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Educação de Jovens e Adultos - Conceitos e Fundamentos

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EEdduuccaaççããoo ddee JJoovveennss ee AAdduullttooss 
Módulo I 
 
 
 
Parabéns por participar de um curso dos 
Cursos 24 Horas. 
Você está investindo no seu futuro! 
Esperamos que este seja o começo de um 
grande sucesso em sua carreira. 
 
Desejamos boa sorte e bom estudo! 
 
Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site 
www.Cursos24Horas.com.br 
 
Atenciosamente 
Equipe Cursos 24 Horas 
 
 
 
 
 
Sumário 
Introdução.....................................................................................5 
Unidade 1 – Conceitos ....................................................................6 
1.1 - Apresentação ................................................................................................................6 
1.2 - O que é Educação de Jovens e Adultos – EJA .................................................................6 
1.3 - Educação de Jovens e Adultos no Brasil – Histórico .....................................................10 
1.3.1 – O método Paulo Freire .........................................................................................18 
1.3.2 – Quadro resumo – Histórico do EJA no Brasil.........................................................20 
Unidade 2 – Fundamentos Legais e Políticas Educacionais ............22 
2.1 - Apresentação ..............................................................................................................22 
2.2 – Diretrizes Curriculares e Questões Legais....................................................................22 
2.3 - Alfabetização de jovens e adultos................................................................................24 
2.4 - Íntegra da Resolução CNE/CEB ....................................................................................25 
2.5 - Parecer 11/2000 e LDBEN............................................................................................33 
2.6 - Políticas educacionais..................................................................................................34 
2.6.1 – Programas federais ..............................................................................................36 
2.6.2 – Iniciativas de EJA nos estados ..............................................................................39 
2.6.3 – Formação de Leitores e Acervos...........................................................................44 
2.7 - Alfabetização nas prisões ............................................................................................51 
2.8 - Alfabetização e letramento .........................................................................................52 
2.8.1 – Índices de Analfabetismo .....................................................................................54 
Conclusão do Módulo I .................................................................56 
 
 
 
 
3 
 
Prezado Aluno, 
 
Seja bem-vindo ao Curso Educação de Jovens e Adultos (EJA) para 
professores. 
 
Esperamos que você aproveite ao máximo os conteúdos aqui desenvolvidos e 
que estes possam aprimorar suas habilidades e competências como educador de Jovens 
e Adultos. 
 
A proposta deste curso on line é trazer elementos que possam auxiliar o 
professor – seja ele atuante nesta modalidade específica da Educação ou no Ensino 
Fundamental e Médio, que pretenda dedicar-se à EJA, desenvolvendo habilidades para 
uma melhor interação com os seus alunos. 
 
Assim, algumas especificidades pedagógicas não serão enfocadas neste curso. 
Ressaltamos aqui a importância do domínio dos Conceitos da EJA, seus Fundamentos 
Legais e as respectivas Diretrizes Curriculares, com ênfase à Formação Docente e ao 
desenvolvimento e aprimoramento das Habilidades e Competências. Também iremos 
desenvolver conteúdos que identifiquem as peculiaridades da EJA, procurando entender 
quem são os alunos jovens e adultos e quais as suas perspectivas nesse reingresso ou 
mesmo inserção no processo de aprendizagem. 
 
Também trazemos orientações para um maior aprofundamento de conceitos 
específicos, com bibliografia básica, porém atualizada, acerca da Educação de Jovens e 
Adultos, além de indicar a produção acadêmica de especialistas em EJA. 
 
Como o propósito do presente curso é oferecer ferramentas para o 
aprimoramento profissional, o aluno irá encontrar dicas e orientações práticas e 
objetivas em contrapartida ao conteúdo teórico que vem fortemente embasado por 
pesquisas. 
 
 
 
4 
 
Desejamos a você um excelente e proveitoso curso, ressaltando que a dinâmica 
do meio educacional representa um desafio à atualização constante dos conteúdos 
estudados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Introdução 
Toda abordagem sobre Educação deve levar em conta que a alfabetização e a 
formação de pessoas são um campo vasto, revestido de múltiplas e distintas formas, 
níveis e modalidades. A Educação é reconhecidamente essencial para a vida social, pois 
participa da construção de saberes, de competências e de relações sociais. Sob essa 
perspectiva, a Educação é um campo que desafia seus profissionais ao estudo e à 
pesquisa permanentes ao longo da história. 
 
O acesso à escola representa a possibilidade de inserção e crescimento sociais. 
Por isso, a Educação surge como lugar de destaque nas sociedades modernas. Quando 
uma pessoa é impedida de ter acesso à escola ou tem a sua escolarização interrompida, 
acontece a exclusão. Estar excluído da escola é estar excluído da sociedade. 
 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que inclui. 
Por quê? Porque representa uma nova oportunidade de escolarização àquelas pessoas 
que não tiveram acesso à escola ou não conseguiram dar prosseguimento aos estudos no 
tempo regular. 
 
A Educação de Jovens e Adultos compreende o processo de alfabetização e de 
escolarização, em cursos ou exames supletivos nas etapas fundamental e média, 
consideradas constitucionalmente como um direito subjetivo, contribuindo na formação 
de cidadãos independentes, participativos e conscientes de seus direitos e deveres na 
sociedade. 
 
Como veremos neste Curso, a alfabetização e a escolarização de jovens e adultos 
foi reconhecida como modalidade de ensino em 1996 e, no ano 2000, foram traçadas as 
diretrizes curriculares nacionais da EJA. Esses são marcos importantes na formação e 
qualificação docente, pois determinam a formação continuada específica de professores 
com saberes disciplinares, competências, estratégias de ensino, linguagens e textos 
adequados às experiências culturais e sociais dos jovens e adultos, seus interesses e 
possibilidades de aprendizado. 
 
 
 
6 
 
Unidade 1 – Conceitos 
1.1 - Apresentação 
 
Entende-se por Educação de Jovens e Adultos a modalidade integrante da 
educação básica destinada ao atendimento de alunos que não tiveram, na idade própria, 
acesso ou continuidade de estudo no ensino fundamental e médio. A denominação 
“educação de jovens e adultos” substitui o termo ensino supletivo da Lei n.º 5.692/71 e 
atualmente, no Brasil, compreende o processo de alfabetização, cursos ou exames 
supletivos nas etapas fundamental e média. Nos documentos legais pertinentes, a EJA é 
considerada mais do que um direito: é a chave para o século XXI, por ser consequência 
do exercício da cidadania e condição para a participação plena na sociedade, incluindo a 
qualificação e a requalificação profissional. 
 
1.2 - O que é Educação de Jovens e Adultos – EJA 
 
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é 
uma modalidade específica da Educação Básica 
que se destina à inclusão escolar de um público 
que,por motivos diversos, foi excluído da 
educação durante a sua infância ou adolescência 
devido à falta de vagas nas instituições de ensino, 
em virtude das inadequações do sistema de ensino 
e também pelas condições socioeconômicas 
desfavoráveis. Como veremos neste curso, essas 
são razões importantes para a exclusão escolar dos 
jovens e adultos abrangidos pela EJA, mas 
devemos estar atentos para as motivações que levam essas pessoas a, em determinado 
momento de sua vida adulta, ingressar ou retornar à escola. 
 
A EJA é uma modalidade de ensino que não se define pelo turno em que é 
ofertada, mas pela sua configuração com vistas a atender as especificidades dos sujeitos 
 
 
 
7 
 
que pretende abranger. Por isso, é equivocada a comparação do conceito de EJA com o 
de Ensino Noturno. As experiências de alfabetização e escolarização de jovens e adultos 
nos espaços escolares ou comunitários têm demonstrado que a oferta dessa modalidade 
de ensino deve buscar a inclusão dos alunos que não têm possibilidades de estudar 
somente no turno da noite. 
 
Nesta perspectiva, é preciso buscar uma concepção mais ampla das dimensões 
tempo e do espaço de aprendizagem para que professores e alunos desenvolvam uma 
relação dinâmica com sua realidade social e com as suas questões, considerando os 
espaços de aprendizagem representados pela juventude e a vida adulta. 
 
Considerar a heterogeneidade desse público, seus interesses e suas expectativas 
em relação à escola, suas habilidades e vivências é fundamental para a construção de 
uma proposta pedagógica que considere a realidade desses alunos. 
 
O professor de EJA deve perceber quem é esse aluno para que os conteúdos a 
serem trabalhados façam sentido, tenham significado, sejam elementos concretos na 
formação do aluno para que ele possa, por meio dos conteúdos estudados, intervir de 
forma significativa na sua realidade. 
 
Quando nos referimos à EJA enquanto modalidade específica da Educação 
Básica, essa expressão traz consigo uma série de referenciais que devem ser mais bem 
estudadas para um entendimento dos conceitos envolvidos na educação de jovens e 
adultos. O fundamentos e funções da EJA, que reproduzimos no texto a seguir, 
estabelecem as bases desta modalidade de educação, que devem nortear o trabalho dos 
professores de jovens e adultos: 
 
“Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e 
Adultos” 
 
 
 
 
 
 
8 
 
II – Fundamentos e Funções da EJA. 
 
A focalização das políticas públicas no ensino fundamental 
obrigatório conveniente à relação apropriada idade/ano ampliou o espectro 
de crianças presentes no ensino fundamental obrigatório. 
 
