem a execução 
judicial de crédito representado por este tipo de título, sem a sua apresentação pelo credor, segundo 
o art. 15, § 2º, da Lei 5.474/68. 
Art. 15, L 5.474/68 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será 
efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos 
extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando 
se tratar: 
I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; 
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente: 
a) haja sido protestada; 
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e 
recebimento da mercadoria; e 
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas 
condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei. 
§ 2º - Processar-se-á também da mesma maneira a execução de duplicata ou 
triplicata não aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada 
mediante indicações do credor ou do apresentante do título, nos termos do 
art. 14, preenchidas as condições do inciso II deste artigo 
A exceção da apresentação do título de crédito para aparelhar a execução, ou ainda, a indicação para 
protesto, é pertinente a duplicata virtual, onde todo o trâmite é feito por meios magnéticos ou 
digitais, não havendo a necessidade da cártula propriamente dita. Abaixo um acórdão do Superior 
Tribunal de Justiça que representa a jurisprudência dominante: 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
8 
 
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL DUPLICATA VIRTUAL. 
PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO 
ACOMPANHADO DO COMPROVANTE DE RECEBIMENTODAS 
MERCADORIAS. DESNECESSIDADE DE EXIBIÇÃO JUDICIAL DO 
TÍTULO DECRÉDITO ORIGINAL. 1. As duplicatas virtuais - emitidas e 
recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica - podem ser 
protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é 
imprescindível para o ajuizamento da execução judicial. Lei 9.492 /97. 2. 
Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual,devidamente 
acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos 
comprovantes de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços, 
suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em 
princípio, títulos executivos extrajudiciais. (STJ - REsp 1024691 PR 
2008/0015183-5 - Terceira Turma - rel. Min. NANCY ANDRIGHI - j. 
22/03/2011 - DJe 12/04/2011) 
6.2. Princípio da literalidade. Quando se afirma que o título de crédito é o "documento necessário 
ao exercício do direito literal (...) nele contido" (ii), entendemos que o exercício de qualquer direito 
representado será direito que literalmente estiver escrito no título de crédito, não se admitindo 
interpretação extensiva ou restritiva. Assim, o título de crédito vale pelo que está escrito. O credor 
pode exigir tudo o que está expresso na cártula, por outro lado, o devedor tem o direito de só pagar 
o que está expresso no título. Em regra, não se pode colocar cláusulas de juros em título de crédito. 
Pode-se até cobrar, mas não pode estar contida no título (art. 890 do CC). 
Art. 890, CC. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a 
proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou 
por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade 
prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja 
direitos e obrigações. 
Art. 51, D 2.044/08. Na ação cambial, somente é admissível defesa fundada 
no direito pessoal do réu contra o autor, em defeito de forma do títuloe na 
falta de requisito necessário ao exercício da ação. 
6.3. Princípio da autonomia. Quando se afirma que o título de crédito é o "documento necessário 
ao exercício do direito (...) autônomo nele contido" (ii), entendemos que o título de crédito 
configura documento constitutivo de um direito novo, autônomo, originário e completamente 
desvinculado das relação que lhe deu origem. As obrigações cambiais, constantes no título de 
crédito, são autônomas e independentes (art.13 da Lei 7357/85), assim os vícios que comprometem 
a validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às demais 
relações abrangidas no mesmo documento. 
Art. 13 L 7.357/85. As obrigações contraídas no cheque são autônomas e 
independentes. 
Art. 43 D 2.044/08. As obrigações cambiais, são autônomas e 
independentes umas das outras. (...) 
 
 
Direito Empresarial III – Prof. Carlos da Fonseca Nadais 
 
9 
 
Do princípio da autonomia extraem-se dois sub-princípios: 
6.3.1. Subprincípio da abstração. Quando o título de crédito é posto em circulação 
(saindo da esfera do credor original para terceiros), se desvincula da obrigação que lhe 
deu origem (art. 17 LUG e art. 25 L 7.357/85). A abstração somente se verifica se o 
título circula, ou seja, só quando é transferido para terceiros de boa-fé, opera-se o 
desligamento entre o título de crédito e a relação em que teve origem. Se o terceiro 
estiver de má-fé o princípio não se aplica. Esse subprincípio está ligado ao aspecto 
material do princípio da autonomia, pois diz respeito à obrigação. 
Art. 17 LUG. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem 
opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com 
o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao 
adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 
Art. 25 L 7.357/85. Quem for demandado por obrigação resultante de 
cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais 
com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o 
adquiriu conscientemente em detrimento do devedor. 
6.3.2. Subprincípio da Inoponibilidade de exceções contra terceiro de boa-fé. Quando o 
título de crédito é objeto de execução, o portador do título não pode ser atingido por 
defesas relativas a negócio do qual ele não participou. O título chega a ele 
completamente livre dos vícios que eventualmente adquiriu em relações pretéritas. Esse 
subprincípio está ligado ao aspecto processual do princípio da autonomia, pois diz 
respeito ao processo de execução (art. 915 e art. 916 CC; art. 17 Lei 57.663/66 - LUG). 
Art. 915 CC. O devedor, além das exceções fundadas nas relações pessoais 
que tiver com o portador, só poderá opor a este as exceções relativas à 
forma do título e ao seu conteúdo literal, à falsidade da própria assinatura, a 
defeito de capacidade ou de representação no momento da subscrição, e à 
falta de requisito necessário ao exercício da ação 
Art. 916 CC. As exceções, fundadas em relação do devedor com os 
portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se 
este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
Art. 17 L 57.663/66 - LUG. As pessoas acionadas em virtude de uma letra 
não podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações 
pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que 
o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em 
detrimento do devedor. 
 
 
 
