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PATOLOGIA 2 001

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PATOLOGIA 
Definição 
 
 
Pathos: doença, sofrimento 
 Logos: estudo. 
 
 Estudo das alterações estruturais e funcionais nas 
células, tecidos e órgãos visando explicar os 
mecanismos através dos quais surgem os sinais e 
sintomas das doenças. 
Patologia 
Divisão: 
1.Patologia Geral: estuda as alterações das células e 
tecidos. 
2.Patologia Sistêmica: estuda as alterações em órgãos e 
sistemas especializados. 
Patologia 
Aspectos abordados das doenças: 
1. Causas (etiologia). 
2.Mecanismos de desenvolvimento (patogênese). 
3.Alterações estruturais (lesões). 
4.Conseqüências funcionais (fisiopatologia). 
Etiologia ou Causa 
As doenças podem ser causadas por: 
1.Agentes intrínsecos ou endógenos: metabólicos ou 
genéticos 
2.Agentes exógenos ou adquiridos: infeccioso, nutricional, 
químico, físico. 
 
Agentes causadores de doenças: 
1.Hipóxia e anóxia. 
2.Radicais livres. 
3. Reações inflamatórias. 
4. Alterações metabólicas. 
5.Agentes físicos: traumatismos, temperatura, corrente 
elétrica, radiação, sol, etc. 
6.Agentes infecciosos: vírus, bactérias, toxinas. 
Patogênese 
 
 
É a sequencia de eventos de resposta das células ou 
tecidos ao agente etiológico, desde o estímulo inicial até a 
expressão final da doença. 
Busca conhecer os eventos bioquímicos, imunológicos e 
morfológicos que levam aos danos apresentados, ou seja, 
conhecer o mecanismo pelo qual se desenvolve a doença. 
Alterações Morfológicas 
 
 
São as alterações estruturais ou lesões nas células e nos 
tecidos que são características das doenças ou levam ao 
diagnóstico do processo etiológico. 
Estas alterações podem ser suficientes para indicação de 
doenças, podem ser sugestivas de doenças ou podem ser 
gerais. 
Fisiopatologia 
 
 
 
 
Tenta explicar como a natureza das alterações 
morfológicas e sua distribuição nos diversos órgãos e 
tecidos influencia a função normal e determina as 
características clínicas (sinais e sintomas), curso e 
prognóstico de uma doença. 
Quando a célula entra em contato com algum estímulo 
patogênico que ela pode responder por um processo de 
adaptação celular ou por um processo de lesão celular. 
Basicamente, a adaptação celular leva a alterações de 
volume e diferenciação celular. 
 
 
As lesões podem ser de dois tipos: reversíveis e 
irreversíveis e esse tema também está em uma aula própria. 
As lesões podem ser classificadas em não letais, letais, 
alterações intersticiais, distúrbios da circulação sanguínea 
e linfática e alterações da inervação. 
Lesão Celular Reversível: Ocorre quando a célula 
agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações funcionais 
e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-se 
quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. 
 
 
Lesão Celular Irreversível: Ocorre quando a célula torna-
se incapaz de recuperar-se mesmo depois de cessada a 
agressão, caminhando para morte celular, que pode ser 
por um ou dois possíveis mecânismos: necrose e apoptose. 
A lesão celular reversível ocorre quando a célula agredida pelo estímulo 
nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, 
recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. 
 
A lesão celular é irreversível quando a célula torna-se incapaz de recuperar-
se depois de cessada a agressão, caminhando para a morte celular. 
 
Causas de lesão celular 
1) Privação de oxigênio (hipóxia ou anóxia) - asfixia, altitudes extremas 
2) Isquemia - obstrução arterial. 
3) Agentes físicos - trauma mecânico, queimaduras, radiação solar, choque 
elétrico. 
4) Agentes químicos - álcool, medicamentos, poluentes ambientais, venenos, 
drogas ilícitas. 
5) Agentes infecciosos - vírus, bactérias, fungos. 
6) Reações imunológicas - doenças auto-imunes, reação anafilática. 
7) Defeitos genéticos - anemia falciforme. 
8) Alterações nutricionais - obesidade, mal-nutrição. 
Mecanismos de lesão celular 
Princípios: 
1) A resposta celular depende do tipo da agressão, sua duração e 
sua intensidade. 
2) As conseqüências da agressão à célula dependem do tipo 
celular, estado e adaptabilidade da célula agredida. 
3) As lesões celulares causam alterações bioquímicas e funcionais em um ou 
mais componentes celulares. 
 a) respiração aeróbia 
 b) membranas celulares 
 c) síntese protéica 
 d) citoesqueleto 
 e) aparato genético da célula 
Lesão mitocondrial 
 
Lesões celulares freqüentemente são acompanhadas por alterações 
morfológicas das mitocôndrias. As mitocôndrias são lesadas por diversos 
mecanismos, tais como perda da homeostase do cálcio, cuja concentração 
aumenta no citosol, stress oxidativo e fragmentação dos fosfolipídios. O 
aparecimento de poros na membrana mitocondrial pode levar à morte da célula. 
 