Hoje, é notável a expansão desta etapa do ensino e há um quantitativo 
de vagas cada vez mais crescente a fim de fazer jus ao princípio da 
obrigatoriedade face às crianças em idade escolar. Entretanto, as condições 
sociais adversas presentes, as sequelas de um passado ainda mais perverso 
se associam a inadequados fatores administrativos de planejamento e 
dimensões qualitativas internas à escolarização e, nesta medida, 
condicionam o sucesso de muitos alunos. 
 
A média nacional de permanência na escola, para a etapa obrigatória 
(oito anos) fica entre quatro e seis anos. E os oito anos obrigatórios acabam 
por se converter em 11 anos, estendendo a duração do ensino fundamental 
quando os alunos já deveriam estar cursando o ensino médio. 
 
Expressão desta realidade é a repetência, a reprovação e a evasão 
escolar mantendo e aprofundando a distorção idade/ano e retardando a 
chegada a um acerto definitivo no fluxo escolar. Embora abrigue 36 milhões 
de crianças no ensino fundamental, o quadro sócio-educacional continua a 
produzir excluídos dos ensinos fundamental e médio produzindo 
adolescentes, jovens e adultos sem escolaridade obrigatória completa. 
 
Ao mesmo tempo, não se pode negar que, nos últimos anos, os 
sistemas de ensino desenvolveram esforços no afã de propiciar um 
atendimento mais aberto a adolescentes e jovens tanto no que se refere ao 
acesso à escolaridade obrigatória quanto em iniciativas de caráter 
preventivo a fim de diminuir a distorção idade/ano. Como exemplos desses 
esforços temos os ciclos de formação e as classes de aceleração. 
 
 
 
9 
 
Além disso, o Brasil exibe um número enorme de pessoas que são 
analfabetas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta, 
no ano de 1996, 15.560.260 pessoas analfabetas na população de 15 anos de 
idade ou mais, perfazendo 14,7% do universo de 107.534.609 pessoas nesta 
faixa populacional. 
 
Apesar do recuo anual, apesar de marcantes diferenças regionais e 
setoriais, a existência de pessoas que não sabem ler ou escrever por falta de 
condições de acesso ao processo de escolarização deve ser motivo de 
autocrítica de modo constante e severo. São Paulo, o estado mais populoso 
do país, possui um contingente de 1.900.000 analfabetos. É de se notar que, 
segundo as estatísticas oficiais, o maior número de analfabetos se constitui 
de pessoas com mais idade em regiões pobres, interioranas nas quais 
avultam taxas que atingem mais os grupos afro-brasileiros. Muitos dos 
indivíduos que povoam estas cifras são os candidatos aos cursos e exames do 
ainda conhecido como ensino supletivo. 
 
Nesta ordem de raciocínio, a educação de jovens e adultos (EJA) 
representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram 
acesso e nem domínio da escrita e da leitura como bens sociais, na escola ou 
fora dela e tenham sido a força de trabalho empregada na constituição de 
riquezas e na elevação de obras públicas. Ser privado deste acesso é, de fato, 
a perda de um instrumento imprescindível para uma presença significativa 
na convivência social contemporânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1.3 - Educação de Jovens e Adultos no Brasil – Histórico 
 
Para se ter uma noção da 
importância conferida atualmente à 
Educação de Jovens e Adultos no 
Brasil, devemos levar em conta que a 
alfabetização passou a ser difundida 
de forma mais intensa somente no 
século 20, ao mesmo tempo em que o 
sistema público de ensino passava por 
uma reestruturação. Antes desse período, as iniciativas de alfabetização e as políticas 
educacionais para esse segmento se restringiam a criar oportunidades de acesso à 
alfabetização para grupos restritos, pessoas de classes econômicas mais favorecidas ou 
homens solteiros provenientes da periferia. As oportunidades de escolarização, portanto, 
contemplavam uma minoria da população brasileira. 
 
O analfabetismo no país é uma questão histórica. O primeiro levantamento foi 
realizado na época do Império, quando o recenseamento de 1872 apontou que 82,3% 
das pessoas com mais de cinco anos de idade eram analfabetas. O censo realizado em 
1890, após a proclamação da República mostraria esse mesmo percentual de 
analfabetos. 
 
Naquele período e por muito tempo no país, ser analfabeto era motivo de 
exclusão social e discriminação. No começo do período republicano, os discursos de 
políticos e intelectuais exaltavam a alfabetização e a instrução elementar do povo e 
qualificavam o analfabetismo como vergonha nacional. À alfabetização era creditado o 
poder da elevação moral e intelectual do país e de recuperação da massa dos pobres 
brancos e negros libertos, a “iluminação” do povo e o “disciplinamento” das camadas 
populares, então consideradas como “incultas” e “incivilizadas”. 
 
 
 
 
11 
 
Apesar disso, quase nada foi realizado nesse período no sentido de viabilizar 
ações educativas que abrangessem uma ampla faixa da população. Em decorrência da 
falta de oportunidades de acesso à escolarização durante a infância ou na vida adulta, 
até 1950 mais da metade dapopulação brasileira era analfabeta. Os analfabetos eram 
excluídos da vida política e do exercício da cidadania, pois a eles era negado o direito 
ao voto. 
 
A partir de 1947, seriam implementadas as primeiras políticas públicas 
nacionais, tendo como objetivo a instrução dos jovens e adultos. Isso ocorreu a partir da 
estruturação do Serviço de Educação de Adultos do Ministério da Educação e também 
do início da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). 
 
Outras duas campanhas lançadas naquele período teriam resultados pouco 
efetivos. São elas a Campanha Nacional de Educação Rural, lançada em 1952, e a 
Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, de 1958. Essas políticas 
acabaram não produzindo o impacto esperado em termos de alfabetização e foram 
consideradas superficiais e produtoras de mais discriminação contra quem não sabia ler 
e escrever. No final da década de 1950, já era evidente a pouca efetividade do 
aprendizado devido ao curto período de tempo dos cursos. As críticas também 
apontavam que programas, modelos e materiais pedagógicos utilizados não levavam em 
consideração características específicas do aluno adulto, assim como ignoravam as 
diversidades regionais e culturais. 
 
A alfabetização de adultos surgiria, no início da década de 1960 como uma 
estratégia para a ampliação das bases eleitorais e de sustentação política do plano de 
reformas que o governo pretendia realizar no país. O período era de efervescência social 
e política e favorecia a experimentação de novas práticas de alfabetização e agitação 
sociocultural a partir de uma nova concepção de educação. O método de alfabetização 
proposto por Paulo Freire contava com a adesão da maioria dos movimentos de 
educação e cultura popular. 
 
 
 
 
 
12 
 
A seguir, elencaremos alguns exemplos de programas empreendidos por 
intelectuais, estudantes e católicos engajados na ação política pela alfabetização: 
 
- Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil, estabelecido em 1961, com o patrocínio do governo federal. 
 
- Movimento de Cultura Popular do Recife, a partir de 1961. 
 
- Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, da Secretaria 
Municipal de Educação de Natal. 
 
- Centros Populares de Cultura, órgãos culturais da União Nacional dos 
Estudantes (UNE). 
 
O golpe militar de 1964 interrompeu os preparativos para o início das ações do 
Plano Nacional de Alfabetização, que era coordenado por Paulo Freire a convite do 
governo. A repressão que se seguiu sobre os movimentos de educação popular levaria o 
educador pernambucano ao exílio, onde ele escreveria os primeiros livros que o 
tornariam conhecido em todo o mundo. 
 
A educação de jovens e adultos promovida pelo governo foi utilizada, durante a 
ditadura militar, como instrumento para a manutenção da coesão social e de legitimação 
do autoritarismo, alimentando o mito de uma sociedade democrática sob um regime de 
exceção. A escolarização de jovens e adultos foi transformada em ensino supletivo, uma 
mudança implantada pela reforma do ensino de 1971. Nesse ano teve início a campanha 
denominada Movimento Brasileiro de Alfabetização, que se tornou conhecida pela sigla 
Mobral. Apesar do seu funcionamento excessivamente centralizado, a iniciativa 
rapidamente se disseminou por todo o país, mas sua proposta de erradicar o 
analfabetismo no período de uma década não se concretizou. Em 1985, no período de 
transição para a democracia, o Mobral foi extinto e substituído pela Fundação Educar. 
 
 
 
 
 
13 
 
A política de maior impacto derivada do Mobral foi o Programa de Educação 
Integrada (PEI), que reduzia o antigo curso primário e criava a possibilidade de 
continuidade de estudos para os recém-alfabetizados e demais pessoas que dominavam 
a leitura e a escrita de forma precária. Já o ensino supletivo, por sua vez, foi implantado 
com recursos escassos e sem uma adequada formação de professores. Apesar de 
promover a democratização de oportunidades educacionais para jovens e adultos 
excluídos do ensino regular, o supletivo ficaria conhecido como um programa de 
educação de baixa qualidade, estigmatizado como um caminho facilitado para o acesso 
às credenciais escolares. 
 
