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1 Métodos Analíticos e Computacionais Modelagem Analítica Capítulo IV Séries de Funções IV.1 - Série de Taylor Uma série de Taylor é uma série em termos de potencias da variável independente “x” que aproxima funções, e, cujos coeficientes envolvem os valores de suas sucessivas derivadas em um ponto específico. Para efeito desta seção adotar-se-á a notação: n n n dx xfd xf )( )()( e )()()0( xfxf Teorema: Seja “f” uma função contínua e definida em um intervalo de extremos “a” e “b” com a R e b R, figura 1. Consideremos que a função “f” admita as primeiras “n” derivadas sucessivas nesse intervalo, e que essas derivadas constituam funções contínuas nesse mesmo intervalo, então: n n n Rab n af ab af abafafbf )1( )1( 2 )2( )1( )( )!1( )( ...)( !2 )( ))(()()( 2 “Rn” é o termo complementar e é avaliado mediante a expressão: b a n n n dttf n tb R )( )!1( )( )( )1( Ou, na forma sumarizada: n n n ab n cf R )( ! )()( com bca Figura 1 Fazendo-se, particularmente, a = 0 e b = x, ou seja, buscando a aproximação da função em pontos na vizinhança da origem obtém-se: n n n Rx n f x f xffxf )1( )1( 2 )2( )1( )!1( )0( ... !2 )0( )0()0()( e o termo complementar “Rn” passa a ser avaliado mediante: x n n n dttf n tx R 0 )( )1( )( )!1( )( ou n n n x n cf R ! )()( com xc 0 3 O termo complementar “Rn” representa o erro que se comete ao aproximar-se a função utilizando-se a série até o termo de ordem “(n-1)”. Haja vista a necessidade de atendimento à precisão desejada em todos os pontos do intervalo de trabalho, o valor de “Rn” a ser adotado deve ser o máximo verificado no referido intervalo. Desta forma, adota-se para “c” o valor de “x” que maximiza a função “f(n)(x)” no intervalo estudado, e, para “x”, seu valor máximo no referido intervalo. Os valores de “x”, “a” e “b” condicionam a quantidade total de termos necessários para uma série de Taylor que aproxima uma dada função conforme a precisão exigida. Quanto menor a amplitude do intervalo de abrangência da série que aproxima a função tanto menor será a quantidade de termos necessários para atender à precisão exigida. A série de Taylor representa, portanto, instrumento hábil para aproximar funções em pequenos intervalos. Para aplicá-la a intervalos maiores procede- se à sua partição em subintervalos menores. - Exercícios propostos: 1 - Determinar as séries de Taylor para trabalhar no intervalo entre os pontos de abscissa x = 0 e x = 0,1 com precisão até a quinta casa decimal, para aproximar as funções: a - ) f(x) = cos(x) [ x em radianos]; e, b - ) f(x) = ln(1+x). 2 - Com base em pesquisa sobre a bibliografia recomendada para a disciplina, demonstrar a validade da formulação referente à série de Taylor. Ver Serge Lang – Cálculo I. 4 IV.2 - Séries de Fourier Uma função “f” é dita periódica, se, para um certo T R, )()( nTxfxf Rx e Nn . “T” é denominado de período básico ou fundamental da função “f”. Uma série de Fourier representa uma aproximação de uma função periódica qualquer em termos das funções trigonométricas elementares. Constitui uma combinação linear envolvendo as funções seno e cosseno, e é útil quando se faz necessário trabalhar com funções periódicas descontínuas ou de complexa manipulação algébrica. Se “f” é uma função periódica, de período “T”, então a série de Fourier que a aproxima