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1 !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& !"#$%#&'( !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 21 / % $" ! " -, 0 !1+("!2-#,345&&$3! "!,!"#$%$&'(!)*+ Nesta unidade, estudaremos a abordagem clássica da Administração que se subdivide em duas partes: Administração Científica e Teoria Clássica. Na primeira, estudaremos as origens e a biografia de Frederick W. Taylor, os fundamentos da Administração Científica e seus princípios, as contribuições da Administração Científica, a organização racional do trabalho, as experiências de Henry Ford e as principais idéias e críticas. Na segunda, seremos apresentados à biografia e às contribuições de Henri Fayol, às seis funções da empresa e funções administrativas, à definição de administração, à importância relativa das diversas capacidades do pessoal das empresas, aos princípios gerais de administração, aos elementos da administração, às principais idéias e críticas. +16-'$7+,"!,/%$"!"-8 • Identificar as condições que possibilitaram o surgimento da Administração Científica, seus fundamentos e suas contribuições. .4!%+,"!,/%$"!"-8 • A Administração Científica. • Principais críticas dirigidas a Teoria da Administração Científica. • Idéias novas trazidas pela Teoria Administração Científica. • A Teoria Clássica – Fayolismo. • Principais críticas dirigidas a Teoria Clássica. • Idéias novas trazidas pela Teoria Clássica. Bons estudos! /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 22 !"#$%$&'(!)*+,3$-%':;$3! +<=>?@A A Administração Científica é considerada a primeira abordagem da Teoria Geral da Administração. Sua origem se localiza no conjunto das experiências obtidas de trabalhos efetivos, acompanhadas de estudos mediante ao emprego de métodos empíricos sobre a realização do trabalho, em algumas fábricas americanas, nas quais Taylor prestou trabalho durante, praticamente, toda uma vida. A força impulsionadora desse esforço foi a de reduzir a improvisação e o desperdício nas fábricas, trazendo o conseqüente benefício para empregadores e empregados. Segundo Silva (1974), ao relatar algumas palavras de Taylor no último discurso de sua vida “o aumento da riqueza real do mundo... O aumento da felicidade do mundo... O advento de menos horas de trabalho, a oportunidade de melhor educação e mais recreação, de cultura artística, de música, de tudo enfim que torna a vida digna de ser vivida se relaciona com o aumento de produção do indivíduo”. Vejamos, agora, uma breve biografia de Taylor, um dos pioneiros da Administração. 'BCDE< Em 1874, aos 18 anos, Taylor empregou-se como aprendiz em uma pequena fábrica de bombas de água, em Filadélfia, de onde saiu torneiro mecânico. Mais tarde, fez carreira de engenheiro-chefe na Midvale Stell Company. Entre 1883 e 1890, nosso pioneiro colou grau de Engenheiro Mecânico e deixou a Midvale para trabalhar de diretor-geral da Manufacturing Investment Company, empresa que explorava em larga escala a indústria de papel. Três anos mais tarde, assumiu a profissão de systematizer, da qual foi criador e primeiro titular. Nessa qualidade de systematizer, Taylor foi contatado pela Bethlehem Steel Company, que estava interessada no seu sistema de administração industrial e no seu método de cortar metais. Em 1901, Taylor , resolveu dedicar sua vida à propagação gratuita de seu sistema de administração. Até a morte, Taylor não recebeu qualquer remuneração pelos discursos e conferências que pronunciou, artigos e livros que escreveu, reuniões em sua própria casa, em estabelecimentos industriais e em escolas e universidades a que compareceu para explicar os fundamentos do seu sistema. Como última homenagem, em sua sepultura, em Philadelphia, gravaram a inscrição ‘Frederick Winslow Taylor – Pai da Administração Científica’. Mas por que Frederick Winslow Taylor pode ser considerado o ‘Pai da Administração Científica’? De que forma, esse homem contribuiu para a nossa Administração? Veremos, então! As contribuições de Taylor para a Administração dividiram-se em dois períodos. 7!#+&, (-;4-'$( !