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�PAGE � �PAGE �13� Métodos Analíticos e Computacionais Modelagem Analítica Capítulo III Séries Numéricas Infinitas III.1 – Introdução Há casos em que a integral indefinida ou primitiva de certa função, de particular interesse, é de difícil obtenção, e, às vezes até mesmo inexistente. Uma solução para suplantar tal entrave, então, seria substituir a função no intervalo de trabalho por uma série de fácil manipulação que forneça valores aproximados. A série é uma entidade matemática representada mediante a soma dos termos de uma seqüência A = {a1, a2, . . ., as}, sendo expressa, portanto, na forma: (III.1) onde os elementos “ai” representam os termos da série e “n” é um número pertencente ao universo dos números naturais, e, constitui sua quantidade total de termos. Se “n” é um número previamente conhecido, então, a série é finita. Caso contrário ela é infinita. Consideremos o propósito de aproximar dada função, figura III.1, por uma série, em determinado intervalo de seu domínio. Nesse caso, uma tolerância de erro deve ser previamente fixada em conformidade com a precisão requerida para o problema em resolução. Se f(xi) e s(xi) são os valores obtidos a partir da utilização da função e da série aproximada, respectivamente, em x = xi, então, a diferença percentual entre esses valores pode ser expressa mediante: (III.2) Figura III.1 – Aproximação de função mediante uma série Para que a série seja adequada para aproximar a função em x = xi, é necessário que em tal ponto, esta diferença seja menor que a tolerância. Ou seja, que: (III.3) Assim, é necessário que o total de termos seja ajustado até o limite em que, a condição expressa mediante a equação III.3, seja atendida. Sob uma abrangência mais ampla, para que a série seja adequada para aproximar a função no intervalo considerado é necessário que em cada um de seus infinitos pontos, o total de termos da série seja ajustado até que se verifique a condição representada pela equação III.3. De um modo geral, o total de termos para que uma série aproxime a função é diferente para cada um dos pontos do intervalo, e, a priori, desconhecido, daí a necessidade de recorrer-se à aproximação por séries infinitas. Além do mais, para representar bem uma função desejada a série tem de ser tal que, por mais que se lhe adicionem novos termos, o valor da soma deve tender para o valor real da função, refletindo a efetividade da série objeto de trabalho. A soma dos termos de uma seqüência formada por uma quantidade finita de termos é de fácil obtenção mediante a aritmética elementar. A soma dos termos de uma seqüência com um total de termos desconhecido, por outro lado, é de obtenção mais complexa, devendo-se, neste caso, recorrer-se ao conceito de convergência de séries numéricas infinitas. Uma série numérica infinita é convergente se, e somente se, a soma da seqüência até o termo de ordem “k” tende para um determinado valor limite, quando “k” cresce progressiva e indefinidamente. Assim, a série de termos A= {a1, a2, . . . , ak, . . .} converge, se . Em outras palavras, a série , é convergente se, e somente se o . Teorema 1: A série associada à seqüência de termos A= {a1, a2, . . . , ak, . . .} só é convergente se . Ou seja, quando se tratar de uma série de termos decrescentes. Há casos, porém, que esta condição é atendida e, entretanto, a série não é convergente, a exemplo da série de termos . É natural que o estudante, ao primeiro contato com o conceito de convergência, encontre dificuldade para aceitar o fato de que, por mais que se lhe adicionem novos termos, ainda assim, o valor da soma mantenha-se limitado a certo valor, e, portanto, coloque em dúvida o conceito envolvendo a efetividade de séries numéricas. Esta celeuma poderá ser sanada a partir da atenção a exemplos de aplicação. III.2 - Teste da razão Uma série de termos “an” é convergente se , onde 0 < c < 1, e, Vale ressaltar que, se c = 1, o teste da razão não é conclusivo. A demonstração da validade do teste da razão encontra-se disponível no texto de qualquer livro de cálculo diferencial e integral. Tal tarefa será evitada neste trabalho em razão de fugir à filosofia do bojo da disciplina para a qual este texto serve de subsídio. Exercícios propostos: 1- Utilizar