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PATOLOGIA Definição Pathos: doença, sofrimento Logos: estudo. Estudo das alterações estruturais e funcionais nas células, tecidos e órgãos visando explicar os mecanismos através dos quais surgem os sinais e sintomas das doenças. Patologia Divisão: 1.Patologia Geral: estuda as alterações das células e tecidos. 2.Patologia Sistêmica: estuda as alterações em órgãos e sistemas especializados. Patologia Aspectos abordados das doenças: 1. Causas (etiologia). 2.Mecanismos de desenvolvimento (patogênese). 3.Alterações estruturais (lesões). 4.Conseqüências funcionais (fisiopatologia). Etiologia ou Causa As doenças podem ser causadas por: 1.Agentes intrínsecos ou endógenos: metabólicos ou genéticos 2.Agentes exógenos ou adquiridos: infeccioso, nutricional, químico, físico. Agentes causadores de doenças: 1.Hipóxia e anóxia. 2.Radicais livres. 3. Reações inflamatórias. 4. Alterações metabólicas. 5.Agentes físicos: traumatismos, temperatura, corrente elétrica, radiação, sol, etc. 6.Agentes infecciosos: vírus, bactérias, toxinas. Patogênese É a sequencia de eventos de resposta das células ou tecidos ao agente etiológico, desde o estímulo inicial até a expressão final da doença. Busca conhecer os eventos bioquímicos, imunológicos e morfológicos que levam aos danos apresentados, ou seja, conhecer o mecanismo pelo qual se desenvolve a doença. Alterações Morfológicas São as alterações estruturais ou lesões nas células e nos tecidos que são características das doenças ou levam ao diagnóstico do processo etiológico. Estas alterações podem ser suficientes para indicação de doenças, podem ser sugestivas de doenças ou podem ser gerais. Fisiopatologia Tenta explicar como a natureza das alterações morfológicas e sua distribuição nos diversos órgãos e tecidos influencia a função normal e determina as características clínicas (sinais e sintomas), curso e prognóstico de uma doença. Quando a célula entra em contato com algum estímulo patogênico que ela pode responder por um processo de adaptação celular ou por um processo de lesão celular. Basicamente, a adaptação celular leva a alterações de volume e diferenciação celular. As lesões podem ser de dois tipos: reversíveis e irreversíveis e esse tema também está em uma aula própria. As lesões podem ser classificadas em não letais, letais, alterações intersticiais, distúrbios da circulação sanguínea e linfática e alterações da inervação. Lesão Celular Reversível: Ocorre quando a célula agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. Lesão Celular Irreversível: Ocorre quando a célula torna- se incapaz de recuperar-se mesmo depois de cessada a agressão, caminhando para morte celular, que pode ser por um ou dois possíveis mecânismos: necrose e apoptose. A lesão celular reversível ocorre quando a célula agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. A lesão celular é irreversível quando a célula torna-se incapaz de recuperar- se depois de cessada a agressão, caminhando para a morte celular. Causas de lesão celular 1) Privação de oxigênio (hipóxia ou anóxia) - asfixia, altitudes extremas 2) Isquemia - obstrução arterial. 3) Agentes físicos - trauma mecânico, queimaduras, radiação solar, choque elétrico. 4) Agentes químicos - álcool, medicamentos, poluentes ambientais, venenos, drogas ilícitas. 5) Agentes infecciosos - vírus, bactérias, fungos. 6) Reações imunológicas - doenças auto-imunes, reação anafilática. 7) Defeitos genéticos - anemia falciforme. 8) Alterações nutricionais - obesidade, mal-nutrição. Mecanismos de lesão celular Princípios: 1) A resposta celular depende do tipo da agressão, sua duração e sua intensidade. 2) As conseqüências da agressão à célula dependem do tipo celular, estado e adaptabilidade da célula agredida. 3) As lesões celulares causam alterações bioquímicas e funcionais em um ou mais componentes celulares. a) respiração aeróbia b) membranas celulares c) síntese protéica d) citoesqueleto e) aparato genético da célula Lesão mitocondrial Lesões celulares freqüentemente são acompanhadas por alterações morfológicas das mitocôndrias. As mitocôndrias são lesadas por diversos mecanismos, tais como perda da homeostase do cálcio, cuja concentração aumenta no citosol, stress oxidativo e fragmentação dos fosfolipídios. O aparecimento de poros na membrana mitocondrial pode levar à morte da célula. Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio A homeostase do cálcio é indispensável para a manutenção das funções celulares. A falência da bomba de cálcio promove a sua entrada para a célula e seu acúmulo no citoplasma, além do seu escape das mitocôndrias e do retículo endoplasmático para o citosol. O cálcio promove a ativação de diversas enzimas. Estas enzimas ativadas promovem a inativação do ATP (ATPases), lise das membranas celulares (fosfolipases), lise das proteínas estruturais e das membranas (proteases) e fragmentação da cromatina (endonucleases). Acúmulo de radicais livres do oxigênio Como conseqüência do metabolismo celular normalmente há formação de pequena quantidade de radicais livres, que tem potencial lesivo para as células. Estas possuem mecanismos de defesa que evitam danos por estes radicais livres (vitamina C, catalase, super óxido-dismutases, glutation peroxidase, ferritina, ceruloplasmina). Porém um desequilíbrio neste sistema (aumento da formação e/ou diminuição da inativação) pode levar a lesões celulares. Há diversos mecanismos para formação destes radicais livres: absorção de radiação ionizante, metabolismo de determinadas drogas, geração de óxido nítrico (NO) e outros. As conseqüências desta agressão por radicais livres são diversas, mas as principais são: peroxidação dos lipídios das membranas, oxidação de proteínas e lesões do DNA. Defeitos na permeabilidade das membranas A perda da permeabilidade seletiva das membranas celular, mitocondrial, lisossomal, causa uma série de transtornos à célula, permitindo a entrada ou escape de substâncias. Esta lesão pode ser causada por falta de energia (isquemia) ou por lesão direta por toxinas, vírus, substâncias químicas, fragmentos do complemento, etc. Os mecanismos bioquímicos envolvidos são: disfunção mitocondrial, perda de fosfolipídios das membranas, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres, subprodutos da fragmentação dos lipídios. As lesões celulares irreversíveis levam à morte da célula por um de dois possíveis mecanismos: necrose ou apoptose. MORTE CELULAR: NECROSE E APOPTOSE Pode-se definir necrose como as alterações morfológicas que acontecem após a morte celular em um tecido vivo, devido à ação progressiva de enzimas nas células que sofreram uma lesão letal. A necrose é o correspondente macroscópico e histológico da morte celular causada por uma lesão exógena irreversível. Assim que a célula morre, ela ainda não é necrótica, pois esse é um processo progressivo de degeneração. As células necróticas não conseguem manter a integridade da membrana plasmática, extravasando seu conteúdo e podendo causar inflamação no tecido adjacente A necrose decoagulação acontece caracteristicamente quando da morte celular por hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Nesse tipo de necrose, predomina a coagulação protéica, e tende a acontecer em tecidos com alto teor de proteínas. Os tecidos afetados apresentam uma textura firme. A acidose intracelular desnatura proteínas e enzimas, bloqueando a proteólise celular. Há manutenção da arquitetura básica e contorno das células por, pelo menos, alguns dias. A necrose de liquefação é característica de infecções, pois essas promovem o acúmulo de células inflamatórias; e também da morte por hipóxia do sistema nervoso. Esse tipo de necrose ocorre quando há o predomínio de liquefação enzimática; acontece quando o tecido tem grande teor gorduroso. As células mortas são completamente digeridas e há transformação do tecido em uma massa viscosa. A necrose caseosa é uma forma distinta de necrose de coagulação, encontrada comumente em focos de tuberculose. Esse termo é derivado da aparência branca, semelhante a queijo, da área necrótica. Essa área, nos focos tuberculosos, é cercada por uma borda inflamatória (reação granulomatosa). A necrose gordurosa se refere a áreas de destruição de gordura que ocorre como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas na cavidade abdominal, quando de uma pancreatite aguda, por exemplo. A apoptose é a via de morte celular programada e controlada intracelularmente através da ativação de enzimas que degradam o DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. A membrana celular permanece intacta (o que difere bastante das situações de necrose), com alteração estrutural para que a célula seja reconhecida como um alvo fagocitário. A célula é eliminada