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 23 .($#-$(+,.-(:+"+,"-,3+%'($1/$)F-&,"-,;(-"-($3G,H$%&4+H,'!I4+( Segundo Chiavenato (1999), o primeiro período corresponde à época da publicação do seu livro, Shop Management (Administração de Oficinas), em 1903, no qual se preocupa com as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos (motion-time Study). Taylor começou seu trabalho, junto com os operários, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho, aperfeiçoando-os e racionalizando-os gradativamente. Podemos citar como contribuições de Taylor: 1. O objetivo da Administração é pagar salários altos e ter baixos custos de produção. Para alcançar esse objetivo, a Administração deve aplicar métodos científicos e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações, os empregados devem ser cientificamente colocados em serviços com materiais e condições de trabalho adequados, para que as normas possam ser cumpridas e devem ser treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar uma tarefa para cumprir uma produção normal. “... uma atmosfera de cooperação entre Administração e trabalhadores para garantir esse ambiente psicológico”. Claude (1968) A atuação de Taylor foi pioneira e ainda hoje muitos de seus princípios são utilizados por inúmeras empresas, apesar de ser a teoria mais severamente criticada, dentre todas as outras, conforme abordaremos mais adiante. &-2/%"+,.-(:+"+,"-,3+%'($1/$)F-&,"-,;(-"-($3G,H$%&4+H,'!I4+( Para Chiavenato (1999), o segundo período se dá em 1911, com a publicação do livro Princípios de Administração Científica, quando Taylor concluiu que a racionalização do trabalho operário deve ser acompanhada de uma estruturação geral da empresa para tornar coerente a aplicação de seus princípios. Foi nesse período que se desenvolveu os seus estudos sobre a Administração Geral, denominada Administração Científica, sem deixar de se preocupar com a tarefa do operário. Taylor não parou por aí! Para ele, a Administração Científica tinha 7 fundamentos: 1. O objetivo principal da administração deve ser o de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, ao empregado; 2. Identidade de interesses de empregadores e empregados - A Administração Científica tem, por seus fundamentos, a certeza de que os verdadeiros interesses de ambos são que a prosperidade do empregador não pode existir, por muitos anos, se não for acompanhada da prosperidade do empregado e vice- versa, e que é preciso dar ao trabalhador e ao empregador o que eles mais desejam. Ao primeiro, altos salários e, ao segundo, baixo custo de produção; Racionalização – tornar ra- cional; tornar mais eficien- te, aperfeiçoar (processos, métodos) para que se evitem perda de tempo e desperdí- cios. AMORA, Soares. Minidicionário da Língua Por- tuguesa. Desta forma, percebemos que a abordagem de Taylor foi direcionada para o “fazer” e não fundamentalmente para a administração que se processa nos escritórios, aquela que se ocupa com a área comercial (termo da época), financeira, Adminis- tração de Pessoal, etc., con- forme se ocuparão os estu- diosos das próximas teorias da Administração. /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 24 Diante do que você leu acima, você concorda com Taylor? Sim? Não?... Então, vou deixar a pergunta para mais tarde e vamos em frente! 3. Influência da produção na prosperidade de empregadores e empregados - O objetivo mais importante para ambos deve ser a formação e o aperfeiçoamento do pessoal da empresa, de modo que os homens possam executar em ritmo mais rápido e com maior eficiência os tipos mais de trabalho, de acordo com suas aptidões naturais; 4. Vadiagem no trabalho - O trabalhador, às vezes, faz menos do que realmentepoderia – e isso vale também para a produção. Não mais do que um terço ou metade de um dia de trabalho é eficientemente preenchido; 5. Ignorância dos Administradores sobre o tempo necessário para a execução dos serviços – O patrão ignorante, em relação ao tempo para realizar os trabalhos, auxilia o operário no objetivo de diminuir suas possibilidades de produção; 6. Substituição dos Métodos Empíricos por Métodos