o teste da razão para verificar a convergência das séries de termos: a - ) ; b - ) ; c - ) ; e, d - ) III.3 - Teste da integral Seja “f” uma função definida, decrescente, positiva . A série é convergente se, e somente se, a integral imprópria , existir. Conforma a conceituação matemática uma função f(x) é: positiva se f(x) > 0 ; definida se f(x) ; e, decrescente se uma vez que x1 < x2 então f(x1) > f(x2). Além do mais, a integral imprópria existe se Por razões idênticas àquelas apresentadas com referência ao este da razão, a demonstração da validade do teste da integral será, propositalmente, omitida. Dentre as condições preliminares para a aplicabilidade do teste da integral a obrigatoriedade de a função ser decrescente não é novidade, pois, ela já foi expressa no teorema 1, da seção III.1, na forma: A condição de que a função correspondente à lei de formação da série seja definida é crucial, pois, tal realidade determina a existência ou não de um termo ou vários termos de tal série. Por exemplo, para a série de termos , a função correspondente à sua lei de formação seria . Observe-se que tal função não é definida para x = 1, de modo que isto inviabilizaria a existência do termo de ordem n = 1. Entretanto, tal realidade não inviabilizaria a série, em absoluto, pois, ela poderia ser iniciada a partir do termo de ordem n = 2. A condição de que a série deve ser de termos, exclusivamente, positivos representa limitação do método, como pode ser constatado a partir do acompanhamento da demonstração de sua validade. Entretanto, mesmo assim, em muitos casos de séries contendo termos negativos, o teste pode ser empregado, auxiliando-o com algumas das propriedades de séries apresentadas na seção III.4. Exercícios propostos: 2-) Utilizar o teste da integral para verificar a convergência das séries de termos: a - ) ; e, b - ) ; c - ) ; e, d - ) . III.4 - Propriedades I - ) Se uma série de termos “an” converge então a série de termos bn = c.an, onde “c” é um número do universo dos números reais, também converge. II - ) Se duas séries de termos “an” e “bn” convergem então as série de termos cn = p.an + q.bn, onde “p” e “q” são números do universo dos números reais, também converge. III - ) Se uma série de termos “an” converge então a série de termos “bn”, tal que bn < an, , também converge. IV - ) Se uma série de termos “an” não converge então a série de termos “bn”, tal que bn > an, , também não converge. III.5 – Aplicações em Problemas de Engenharia III.5.1 - Análise de Flambagem de Colunas Para efeito deste exemplo, considere-se como modelo a coluna apresentada na figura III.2, executada em material dúctil e homogêneo, apresentando imperfeição geométrica local, caracterizada pelo desvio da linearidade, de sorte que seu eixo longitudinal, ainda na condição descarregada, apresenta-se mediante a forma da curva descrita analiticamente a partir do ramo de senóide: (III.4) Onde “a” é o desvio na seção situada a meia altura do elemento estrutural e “L” é seu comprimento. Figura III.2 – Coluna modelo Uma vez o pilar submetido à ação de uma carga axial de intensidade P, uma seção qualquer ao longo de seu eixo longitudinal, que apresenta desvio medindo y = yo, em relação à condição retilínea, será solicitada por um momento fletor cuja intensidade é expressa pela equação:(III.5) O deslocamento horizontal de um ponto arbitrário situado no eixo da coluna, decorrente da ação de tal momento, pode ser obtido mediante a equação diferencial da linha elástica: (III.6) onde "y" representa o deslocamento linear transversal do ponto do eixo longitudinal na seção considerada, "M(x)" é a função que descreve o momento fletor ao longo do eixo do pilar, "E" representa o módulo de elasticidade do material constituinte do pilar e "I" é o momento de inércia da seção em relação a um eixo baricêntrico normal ao plano de flexão. Substituindo-se a expressão para o momento fletor dad mediante a equação III.5, na equação III.6, obtém-se: (III.7) fazendo-se: (III.8) a equação III.7 assume a forma: (III.9) que, uma vez resolvida, resulta em: (III.10) O domínio do problema pode ser caracterizado a partir de: (III.11) Para a coluna modelo objeto de análise, figura III.2, as condições de fronteira são: (III.12) Levando-se estas condições na equação III.10 