No mesmo período, a década de 1970, um movimento clandestino de 
rearticulação da sociedade civil e resistência ao regime militar começou a se organizar 
fora do controle governamental. Comunidades eclesiais de base, associações de 
moradores, organizações de trabalhadores urbanos e rurais e outros grupos orientados 
por valores de justiça e equidade, e engajados na reconstrução da democracia, passariam 
a desenvolver ações educativas que incluíam a alfabetização de jovens e adultos. As 
práticas educativas desse movimento viriam a ser reconhecidas como educação popular, 
uma corrente fortemente identificada com as concepções de Paulo Freire. As iniciativas 
educacionais desse movimento tiveram grande influência na transição do regime militar 
para a democracia, pois ampliaram a perspectiva dos direitos sociais e políticos e 
implantaram as bases para a estruturação de programas de alfabetização a serem 
desenvolvidos em parceria entre os governos e os organismos civis. 
 
Essa mobilização da sociedade teve consequências diretas na Constituição de 
1988. O direito de voto aos analfabetos foi restituído, ainda que em caráter facultativo. 
Os jovens e adultos tiveram reconhecidos na Carta o direito ao ensino fundamental 
público e gratuito. E, ainda, a Constituição, por pressão dos movimentos sociais, 
estabeleceu o comprometimento dos governos com a superação do analfabetismo e o 
acesso ao ensino elementar para todos os brasileiros. 
 
 
 
 
14 
 
A Constituição de 1988 foi elaborada em um período 
de transição para o período democrático e gerou expectativas 
também a partir de compromissos com a educação assumidos 
pelo Brasil no cenário internacional. 
 
Desses compromissos podemos destacar a participação brasileira na Conferência 
Mundial de Educação para Todos (Jomtien), na Tailândia, em 1990. Nesse encontro, 
diversos países e organismos internacionais estabeleceram uma iniciativa para atender 
as necessidades básicas de aprendizagem de crianças, jovens e adultos, a começar pela 
eficiência da alfabetização enquanto instrumento de aprendizagem, de acesso e 
elaboração da informação, de criação de novos conhecimentos e para a participação 
cultural. 
 
No entanto, as políticas educacionais implantadas nos anos 1990 frustrariam as 
expectativas geradas pela Constituição de 1988. Devido à reforma do Estado e às 
restrições aos gastos públicos impostos pelo ajuste da economia nacional, as políticas 
públicas da década de 1990 priorizaram a universalização do acesso das crianças e 
adolescentes ao ensino fundamental. Assim, outros níveis e modalidades de ensino, 
entre os quais a educação de jovens e adultos, foram deixados em um plano secundário 
na agenda das políticas educativas. 
 
A Fundação Educar foi extinta em 1990 e a atribuição da alfabetização dos 
jovens e adultos foi descentralizada para os municípios ou deixada a cargo das 
iniciativas das organizações sociais, como os programas Alfabetização Solidária e 
Movimentos de Alfabetização (Mova). 
 
Somente no início do século 21, a alfabetização de jovens e adultos retornaria à 
agenda de prioridades das políticas nacionais, com o lançamento, no ano de 2003, do 
Programa Brasil Alfabetizado e, a partir de 2007, com a progressiva inclusão da 
modalidade no Fundo de Financiamento da Educação Básica (Fundeb). 
 
 
 
 
15 
 
Nos destaques dessa breve história da alfabetização de jovens e adultos no país, 
podemos constatar que é imprescindível a cooperação entre as instâncias de governo 
para a implantação depolíticas efetivas de acesso à educação. Devido às dimensões do 
país e suas desigualdades socioeconômicas e territoriais, cabe à União prover os estados 
e municípios com recursos financeiros e iniciativas de apoios técnicos pedagógicos 
necessários à implantação e desenvolvimento de ações de alfabetização e educação 
básica. 
 
A legislação educacional estabelece que é papel do governo federal coordenar as 
políticas em âmbito nacional. No entanto, os programas centralizados e uniformes, que 
não levam em conta as diferenças, têm se mostrado inapropriados e pouco flexíveis para 
atender à diversidade político-econômica e sociocultural do país. Diante disso, podemos 
afirmar que é a participação dos governos estaduais e municipais que deve definir 
conteúdos de aprendizagem e estratégias de implementação dos programas. 
 
Os programas de alfabetização e escolarização implantados a partir de demandas 
políticas têm se mostrado ineficientes, pois sendo concebidos somente no âmbito 
político, servem mais como propaganda do que mecanismos de acesso ou o retorno das 
pessoas ao processo educacional. Nesse sentido, iniciativas de âmbito nacional e mesmo 
a experiência de outros países demonstram que as campanhas que apelam à urgência da 
alfabetização em massa podem, em um primeiro momento, sensibilizar a sociedade e 
mobilizar a demanda dos jovens e adultos. No entanto, na maioria dos casos não irão 
produzir resultados de forma efetiva. 
 
Sabemos que, para dominar a leitura, a escrita e o cálculo é necessário ao aluno 
um determinado período de escolarização. Também vimos que a consolidação da 
aprendizagem depende de oportunidades de continuidade de estudos e de um ambiente 
sociocultural que motive o aluno a utilizar no seu dia a dia as habilidades adquiridas na 
escola. 
 
Esse desafio colocado às políticas públicas e aos educadores em todos os níveis 
educacionais torna-se bem mais intenso quando se trata de motivar o ingresso e a 
 
 
 
16 
 
permanência em processos de aprendizagem daqueles alunos que vivenciaram ou estão 
vivenciando processos de marginalização social, econômica e cultural. Sem uma 
articulação das iniciativas de alfabetização com outras políticas de inclusão social e 
econômica e de desenvolvimento local, os resultados podem se transformar em altos 
índices de abandono dos programas educativos dirigidos aos jovens e adultos. 
 
E, por falar nos desafios colocados à alfabetização e educação elementar dos 
jovens e adultos no Brasil, devemos considerar que, em 2006 mais de 65 milhões de 
jovens e adultos brasileiros tinham escolaridade inferior ao ensino fundamental e o país 
possuía 14,3 milhões de analfabetos absolutos, na sua maioria pessoas com idades mais 
avançadas. 
 
As regiões Nordeste e Norte concentram as maiores taxas de analfabetismo nas 
zonas rurais na comparação com o centro-sul do país. Além de ser maior na zona rural 
do que nos centros urbanos, o analfabetismo atinge principalmente as populações mais 
pobres e os afrodescendentes. 
 
O Brasil é o país latino-americano que possui o maior contingente de analfabetos 
da região, apresentando taxas de analfabetismo muito superiores a de países que têm um 
perfil educacional ou nível de desenvolvimento econômico semelhantes ao nosso. 
 
Na década de 1990, o sistema das Nações Unidas realizou uma série de 
conferências relativas a temas sociais nas quais, como vimos anteriormente, o Brasil 
assumiu compromissos internacionais quando da promulgação da Constituição de 1988. 
 
O primeiro evento relativo a temas sociais promovido pela ONU foi a 
Conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada em 1990, em Jomtien, na 
Tailândia, que reuniu representantes de governos de 155 países e aprovou a Declaração 
Mundial sobre Educação para Todos e o Plano de Ação para Satisfazer as 
Necessidades Básicas de Aprendizagem. Na década posterior à Conferência, um comitê 
de organismos da ONU, liderados pela UNESCO, concentrou a ajuda internacional em 
nove países de grandes populações que apresentavam altos índices de analfabetismo. 
 
 
 
17 
 
Nesse ranking, o Brasil aparece ao lado de Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, 
México, Nigéria e Paquistão. 
 
Outro marco 
importante foi o Fórum 
Mundial de Educação, 
realizado em 2000, em 
Dacar, no Senegal. Neste 
encontro, os países 
representados admitiram 
que as metas de Educação 
para Todos não haviam sido 
alcançadas. Com isso, ficou 
decidido que os seis objetivos prioritários da Declaração Mundial sobre Educação para 
Todos, entre os quais a redução, à metade, dos índices de analfabetismo, com igualdade 
de oportunidades para as mulheres e acesso equitativo de todos os adultos à educação 
básica e continuada, deverá ser atingido até o ano de 2015. 
 
Assim, a alfabetização de jovens e adultos, inserida na agenda estabelecida pelo 
Fórum Mundial de Educação é prioridade dos países com altos índices de 
analfabetismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3.1 – O método Paulo Freire 
 
Indispensáveis a todo professor, senão a todo cidadão brasileiro, o conhecimento 
da história e da proposta pedagógica do educador pernambucano Paulo Reglus Neves 
Freire é imprescindível para o entendimento da história da Educação no Brasil. 
Especialmente àqueles que se dedicam à educação de jovens e adultos. 
 
Freire mudou a concepção da educação e continua influenciando pedagogos até 
os dias de hoje – sobretudo no Brasil e na África. Ele nasceu em Recife, em 19 de 
setembro de 1921 e morreu em 2 de maio de 1997, em São Paulo. Era de classe média, 
mas na infância, durante a depressão de 1929, conviveu com a pobreza e a fome. Sua 
obra literária – escreveu individualmente 27 livros – e suas ideias são fortemente 
influenciadas pela preocupação com os mais pobres, o que o levou a criar seu método de 
alfabetização considerado revolucionário. 
 
Em 1963, no Rio Grande do Norte, Paulo Freire ensinou 300 adultos a ler e a 
escrever em apenas 45 dias. Seu método de alfabetização foi adotado inicialmente no 
 
 
 
19 
 
estado de Pernambuco a partir dessa experiência e consiste na síntese de algumas 
correntes do pensamento filosófico do seu tempo. Ele combinou princípios do 
existencialismo cristão, da dialética hegeliana, da fenomenologia, do materialismo 
histórico e também do nacionalismo desenvolvimentista do governo de João Goulart. 
Aliada ao seu talento de escritor, essa concepção conquistou a adesão de pedagogos, 
teólogos, cientistas sociais e militantes identificados com as mudanças sociais. 
 