Científicos – Em cada operação, dentre os vários instrumentos utilizados, existe sempre um melhor e mais rápido do que os demais. Para Taylor, esse fundamento significa substituir a improvisação por métodos científicos. Você concorda com ele? 7. Divisão do trabalho entre a gerência e os trabalhadores - A administração pode e deve planejar e executar muitos trabalhos dos quais os operários são encarregados. Os atos dos trabalhadores devem ser precedidos de atividades preparatórias que os habilitem a fazer seus trabalhos mais rápido e melhor. Cada homem deve ser instruído diariamente e receber o auxílio cordial de seus superiores, ao invés de ser coagido ou, em situação oposta, entregue à sua própria inspiração. A fim de que o trabalho seja feito de acordo com leis científicas, é necessário melhor divisão de responsabilidades entre a direção e o trabalhador. 7!#+&, (-;4-'$( 7!#+&, (-;4-'$( !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 25 -;-$'+&,"!, !"#$%$&'(!)*+,3$-%':;$3! Não apresentamos aqui panacéia para resolver todas as dificuldades da classe obreira e dos patrões. Como certos indivíduos nascem preguiçosos e ineficientes e outros ambiciosos e grosseiros, como há o vício e crime, também sempre haverá pobreza, miséria e infelicidade. Nenhum sistema de administração, nenhum expediente sob controle de um homem ou grupo de homens pode assegurar prosperidade permanente a trabalhadores e patrões. A prosperidade depende de muitos fatores, inteiramente livres de controle de grupo humano, Estado ou Nação, e assim todos passam inevitavelmente por certos períodos e devem sofrer um pouco. Sustentamos, entretanto, que sob a administração científica, fases intermediárias serão muito mais prósperas, felizes e livres de discórdias ou dissensões. Também períodos de infortúnios serão em menor número, mais curtos e menos atrozes. E isso se tornará particularmente verídico no país, região ou Estado que em primeiro lugar substituir a administração empírica pela administração científica. O autor está plenamente convencido de que esses princípios tornar- se-ão de uso geral, no mundo civilizado, mais cedo ou mais tarde e, quanto mais cedo, tanto melhor para todos. (Taylor) .($%3:.$+&,"-, !"#$%$&'(!)*+,3$-%':;$3!,+/,!"#$%$&'(!)*+,"!& '!(-;!& Veja o quadro a seguir: a proposta da Administração Científica de Taylor para substituir a Administração Tradicional (Iniciativa e Incentivo). -J-#.4$;$3!%"+ /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 26 Em relação ao estudo dos tempos e movimentos da tabela acima, Taylor, em suas experiências, atentou para dois percentuais: do período de tempo que o trabalhador pode carregar peso e do período de tempo que ele deve ficar livre, sem carregar peso. A essa constatação, ele deu o nome de “Lei da Fadiga”, o que veremos mais detalhadamente adiante. +/'(!&, 3+%'($1/$)F-&,"!,!"#$%$&'(!)*+,3$-%':;$3! A Administração Científica não tem contribuições apenas de Taylor, considerado pioneiro e o seu maior expoente, mas de outros estudiosos e também pioneiros da Teoria Geral da Administração. É da Administração Científica que recebemos os estudos e as publicações sobre a organização e racionalização do trabalho. Se pesquisarmos em Chiavenato (1999) veremos que a Organização Racional do Trabalho (ORT) baseia-se em alguns aspectos: 1º - Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos Devemos encontrar de 10 a 15 trabalhadores de várias empresas e diferentes regiões com habilidade para o trabalho que será analisado. Depois, estudar as operações ou movimentos que cada homem empregará ao executar o trabalho, como também os instrumentos usados e, com o cronômetro de parada automática, verificar o tempo utilizado para cada movimento e, então, escolher os meios mais rápidos de realizar as fases do trabalho. Ao final, eliminamos todos os movimentos falhos, lentos e inúteis, afastamos os movimentos desnecessários e reunimos em um ciclo os movimentos melhores e mais rápidos, assim como os melhores instrumentos. Para esse autor os objetivos de tempos e movimentos são: • eliminação do desperdício; • adaptação dos operários à tarefa; • treinamento dos operários; • especialização do operário; • estabelecimento de normas de execução do trabalho. Os estudos de tempo e movimento encontram em Frank Bunker Gilbreth (1868-1924), engenheiro americano, e sua esposa Lilian Gilbreth os seus maiores expoentes. 