obtém-se: (III.13) (III.14) De modo que o deslocamento transversal será: (III.15) Uma vez mobilizado este deslocamento, figura III.3, ocorre na seção considerada o acréscimo de momento fletor: (III.16) Tal parcela de momento promove um deslocamento adicional “y2” do eixo da coluna, figura III.3, na seção em análise, que pode ser determinado a partir da resolução da equação diferencial da linha elástica, correlata. Figura III.3 – Deformadas da coluna modelo Considerando-se o acréscimo de momento fletor “M1”, dado mediante a equação III.16, a equação diferencial da linha elástica assume a forma: (III.17) ou: (III.18) para a qual, uma vez adotado procedimento idêntico ao utilizado para determinação da equação III.15, obtém-se a solução particular: (III.19) Na medida em que o processo de carregamento progride ter-se-iam sucessivos acréscimos de deslocamentos que resultam em acréscimos de momentos fletores, dos quais decorre mais acréscimo de deslocamento e assim sucessivamente. A evolução dessa recorrência iterativa pode culminar em duas situações distintas. Em uma delas o deslocamento termina por se estabilizar em um valor finito "δ". Na outra, ter-se-ia o crescimento indefinido do deslocamento transversal, induzindo o elemento estrutural a perder a capacidade para absorver esforços mediante deformações excessivas, caracterizando o conhecido fenômeno de flambagem. Verificando-se a primeira hipótese, observa-se que do instante do carregamento até a configuração de equilíbrio para a carga em análise, ter-se-ia os acréscimos de deslocamentos y1 e y2 como já definidos, seguidos de: ; ;. .; ; (IIII.20) Uma vez que qualquer seção ao longo do eixo do pilar pode ser estudada, para o caso em análise, aquela situada à meia altura pode ser tomada como referência. Assim, para x = L/2, tem-se os acréscimos de deslocamentos: ; ; ; ; . . .; ; ; . . . (III.21) O deslocamento total será: (III.22) e, portanto: (III.23) A expressão III.23 representa uma série numérica infinita de termos . O deslocamento “ ” estabiliza-se em um valor finito, caracterizando a estabilidade da coluna, se tal série convergir. Recorrendo-se ao teorema do teste da razão tem-se: (III.24) (III.25) (III.26) Se “c” for um número real atendendo a 0 < c < 1 a série converge. Ou seja, se: 0 < < 1 (III.27) Observe-se que > 0, pois k > 0. Por outro lado: (III.28) Logo, a coluna mantém-se estável até o limite em que a intensidade da carga solicitante for menor que: , que representa, portanto, a carga crítica de flambagem. Observe-se que é a mesma expressão obtida a partir do procedimento proposto por Euler, constante dos postulados da Resistência dos Materiais ou Mecânica dos Sólidos, apresentada, inclusive, na seção II.2.2 do capítulo II. _1423915325.unknown _1423915510.unknown _1423915667.unknown _1438492308.unknown _1438492523.unknown _1438493273.unknown _1438493991.unknown _1438493998.unknown _1438493315.unknown _1438492561.unknown _1438492348.unknown _1423916079.unknown _1423916124.unknown _1423916158.unknown _1423916165.unknown _1423916193.unknown _1423916151.unknown _1423916099.unknown _1423916114.unknown _1423916082.unknown _1423915769.unknown _1423916060.unknown _1423915682.unknown _1423915592.unknown _1423915622.unknown _1423915637.unknown _1423915596.unknown _1423915533.unknown _1423915572.unknown _1423915522.unknown _1423915387.unknown _1423915434.unknown _1423915471.unknown _1423915486.unknown _1423915458.unknown _1423915397.unknown _1423915409.unknown _1423915394.unknown _1423915365.unknown _1423915374.unknown _1423915382.unknown _1423915369.unknown _1423915348.unknown _1423915353.unknown _1423915332.unknown _1423915275.unknown _1423915301.unknown _1423915313.unknown _1423915321.unknown _1423915309.unknown _1423915291.unknown _1423915296.unknown _1423915284.unknown _1371642538.unknown _1423915226.unknown _1423915267.unknown _1423915271.unknown _1423915262.unknown _1371642971.unknown _1423910016.unknown _1423910791.unknown _1423914962.unknown _1371643087.unknown _1371643133.unknown _1371643044.unknown _1371642854.unknown _1371642913.unknown _1371642596.unknown _1343204486.unknown _1371642438.unknown _1371642481.unknown _1343204492.unknown _1343204228.unknown _1343204482.unknown _1247409765.unknown
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