 
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CASO CONCRETO: Antônio emitiu uma nota promissória em favor de Bernardo, que circulou 
através de diversos endossos até chegar ao atual portador, que decidiu executar um dos endossantes, 
face à inadimplência do devedor original. Uma vez executado, o endossante apresentou exceção de 
pré-executividade, para demonstrar sua total incapacidade processual, já que que ele teve o título 
transferido de um incapaz, o que prejudicaria a cadeia de endossos. 
a) A defesa deve ser acolhida pelo Juiz da causa? 
Não merece acolhida a defesa apresentada, tendo em vista que ao lançar sua assinatura no título, o 
endossante vinculou sua obrigação de pagar como garantidor, pelo Princípio da Autonomia. (tecer 
comentários sobre a exceção de pré-executividade) 
b) Determine o princípio cambiário aplicável ao caso em tela. 
No caso em tela é aplicável; i) Princípios da Autonomia, em que cada obrigação é autônoma com 
relação às demais, independentemente da situação do obrigado, e ii) da Inoponibilidade das 
Exceções Pessoais, cuja relação pessoal com quaisquer dos obrigados não pode ser alegada como 
defesa. (arts. 7 e 17 da LUG) 
QUESTÃO OBJETIVA: Assinale a assertiva correta sobre títulos de crédito. 
a) Pelo princípio da abstração, os direitos decorrentes do título são independentes do negócio que 
deu lugar ao seu nascimento, a partir do momento em que ele é posto em circulação; 
b) Pelo princípio da abstração, os direitos decorrentes do título de crédito não se vinculam ao 
negócio que deu lugar ao seu nascimento, independentemente de sua circulação; 
c) Pelo princípio da autonomia, o cumprimento da obrigação assumida por alguém no título não está 
vinculado a outra obrigação, a menos que o título tenha circulado. 
d) Pelo princípio da autonomia, vale nos títulos somente o que neles está escrito. 
Obs: O Princípio da Abstração versa sobre a liberação do título de crédito da obrigação que lhe deu 
causa no momento em que é posto em circulação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Classificação dos títulos de crédito (módulo 03) 
7. Classificam-se os títulos de crédito segundo diversos critérios, sendo que cada doutrinador 
utiliza parâmetros que entende mais relevantes. Faremos, então, um compendio das classificações 
dos principais doutrinadores, lembrando que não há como esgotar a apresentação de todas divisões 
possíveis, sendo que nem é intuito desse trabalho. 
7.1. Quanto ao modelo: 
7.1.1. livres. só exigem alguns dos requisitos legais, mas não têm uma forma prevista em lei 
(podem ser feitos em casa, por exemplo). Ex.: nota promissória. 
7.1.2. vinculados – necessariamente devem ser emitidos apenas por quem tem autorização 
para isso. A forma é a essência do documento, sendo requisito de validade. Modelo previsto 
em lei. Ex.: cheque. Um cheque somente será um cheque se lançado no formulário próprio 
fornecido, por talão, pelo próprio banco sacado. Mesmo que se lancem, em um instrumento 
diverso, todos os requisitos que a lei estabelece para o cheque, este instrumento não será 
título de crédito, não produzirá os efeitos jurídicos do cheque. 
7.2. Quanto à forma ou estrutura: 
7.2.1. ordens de pagamento – representa uma determinação de pagamento. Tem-se três 
situações jurídicas diferentes: a) sacador: aquele que dá a ordem, que emite, assina o 
cheque; b) sacado: para quem a ordem é dada. No caso do cheque será o banco; c) tomador: 
quem se beneficia pela ordem de pagamento (beneficiário). 
Em geral, tem-se as três figuras na ordem de pagamento, contudo, quando vou trocar um 
cheque de minha propriedade, sacador e tomador confundem-se na mesma pessoa, o mesmo 
ocorre na duplicata, que é a exceção à regra, eis que sua emissão gera só sacador e tomador. 
São exemplos de ordens de pagamento: cheque e letra de câmbio. Por não ser o cheque 
dinheiro propriamente dito, é lícita sua não aceitação. 
7.2.2. promessas de pagamento – tem apenas duas figuras: a) sacado (quem emite); e b) 
tomador (pessoa que receberá o valor). São exemplos de promessa de pagamento: a nota 
promissória e a cédula de crédito bancária. 
7.3. Quanto às hipóteses de emissão: 
7.3.1. abstratos. não precisam estar vinculados a um negócio jurídicoanterior. Pode ser 
criado por qualquer causa, para representar obrigação de qualquer natureza no momento do 
saque. Por exemplo: letra de câmbio; nota promissória e cheque. 
7.3.2. causais. só podem ser emitidos se houver uma causa prévia, explícita na lei, ou seja, 
se ocorrer o fato que a lei elegeu como causa possível para sua emissão. Ex.: duplicata (só 
pode ser emitida se houver compra e venda empresarial e só pode ser emitida pelo 
empresário em sua atividade empresarial. Para emitir a duplicata deve-se ter uma nota fiscal 
de prestação de serviços ou de compra e venda, sob pena de estar cometendo o crime de 
duplicata simulada. 
Art. 172 CP. Expedir ou aceitar duplicata que não corresponda, juntamente 
com a fatura respectiva, a uma venda efetiva de bens ou a uma real 
prestação de serviço. 
Pena - Detenção de um a cinco anos, e multa equivalente a 20% sobre o 
valor da duplicata. 
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7.4. Quanto à circulação ou forma de transferência: 
7.4.1. ao portador. apesar de estar previsto no CC (art. 904 e ss.), não tem validade prática. 
O único exemplo existente no Brasil é o cheque de até cem reais. Não indica o nome do 
beneficiário, qualquer pessoa que esteja de posse dele pode se beneficiar, circula de mera 
tradição, sendo esta a regra. Hoje não temos mais títulos ao portador por força da L 8.021/90 
- plano Collor. 
7.4.2. nominativos ou nominais – há a indicação do beneficiário. Para circular precisa de 
endosso ou cessão de crédito. Os nominativos à ordem circulam mediante tradição 
acompanhada de endosso, e os com a cláusula não à ordem circulam com a tradição 
acompanhada de cessão de crédito. 
7.5. Quanto ao conteúdo da declaração cartular: 
7.5.1. títulos próprios: são aqueles que efetivamente consubstanciam operações de crédito e 
assim, todos os institutos do regime cambiário aplicam-se a eles: endosso, aval, protesto, 
saque. Por exemplo: letra de câmbio, cheque, nota promissória, duplicata, debêntures (art. 
585, I, CC: cambiais; os demais incisos: contratuais - direito civil). 
Art. 16 D 57.663/66 - O detentor de uma letra é considerado portador 
legítimo se justifica o seu direito por uma série ininterrupta de endossos, 
mesmo se o último for em branco. (documento de legitimação) 
7.5.2. títulos impróprios: são aqueles que, embora atenda aos princípios cambiários 
(cartularidade, literalidade, autonomia), documentam outros direitos que não os direitos de 
crédito. Assim nem sempre representam créditos, também podem representar outros direitos. 
São exemplos: conhecimento de depósito de mercadorias e warrant (títulos armazeneiros - 
Decreto 1.102/1903); Conhecimento de transporte; títulos de crédito rurais (Decreto Lei 
167/67). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO CONCRETO: Um empresário que trabalha no ramo de venda a varejo pretende utilizar, nas 
suas operações a crédito, duplicatas ao invés de cheques, em virtude da alta taxa de 
inadimplência. Procura você para consulta acerca das diferenças básicas entre tais títulos. 
Responda ao consulente de acordo com as classificações dos títulos de crédito. 
Inicialmente, cheque e duplicata assemelham-se nas modalidades de modelo, ambos são vinculados, 
e de circulação, com relação à modalidade nominal à ordem, cujo ao cheque se aplica nos valores 
acima de R$ 100,00 (cem reais). Diferem quanto às demais modalidades, pois na de estrutura, o 
cheque é ordem de pagamento, em que outra pessoa que não o devedor, deve efetuar o pagamento, 
enquanto que na duplicata, por ser promessa de pagamento, o devedor é aquele que deve efetuar o 
pagamento, e na hipótese de pagamento, a duplicata é título causal. É nesse ponto que para o 
empresário a troca é impossível para o empresário, uma vez que não se aplica às vendas a varejo, 
mas apenas à compra e venda mercantil. Dessa forma, o empresário deverá manter o cheque 
nas operações a crédito. 
QUESTÃO OBJETIVA: São títulos de crédito que contêm ordem de pagamento: 
a) nota promissória e duplicata. 
b) warrant e partes beneficiárias. 
c) nota promissória e debênture. 
d) letra de câmbio e cheque 
Obs: (letra de câmbio e cheque são considerados ordem de pagamento, em virtude de haver um 
terceiro vinculado ao saque, terceiro este que realiza o pagamento em nome do devedor) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Letra de câmbio (módulo 04) 
10.1. Conceito de letra de câmbio 
Como vimos a letra de câmbio é o título de crédito com origem mais remota, passando por todos os 
períodos de evolução do direito cambiário (módulo - 01 item 03), sendo considerado por muitos, 
como título de crédito mais apropriado ao estudo da teoria geral dos atos cambiários. 
A letra de câmbio é um título de crédito abstrato (i), correspondendo a documento formal (ii), 
decorrente de relação ou relações de crédito, entre duas ou mais pessoas (iii), pela qual a designada 
sacador, dá ordem de pagamento (iv) pura e simples, à vista ou à prazo, a outra pessoa denominada 
sacado, a seu favor ou de terceira pessoa chamada tomador ou beneficiário. 
A abstração (i) decorre de poder se originar de qualquer causa (módulo 03 - item 7.3.1.); é 
documento formal (ii) porque só pode ser considerada como tal se observar os requisitos essenciais 
fixados em lei (art. 1° e 2° do Decreto 2.044/1908); as figuras jurídicas (iii) envolvidas, por ser uma 
ordem de pagamento (iv), são sacador, sacado e tomador ou beneficiário (módulo 03 - item 7.2.1.). 
Art. 1º D 2.044/1.908 *. A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e 
deve conter requisitos, lançados, por extenso, no contexto: 
I. A denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente na 
língua em que for emitida. 
II. A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda. 
III. O nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser inserida 
abaixo do contexto. 
IV. O nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao portador e 
também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O sacador pode 
designar-se como tomador. 
V. A assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial. A 
assinatura deve ser firmada abaixo do contexto. 
Art. 2º D 2.044/1.908 *. Não será letra de câmbio o escrito a que faltar 
qualquer dos requisitos acima enumerados. 
10.2. Pressuposto para a criação da letra de câmbio: 
O pressuposto para a criação da letra de câmbio é a existência de direito de crédito de uma pessoa 
em relação à outra, e, com base nesse direito o credor (sacador), dá ordem de pagamento ao seu 
devedor na relação causal (sacado), para que lhe pague o valor no vencimento, especificados no 
título. 
10.3. Figuras intervenientes na letra de câmbio. 
Numa letra de câmbio, como vimos no item 10.1, temos três figuras jurídicas (iii): 
10.3.1. o sacador (emitente) que emite a letra de câmbio, que dá ordem de pagamento, 
determina o valor que será pago ao tomador/credor/beneficiário; 
10.3.2. o tomador (credor/beneficiário) que recebe a letra de câmbio 
10.3.3. o sacado (devedor) aquele que deve realizar o pagamento da letra de câmbio ao 
tomador/credor/beneficiário (dentro das condições estabelecidas); para quem a ordem é dada 
e que deve dar o aceite no título. 
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Podemos identificá-las na figura abaixo que representa uma letra de câmbio. 
 