2º - Estudo da fadiga (Lei da fadiga ou do trabalho penoso) Taylor deu início ao estudo do esforço humano de modo a obter o que denominou de lei da fadiga. A fadiga é o cansaço do trabalhador resultante da realização de esforço em relação a um trabalho penoso. Ele procurou mostrar isso após alguns tipos de experiências com trabalhadores, carregando cargas com determinados pesos, 45Kg e 22kg, e os respectivos percentuais do tempo de um dia de trabalho no qual o trabalhador deveria trabalhar e descansar respectivamente. !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 27 Taylor, Gilbreth e outros estudiosos da Administração Científica, deram o passo inicial para o desenvolvimento da moderna ergonomia - ciência responsável pela adaptação do trabalho ao homem, ao contrário da Administração Científica, que procurava adaptar o homem ao trabalho. 3º - Divisão do trabalho e especialização do trabalhador Como planejar a execução da tarefa para redução de custo e aumento de produtividade? A forma mais econômica é mediante a divisão do trabalho, visando o aumento da eficiência mediante a especialização, em cada operação mecânica, precedida de vários estudos preparatórios realizados por outros homens. Conseqüentemente, o trabalhador perde a autonomia, a liberdade e a iniciativa para escolher o método de realizar o trabalho e passa a executá- lo de forma mecânica e repetitiva, por isso o trabalhador submetido a essa condição passou a ser denominado de homem-máquina. Um trabalho inteiro passa a ser fragmentado em partes para ser realizado por operações ou tarefas manuais, simples e repetitivas (monótonas). Assistiu ao filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin? Não? Pois, então, recomendo que assista. Você verá a grande crítica feita através desse filme e identificará o que acabamos de ler. &/2-&'*+,"-,;$4#- /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 28 4º - Desenho (design) dos cargos e tarefas O estudo de racionalização em relação aos cargos se inicia sobre o modo como o cargo é desempenhado para se chegar ao modo com que ele deve ser desempenhado. Taylor foi o primeiro a realizar tentativas para estabelecer racionalmente os cargos e as tarefas. Em seguida, ele passa a conceituar e apontar as principais vantagens da racionalização dos desenhos dos cargos: • Admissão de empregados com qualificações e salários mínimos, a fim de diminuir os custos de produção; • Baixar os custos de treinamento; • Diminuição de erros na execução e dos refugos e rejeições; • Facilidade de supervisão, melhor controle de um número maior de subordinados; • Aumento da eficiência do trabalhador e, conseqüentemente, maior produtividade. Podemos acrescentar aqui outras vantagens: • Facilidade de balanceamento das cargas (pelo estudo da fadiga); • Redução dos riscos dos acidentes de trabalho pela redução de atos inseguros. 5º - Incentivos salariais e prêmios de produção A partir de uma quantidade média de produção padronizada, ultrapassada, o trabalhador receberia um pagamento adicional, “um prêmio” pelaeficiência, além do pagamento normal pelo dia de trabalho. 6º - Conceito de homo economicus Aqui, o homem seria motivado a trabalhar por causa da fome e da necessidade de dinheiro para viver. Assim, um pagamento adicional e os prêmios de produção influenciariam muito os esforços de cada trabalhador na sua tarefa, fazendo com que ele se envolvesse cada vez mais na produção. Esta visão de ‘o homem econômico’ via no operário da época, um indivíduo limitado, preguiçoso e culpado pelo desperdício das empresas. 