 
Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio 
 
A homeostase do cálcio é indispensável para a manutenção das funções 
celulares. A falência da bomba de cálcio promove a sua entrada para a 
célula e seu acúmulo no citoplasma, além do seu escape das mitocôndrias 
e do retículo endoplasmático para o citosol. O cálcio promove a ativação de 
diversas enzimas. Estas enzimas ativadas promovem a inativação do ATP 
(ATPases), lise das membranas celulares (fosfolipases), lise das proteínas 
estruturais e das membranas (proteases) e fragmentação da cromatina 
(endonucleases). 
 
Acúmulo de radicais livres do oxigênio 
 
Como conseqüência do metabolismo celular normalmente há formação de 
pequena quantidade de radicais livres, que tem potencial lesivo para as 
células. Estas possuem mecanismos de defesa que evitam danos por estes 
radicais livres (vitamina C, catalase, super óxido-dismutases, glutation 
peroxidase, ferritina, ceruloplasmina). Porém um desequilíbrio neste 
sistema (aumento da formação e/ou diminuição da inativação) pode levar a 
lesões celulares. Há diversos mecanismos para formação destes radicais 
livres: absorção de radiação ionizante, metabolismo de determinadas 
drogas, geração de óxido nítrico (NO) e outros. As conseqüências desta 
agressão por radicais livres são diversas, mas as principais são: peroxidação 
dos lipídios das membranas, oxidação de proteínas e lesões do DNA. 
Defeitos na permeabilidade das membranas 
 
 
 
 
 
 
 
A perda da permeabilidade seletiva das membranas celular, mitocondrial, 
lisossomal, causa uma série de transtornos à célula, permitindo a entrada ou 
escape de substâncias. Esta lesão pode ser causada por falta de 
energia (isquemia) ou por lesão direta por toxinas, vírus, substâncias 
químicas, fragmentos do complemento, etc. Os mecanismos bioquímicos 
envolvidos são: disfunção mitocondrial, perda de fosfolipídios das 
membranas, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres, subprodutos 
da fragmentação dos lipídios. 
 As lesões celulares irreversíveis levam à morte da célula por um de 
dois possíveis mecanismos: necrose ou apoptose. 
MORTE CELULAR: NECROSE E APOPTOSE 
 
 
Pode-se definir necrose como as alterações morfológicas que acontecem após 
a morte celular em um tecido vivo, devido à ação progressiva de enzimas nas 
células que sofreram uma lesão letal. 
 
A necrose é o correspondente macroscópico e histológico da morte celular 
causada por uma lesão exógena irreversível. Assim que a célula morre, ela 
ainda não é necrótica, pois esse é um processo progressivo de degeneração. 
As células necróticas não conseguem manter a integridade da membrana 
plasmática, extravasando seu conteúdo e podendo causar inflamação no 
tecido adjacente 
A necrose decoagulação acontece caracteristicamente quando da morte 
celular por hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Nesse tipo de 
necrose, predomina a coagulação protéica, e tende a acontecer em tecidos 
com alto teor de proteínas. Os tecidos afetados apresentam uma textura 
firme. A acidose intracelular desnatura proteínas e enzimas, bloqueando a 
proteólise celular. Há manutenção da arquitetura básica e contorno das 
células por, pelo menos, alguns dias. 
A necrose de liquefação é característica de infecções, pois essas promovem o 
acúmulo de células inflamatórias; e também da morte por hipóxia do sistema 
nervoso. Esse tipo de necrose ocorre quando há o predomínio de liquefação 
enzimática; acontece quando o tecido tem grande teor gorduroso. As células 
mortas são completamente digeridas e há transformação do tecido em uma 
massa viscosa. 
A necrose caseosa é uma forma distinta de necrose de coagulação, encontrada 
comumente em focos de tuberculose. Esse termo é derivado da aparência 
branca, semelhante a queijo, da área necrótica. Essa área, nos focos 
tuberculosos, é cercada por uma borda inflamatória (reação granulomatosa). 
A necrose gordurosa se refere a áreas de destruição de gordura que ocorre 
como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas na cavidade 
abdominal, quando de uma pancreatite aguda, por exemplo. 
A apoptose é a via de morte celular programada e controlada intracelularmente 
através da ativação de enzimas que degradam o DNA nuclear e as proteínas 
citoplasmáticas. A membrana celular permanece intacta (o que difere bastante 
das situações de necrose), com alteração estrutural para que a célula seja 
reconhecida como um alvo fagocitário. A célula é eliminada rapidamente, de 
maneira a não dar tempo de o seu conteúdo extravasar. 
A apoptose acontece tanto em eventos patológicos como em eventos 
fisiológicos. 
Morte de células nos processos embrionários; 
involução dependente de hormônios nos adultos; 
eliminação celular em populações celulares em proliferação; 
neutrófilos e outros leucócitos após término de reações inflamatórias ou 
imunológicas; 
eliminação de linfócitos auto-reativos potencialmente danosos; 
morte celular induzida por células T citotóxicas são exemplos de apoptose 
fisiológica. 
Já a patológica ocorre principalmente na presença de vírus, estímulos nocivos 
(como radiação e drogas citotóxicas anticancerosas), atrofia patológica dos 
órgãos e tumores. 
 