 
letra de câmbio e suas 'figuras jurídicas' 
 
10.4. Requisitos para emissão da letra de câmbio. 
Para que um documento produza efeitos de letra de câmbio, deve atender determinados requisitos 
essenciais estabelecidos em lei (art. 1° e art. 2° do Decreto 2.044/1908 *). Tais requisitospodem ser 
definidos em intrínsecos e extrínsecos. 
10.4.1. Requisitos intrínsecos da letra de câmbio (internos). 
Os requisitos intrínsecos, também chamados subjetivos ou substanciais, são aqueles 
pertinentes a qualquer negócio jurídico, como capacidade, consentimento, forma e objeto 
idôneo (art. 104 CC). Se não forem respeitados tais requisitos, o título será nulo (validade). 
Art. 104 CC. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
10.4.2. Requisitos extrínsecos da letra de câmbio (externos) 
Os requisitos extrínsecos, também chamados objetivos ou formais, e podem ser divididos 
em essenciais e não essenciais. 
10.4.2.1. Requisitos extrínsecos essenciais: 
São aqueles que a LUG considera imprescindíveis para que o documento valha como 
uma letra de câmbio, ou seja, não terá valor cambiário, mas tão somente servirá de 
início de prova para o direito comum. (art. 1° e art. 2° do Decreto 2.044/1908 * c/c 
art. 889 CC). 
Art. 889 CC. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação 
precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. 
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a) denominação "letra de câmbio" - cláusula cambiária (art. 1°, I D 2.044/1.908). 
A expressão “letra de câmbio” deve estar inserida no próprio texto da letra de 
câmbio e na língua em que foi dada a ordem de pagamento; 
b) ordem incondicional de pagamento de quantia determinada (art. 1°, II D 
2.044/1.908 - LUG). A ordem de pagamento deve ser pura e simples, não tendo 
lugar para a inserção de condições suspensivas ou resolutivas. A 
incondicionalidade do pagamento é pressuposto necessário para a circulação do 
título de crédito, assim uma cláusula impeditiva à circulação do título violaria o 
princípio da literalidade (módulo 02 - item 6.2). A ordem de pagamento deve ser 
em quantia determinada, ou seja, aquela que corresponda a uma soma de dinheiro. 
c) nome da pessoa que deve pagar - sacado (art. 1°, III D 2.044/1.908) 
Deve estar contida o nome da pessoa, natural ou jurídica, que irá pagar, ou seja, o 
sacado, que é a pessoa que recebe a ordem do sacador de pagar o título, baseada 
na relação de crédito que há entre os dois. 
O nome do sacado pode ser abreviado se, dessa forma, for possível a sua 
identificação. Também será possível que conste o nome do sacado em qualquer 
lugar do anverso do título, não sendo obrigatório que seja feita no texto. Se o 
sacado for incapaz absolutamente deverá indicar o representante legal, ao passo 
que, no caso de sacado relativamente incapaz deverá o aceite ter também a 
assinatura do seu assistente. 
Pluralidade de sacados: quando várias pessoas são nomeadas sacadas pelo 
sacador ocorre a luralidade de sacados. A LUG não trata da hipótese, mas o 
Decreto 2.044/1908 a admite no art. 10 e art. 20, § 2º. Nesses casos a apresentação 
deverá ser sucessiva, ainda que os sacados tenham sido nomeados conjunta ou 
alternativamente. Assim, o portador fará a apresentação ao primeiro sacado e, se 
este não aceitar, será apresentado ao próximo sacado se este for domiciliado na 
mesma praça. 
Art. 10 D 2.044/1908. Sendo dois ou mais os sacados, o portador deve 
apresentar a letra ao primeiro nomeado; na falta ou recusa do aceite, ao 
segundo, se estiver domiciliado da mesma praça; assim, sucessivamente, 
sem embargo da forma da indicação na letra dos nomes sacados 
Art. 20 D 2.044/1908. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao 
aceitante para o pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, 
sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de 
perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e 
avalistas. 
(...) 
§ 2º No caso de recusa ou falta de pagamento pelo aceitante, sendo dois ou 
mais os sacados, o portador deve apresentar a letra ao primeiro nomeado, se 
estiver domiciliado na mesma praça; assim sucessivamente, sem embargo 
da forma da indicação na letra dos nomes dos sacados. 
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d) nome da pessoa para quem deve ser pago o título - tomador (art. 1°, IV D 
2.044/1.908) 
A letra de câmbio denomina tomador, beneficiário ou mesmo credor aquele que 
irá receber o pagamento do título. A falta de menção do credor originário do 
documento causa total ineficácia para Direito Cambiário, posto que a letra de 
câmbio ao portador poderia, em tese, concorrer com o papel moeda. O art. 1°, IV 
D 2.044/1.908 admitia os títulos ao portador ("A letra pode ser ao portador"), mas 
temos a vedação expressa de "qualquer título" "ao portador" (art. 907 CC cc art. 
1° e art. 2° L 8.021/90) 
Art. 1° L 8.021/1990. A partir da vigência desta lei, fica vedado o 
pagamento ou resgate de qualquer título ou aplicação, bem como dos seus 
rendimentos ou ganhos, a beneficiário não identificado. 
Art. 2° L 8.021/90. A partir da data de publicação desta lei fica vedada: 
II - a emissão de títulos e a captação de depósitos ou aplicações ao portador 
ou nominativos-endossáveis; 
Art. 907 CC/2002. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de 
lei especial. 
Pluralidade de tomadores: No caso de indicação conjunta ou disjunta do tomador 
da letra de câmbio, o seu possuidor é considerado, para os efeitos cambiais, p 
credor único da obrigação, podendo endossar e protestar o título, bom como 
mover as ações cambiárias cabíveis. 
Art. 39 D 2.044/1908. O possuidor é considerado legítimo proprietário da 
letra ao portador e da letra endossada em branco. 
§ 1º No caso de pluralidade de tomadores ou de endossatários, conjuntos 
ou disjuntos, o tomador ou o endossatário possuidor da letra é considerado, 
para os efeitos cambiais, o credor único da obrigação. 
Art. 8º D 2.044/1908. O endosso transmite a propriedade da letra de câmbio. 