7ª - Condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto, etc. Taylor, juntamente com seus seguidores, verificou que a eficiência dos trabalhadores não se concentra somente no incentivo salarial, mas também em um conjunto de condições trabalhistas que garantam o bem-estar físico e diminuam a fadiga do trabalhador. Essas condições de trabalho seriam: • Instrumentos e ferramentas adequados ao trabalho, minimizando, assim, o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa; Cargo: conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica e repetitiva. Tarefa: é toda e qualquer ati- vidade executada por uma pessoa no seu trabalho.É a menor unidade dentro da di- visão do trabalho em uma organização. Desenhar um cargo é especi- ficar seu conteúdo (tarefas), métodos de executar as ta- refas e as relações com os demais cargos existentes. !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 29 • Distribuição espacial das máquinas e equipamentos em geral, objetivando melhores fluxos de produção; • Um ambiente físico de trabalho com menos ruído, maior ventilação, boa iluminação; • Instrumentos e equipamentos especiais, a fim de reduzir movimentos desnecessários. 8ª - Padronização de métodos e de máquinas Como você já deve saber, padronização vem de padrão e este é uma medida, um critério a ser adotado. Aqui, falamos em padronização das máquinas e equipamentos, instrumentos de trabalho, matérias primas, etc., a fim de reduzir a diversidade no processo produtivo e, por conseguinte, eliminar o desperdício, aumentando a eficiência. 9ª - Supervisão funcional Taylor também propunha a supervisão funcional, ou seja, diversos supervisores, cada um especializado em determinada área, possuindo, assim, autoridade funcional. Encerramos aqui o estudo das contribuições da Administração Científica. Mas será que já aprendemos tudo sobre essa administração? Claro que não! Uma Administração Científica não se faz assim, da noite para o dia, e nem somente de contribuições. Precisamos empregar princípios para colocar tudo isso em prática. E já que falamos em princípios... que tal falarmos um pouco sobre eles agora? +&, .($%3:.$+&,"!,!"#$%$&'(!)*+,3$-%':;$3! Segundo Chiavenato (1999), a Administração Científica possui alguns princípios, dos quais veremos abaixo. 1º - Princípio do planejamento Substituir o critério individual do operário, a improvisação, a atuação empírico-prática pelos métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência, por meio do planejamento dos métodos. 2º - Princípio de preparo (Aplicação do método racional) Seleção e aperfeiçoamento científico do trabalhador, selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões, e prepará- los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Além do preparo da mão de obra, também as máquinas e equipamentos de produção, o arranjo físico e a disposição racional das ferramentas e materiais. 3º - Princípio do Controle Controlar o trabalho para certificar que está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e o plano previsto. 4º - Princípio da execução Distribuir as atribuições e as responsabilidades, para que execução do trabalho seja feito pelos operários. Padronização é a aplicação de padrões em uma organi- zação ou sociedade para obter a uniformidade e re- duzir os custos. /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 30 Até aqui estudamos a Administração Científica, sob o ponto de vista de um dos seus precursores – Taylor. Daqui em diante, continuaremos o nosso conteúdo, agora sobre o prisma de Henry Ford, o ‘Pai da produção em série’. KL0L,M-%(I,;+(",NKOPQ9KRSTU !&,-J.-($V%3$!&,"-,M-%(I,;+(" Por ter nascido em fazenda, Henry se preocupava em encontrar meios de melhorar os transportes, “o carro sem cavalos”, tendo como acontecimento mais importante de sua vida ter encontrado um locomóvel, em 1875, na estrada de Detroit. Essa máquina o encantou desde o início e o levou a estudar carros automotores. Aos dezessete anos Henry deixou a escola e ingressou nas oficinas Drydock como aprendiz. Apesar da dificuldade, conseguiu diplomar- se em mecânico. Em 1879, Ford passou a trabalhar na Westinghouse Company, como técnico de montagem e consertos de locomóveis, mas não se agradou muito, por causa do peso e custo das máquinas, que só os grandes fazendeiros poderiam adquirir. Na condição de mecânico produziu, em 1893, o seu primeiro automóvel, “um calhambeque à