Ele foi perseguido pela ditadura militar por causa de suas ideias revolucionárias 
acerca da educação e da sociedade. Foi preso no Brasil por 70 dias e depois se exilou na 
Bolívia e no Chile. Em 1967 publicou no Brasil o livro Educação como prática da 
liberdade, que escreveu no exílio, logo depois de Pedagogia do oprimido. 
 
Identificado como Pedagogia da Libertação, seu pensamento identifica-se com 
uma visão marxista do terceiro mundo e da necessidade de conscientizar e mobilizar as 
classes sociais oprimidas. Um dos aspectos que mais evidencia o caráter marxista do 
pensamento de Freire é a convicção de que não existe educação neutra: “todo ato de 
educação é um ato político”, afirmava. 
 
A proposta de Paulo Freire para a alfabetização de adultos tem uma nova 
compreensão da questão educacional brasileira. Ele interpreta o analfabetismo como 
produto de estruturas sociais desiguais e, por isso, é um efeito e não a causa da pobreza. 
 
Freire propôs que os processos educativos sejam transformadores da realidade e 
via a alfabetização como uma ferramenta para o 
exame crítico e a superação dosproblemas 
vivenciados pelas pessoas e comunidades. Sua 
pedagogia foi concebida a partir dos princípios de 
liberdade, compreensão da realidade e participação 
de modo a que as pessoas pudessem compreender 
as estruturas sociais e as formas de dominação às 
quais estavam submetidas. 
 
 
 
20 
 
O método previa uma etapa preparatória na qual o educador tinha que conhecer 
profundamente a realidade e a linguagem dos alunos com os quais iria trabalhar. Depois 
eram destacadas as palavras do vocabulário que fizesse mais sentido para esse grupo e 
que reunisse variações de padrões silábicos. Essas “palavras geradoras” constituíam a 
base do estudo da escrita e leitura e também da realidade. 
 
1.3.2 – Quadro resumo – Histórico do EJA no Brasil 
 
Data/Época Situação e perspectiva / Resultados 
 
1872 Pesquisa aponta 82,3% de analfabetos. 
1890 Primeiro censo socioeconômico da república. Situação idêntica a 
1872. 
1890 a 1950 Escassas oportunidades de acesso à escolaridade. Mais de 50% 
da população continua analfabeta. 
 
1947 
Estruturação dos serviços de educação de adultos e início da 
Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). 
Nenhum resultado prático. 
1952 Campanha Nacional de Educação Rural. Ensino superficial e de 
pouca efetividade. 
1958 Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo. Ensino 
superficial, inadequado e de pouca ou nenhuma efetividade. 
 
 
1960 a 1964 
Adoção dos métodos de Paulo Freire com implantação de várias 
campanhas, incluídas Movimento de educação de Base, 
Movimento de Cultura Popular, Campanha de Pé no Chão 
também se aprende a ler e os Centros Populares de Cultura. 
Época efervescente e de muita esperança. 
 
 
1964 
Golpe Militar. Suspensão das liberdades individuais com a 
desativação de vários movimentos. Exílio de Paulo Freire. Nos 
subterrâneos do poder foram desenvolvidas várias ações 
 
 
 
21 
 
educativas que influenciaram o retorno da democracia 20 anos 
depois. 
 
1988 
Constituição de 1988. Direito ao ensino fundamental aos jovens 
e adultos. Comprometimento governamental com a superação do 
analfabetismo e provisão do ensino elementar para todos. 
 
1990 
Participação brasileira na Conferência Mundial de Educação 
para Todos na Tailândia. Estabelecimento de iniciativas para 
satisfazer as necessidades básicas de educação para crianças, 
jovens e adultos. Não foram atingidos os resultados esperados. 
1996 Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. 
 
 
2003 a 2007 
Lançamento do Programa Brasil Alfabetizado e criação do 
Fundo de Financiamento da Educação Básica, com implantação 
em 2007. Em 2006, o Brasil contava ainda com 65 milhões de 
jovens e adultos com escolaridade inferior à formação básica e 
14,5 milhões de analfabetos absolutos. 
 Fontes: IBGE/MEC/Unesco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Unidade 2 – Fundamentos Legais e Políticas Educacionais 
 
2.1 - Apresentação 
 
O direito das pessoas jovens e adultas à escolarização foi reafirmado pela Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB) que reconhece a EJA enquanto 
modalidade da educação básica, adequada às “necessidades e condições específicas e 
peculiares desse grupo”. 
 
Uma das principais inovações trazidas pela LDB foi a redução da idade mínima 
para a conclusão dos exames supletivos de ensino fundamental e ensino médio para 15 e 
18 anos. Antes da LDB, as idades mínimas exigidas eram 18 e 21 anos. Mas a LDB não 
foi específica sobre a questão da idade de conclusão dos cursos. Por isso, coube ao 
Conselho Nacional de Educação (CNE) criar as normas sobre a duração mínima dos 
cursos e a idade mínima de ingresso, bem como fixar Diretrizes Curriculares para a 
Educação de Jovens e Adultos. Essas Diretrizes Curriculares, como veremos a seguir, 
são fundamentais para uma alfabetização de jovens e adultos coerente com a realidade 
social e cultural desses alunos. 
 
2.2 – Diretrizes Curriculares e Questões Legais 
 
As Diretrizes foram estabelecidas em 2000 no Parecer 11 da Câmara de 
Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação (CNE), do qual derivou a 
Resolução CEB/CNE nº 1. 
 
O Parecer CNE/CEB nº 36/2004 fixou a duração mínima dos cursos para jovens 
e adultos em 24 meses para as séries finais do ensino fundamental e 18 meses para o 
ensino médio. A idade mínima para ingresso nesses cursos foi estabelecida em 15 e 18 
anos, respectivamente. 
 
 
 
23 
 
Essas determinações legais colocaram grandes desafios aos governos 
municipais, estaduais e federais, cujas políticas deveriam orientar-se pela Lei nº 10.172, 
de 2001, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE). A introdução do Plano 
estabelece entre as principais prioridades “a garantia de ensino fundamental a todos os 
que a ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram”. 
 
O Plano Nacional de Educação contém 26 metas referentes à educação de jovens 
e adultos. Entre essas metas destacamos: 
 
a) A oferta de séries iniciais do ensino fundamental para 50% das pessoas 
jovens e adultas que têm menos de quatro anos de estudos e a duplicação da capacidade 
de atendimento no ensino médio até 2006. 
 
b) A erradicação do analfabetismo e a oferta de séries finais do ensino 
fundamental para todos que têm menos de oito anos de estudos até 2011. 
 
c) A generalização da oferta de educação geral e profissional em presídios e 
estabelecimentos que atendem adolescentes que cometeram atos infracionais e cumprem 
medidas socioeducativas em regime fechado. 
 
Tanto a Constituição quanto a LDB atribuem responsabilidades específicas à 
União, aos estados e aos municípios, determinando que cada instância de governo 
“organize o respectivo sistema de ensino em regime de colaboração com as demais, 
cooperando entre si para garantir o ensino obrigatório”. 
 
O conjunto dessas responsabilidades compartilhadas entre municípios, estados e 
a União englobam a alfabetização e o ensino fundamental de jovens e adultos. Cabe aos 
municípios e estados colaborarem mutuamente nas iniciativas, enquanto que o governo 
federal cumprirá as funções de coordenação das políticas nacionais, de articulação e 
apoio técnico e financeiro às demais instâncias. 
 
 
 
 
 
24 
 
2.3 - Alfabetização de jovens e adultos 
 
Historicamente, uma expressiva parcela da população brasileira foi e continua 
sendo excluída da escola. O país tem milhões de jovens e adultos que, por motivos 
diversos, não tiveram acesso à escolarização durante a infância e a adolescência. É para 
esse universo que se destinam as iniciativas educacionais e a qualificação de 
professores, temas centrais desse curso. Para se ter uma ideia do universo de jovens e 
adultos excluídos da escola, basta comparar os números do analfabetismo no país e na 
América Latina – ver tabelas no item 
3.14 deste curso. 
 
A análise dos índices de 
analfabetismo mostra os desafios que 
estão colocados em cada região do 
país, demonstrando a realidade de cada 
município, grupo social, comunidade e 
também dos diferentes segmentos da 
população. Esses dados são extremamente importantes para os educadores e para os 
gestores da educação, pois possibilitam conhecer o perfil desses jovens e adultos que 
serão alvo das políticas públicas e da prática da EJA. 
 
Não devemos perder de vista que os programas de alfabetização de jovens e 
adultos, desde a sua organização e funcionamento, passando pelos conteúdos e 
abordagens metodológicas, devem levar em conta a realidade e as necessidades dos 
alunos. Nesse sentido, devemos considerar que, embora não saibam ler e escrever, esses 
jovens e adultos não alfabetizados têm suas vidasregidas pela linguagem escrita. O 
desafio enfrentado pelos jovens e adultos não alfabetizados consiste em criar formas 
alternativas para lidar com as situações cotidianas em que a linguagem escrita está 
presente. 
 