Para a validade do endosso, é suficiente a simples assinatura do próprio 
punho do endossador ou do mandatário especial, no verso da letra. O 
endossatário pode completar este endosso. 
§ 3º É vedado o endosso parcial. 
e) assinatura do sacador (art. 1°, V D 2.044/1.908 e art. 1.8 LUG). Da assinatura 
do sacador decorre a constituição do crédito, pois o sacador torna-se codevedor da 
letra de câmbio. Se o sacado não aceitar a ordem que lhe foi dirigida pelo sacador, 
ou tendo aceito não a cumpriu no vencimento, o credor poderá cobrar o sacador, 
uma vez atendidas as condições próprias do regime cambial. Entretanto tal 
assertiva na LUG foi objeto de reserva (Anexo II, artigo 2º), de forma que o 
Decreto 2.044/1908; em seu art.1º, V; art. 8°, segunda parte; art. 11 e art. 14, 
segunda parte; traz a possibilidade de o ato cambiário ser praticado por 
mandatário com poderes especiais. 
Art. 8º D 2.044/1908. O endosso transmite a propriedade da letra de câmbio. 
Para a validade do endosso, é suficiente a simples assinatura do próprio 
punho do endossador ou do mandatário especial, no verso da letra. O 
endossatário pode completar este endosso. 
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Art. 11 D 2.044/1908. Para a validade do aceite é suficiente a simples 
assinatura do próprio punho do sacado ou do mandatário especial, no 
anverso da letra. 
Art. 14. D 2.044/1908. O pagamento de uma letra de câmbio, independente 
do aceite e do endosso, pode ser garantido por aval. Para a validade do aval, 
é suficiente a simples assinatura do próprio punho do avalista ou do 
mandatário especial, no verso ou no anverso da letra. 
O mandato especial só é possível para operações civis, não para operações de 
consumo (art. 51, VIII, CDC e Súmula 60, STJ – cláusula com mandato). 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio 
jurídico pelo consumidor; 
Súmula 60 STJ - Obrigação Cambial - Procurador do Mutuário Vinculado 
ao Mutuante. É nula a obrigação cambial assumida por procurador do 
mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. 
f) data do saque: requisito essencial previsto na LUG (art. 1.7, LUG), mas não 
para o Decreto 2.044/1908 (art. 1°, D 2.044/1908), não a considerava como 
requisito de validade do título. O dia e o ano podem ser escritos em algarismos, 
mas o mês deve ser por extenso. 
Art.1°. LUG. A letra contém: 
7. A indicação da data em que, e do lugar, onde a letra é passada 
10.4.2.2. Requisitos extrínsecos não essenciais (supríveis ou acidentais) 
São aqueles que na sua ausência não afetam a validade do documento da letra de 
câmbio, pois, a própria lei irá suprir a ausência destes requisitos (art. 2º LUG): 
a) época do vencimento (art. 20, § 1º, primeira parte D 2.044/1908 e art. 2.2 
LUG): 
Não contendo a Letra de Câmbio a época do vencimento, será considerada como 
pagável à vista, ou seja, contra a sua apresentação. São nulas as letras com 
vencimentos diferentes ou sucessivos, conforme artigo 33 LUG. 
Art. 20. D 2.044/1908. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante 
para o pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia 
feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o 
direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas. 
§ 1º Será pagável à vista a letra que não indicar a época do vencimento. Será 
pagável, no lugar mencionado ao pé do nome do sacado, a letra que não indicar 
o lugar do pagamento. 
Art. 33 LUG. Uma letra pode ser sacada: 
A vista; 
A um certo termo de vista; 
A um certo termo de data 
Pagável num dia fixado 
As letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, 
são nulas. 
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De modo reverso, pela leitura do art. 33 da LUG, temos que não são admissíveis: 
i) datas incertas (próximo de 20/01/2014) 
ii) datas impossíveis (31/02/2014) 
iii) datas alternativas (20/01/2014 ou 21/01/2014) 
iv) datas distintas/vencimentos parcelados (uma única letra de câmbio no valor de 
$3.000, com vencimentos 20/01/2014; 25/01/2014/30/01/2014 cada parcela no 
valor de $ 1.000) 
b) lugar do pagamento (art. 20, § 1º, segunda parte D 2.044/1908 e art. 2.3 LUG): 
Trata-se de requisito acessório, porque, se não constar da letra de câmbio, a lei 
supre, considerando como sendo o lugar designado ao lado do nome do sacado, 
que presume ser o lugar do seu domicílio. 
Art. 2º LUG. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no 
artigo anterior não produzirá efeitos, salvo nos casos determinados nas 
alíneas seguintes: 
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do 
sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo 
tempo, o lugar do domicilio do sacado. 
Art. 20. D 2.044/1908. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao 
aceitante para o pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, 
sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de 
perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e 
avalistas. 
§ 1º Será pagável à vista a letra que não indicar a época do vencimento. Será 
pagável, no lugar mencionado ao pé do nome do sacado, a letra que não 
indicar o lugar do pagamento. 
c) lugar do saque (artigo 2.4 LUG): 
Art. 2º LUG. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no 
artigo anterior não produzirá efeitos, salvo nos casos determinados nas 
alíneas seguintes: 
A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o 
sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. 
O STF Considera ainda vigente o artigo 54, § 1º do Decreto 2.044/1908, de forma 
que, em sendo omisso o local ao lado do nome do sacador, não será caso de 
nulidade do título, porque, segundo o Decreto 2.044/1908, o portador poderá 
inserir o local do saque. 
Súmula 387 STF - Cambial Emitida ou Aceita com Omissões, ou em Branco - 
Complementação pelo Credor de Boa-Fé antes da Cobrança ou do Protesto. A 
cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo 
credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 
 