gasolina”. Ele era barulhento, assustava os animais, congestionava o trânsito graças à curiosidade que causava e aos problemas com os agentes de polícia. Foi o primeiro e durante muito tempo o único automóvel de Detroit. Tendo percorrido nele 1.500 quilômetros, Henry depois o vendeu por 200 dólares. Henry Ford examinou um carro alemão, Benz, exposto em Nova York em 1895, mas não constatou nenhum aperfeiçoamento interessante, também usava correias e era pesado. Sendo assim, no ano seguinte, construiu seu segundo carro muito parecido com o primeiro, porém mais leve, ainda com correias como meio de transmissão. Alguns anos mais tarde Ford fundou sua primeira fábrica, que não deu certo. Mas ele não desistiu, continuou tentando e fazendo suas pesquisas, quando em 1903 fundou a Motor Company, visando fabricar e vender carros a preços ao alcance da população. Estabeleceu o “sistema de vendas Ford” e o “serviço Ford”. Os carros adquiriam fama de resistentes, firmes, bem construídos. A fábrica produzia algumas peças, mas, na verdade, era uma atividade de montagem. Seu fundador trabalhava com a idéia de fabricar um modelo universal. De 1905 a 1906 fabricavam-se somente dois modelos de carros: um de 4 cilindros de 2.000 dólares e outro destinado ao turismo por 1.000 dólares. Em 1907, tendo adquirido a maioria das ações, Ford decidiu mudar o rumo dos negócios: parou de fabricar o carro de turismo, fabricou um carro !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 31 de 600 dólares e outro de 750 dólares. Conseguiu vender 8.423 carros, significando 20% apenas das melhores vendas anteriores. A partir dessa experiência, ele resolveu fabricar somente um modelo. Foram vendidos 10.000 carros e adquiriu-se um novo espaço para a construção de uma nova fábrica, introduzindo-se a Linha de produção. Entre 1910 e 1911, já com as novas instalações de produção, foram vendidos 34.528. A partir daí se iniciou uma sistemática redução de preços. Em 1914 estabeleceu o salário mínimo de 5 dólares por dia de oito horas, quando na maioria dos países, a jornada era de 10 a 12 horas, com salários muito mais baixos. Desculpe interromper seu raciocínio um instante, mas o que você achou, especialmente, sobre o parágrafo acima? Ford estabeleceu um salário mínimo de 5 dólares por 8 horas de trabalho, enquanto que em outros países a jornada era de 10 a 12 horas e os salário bem mais baixos. Será que ele era ‘bonzinho’ (com todo o respeito)? Ou será uma tática para incentivar seus funcionários? Deixarei essas e outras perguntas para você responder! Continuemos então! Segundo Moitinho (1961), em 1915, saiu das fábricas de Ford um milhão de carros, observando ainda os desempenhos em relação aos anos de 1926 a 1928. Em 1926 possuía 88 usinas Ford e empregava entre homens e mulheres mais de 150 mil pessoas, fabricando dois milhões de carros por ano; já em 1927foi encerrada a fabricação do “modelo T” (Ford de bigode) e em 1928, nos primeiros dias do ano, foi lançado o “modelo A”, que iniciava uma nova fase dos carros da Ford. Curiosidade: No período de 1927 a 1930, Henry Ford desejando livrar-se do monopólio inglês da borracha, decidiu investir no cultivo da seringueira para a obtenção do látex na Amazônia brasileira, no Pará, às margens do Rio Tapajós. Para essa finalidade construiu uma vila com o nome de Fordlândia, que chegou a atrair mais de duas mil pessoas. Entretanto, esse projeto foi abandonado pela Ford em virtude de uma praga que atacou as folhas das seringueiras. A vila Fordlândia deu lugar à cidade de Belterra, que ainda guarda várias memórias daquela época, devido ao estilo arquitetônico das casas e objetos trazidos dos EUA. Atualmente, constitui-se numa área de turismo para a região. Enquanto Taylor, Gilbreth, Anderson, Gantt e outros realizavam estudos na condição de empregados em empresas industriais, Henry Ford pôde exercitar a Administração na condição de empreendedor, tendo que, antes de tudo, criar um produto viável para o mercado. Sendo assim, ele pôde nos transmitir informações mais gerais do que as experiências obtidas apenas no espaço da fábrica. Todas essas informações desse item foram extraídas de forma resumida do Livro de Henry Ford. Princípios da Prosperidade. Rio de Janeiro: Editora BRAND, 1954, volume único, contendo seus três livros: Minha Vida e Minha Obra; Hoje e amanhã e Minha Filosofia de Vida, especificamente do Livro Minha Vida e Minha Obra. 7!