 
 
 
25 
 
Para entender como os alunos não alfabetizados lidam com o cotidiano regido 
pela escrita devemos considerar diversos fatores. A começar pelo modo como o aluno se 
insere na alfabetização e as diferenças existentes entre eles. 
 
Esses alunos jovens e adultos são diferentes entre si, tanto no que diz respeito 
aos seus ciclos de vida, ou seja, a juventude, a maturidade e a velhice; quanto à suas 
identidades: sexo, geração, raça, formação cultural. 
 
Também exercem forte influência a decisão dos alunos em aprender e as suas 
necessidades nesse sentido. Portanto, ler e escrever passam a ser um objetivo 
intimamente ligado às representações que esses alunos formaram a respeito da 
aprendizagem a partir dos conhecimentos e habilidades que adquiriram e desenvolveram 
ao longo de suas vidas. 
 
O jovem, o adulto, o idoso, cada um inserido na sua realidade social e cultural, 
adquiriram conhecimentos diversos no desempenho de papéis sociais e experiências das 
mais diferenciadas. Tudo isso terá forte influência na forma como esses alunos se 
inserem na alfabetização e consiste no desafio maior para os professores de EJA. 
 
Saber quem são os alunos, onde e como vivem, qual o seu histórico de vida e a 
sua realidade consistem no primeiro passo para uma experiência de EJA bem sucedida. 
Esse levantamento também deve considerar as motivações desses jovens e adultos não 
alfabetizados ou pouco escolarizados, quais as suas condições e perspectivas em relação 
ao retorno ou acesso à escolarização. 
 
2.4 - Íntegra da Resolução CNE/CEB 
 
 
Parâmetros legais da EJA 
 
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2000 
 
 
 
26 
 
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e Jovens e 
Adultos. 
 
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de 
Educação, de conformidade com o disposto no Art. 9º, § 1°, alínea "c", da Lei 4.024, de 
20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de 
1995, e tendo em vista o Parecer CNE/CEB 11/2000, homologado pelo Senhor Ministro 
da Educação em 7 de junho de 2000, RESOLVE: 
 
Art. 1º Esta Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação de Jovens e Adultos a serem obrigatoriamente observadas na oferta e na 
estrutura dos componentes curriculares de ensino fundamental e médio dos cursos que 
se desenvolvem, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias e 
integrantes da organização da educação nacional nos diversos sistemas de ensino, à luz 
do caráter próprio desta modalidade de educação. 
 
Art. 2º A presente Resolução abrange os processos formativos da Educação de 
Jovens e Adultos como modalidade da Educação Básica nas etapas dos ensinos 
fundamental e médio, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
em especial dos seus artigos 4º, 5º, 37, 38, e 87 e, no que couber, da Educação 
Profissional. 
 
§ 1º Estas Diretrizes servem como referência opcional para as iniciativas 
autônomas que se desenvolvem sob a forma de processos formativos extraescolares na 
sociedade civil. § 2º Estas Diretrizes se estendem à oferta dos exames supletivos para 
efeito de certificados de conclusão das etapas do ensino fundamental e do ensino médio 
da Educação de Jovens e Adultos. Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais do 
Ensino Fundamental estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB 2/98 se estendem 
para a modalidade da Educação de Jovens e Adultos no ensino fundamental. 
 
 
 
 
27 
 
Art. 4º As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio estabelecidas e 
vigentes na Resolução CNE/CEB 3/98, se estendem para a modalidade de Educação de 
Jovens e Adultos no ensino médio. 
 
Art. 5º Os componentes curriculares conseqüentes ao modelo pedagógico 
próprio da educação de jovens e adultos e expressos nas propostas pedagógicas das 
unidades educacionais obedecerão aos princípios, aos objetivos e às diretrizes 
curriculares tais como formulados no Parecer CNE/CEB 11/2000, que acompanha a 
presente Resolução, nos pareceres CNE/CEB 4/98, CNE/CEB 15/98 e CNE/CEB 16/99, 
suas respectivas resoluções e as orientações próprias dos sistemas de ensino. 
 
Parágrafo único. Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a 
identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis 
dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferença e 
proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares 
nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio, de modo a assegurar: 
 
I - quanto à equidade, a distribuição específica dos componentes curriculares a 
fim de propiciar um patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de 
direitos e de oportunidades face ao direito à educação; 
 
II - quanto à diferença, a identificação e o reconhecimento da alteridade própria 
e inseparável dos jovens e dos adultos em seu processo formativo, da valorização do 
mérito de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores; 
 
III - quanto à proporcionalidade, a disposição e alocação adequadas dos 
componentes curriculares face às necessidades próprias da Educação de Jovens e 
Adultos com espaços e tempos nos quais as práticas pedagógicas assegurem aos seus 
estudantes identidade formativa comum aos demais participantes da escolarização 
básica. 
 
 
 
 
 
28 
 
Art. 6º Cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e a duração dos cursos 
da Educação de Jovens e Adultos, respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a 
identidade desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre os entes 
federativos. 
 
Art. 7º Obedecidos o disposto no Art. 4º, I e VII da LDB e a regra da prioridade 
para o atendimento da escolarização universal obrigatória, será considerada idade 
mínima para a inscrição e realização de exames supletivos de conclusão do ensino 
fundamental a de 15 anos completos. 
 
Parágrafo único. Fica vedada, em cursos de Educação de Jovens e Adultos, a 
matrícula e a assistência de crianças e de adolescentes da faixa etária compreendida na 
escolaridade universal obrigatória, ou seja, de sete a quatorze anos completos. 
 
Art. 8º Observado o disposto no Art. 4º, VII da LDB, a idade mínima para a 
inscrição e realização de exames supletivos de conclusão do ensino médio é a de 18 
anos completos. 
 
§ 1º O direito dos menores emancipados para os atos da vida civil não se aplica 
para o da prestação de exames supletivos. 
 
§ 2º Semelhantemente ao disposto no parágrafo único do Art. 7º, os cursos de 
Educação de Jovens e Adultos de nível médio deverão ser voltados especificamente 
para alunos de faixa etária superior à própria para a conclusão deste nível de ensino, ou 
seja, 17 anos completos. 
 
Art. 9º Cabe aos sistemas de ensino regulamentar, além dos cursos, os 
procedimentos para a estrutura e a organização dos exames supletivos, em regime de 
colaboração e de acordo com suas competências. 
 
Parágrafo único. As instituições ofertantes informarão aos interessados, antes 
de cada início de curso, os programas e demais componentes curriculares, sua duração, 
 
 
 
29 
 
requisitos, qualificação dos professores, recursos didáticos disponíveis e critérios de 
avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições. 
 
Art. 10. No caso de cursos semipresenciais e a distância, os alunos só poderão 
ser avaliados, para fins de certificados de conclusão, em exames supletivos presenciais 
oferecidospor instituições especificamente autorizadas, credenciadas e avaliadas pelo 
poder público, dentro das competências dos respectivos sistemas, conforme a norma 
própria sobre o assunto e sob o princípio do regime de colaboração. 
 
Art. 11 No caso de circulação entre as diferentes modalidades de ensino, a 
matrícula em qualquer ano das etapas do curso ou do ensino está subordinada às normas 
do respectivo sistema e de cada modalidade. 
 
Art. 12 Os estudos de Educação de Jovens e Adultos realizados em instituições 
estrangeiras poderão ser aproveitados junto às instituições nacionais, mediante a 
avaliação dos estudos e reclassificação dos alunos jovens e adultos, de acordo com as 
normas vigentes, respeitados os requisitos diplomáticos de acordos culturais e as 
competências próprias da autonomia dos sistemas. 
 
Art. 13 Os certificados de conclusão dos cursos a distância de alunos jovens e 
adultos emitidos por instituições estrangeiras, mesmo quando realizados em cooperação 
com instituições sediadas no Brasil, deverão ser revalidados para gerarem efeitos legais, 
de acordo com as normas vigentes para o ensino presencial, respeitados os requisitos 
diplomáticos de acordos culturais. 
 
Art. 14 A competência para a validação de cursos com avaliação no processo e a 
realização de exames supletivos fora do território nacional é privativa da União, ouvido 
o Conselho Nacional de Educação. 
 
Art. 15 Os sistemas de ensino, nas respectivas áreas de competência, são 
corresponsáveis pelos cursos e pelas formas de exames supletivos por eles regulados e 
autorizados. 
 
 
 
30 
 
 
Parágrafo único. Cabe aos poderes públicos, de acordo com o princípio de 
publicidade: 
 
a) divulgar a relação dos cursos e dos estabelecimentos autorizados à aplicação 
de exames supletivos, bem como das datas de validade dos seus respectivos atos 
autorizadores. 
 
b) acompanhar, controlar e fiscalizar os estabelecimentos que ofertarem esta 
modalidade de educação básica, bem como no caso de exames supletivos. 
 
Art. 16 As unidades ofertantes desta modalidade de educação, quando da 
autorização dos seus cursos, apresentarão aos órgãos responsáveis dos sistemas o 
regimento escolar para efeito de análise e avaliação. 
 
Parágrafo único. A proposta pedagógica deve ser apresentada para efeito de 
registro e arquivo histórico. 
 