 
 
 
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CASO CONCRETO: Augusto comprou de Bernardo um apartamento no valor de R$ 200.000,00 
(duzentos mil reais) que, com o crédito venda de seu imóvel, também comprou um apartamento, 
pelo mesmo valor, de seu amigo Cardoso. Por ter ouvido falar em um título capaz de vincular todas 
as partes, Bernardo lhe procura para prestar as seguintes orientações: 
a) É possível a emissão de uma letra de câmbio, a fim de vincular augusto ao pagamento e ainda 
assim dar garantia a Cardoso? 
Sim, é possível, uma vez que Augusto é devedor de Bernardo que é devedor da mesma quantia de 
Cardoso. Assim, ao sacar uma letra de câmbio, envolverá Augusto como sacado no pagamento e 
dará garantia a Cardoso, pois se aquele não aceitar ou não pagar a letra, Bernardo, como sacador, 
garante o pagamento (art. 9 LUG). 
b) por nunca ter visto uma letra de câmbio, questiona acerca dos requisitos necessários para 
validade do título em tela. 
Letra de câmbio é classificada como título livre, conforme a modalidade de classificação relativa ao 
modelo. Dessa forma, para ser considerado letra de câmbio, o título deve conter os requisitos 
contidos nos arts. 1° e 2° LUG, com aplicação subsidiária da Súmula STF 387. (discorrer alíneas) 
QUESTÃO OBJETIVA: Não é requisito essencial da letra de câmbio: 
a) Época do pagamento; 
b) Valor 
c) Assinatura do emitente; 
d) Cláusula à ordem 
Obs. art. 1°: 4 c/c art. 2°: 1, ambos da LUG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Declarações cambiárias e atos cambiários: emissão; saque e endosso (módulo 05) 
11. Declarações cambiárias 
As declarações cambiárias são manifestações de vontade em relações cambiárias que podem ser: 
11.1. originárias são as manifestações de vontade que dão origem ao título de crédito, faz nascer 
a obrigação cambiária. As declarações originárias são: a) as emissões da nota promissória e do 
cheque e b) os saques da letra de câmbio e da duplicata. 
11.2. sucessivas são as manifestações da vontade emitidas depois da constituição do título de 
crédito. É a manifestação que sucede à declaração cambiária originária do título de crédito. As 
declarações sucessivas são: c) endosso, d) aceite e e) aval. 
11.3. necessárias são as manifestações de vontade imprescindíveis para a existência do título de 
crédito, assim sem a declaração cambiária necessária o título de crédito não existe. São as 
declarações necessárias justamente as declarações cambiárias originárias: a) emissões e b) saques. 
11.4. eventuais são as manifestações de vontade que se não existirem não afetam a existência do 
título de crédito. As declarações eventuais são c) endosso, d) aceite e e) aval. 
Em regra, toda declaração cambiária originária é também uma declaração cambiária necessária. Na 
letra de câmbio toda declaração cambiária sucessiva também será uma declaração cambiária 
eventual. 
Todas as manifestações de vontade emitidas no título de crédito são declarações cambiárias, tal 
como o aceite, o endosso e o aval. A diferença está no conteúdo destas manifestações de vontade. 
No aceite há a manifestação de vontade de aceitar o pagamento do título de crédito. No endosso há 
a manifestação de vontade de transferir o título de crédito. No aval há a manifestação de vontade de 
garantir o título de crédito. Todas estas manifestações de vontade são declaraçõescambiárias. 
12. Atos cambiários. 
O ato cambiário principal da letra de cambio é o saque (item 14), com o preenchimento da letra de 
cambio com a determinação de ordem de pagamento. temos também os atos cambiários secundários 
como: endosso (item - 15 - transferência); aceite (item - 16 - completa-se o título) e aval (item - 17 - 
garantia). Passaremos rapidamente pela emissão (item - 13) e nos atentaremos agora pelo o saque e 
o endosso. 
13. Emissão 
 
 
 
 
 
 
 