apresenta-se sob forma: ) 22 cos()( 1 0 T nx senb T nx aaxf n nn onde os coeficientes “a0”, “an” e “bn” são denominados coeficientes de Fourier, e, devem ser obtidos mediante as equações de Euler, escritas mediante: 2/ 2/ 0 )( 1 T T dxxf T a ; 2/ 2/ 2 cos)( 2 T T n dx T nx xf T a ; e, 2/ 2/ 2 )( 2 T T n dx T nx senxf T b . Exercícios propostos: 3 - Determinar as séries de Fourier que aproximam as funções de período fundamental T = 2, definidas no intervalo –1 < x < 1, a partir de: a - ) f(x) = x; e, b - ) f(x) = x . 5 IV.3 - Funções pares e funções impares Uma função “f(x)” é par se f(-x) = f(x) Rx . Seu gráfico é, portanto, simétrico em relação ao eixo das ordenadas. Diante desta realidade, a integral de tais funções entre limites simétricos em relação à origem são obtidos mediante: aa a dxxfdxxf 0 )(2)( Ra Conforme as regras de integração: a a a a dxxfdxxfdxxf 0 0 )()()( Além do mais, sabe-se que a integral definida de uma função em dado intervalo é igual à área compreendida entre a curva que representa graficamente a função e o eixo das abscissas “x”, no referido intervalo. Portanto, se a curva da figura 2 representa graficamente a função então a área sob a curva para o intervalo aberto 0 < x< a, vale “A”, de modo que: Adxxf a 0 )( 6 Se seu gráfico é simétrico então a área compreendida entre a curva e o eixo “x”, para o intervalo –a < x < 0, também é igual a “A”, logo: Adxxf a 0 )( Conseqüentemente: aa a a a dxxfAAAdxxfdxxfdxxf 00 0 )(22)()()( Figura 2 Uma função “f(x)” é impar se f(-x) = -f(x) Rx . Seu gráfico é anti- simétrico em relação ao eixo das ordenadas, e: )(0)( zerodxxf a a Ra Considerando ainda que: a a a a dxxfdxxfdxxf 0 0 )()()( e Adxxf a 0 )( 7 Uma vez seu gráfico sendo anti-simétrico, figura 3, então, a área compreendida entre a curva e o eixo das abscissas “x”, para o intervalo definido por –a < x < 0, é igual a “-A”. Assim sendo: Adxxf a 0 )( Figura 3 Conseqüentemente: 0)()()( 0 0 AAdxxfdxxfdxxf a a a a O produto entre uma função par e uma função ímpar resulta em uma função ímpar. De fato se “f” é par e “g” é impar e h = f.g, então: f(-x) = f(x);e g(-x) = -g(x); e, h(-x) = f(-x)g(-x) = f(x)[-g(x)] = -f(x)g(x) = -h(x), logo “h” é impar 8 O produto entre duas funções pares ou entre duas funções ímpares é uma função par. De fato se “f” e “g” são funções pares, “h” e “i” são funções ímpares, e, j = f.g, e, k = h.i, então: f(-x) = f(x); g(-x) = g(x); h(-x) = -h(x); e, i(-x) = -i(x); e, j(-x) = f(-x).g(-x) = f(x)g(x) = j(x), logo, “j” é par, e, k(-x) = h(-x)i(-x) = -h(x)[-i(x)] = h(x)i(x) = k(x), logo, “k” também é par. IV.4 - Coeficientes de “Fourier” de Funções Pares e Funções Ímpares A função seno é ímpar enquanto a função cosseno é par. Assim sendo se uma função “f(x)” é ímpar então T nx xf 2 cos)( é uma função impar enquanto T nx senxf 2 )( é uma função par. Se função a aproximar por uma série de “Fourier” é ímpar então, os coeficientes de Fourier correspondentes ficam assim definidos:0)( 1 2/ 2/ 0 T T dxxf T a ; 0 2 cos)( 2 2/ 2/ T T n dx T nx xf T a ; e, 2/ 0 2/ 0 2/ 2/ 2 )( 42 )( 2 .2 2 )( 2 TTT T n dx T nx senxf T dx T nx senxf T dx T nx senxf T b 9 Por outro lado, se a função “f(x)” é par observa-se que T nx xf 2 cos)( é uma função par e T nx senxf 2 )( é uma função ímpar. Logo para sua aproximação mediante uma série de “Fourier” os coeficientes de Fourier