Art. 17 A formação inicial e continuada de profissionais para a Educação de 
Jovens e Adultos terá como referência as diretrizes curriculares nacionais para o ensino 
fundamental e para o ensino médio e as diretrizes curriculares nacionais para a 
formação de professores, apoiada em: 
 
I - ambiente institucional com organização adequada à proposta pedagógica; 
 
II - investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando 
oferecer soluções teoricamente fundamentadas e socialmente contextuadas; 
 
III - desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática; 
 
IV - utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens 
apropriados às situações específicas de aprendizagem. 
 
 
 
31 
 
 
Art. 18 Respeitado o Art. 5º desta Resolução, os cursos de Educação de Jovens e 
Adultos que se destinam ao ensino fundamental deverão obedecer em seus componentes 
curriculares aos Art. 26, 27, 28 e 32 da LDB e às diretrizes curriculares nacionais para o 
ensino fundamental. 
 
Parágrafo único. Na organização curricular, competência dos sistemas, a língua 
estrangeira é de oferta obrigatória nos anos finais do ensino fundamental. 
 
Art. 19 Respeitado o Art. 5º desta Resolução, os cursos de Educação de Jovens e 
Adultos que se destinam ao ensino médio deverão obedecer em seus componentes 
curriculares aos Art. 26, 27, 28, 35 e 36 da LDB e às diretrizes curriculares nacionais 
para o ensino médio. 
 
Art. 20 Os exames supletivos, para efeito de certificado formal de conclusão do 
ensino fundamental, quando autorizados e reconhecidos pelos respectivos sistemas de 
ensino, deverão seguir o Art. 26 da LDB e as diretrizes curriculares nacionais para o 
ensino fundamental. 
 
§ 1º A explicitação desses componentes curriculares nos exames será definida 
pelos respectivos sistemas, respeitadas as especificidades da educação de jovens e 
adultos. 
 
§ 2º A Língua Estrangeira, nesta etapa do ensino, é de oferta obrigatória e de 
prestação facultativa por parte do aluno. 
 
§ 3º Os sistemas deverão prever exames supletivos que considerem as 
peculiaridades dos portadores de necessidades especiais. 
 
Art. 21 Os exames supletivos, para efeito de certificado formal de conclusão do 
ensino médio, quando autorizados e reconhecidos pelos respectivos sistemas de ensino, 
 
 
 
32 
 
deverão observar os Art. 26 e 36 da LDB e as diretrizes curriculares nacionais do ensino 
médio. 
 
§ 1º Os conteúdos e as competências assinalados nas áreas definidas nas 
diretrizes curriculares nacionais do ensino médio serão explicitados pelos respectivos 
sistemas, observadas as especificidades da educação de jovens e adultos. 
 
§ 2º A língua estrangeira é componente obrigatório na oferta e prestação de 
exames supletivos. 
 
§ 3º Os sistemas deverão prever exames supletivos que considerem as 
peculiaridades dos portadores de necessidades especiais. 
 
Art. 22 Os estabelecimentos poderão aferir e reconhecer, mediante avaliação, 
conhecimentos e habilidades obtidos em processos formativos extraescolares, de acordo 
com as normas dos respectivos sistemas e no âmbito de suas competências, inclusive 
para a educação profissional de nível técnico, obedecidas as respectivas diretrizes 
curriculares nacionais. 
 
Art. 23 Os estabelecimentos, sob sua responsabilidade e dos sistemas que os 
autorizaram, expedirão históricos escolares e declarações de conclusão, e registrarão os 
respectivos certificados, ressalvados os casos dos certificados de conclusão emitidos por 
instituições estrangeiras, a serem revalidados pelos órgãos oficiais competentes dos 
sistemas. 
 
Parágrafo único. Na sua divulgação publicitária e nos documentos emitidos, os 
cursos e os estabelecimentos capacitados para prestação de exames deverão registrar o 
número, o local e a data do ato autorizador. 
 
Art. 24 As escolas indígenas dispõem de norma específica contida na Resolução 
CNE/CEB 3/99, anexa ao Parecer CNE/CEB 14/99. Parágrafo único. Aos egressos das 
escolas indígenas e postulantes de ingresso em cursos de educação de jovens e adultos, 
 
 
 
33 
 
será admitido o aproveitamento destes estudos, de acordo com as normas fixadas pelos 
sistemas de ensino. 
 
Art. 25 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando 
revogadas as disposições em contrário. 
 
Francisco Aparecido Cordão 
Presidente da Câmara de Educação Básica 
 
 
2.5 - Parecer 11/2000 e LDBEN 
 
Produzido pelo Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação 
Básica a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, o Parecer 11/2000 é 
um dos dispositivos legais mais importantes no âmbito da Educação de Jovens e 
Adultos. Além de acentuar a EJA como uma modalidade de ensino específica, relativa à 
educação básica, o Parecer proporciona o entendimento das funções “reparadora”, 
“equalizadora” e “qualificadora” atribuídas à EJA. 
 
A função reparadora refere-se ao direito da população a uma escola de 
qualidade. Esse direito foi negado historicamente aos brasileiros. A função equalizadora 
estabelece a distribuição do bem social, tendo em vista a igualdade de oportunidades, 
função que se aplica àqueles alunos que, por motivos diversos, não tiveram acesso e não 
permaneceram na escola, os quais deverão receber maiores oportunidades a fim de 
restabelecer sua trajetória escolare poder de participação no jogo social. Já a função 
qualificadora da EJA é o papel atribuído a essa modalidade da Educação no sentido de 
proporcionar a atualização permanente das competências e habilidades dos alunos 
jovens e adultos. 
Também podemos destacar a exigência da formação peculiar do educador da 
EJA, sem a qual os pressupostos previstos nas Diretrizes não terão efeito. Está expressa 
no Parecer a preocupação com uma formação específica e continuada, bem como uma 
 
 
 
34 
 
qualificação do educador de jovens e adultos. Além de vetar a prática voluntária, a 
Legislação define a necessidade da formação sistemática que a EJA requer. Cabe ao 
educador da modalidade EJA a busca permanente por qualificação para desenvolver as 
ações pedagógicas que atendam as necessidades dos educandos jovens e adultos e suas 
experiências socioculturais. 
 
2.6 - Políticas educacionais 
 
As políticas educativas sofreram diversas alterações na história recente do 
Brasil. As mudanças no sentido de centralizar ou descentralizar essas políticas teve forte 
influência na alfabetização e educação de jovens e adultos. Conforme vimos no tem 3 
da Unidade 1 deste curso, após a extinção do Mobral em 1985, o governo federal 
abandonou a manutenção direta da alfabetização de jovens e adultos e passou a exercer 
um papel subsidiário de financiamento e apoio técnico aos estados, municípios e 
organizações sociais, através da Fundação Educar (1985-1990), do Programa 
Alfabetização Solidária (1998-2002) ou do Brasil Alfabetizado (2003-2007). 
 
A promoção da alfabetização de jovens e adultos, nesse contexto, passou a ter 
uma forte atuação dos movimentos da sociedade civil, embora a responsabilidade pela 
oferta de escolarização tenha ficado a cargo dos municípios. A participação dos 
municípios superou a dos estados que, até a década de 1990, eram a esfera 
governamental que mantinha o então ensino supletivo. 
 
Conforme estatísticas do Censo Escolar, os municípios foram responsáveis por 
80% das matrículas de jovens e adultos no primeiro segmento do ensino fundamental 
em 2006. Enquanto isso, os estados são responsáveis pela manutenção dos estágios mais 
avançados da educação escolar de jovens e adultos, com 54% das matrículas no segundo 
segmento do ensino fundamental presencial e 88,2% das matrículas no ensino médio 
naquele ano. 
 
 
 
 
35 
 
Também têm sido os estados a esfera governamental responsável pela maioria 
das inscrições no Programa Brasil Alfabetizado. Em 2006, os estados responderam por 
49% dos alfabetizandos. 
 
Podemos concluir, com base no que estudamos até aqui, que a União foi se 
afastando gradativamente da oferta direta dos serviços de educação aos jovens e adultos. 
No entanto, devemos observar que o governo federal assumiu, mais recentemente e de 
forma mais definida, a configuração das políticas educacionais. Essa configuração 
consiste em definir quais são as instâncias responsáveis pelo estabelecimento de 
diretrizes curriculares e pela coordenação das políticas, assim como houve um 
realinhamento do papel dos estados, municípios, instituições de ensino e organizações 
sociais através da transferência de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da 
Educação (FNDE). 
 
Assim, desde meados dos anos 1990, a União passou a influenciar as políticas e 
práticas de educação de jovens e adultos dos demais agentes por meio da difusão de 
propostas curriculares e programas de formação de professores, distribuição e apoio à 
aquisição de livros didáticos, realização de exames, bem como pelo co-financiamento 
de programas previamente modelados. 
 
A partir de 2004, o MEC agrupou gestão dos programas de apoio à alfabetização 
e ensino fundamental de jovens e adultos em uma nova Secretaria de Educação 
Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), e instituiu uma Comissão Nacional 
para consulta aos municípios, estados e organizações da sociedade civil. Essa nova 
configuração apresenta-se como fator fundamental para a regulação das políticas 
educacionais. 
 