 
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14. Saque 
O saque é o ato cambial de criação do título de crédito e dá ordem de pagamento ao sacado através 
da letra de câmbio. Assim, tratando-se a letra de câmbio, de uma ordem de pagamento (módulo 03 - 
item 7.2.1) correspondendo a uma obrigação originária (primeiro ato cambiário) e necessária (sem 
o saque, não existe letra de câmbio), ou seja, é a primeira manifestação de vontade que se traduz no 
título de crédito para ensejar seu nascimento. 
A criação do letra de câmbio, decorre o surgimento de três figuras jurídicas diversas: sacador, 
sacado e tomador (módulo 04 - item 10.3) e a autorização para o tomador procurar o sacado para, 
dadas certas condições, poder receber dele a quantia referida no título (módulo 04 - item __). 
Entretanto, o saque produz outro efeito: vincular o sacador ao pagamento da letra de câmbio. 
obs. A emissão é a entrega do título ao beneficiário, que no caso do cheque e nota promissória 
cria o título de crédito. Para letra de câmbio e duplicata o ato gerador do título é o saque. 
15. Endosso 
Uma das características dos títulos de crédito é a possibilidade de sua circulação (módulo 01 - item 
5.3), considerados como bens móveis. O endosso é o ato pelo qual o credor de um título de crédito 
com a cláusula à ordem (i) transmite os seus direitos à outra pessoa. Só os títulos de credito são 
passíveis de endosso, mas nem todo título de crédito é passível de endosso. Nos títulos ao portador 
a transferência se dá mediante a simples tradição e nos títulos nominativos ou à ordem opera-se a 
circulação mediante o endosso. A cláusula à ordem (i) pode ser expressa ou tácita, ou seja, basta 
que não tenha sido inserida a cláusula “não à ordem” na letra de câmbio para que ela seja 
transferível por endosso (art. 11 LUG). 
Art. 11 LUG. Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva 
expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. 
O endosso é o ato exclusivamente cambiário abstrato (porque se desvincula da sua causa originária, 
sendo sempre incondicionado - art. 17, 12.1 LUG - art. 25 L 7.357/85 lei do cheque - módulo 02 - 
item 6.3.1) e formal (porque só pode ser considerada como tal se observado os requisitos essenciais 
fixados em lei); e decorrente de declaração unilateral de vontade e manifestada no próprio título de 
crédito e, portanto, uma declaração cambiária sucessiva (ocorre depois da criação do título) e 
eventual (não é requisito essencial do título de crédito - módulo 04 - item 7.3), pela qual o portador 
do título (titular do direito cambiário) – transfere o título de crédito e os direitos deles constantes 
para terceiros, obrigando-o indiretamente pelo cumprimento da obrigação constante no título. 
Art. 17 LUG. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem 
opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com 
o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao 
adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 
Art. 25 L 7.357/85. Quem for demandado por obrigação resultante de 
cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais 
com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o 
adquiriu conscientemente em detrimento do devedor. 
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Existem outros meios de transferência de títulos como a sucessão hereditária, testamento, 
operações societárias (cisão, incorporação e fusão) e a cessão de crédito, entretanto esse não se 
confunde com endosso (arts. 286 a 298 CC). 
15.1. Diferenças entre endosso e cessão de crédito: 
O endosso é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite os 
seus direitos à outra pessoa. A cessão de crédito é o ato pelo qual o credor de um título de crédito 
com a cláusula não à ordem transmite os seus direitos à outra pessoa. 
No endosso, quem transfere o título de crédito responde pela existência do título e também pelo seu 
pagamento, mas o devedor não pode alegar exceções pessoais contra o endossatário de boa-fé. Na 
cessão de crédito, quem transfere o título de crédito só responde pela existência do título, mas não 
responde pelo seu pagamento, mas o devedor pode alegar exceções pessoais contra o cessionário de 
boa-fé. 
O endosso é um ato unilateral de vontade, não receptício, ou seja, não precisa do conhecimento da 
outra pessoa, que também exige-se uma forma escrita (ato solene). A cessão de crédito é ato 
bilateral que pode ser concretizado por qualquer forma. 
No endosso, o credor deve assinar no verso do título (se em branco ou em preto), enquanto que na 
cessão de crédito sempre deve ter o nome do cedente. 
15.2. Natureza jurídica do endosso: 
Posto que para o endosso produzir efeitos, depende simplesmente da vontade do endossante, sua 
natureza jurídica é a declaração unilateral de vontade e autônoma. O endosso transfere um direito 
de crédito sem nenhum vício intrínseco. Há diversas teorias sobre a natureza jurídica, então 
apresentamos a que nos parece mais adequada (ou menos temerária) e corroborada por ROSA JR, 
para continuação dos nossos estudos. 
15.3. Forma e local do endosso 
Em regra, o endosso é dado no verso do título, podendo ser uma simples assinatura: “Pague-se”. Se 
for dado na frente, deve-se apor alguma expressão caracterizando o endosso, será obrigatória a 
identificação do ato cambiário praticado, não podendo o endossante se limitar a assinar a letra. 
15.4. Partes no endosso 
15.4.1. endossante: é o signatário do endosso (aquele que transfere o título), logo somente o 
credor pode ser o endossante, mesmo assim deve ter capacidade jurídica para assumir as 
obrigações cambiárias (art. 42 L 2.044/1908). Assim, o primeiro endossante de qualquer 
letra de câmbio será sempre o tomador. 
Art. 42. L 2.044/1908. Pode obrigar-se, por letra de câmbio, quem tem a 
capacidade civil ou comercial. 
15.4.2. endossatário: é o beneficiário do endosso, ou seja, aquele que se beneficia do 
endosso (aquele que recebe o título), que, por sinal, pode endossar para outra pessoa, e assim 
sucessivamente, e também, do mesmo modo, para tornar-se endossante deve ter capacidade 
jurídica para endossar (item 11.2.4.1). Não há qualquer limite para o número de endossos de 
um título de crédito; ele pode ser endossado diversas vezes. 
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15.5. Requisitos do endosso 
Os requisitos para existência válida de um endosso estão intimamente ligados ás suas 
características. Vamos relacioná-los, bem rapidamente, posto que já foram esmiuçados. 
15.5.1. Ato simples e puro, deve corresponder a uma declaração de vontade, pura e simples 
(art. 12.1 LUG e art. 18 L 7.357/85 - lei do cheque). 
15.5.2. É uma declaração abstrata, porque não têm vinculação com a causa que deu origem 
ao título, e autônoma em relação às demais declarações constantes nos títulos. 
15.5.3. Ato formal, pois é válida qualquer forma que indique, de maneira inequívoca, à 
vontade da pessoa em transferir os direitos decorrentes do título. O endosso pode resultar 
também da simples assinatura do endossante, sem identificar a pessoa do endossatário 
(endosso em branco), entretanto esta liberdade na caracterização do endosso não significaque não corresponda a ato formal. 
O endosso é ato formal e, por isto, só pode ser lançado no título de crédito ou na folha de 
alongamento (art. 13.1 LUG e art. 19 L 7.357/85), não podendo, portanto, ser formalizado 
em documento separado 
15.5.4. Não exigência da datação e do lugar do endosso, pois a legislação cambiária não as 
exige. No caso de endosso sem data presume-se que foi feito antes de expirado o prazo para 
protesto. (art. 20.2 LUG). A datação do endosso tem a vantagem de possibilitar apurar se, no 
momento do endosso, o endossante tinha capacidade jurídica para praticar o ato. 
15.6. Efeitos do endosso 
15.6.1. transferência dos direitos decorrentes do título: abrange o a) efeito natural, pois 
decorre de sua própria natureza - e b) efeito real, pois opera a transferência da propriedade 
do título (art. 8° D 2.044/1908). O endossatário torna-se credor do título e do crédito, no 
lugar do primitivo beneficiário, entretanto para que o endosso se aperfeiçoe há a necessidade 
da tradição do titulo para o endossatário (art. 16. 1 LUG, art. 910 §2° CC e art. 22 L 
7.357/85 - lei do cheque). Desse modo a transferência do título depende do endosso e da 
tradição. 
Art. 8º D 2.044/1908. O endosso transmite a propriedade da letra de câmbio 
Art. 14. 1 LUG. O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. 
Art. 16. 1 LUG. O detentor de uma letra é considerado portador legítimo, se 
justifica o seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo se o 
último for em branco. 
Art. 22 L 7.357/85. O detentor de cheque "à ordem’’ é considerado portador 
legitimado, se provar seu direito por uma série ininterrupta de endossos, 
mesmo que o último seja em branco. 
Art. 910 CC. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou 
anverso do próprio título. 
§ º A transferência por endosso completa-se com a tradição do título. 
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15.6.2. Em regra, o endossante garante o aceite e o pagamento do título no seu vencimento, 
salvo, cláusula em contrário que deverá estar expressa no título (art. 15. 1 LUG; art. 21. L 