rapidamente, de maneira a não dar tempo de o seu conteúdo extravasar. A apoptose acontece tanto em eventos patológicos como em eventos fisiológicos. Morte de células nos processos embrionários; involução dependente de hormônios nos adultos; eliminação celular em populações celulares em proliferação; neutrófilos e outros leucócitos após término de reações inflamatórias ou imunológicas; eliminação de linfócitos auto-reativos potencialmente danosos; morte celular induzida por células T citotóxicas são exemplos de apoptose fisiológica. Já a patológica ocorre principalmente na presença de vírus, estímulos nocivos (como radiação e drogas citotóxicas anticancerosas), atrofia patológica dos órgãos e tumores. A apoptose pode ocorrer por duas vias, Intrínseca e Extrínseca. A via Intrínseca ou Mitocondrial ocorre quando da retirada de fatores de crescimento ou de hormônios, ou quando acontece lesão ao DNA por radiação, toxinas ou radicais livres. Ela é regulada por membros da família Bcl-2, ativando moléculas pró-apoptóticas, como o citocromo c. Além disso, há a participação do gene supressor p53. Tudo isso culmina na ativação de caspases iniciadoras e efetoras, levando às alterações celulares e à morte. A via Extrínseca acontece por meio da interação receptor-ligante, como por exemplo o Faz e o receptor de TNF. Isso ativará uma cascata de proteínas adaptadoras, que também culminará na ativação das caspases. A apoptose pode acontecer após a privação de fatores de crescimento; mediada por danos ao DNA; induzida pela família de receptores do Fator de Necrose Tumoral (TNF) ou mediada pelo linfócito T citotóxico. A apoptose e a necrose por vezes coexistem e compartilham mecanismos e características INFLAMAÇÃO Inflamação aguda É uma resposta rápida aos agentes agressores mandando mediadores de defesa, como leucócitos e proteínas plasmáticas para o local da injúria. A inflamação aguda possui três grandes características: alteração no calibre vascular, que leva ao aumento do fluxo sanguíneo; mudança na estrutura microvascular, que permite que as proteínas do plasma e os leucócitos deixem a circulação; emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da injúria, e sua ativação para eliminar o agente agressor. Alguns estímulos são peculiares à inflamação aguda, como: infecção (bacteriana, viral e parasitológica), toxinas microbianas, trauma, agentes químicos e físicos (queimadura, irradiação), necrose tecidual, corpo estranho, reação imunológica (hipersensibilidade), mudanças vasculares e outras. As mudanças no fluxo vascular e no calibre começam logo após a injúria e podem chegar a diversos níveis dependendo da severidade da injúria. Vasodilatação: a mais rápida manifestação da inflamação aguda. A vasodilatação envolve as arteríolas e resulta numa abertura de novos capilares na área. Também há um aumento no fluxo sanguíneo, que causa calor e vermelhidão. É induzida pela ação de diversos mediadores, como histaminas e óxido nítrico no músculo vascular liso; - Aumento da permeabilidade microvascular com extravasamento de fluido proteico no tecido extravascular; - A perda de fluidos resulta na concentração de células vermelhas nos pequenos vasos e aumento de viscosidade sanguínea = estase; - A estase agrupa leucócitos (neutrófilos) acumulados em todo endotélio vascular. O principal marcador da inflamação aguda é o aumento da permeabilidade vascular, deixando escapar fluidos ricos em proteína (exsudato) para dentro do tecido extravascular. O endotélio se torna mais poroso na inflamação devido a formação de fendas endoteliais nas veias, provocado pela histamina, bradicinina, lucotrienos, substância P, neuropeptídio e diversos outros mediadores químicos. Ocorre rapidamente e tem poucos minutos de duração. A injúria diretamente no endotélio resulta em necrose da célula endotelial e destacamento da mesma (Lentsch, 2000). A injúria endotelial é mediada por leucócitos. Os leucócitos aderem ao endotélio, relativamente rápido na inflamação aguda. Estes ativam enzimas proteolíticas e espécies de oxigênio tóxico que causam injúria endotelial e abrem fendas, resultando em aumento da permeabilidade. Na inflamação aguda esta forma de injúria é restrita aos sítios vasculares (vênulas capilares glomerulares e pulmonares). Durante o reparo novos vasos são formados, esse processo é chamado Angiogênese.
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