Nesse contexto, a Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e 
Adultos (Cnaeja) foi instituída pelo Decreto Presidencial nº 4.834/2003 para gerir 
especificamente a alfabetização de jovens e adultos. A Cnaeja teve sua abrangência e 
composição aumentada pelo Decreto nº 5.475, de junho 2004 e pelo Decreto nº 6.093, 
de abril de 2007. 
 
 
 
36 
 
A Portaria nº 602, de março de 2006 define a composição da Cnaeja por 17 
membros, sendo quatro membros dos governos federal (Secad e SEB/MEC), estaduais 
(Conselho Nacional de Secretários de Educação) e municipais (União Nacional dos 
Dirigentes Municipais de Educação); um representante da Unesco e um das instituições 
de ensino superior; dez representantes da sociedade civil (fóruns de EJA, movimentos 
de alfabetização, trabalhadores da educação, movimentos sociais do campo, de 
indígenas, afrodescendentes e juvenis, bem como organizações não governamentais 
voltadas para as questões da educação e do meio ambiente). 
 
Essas medidas foram criadas para dar maior eficiência às iniciativas do MEC no 
que se refere à educação de jovens e adultos. No entanto, não superaram as dificuldades 
de coordenação entre ministérios dos programas de EJA, cujas políticas se apresentam 
dispersas em diversas esferas do governo federal. 
 
2.6.1 – Programas federais 
 
Para um melhor entendimento da realidade da educação brasileira com vistas à 
compreensão da alfabetização de jovens e adultos no seu contexto, identificaremos a 
seguir as políticas e iniciativas em curso e os seus desdobramentos. Como veremos a 
seguir, os programas criados pelo governo federal para apoiar os estados e municípios 
na promoção da alfabetização e de educação básica de jovens e adultos vêm sendo 
geridos por diferentes ministérios e secretarias nos últimos três anos. 
 
Plano de Desenvolvimento da Educação 
 
O Plano de Desenvolvimento da Educação é um conjunto de diferentes medidas 
com vistas à melhoria do desempenho do ensino básico. O baixo desempenho do 
sistema de ensino básico é apontado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação 
(Ideb), que cruza informações sobre fluxo e rendimento escolar com os resultados 
mostrados nos exames nacionais. 
 
 
 
 
37 
 
Os estados e municípios que apresentam Ideb baixo recebem apoio técnico e 
financeiro da União ao aderirem ao Compromisso Todos pela Educação. Esse 
compromisso consiste de 28 metas para melhorar a qualidade e devem ser cumpridas até 
o ano de 2022. 
 
Não estão previstas no Plano de Desenvolvimento da Educação novas iniciativas 
medidas para a educação de jovens e adultos. O Plano dá continuidade a as iniciativas 
que já estão sendo desenvolvidas para a alfabetização dentro do Programa Brasil 
Alfabetizado e do Concurso Literatura para Todos. A única inovação diz respeito à 
criação de selos para certificação de municípios que vierem a alfabetizar 96% da sua 
população ou consigam reduzir a 60% as suas atuais taxas de analfabetismo até o ano de 
2010. 
 
Apoio Técnico 
 
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do 
MEC, mantêm dois programas de apoio técnico e financeiro do governo federal aos 
estados, municípios e organizações sociais para a Educação de Jovens e Adultos. Um 
desses programas é o Brasil Alfabetizado, que foi instituído em 2003, dedicado 
exclusivamente à alfabetização. O programa Fazendo Escola consiste em um 
complemento para o orçamento de estados e municípios com vistas à oferta de ensino 
fundamental. Esse programa foi implantado no ano de 2001 com o nome de Recomeço – 
Supletivo de Qualidade e, atualmente, está em fase de conclusão. Esses dois programas 
contam com uma iniciativa complementar do Departamento de Educação de Jovense 
Adultos (Deja) na confecção e distribuição de materiais didático-pedagógicos, 
promoção e organização de concursos, bem como na distribuição de livros para alunos 
jovens e adultos já alfabetizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Alfabetização e Inclusão 
 
Dois programas voltados para a alfabetização de jovens e adultos vêm sendo 
desenvolvidos desde o ano de 2005 pela Secretaria de Educação Profissional e 
Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação: 
 
Escola de Fábrica 
 
O programa Escola de Fábrica disponibiliza recursos do governo federal para a 
implantação de salas de aula dentro das empresas e é voltado para a capacitação 
profissional de jovens de 16 a 24 anos oriundos de famílias de baixa renda e que não 
terminaram o ensino básico. 
 
Proeja 
 
A outra iniciativa mantida pela Setec é o Programa de Integração da Educação 
Profissional ao ensino médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja). 
Esse programa reserva um percentual mínimo de vagas para jovens e adultos nas 
instituições federais de educação profissional e tecnológica. Também contempla jovens 
e adultos com a oferta de ensino fundamental e médio vinculados à formação 
profissional básica ou técnica. 
 
ProJovem 
 
O Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem) foi criado em 2005 e é 
gerido pela Secretaria Nacional de Juventude, pasta vinculada à presidência da 
República. O programa é destinado à elevação de escolaridade, qualificação 
profissional, inclusão digital e ação comunitária de jovens entre 18 e 24 anos, sem 
vínculo empregatício formal, que não concluíram o ensino fundamental. Contempla, 
inclusive, pessoas com necessidades educativas especiais. 
 
 
 
 
 
39 
 
Pronera 
 
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) foi criado 
em 1998 e é mantido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), 
órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Seu objetivo é a 
ampliação dos níveis de escolarização dos trabalhadores rurais assentados, mediante 
formação de educadores e promoção de cursos de educação básica de jovens e adultos 
voltados para a alfabetização, ensino fundamental e médio, bem como cursos técnicos 
profissionalizantes de nível médio e diferentes cursos superiores e de especialização. 
Contempla também os trabalhadores rurais acampados cadastrados pelo Incra com 
alfabetização e ensino fundamental. 
 
2.6.2 – Iniciativas de EJA nos estados 
 
Alfa 100 
 
O Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Moca AC) foi implantado 
no ano de 2000 e, em 2002 passaria a se chamar Alfa 100. A iniciativa resulta de um 
convênio entre o governo federal e o governo estadual do Acre e sua meta é alfabetizar 
a população residente nas áreas urbanas e rurais do estado com uma metodologia 
especialmente elaborada para reconhecer e valorizar a identidade dos povos 
amazônicos, por meio dos Cadernos de Florestania. 
 
Alfa Inclusão 
 
O Programa Alfa Inclusão é resultado de uma parceria entre a Fundação Banco 
do Brasil e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), 
do Ministério da Educação, e dá continuidade a um projeto-piloto realizado em 2005 e 
2006 em dois municípios com altos índices de analfabetismo e exclusão social: a 
cidade-satélite de Brazlândia, Distrito Federal, e o Assentamento Chico Mendes, em 
 
 
 
40 
 
Arinos, Minas Gerais. Sua proposta é articular a alfabetização de jovens e adultos com 
ações de geração de renda organizadas com base na Economia Solidária. 
 
Alfabetização Solidária 
 
O Programa Alfabetização Solidária (Alfasol) foi instituído em 1997 como 
política do governo federal para ações de alfabetização de jovens e adultos nas regiões 
menos desenvolvidas do país e, mais tarde, estruturou-se como organização não 
governamental. Sua abrangência é nacional e se caracteriza pela parceria entre 
instituições de ensino superior, que se encarregam da orientação pedagógica; 
municípios, que fornecem estrutura física, mobilizam alfabetizadores e educadores; e 
empresas e doadores individuais que, por sua vez, financiam as atividades. 
 
Brasil Alfabetizado 
 
Este programa do governo federal foi criado em 2003 e se desenvolve por meio 
de convênios com estados, municípios, instituições de ensino superior e organizações 
sociais. As organizações têm autonomia didático-pedagógica e são responsáveis pelas 
instalações físicas, mobilização dos alfabetizandos, bem como pelo recrutamento e 
capacitação dos alfabetizadores voluntários. 
 
Cidadão Nota Dez 
 
Iniciativa do governo de Minas Gerais em associação ao governo federal através 
dos programas Brasil Alfabetizado e Fome Zero. Voltado para a população das regiões 
Centro e Norte do estado, que registram extrema exclusão social, o Cidadão Nota Dez é 
desenvolvido pela Secretaria Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do 
Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas Gerais (Sedvan) e pelo Instituto de 
Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), com o apoio de 
instituições. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio do 
Movimento de Educação de Base, desenvolveu a coleção de material didático Saber, 
Viver e Lutar do programa. 
 
 
 
41 
 
População carcerária 
 
A Diretoria de Ensino e Profissionalização da Superintendência de Atendimento 
ao Preso, da Secretaria de Estado e Defesa Social de Minas Gerais realiza, desde 2004, a 
supervisão e acompanhamento do ensino e profissionalização nos presídios mineiros. A 
iniciativa conta com 27 escolas para desenvolvimento e formação continuada dos 
professores e diretores na escolarização de cerca de 4 mil detentos. 
 
Geração Cidadã 
 
Em convênio com o programa Brasil Alfabetizado, o Geração Cidadã, do Rio 
Grande do Norte articula, desde 2003, a alfabetização de jovens e adultos e programas 
de transferência de renda. É desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de 
Natal, com mediação do Núcleo de Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
 
Movimento dos Atingidos por Barragens 
 
Através de convênios com o Programa Brasil Alfabetizado e a Eletrobrás, o 
coletivo de educação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) promove 
desde 2003 a alfabetização de pessoas das comunidades deslocadas pela construção de 
barragens de usinas hidrelétricas. O objetivo do projeto é valorizar a identidade dessa 
população e prepará-la para enfrentar de forma coletiva os problemas oriundos das 
remoções e assentamentos populacionais. 
 