7.357/85 - lei do cheque) bem como responde pela existência lícita do crédito O endossante 
torna-se coobrigado pelo pagamento do crédito (art. 43 LUG). Assim, o credor poderá 
cobrar do endossante, do sacado ou do sacador, solidários com a obrigação cambial. 
Art. 15. 1. LUG O endossante, salvo clausula em contrário, é garante tanto 
na aceitação como no pagamento da letra. 
Art. 21 L 7.357/85. Salvo estipulação em contrário, o endossante garante o 
pagamento. 
Art. 43 LUG. O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação 
contra os endossantes, sacador e outros coobrigados. 
15.7. Endosso sem garantia 
O endosso, portanto, não transfere apenas o crédito, mas também a efetiva garantia do seu 
pagamento. Pode o endosso conter a cláusula sem garantia, que exonera, expressamente, o 
endossante da responsabilidade pela obrigação constante no título. 
Desse modo, o endosso sem garantia é uma exceção, pois esta cláusula permite que se realize o 
endosso próprio (módulo 05 - item 15.12.1), entretanto afasta a garantia do pagamento. No 
endosso com cláusula sem garantia há a transferência de um direito autônomo, um direito limpo, e, 
portanto, incide o principio da autonomia e abstração, que apenas suprime o efeito da garantia do 
pagamento. 
15.8. Clausula proibitiva de novo endosso. 
A cláusula proibitiva de novo endosso transfere o direito de crédito autônomo constante no título de 
crédito, entretanto o endossante que a insere não vai garantir o pagamento dos endossos que forem 
realizados adiante, entretanto endossante que a insere garante o pagamento das relações cambiárias 
existentes anteriores ao seu endosso. Resumidamente endossante que insere a cláusula proibitiva de 
novo endosso está apenas afirmando que não garantirá o pagamento dos futuros endossos 
posteriores ao seu. 
15.9. Endosso parcial. 
Como vimos o instituto do endosso visa dar efetividade a uma das propriedades mais importantes 
dos títulos de crédito: a circulabilidade. O endosso parcial dificulta a circulabilidade e é nulo de 
pleno direito (art. 12. 2 LUG; art. 912, CC e art. 18 § 1º L 7357/85 - lei do cheque), sendo que o 
endossante, mesmo inserindo tal cláusula (que é nula), continua obrigado pela totalidade do crédito. 
Art. 912, CC. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que 
o subordine o endossante. 
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial. 
Art. 12.2, LUG. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a 
que ele seja subordinado, considera-se como não escrita. 
O endosso parcial é nulo. 
Art. 18 L 7.357/85. O endosso deve ser puro e simples, reputando-se não-
escrita qualquer condição a que seja subordinado. 
§ 1º São nulos o endosso parcial e o do sacado. 
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15.10. Endosso condicional. 
O endosso condicional não gera efeitos (como endosso parcial), mas não se qualifica como nulo, 
somente a condição, resolutiva ou suspensiva, se torna ineficaz, posto que a lei considera como 
"não escrita". A leitura dos dispositivos legais (item 11.2.8) deixa clara essa distinção separando 
convenientemente a "nulidade", contida nos parágrafos; da "ineficácia", contida no caput. (art. 12.1 
LUG; art. 912 caput CC e art. 18 caput L 7.357/85 - lei do cheque) 
15.11. Endosso em preto e em branco. 
O endosso poderá ser feito em preto ou em branco, diferenciando-se pela indicação ou não do 
endossatário (beneficiário). 
15.11.1. Endosso em preto é aquele que identifica, expressamente, a quem está sendo 
transferida a titularidade do crédito, também chamado nominal, complemento ou pleno. 
15.11.2. Endosso em branco é aquele que não indica o nome do endossatário, também 
chamado de endosso ao portador. Nesse caso o endossante simplesmente assina o verso do 
título, sem identificar a quem está endossando. 
O art. 19, da Lei 8.088/90 (Plano Collor) determina que “Todos os títulos, valores 
mobiliários e cambiais serão emitidos sempre sob a forma nominativa, sendo transmissíveis 
somente por endosso em preto.”, desse modo, poder-se-ia concluir que no Brasil não existe 
mais o endosso em branco, entretanto a doutrina majoritária entende ainda existir, porque é 
permitido pela LUG, que é lei específica, seguindo-se o princípio da especialidade. 
A extinção do endosso em branco levaria, em tese, a denúncia da Convenção de Genebra. 
Segundo ULHOA a interpretação mais adequada seria que "não se aplica à letra de câmbio, 
nota promissória e duplicata. Trata-se de norma destinada aos títulos de crédito impróprios 
de investimento". 
15.12. Classificação do endosso: 
Os endossos podem ser subdivididos em endossos próprios e endossos impróprios. 
15.12.1. endosso próprio: configura uma declaração cambiária sucessiva e eventual feita 
pelo credor de um título de crédito nominal à ordem em que se transfere a titularidade do 
direito de crédito a uma terceira pessoa (art. 16. 1 LUG e art. 22 L 7.357/85 - lei do cheque), 
que em regra se torna devedor cambiário indireto e de regresso (translativa do título e do 
crédito). O endosso próprio se aperfeiçoa com a assinatura no verso da cártula e com a 
tradição, que é a entrega da cártula ao endossatário (módulo 05 - item 11.2.6.a). É também 
chamado de endosso regular ou endosso propriamente dito. 
15.12.2. endosso impróprio: Configura uma declaração cambiária que legitima a posse que 
determinada pessoa exerce sobre o título, sem, contudo, transferir-lhe o crédito. Nesse 
sentido a impropriedade se manifesta pela inoperância de um de seus efeitos: a transferência 
de titularidade. É também chamado de endosso irregular. São exemplos de endosso desse 
tipo: endosso-mandato e o endosso-caução. 
15.12.2.1. endosso-mandato ou endosso-procuração:confere ao endossatário apenas 
a) o direito de cobrar o crédito representado pelo título, e b) a legitimidade da posse 
sobre a cártula exercida pelo detentor. O crédito continua pertencendo ao endossante 
(art. 18 LUG; art. 917 CC e art. 23 L 7.357/85 Lei cheque). Ex: boleto bancário. 
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Art. 18 LUG. Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar", "para 
cobrança", "Por procuração", ou qualquer outra menção que implique um 
simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da 
letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador. 
Art. 26 L 7.357/85. Quando o endosso contiver a cláusula ‘’valor em 
cobrança’’, ‘’para cobrança’’, ‘’por procuração’’, ou qualquer outra que 
implique apenas mandato, o portador pode exercer todos os direitos 
resultantes do cheque, mas só pode lançar no cheque endosso-mandato. Neste 
caso, os obrigados somente podem invocar contra o portador as exceções 
oponíveis ao endossante. 
Art. 917 CC. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere 
ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição 
expressamente estatuída. 
15.12.2.2. endosso-caução ou endosso-pignoratício ou endosso em garantia: atribui-
se um penhor sobre o título de crédito. O título de crédito é considerado um bem 
móvel, logo pode ser onerado por penhor, em favor de um credor do endossante. O 
crédito não se transfere para o endossatário (por isso é um endosso impróprio), agora 
credor pignoratício do endossante (art. 19 LUG e art. 918 CC) 
Cumprida a obrigação garantida pelo penhor, deve a cártula retornar à posse do 
endossante. Somente o não cumprimento da obrigação garantida é que o endossatário 
apropria-se do crédito representado pelo título de crédito. Se o débito que se está 
garantindo ainda não venceu, não se pode colocar o título endossado em circulação, 
caso contrário, haverá um ilícito civil. Tem-se um débito com dois garantidores, mas a 
cobrança advém somente se o devedor principal não pague. Ex.: Contrato de 
empréstimo em banco, tendo como garantia uma nota promissória, cujo devedor é 
beneficiário. 
Art. 19 LUG. Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", 
"valor em penhor" ou qualquer outra menção que implique uma caução, o 
portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso 
feito por ele só vale como endosso a título de procuração. 
Art. 918 CC. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere 
ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título. 
§ 1º. O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título 
na qualidade de procurador. 
15.13. Endosso póstumo ou tardio. 
É efetuado após o protesto por falta de pagamento ou de expirar o prazo legal para sua efetivação, 
ou seja, uma transferência intempestiva. Se o endosso for feito antes de findar o prazo para 
protesto, o seu efeito é o mesmo do endosso anterior, contudo, se o endosso for feito após o 
protesto (ou seu prazo) o efeito é de cessão de ordinária de crédito (art. 20 LUG). Assim o endosso 
póstumo produz efeitos idênticos aos de cessão de crédito (módulo 05 - item 11.2.1.), entretanto não 
se trata de cessão, pois a transferência se deu pela clausula à ordem (cessão de crédito se dá pela 
cláusula não à ordem), mas seus efeitos são idênticos. É também chamado de endosso tardio. 
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Art. 20 LUG. O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos 
que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de 
pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o 
protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. 
 