devem ser assim definidos: 2/ 0 2/ 2/ 0 )( 1 .2)( 1 TT T dxxf T dxxf T a ; 2/ 0 2/ 2/ 2 cos)( 2 .2 2 cos)( 2 TT T n dx T nx xf T dx T nx xf T a ; e 0 2 )( 2 2/ 2/ T T n dx T nx senxf T b Exercício proposto: 4 - Resolver os exercícios de número “3” utilizando o conceito de funções pares e funções ímpares. IV.5 - Desenvolvimentos de meio período Seja “f” uma função arbitrária definida no intervalo 0 < x < a, a R . Tal função mesmo não sendo periódica pode ser aproximada por uma série de Fourier. Com vistas ao cumprimento deste objetivo existem duas alternativas. 10 Uma delas é proceder à extensão da função para o ramo negativo do eixo das abscissas de modo a transformá-la em uma função par, figura 4, preservando a sua lei de formação no intervalo original de definição. Figura 4 A série de Fourier que aproxima a função será então: 111 cos 2 2 cos 2 cos)( n no n no n no a xn aa a xn aa T xn aaxf e, 1 cos)( n no a xn aaxf ( I ) onde: aaT o dxxf a dxxf a dxxf T a 00 2/ 0 )( 1 )( 2 2 )( 2 ; e, aT n dx a xn xf a dx T xn xf T a 0 2/ 0 2 2 cos)( 2 42 cos)( 4 Ou seja, a n dx a xn xf a a 0 cos)( 2 . 11 A outra alternativa seria realizar, de forma idêntica, a sua extensão transformando-a em uma função ímpar, figura 5: Figura 5 A série de Fourier que aproximaria a função seria então: 111 2 22 )( n n n n n n a xn senb a xn senb T xn senbxf e, 1 )( n n a xn senbxf ( II ) Sendo: aT n dx a xn senxf a dx T xn senxf T b 0 2/ 0 2 2 )( 2 42 )( 4 Resultando em a n dx a xn senxf a b 0 )( 2 . 12 A série apresentada sob a forma da equação “I” constitui o desenvolvimento de meio período par da função “f”. A série apresentada sob a forma da equação “II” seu desenvolvimento de meio período ímpar. Em aplicações práticas deve-se utilizar uma das duas alternativas optando-se por aquela que resulte em maior precisão com o menor número possível de termos. Exercícios propostos: 5 – Determinar os desenvolvimentos de meio período da função f(x) = x2 no intervalo 0 < x < 3. 6 – Determinar o desenvolvimento de meio período par da função: f(x) = 0 para 0 < x < 1 e f(x) = 1 para 1 < x < 2. 7 – Determinar o desenvolvimento de meio período ímpar da função: f(x) = a para 0 < x < 1 e f(x) = 2a para 1 < x < 2. IV.6 - Desenvolvimentos de meio período ímpar para funções de duas variáveis independentes São aplicáveis a problemas bidimensionais de engenharia. Seja uma função “f(x,y)” definida para 0 < x < a e 0 < y < b, sendo “a” e “b” números reais. O desenvolvimento de meio período ímpar que a aproxima no intervalo de definição acima prescrito é definido a partir da série: 11 n mn m b yn sen a xm senByxf ),( 13 Onde o coeficiente de Fourier é dado mediante: b a mn dxdy b yn sen a xm senyxf ba B 0 0 ),( . 4 IV.7 - Desenvolvimentos de meio período ímpar para funções de três variáveis independentes São aplicáveis a problemas tridimensionais de engenharia. Seja uma função “f(x,y,z)” definida nos intervalos definidos por 0 < x < a, 0 < y < b, e 0 < z < c , sendo “a” e “b” e “c” números reais O desenvolvimento de meio período ímpar que a aproxima no intervalo de definição acima prescrito é definido a partir da série: c yn sen b ym sen a xl senBzyxf n lmn ml 111 ),,( Onde o coeficiente de Fourier é dado mediante: c b a lmn dxdydz c zn sen b ym sen a xl senzyxf cba B 0 0 0 ),,( .. 8
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