Movimento de Educação de Base 
 
Vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Movimento 
de Educação de Base (MEB) se constituiu como movimento de educação e cultura 
popular na década de 1960, sendo um dos pioneiros na alfabetização e educação de 
pessoas adultas por meio da sua metodologia “Ver, Julgar, Agir”. Atua em diversas 
 
 
 
42 
 
regiões do país com iniciativas próprias e independentes ou conveniadas com os 
governos federal, estaduais ou municipais. 
 
Paraná Alfabetizado 
 
Resulta da parceria entre o governo estadual do Paraná e o governo federal na 
implementação do Programa Brasil Alfabetizado em nível estadual, com apoio dos 
municípios e organizações da sociedade civil. Implantado em 2004, conta com 
diversificados recursos pedagógicos, entre os quais o material didático Um dedo de 
prosa e o Dossiê das Experiências de Superação do Analfabetismo. 
 
Peja 
 
O Programa de Educação de Jovens e Adultos do Rio de Janeiro (Peja) foi 
criado em 1985 pela Secretaria Municipal de Educação e contempla a alfabetização e os 
dois ciclos do ensino fundamental. Além do atendimento nas escolas e em classesanexas, conta com um Centro de Referência em EJA (Creja), voltado para a formação 
de professores de toda a rede municipal. 
 
Projeto Escola Zé Peão 
 
Iniciativa conjunta da Universidade Federal da Paraíba e do Sindicato dos 
Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de João Pessoa e municípios, o Projeto 
Escola Zé Peão atua na alfabetização de trabalhadores da construção civil com aulas nos 
canteiros de obras e na sede do sindicato. A proposta pedagógica abrange a 
alfabetização e o primeiro segmento do ensino fundamental a partir de um livro de 
textos elaborados pelos alunos. 
 
EJA Belo Horizonte 
 
O atendimento educativo a jovens e adultos foi ampliado a partir de 1996 e 
atualmente se realiza nas escolas municipais, com a Educação de Jovens e Adultos e o 
 
 
 
43 
 
ensino fundamental Regular Noturno, no Programa Brasil Alfabetizado e no Projeto 
Educação de Jovens e Adultos de Belo Horizonte (EJA/BH). O EJA/BH é destinado à 
continuidade de estudos dos recém-alfabetizados que não se mantiveram com 
frequência escolar. 
 
SEJA Porto Alegre 
 
O Serviço de Educação de Jovens e Adultos (SEJA) de Porto Alegre foi 
implementado em 1989 e atua em três modalidades: o ensino fundamental de jovens e 
adultos nas escolas da rede municipal e no Centro Municipal de Educação de 
Trabalhadores “Paulo Freire”, o Movimento de Alfabetização Mova e o Brasil 
Alfabetizado. 
 
São Gabriel da Cachoeira 
 
A rede municipal de ensino de São Gabriel da Cachoeira (AM) mantém desde 
2008 um total de 32 turmas de ensino fundamental de jovens e adultos, sendo uma na 
sede do município e as demais na zona rural. Ao todo, 64 professores atuam na 
alfabetização de 646 estudantes. 
 
Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos 
 
O Movas – Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos resulta da 
parceria entre governos e organizações da sociedade civil com o objetivo de alfabetizar 
jovens e adultos e promover a participação social. Iniciou no período em que Paulo 
Freire foi secretário de Educação do município de São Paulo (1989- 1992). Nas décadas 
seguintes esse modelo foi adotado por outros municípios e estados, que formam hoje 
uma rede nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Mova ABC 
 
O Mova surgiu no ABC paulista em 1997, a partir de uma parceria entre o 
Sindicato dos Metalúrgicos e a Câmara Regional, com participação das prefeituras, 
empresas, igrejas, instituições de ensino superior, movimentos e organizações sociais. 
Em 2008, o Fórum Regional de Alfabetização, movimento coordenado pelo Sindicato 
dos Metalúrgicos do ABC, instituiu uma Organização da Sociedade Civil de Interesse 
Público (Oscip) para ampliar as iniciativas de alfabetização de jovens e adultos em 
parceria com as administrações municipais. 
 
Mova São Paulo 
 
Em 2005 a Câmara Municipal aprovou a Lei nº 14.058, que institui o programa 
Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos do Município de São Paulo (Mova-
SP) na Secretaria de Educação, tornando permanente o programa iniciado na gestão 
1989-1992 e retomado durante a administração 2001-2004. 
 
2.6.3 – Formação de Leitores e Acervos 
 
Outro aspecto das políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos que é 
relevante para os professores desta modalidade de ensino é a formação de leitores e de 
acervos de livros de apoio à atividade didática. Por isso, reproduzimos a seguir a íntegra 
do capítulo referente ao tema, que integra o documento Alfabetização de Jovens e 
Adultos: Lições na Prática, produzido pela Unesco. 
 
 
Formação de leitores e de acervos para a alfabetização de jovens e adultos 
 
Diferentemente da educação de crianças e adolescentes, só nos últimos anos 
autores e mercado editorial vêm reconhecendo as necessidades e especificidades da 
alfabetização e escolarização de jovens e adultos. Comparada à produção de literatura 
 
 
 
45 
 
infanto-juvenil e de pesquisa para educação regular, há poucas obras disponíveis que 
apoiam a ação alfabetizadora, que promovem a formação de recém-leitores e que 
organizam conhecimentos e informações voltados àqueles que retomam ou iniciam os 
estudos na juventude ou idade adulta. 
 
No sentido de estimular a produção de obras literárias para jovens e adultos 
recém-alfabetizados, o MEC, por meio da Secad, criou o Concurso Literatura para 
Todos. Em 2006, foram premiadas dez obras inéditas, totalizando 1,1 milhão de 
exemplares para a distribuição nas turmas do Brasil Alfabetizado A primeira coleção 
Literatura para Todos foi considerada uma ação inovadora no campo da promoção da 
leitura, enriquecendo o ambiente alfabetizador com contos, novelas, poesias e crônicas. 
 
Além do cuidado com a composição gráfica de cada exemplar, acompanha a 
coleção um manual para os alfabetizadores, sublinhando seu papel e informando sobre a 
importância da leitura, abordagens didáticas sobre os gêneros literários constantes na 
coleção, resenhas dos livros e depoimentos de escritores sobre como eles aprenderam a 
ler. 
Criado em 1997, o Programa Nacional da Biblioteca Escolar – PNBE tem por 
objetivo distribuir obras para a composição e ampliação de bibliotecas e acervos de 
escolas públicas. No período de 2000 a 2004, criou ações específicas para entregar 
obras de literatura e de informação diretamente aos alunos das escolas públicas, 
incluindo aquelas com classes de educação de jovens e adultos. A partir de 2007, para 
atender as metas estabelecidas no PDE, todas as escolas públicas de educação infantil, 
ensino fundamental e médio passaram a receber acervos. 
 
Outra iniciativa nacional de fomento à leitura com foco nas populações de 
assentamentos, comunidades de agricultura familiar e de remanescentes de quilombos é 
o Programa de Bibliotecas Rurais Arca das Letras, criado em 2003 pelo Ministério do 
Desenvolvimento Agrário. 
 
O programa visa incentivar a constituição de bibliotecas e o acesso a livros; 
porém, cientes de que não basta ter o livro em mãos, prevê também a formação de 
 
 
 
46 
 
agentes voluntários de leitura. Os acervos são constituídos de acordo com o perfil 
cultural das comunidades e são organizados em um móvel de madeira fabricado em 
marcenarias de penitenciárias por trabalhadores sentenciados. 
 
Cada biblioteca tem cerca de 220 títulos obtidos por doação, entre literatura 
infantil, literatura para jovens e adultos, livros didáticos, de pesquisa e técnicos (sobre 
cidadania, saúde, agricultura), incluindo assuntos de interesse das populações rurais. 
 
Em 2006, o Arca das Letras chegou a todos os estados brasileiros, totalizando 
4.426 bibliotecas implantadas, 978.996 livros distribuídos, 508.878 famílias atendidas e 
9.028 agentes de leitura formados. O programa articula os ministérios da Educação, da 
Cultura, da Justiça, bem como outras esferas públicas e privadas, que publicam livros 
ou produzem informações de interesse para as pessoas que vivem no meio rural. 
Também integra recursos dos estados e municípios a fim de criar condições adequadas 
para a implantação das bibliotecas. E, ainda, reúne esforços dos movimentos sociais e 
de órgãos não governamentais que colaboram para a chegada do programa às diversas 
regiões do país. 
 
Além de promover programas de formação de leitores e constituição de acervos, 
o governo federal tem reconhecido iniciativas da sociedade civil, escolas e empresas 
privadas na democratização do acesso ao livro e à leitura por meio do Prêmio 
Vivaleitura. 
 
Esse Prêmio integra o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) do Ministério 
da Cultura que engloba projetos, ações e iniciativas na área do livro, da leitura e das 
bibliotecas desenvolvidos pelos governos federal, estaduais e municipais, pelo setor 
privado e pelo terceiro setor. Lançado pelos ministérios da Cultura

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