A apoptose pode ocorrer por duas vias, Intrínseca e Extrínseca. 
 
A via Intrínseca ou Mitocondrial ocorre quando da retirada de fatores de 
crescimento ou de hormônios, ou quando acontece lesão ao DNA por radiação, 
toxinas ou radicais livres. Ela é regulada por membros da família Bcl-2, 
ativando moléculas pró-apoptóticas, como o citocromo c. Além disso, há a 
participação do gene supressor p53. Tudo isso culmina na ativação de caspases 
iniciadoras e efetoras, levando às alterações celulares e à morte. A via 
Extrínseca acontece por meio da interação receptor-ligante, como por exemplo 
o Faz e o receptor de TNF. Isso ativará uma cascata de proteínas 
adaptadoras, que também culminará na ativação das caspases. A apoptose pode 
acontecer após a privação de fatores de crescimento; mediada por danos ao 
DNA; induzida pela família de receptores do Fator de Necrose Tumoral (TNF) 
ou mediada pelo linfócito T citotóxico. A apoptose e a necrose por vezes 
coexistem e compartilham mecanismos e características 
INFLAMAÇÃO 
Inflamação aguda 
 
É uma resposta rápida aos agentes agressores mandando mediadores de 
defesa, como leucócitos e proteínas plasmáticas para o local da injúria. 
 
A inflamação aguda possui três grandes características: alteração no calibre 
vascular, que leva ao aumento do fluxo sanguíneo; mudança na estrutura 
microvascular, que permite que as proteínas do plasma e os leucócitos deixem 
a circulação; emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no 
foco da injúria, e sua ativação para eliminar o agente agressor. 
Alguns estímulos são peculiares à inflamação aguda, como: infecção 
(bacteriana, viral e parasitológica), toxinas microbianas, trauma, agentes 
químicos e físicos (queimadura, irradiação), necrose tecidual, corpo estranho, 
reação imunológica (hipersensibilidade), mudanças vasculares e outras. 
 
As mudanças no fluxo vascular e no calibre começam logo após a injúria e 
podem chegar a diversos níveis dependendo da severidade da injúria. 
Vasodilatação: a mais rápida manifestação da inflamação aguda. 
 
A vasodilatação envolve as arteríolas e resulta numa abertura de novos 
capilares na área. Também há um aumento no fluxo sanguíneo, que causa calor 
e vermelhidão. É induzida pela ação de diversos mediadores, como histaminas e 
óxido nítrico no músculo vascular liso; 
 
- Aumento da permeabilidade microvascular com extravasamento de fluido 
proteico no tecido extravascular; 
 
- A perda de fluidos resulta na concentração de células vermelhas nos 
pequenos vasos e aumento de viscosidade sanguínea = estase; 
 
- A estase agrupa leucócitos (neutrófilos) acumulados em todo endotélio 
vascular. 
 
O principal marcador da inflamação aguda é o aumento da permeabilidade 
vascular, deixando escapar fluidos ricos em proteína (exsudato) para dentro 
do tecido extravascular. 
O endotélio se torna mais poroso na inflamação devido a formação de fendas 
endoteliais nas veias, provocado pela histamina, bradicinina, lucotrienos, 
substância P, neuropeptídio e diversos outros mediadores químicos. Ocorre 
rapidamente e tem poucos minutos de duração. A injúria diretamente no 
endotélio resulta em necrose da célula endotelial e destacamento da mesma 
(Lentsch, 2000). 
 
A injúria endotelial é mediada por leucócitos. Os leucócitos aderem ao 
endotélio, relativamente rápido na inflamação aguda. Estes ativam enzimas 
proteolíticas e espécies de oxigênio tóxico que causam injúria endotelial e 
abrem fendas, resultando em aumento da permeabilidade. Na inflamação aguda 
esta forma de injúria é restrita aos sítios vasculares (vênulas capilares 
glomerulares e pulmonares). 
 
Durante o reparo novos vasos são formados, esse processo é chamado 
Angiogênese.

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