15.14. Endosso de retorno e reendosso 
O reendosso é o endosso realizado para alguém que já fazia parte da relação cambiária, posto que 
nada o impede de realizar um novo endosso. O reendosso pressupõe um endosso de retorno, que é o 
recebimento de um título em o sujeito que já havia participado da relação cambiária e assim volta a 
participar dela. O endosso de retorno provém do recebimento do título já endossado (ou originário) 
e o reendosso da retransmissão, por novo endosso desse mesmo título. 
 
CASO CONCRETO: Augusto emite uma letra de câmbio em face de Bernardo e a favor de 
Cardoso, que a endossa em preto para Danilo, o qual também endossa em preto para Eduardo que, 
porém, endossa em branco para Fernando. Este repassa o título por tradição a Gustavo, e assim vai 
por Hernani, Ivo, João e Karine. A esta foi exigida por Luiz, no momento da transferência, que 
fosse realizada por endosso, o que foi feito, porém, em preto. Indaga-se: 
a) Determine a legalidade da cadeia de transferência do título e quais são os obrigados pelo 
pagamento. 
Não há impedimento algum o título nominal passar a ser ao portador e, posteriormente, voltar a ser 
nominal, mediante a cadeia de endosso nas modalidades em preto ou em branco. Os obrigados serão 
Augusto (sacador), Bernardo (caso aceite), Cardoso (tomador-endossante), Danilo (endossante), 
Eduardo (endossante) e Karine (endossante) devido terem recebido por endosso em preto. 
b) Especifique o principal efeito do endosso realizado por Karine. 
O principal efeito do endosso em preto é fazer com que o título fique nominal e, caso o portador 
queira transferi-lo, obrigatoriamente deverá fazê-lo por endosso, em preto ou em branco. 
QUESTÃO OBJETIVA: Quanto à nota promissória já protestada por falta de pagamento: 
a) O endosso não transfere a propriedade do título 
b) O endosso não impede que o devedor oponha ao endossatário as exceções pessoais que tinha 
contra o endossante. 
c) O endosso não produz efeitos jurídicos 
d) O endosso é nulo 
 Obs. Art. 20 LUG, pois após o protesto o endosso passa a ter efeito de cessão civil de crédito, 
assim, pode haver oposição de exceção pessoal, pois perde os efeitos cambiais 
 
 
 
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Aceite (módulo 06) 
16. Aceite 
Aceite é a declaração cambiária manifestada pelo sacado pelo qual aceita a obrigação que lhe é 
dirigida, tornando-se, então, obrigado a pagar pela letra de câmbio ou duplicata conforme 
destacado no título, assim o aceite é o reconhecimento da ordem de pagamento, transformando-se 
em um devedor cambiário. Desse modo, até antes do aceite é mero sacado, nada podendo lhe ser 
exigido, porque o sacado não é devedor cambiário, (i) até que faça o aceite (art. 28 da LUG e art. 2º 
L 5474/68 - lei das duplicatas), e estará vinculado ao pagamento do título apenas se concordar em 
atender à ordem que lhe é dirigida. 
Art. 28 LUG. O sacado (i) obriga-se pelo aceite pagar a letra a data do 
vencimento. 
Art. 2º L 5474/68. No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma 
duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida 
qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do 
vendedor pela importância faturada ao comprador. 
§ 1º. A duplicata conterá: 
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de 
pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; 
No cheque, é uma ordem de pagamento, não existe o aceite, pois o banco não tem nenhuma 
obrigação na relação cambiária e o próprio emitente reconhece a obrigação na emissão do 
cheque (art. 6° L 7.357/85). Na nota promissória, que é promessa de pagamento, também não 
existe o aceite, posto que pela emissão da nota promissória pelo próprio devedor, também 
reconhece a obrigação (omissão na L 2.044/1908 - só trata assunto na letra de câmbio). 
Art. 6º L 7.357/85. O cheque não admite aceite considerando-se não escrita 
qualquer declaração com esse sentido. 
O aceite é ato formal, pois somente pode ser feito no título; abstrato,

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