#+&, (-;4-'$( /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 32 +&,'(V&,.($%3:.$+&,15&$3+&,"-,;+(" Henry Ford tinha três princípios: de intensificação, economicidade e produtividade. O primeiro trata da diminuição do tempo de duração com o emprego dos equipamentos e matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado; o segundo fala sobre a redução do estoque da matéria-prima em transformação. A intenção é que a velocidade da produção seja rápida, tão rápida que o produto seja pago à empresa antes mesmo do pagamento da matéria-prima; e o terceiro princípio preza pelo aumento da capacidade de produção do operário por meio da especialização e da linha de montagem. Assim, empresa e operário ganham. Apesar de tudo isso, algumas cr í t icas foram dir ig idas à Administração Científica. Aliás, em todos os aspectos, temos que ver as vantagens e desvantagens, ouvir os aplausos e as críticas. Então, vamos lá! !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 33 3(:'$3!&, "$($2$"!&, W, '-+($!, "!, !"#$%$&'(!)*+, 3$-%':;$3! Segundo Chiavenato (1999), as críticas são as seguintes: • Mecanicismo da Administração Científica Embora a organização seja constituída de pessoas deu-se pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como um “arranjo rígido e estático de peças” Katz & Kan (1970), ou seja, assim como construímos uma máquina dentro de uma série de peças e especificações, também construímos uma organização de acordo com um projeto. Daí, a denominação “a teoria da máquina”. Worthy (1950). Não só para a Administração Científica, mas para toda a Teoria Clássica da Administração. • Superespecialização do operário [...] “à medida que as tarefas vão se fracionando, a maneira de executá-las torna-se padronizada”. Katz & Kan (1979). “Essas formas de organização de tarefas não apenas privam os trabalhadores de satisfação no trabalho, mas, o que é pior, violam a dignidade humana”. Scott (1962). O filme Tempos Modernos, que recomendei a você anteriormente, retrata pitorescamente as agruras do operário americano robotizado pela extrema especialização de tarefas e pelo excesso de padronização dentro das fábricas. • Visão microscópica do homem [...] refere-se ao homem como empregado tomado individualmente, ignorando que o trabalhador é um ser humano e social. • Ausência de comprovação científica [...] pretende elaborar uma ciência, sem, todavia, apresentar comprovação científica das suas proposições e princípios. Os engenheiros americanos utilizaram pouquíssima pesquisa e experimentação científica para comprovar suas teses. Os aspectos mais importantes referem-se ao como e não ao porquê da ação do operário. • Abordagem incompleta da organização [...] é considerada uma abordagem incompleta, parcial e inacabada, por se restringir apenas aos aspectos formais da organização, omitindo completamente a organização informal e, principalmente, os aspectos humanos da organização [...] é também criticada por limitar-se aos problemas da fábrica, omitindo as demais áreas e partes da organização. • Limitação do campo de aplicação As observações de Taylor e seguidores foram limitadas a problemas de produção na fábrica não considerando os demais aspectos da vida da empresa, como financeiros, comerciais, etc. /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 34 • Abordagem prescritiva normativa [...] visualizava a organização como ela deveria funcionar, ao invés de explicar o seu funcionamento. [...] procura padronizar situações para poder padronizar a maneira como elas deverão ser administradas. • Abordagem do sistema fechado [...] visualiza as empresas como se elas existissem no vácuo ou como se fossem entidades autônomas, absolutas e hermeticamente fechadas a qualquer influência vinda de fora delas. Diante das críticas dirigidas à Administração Científica, devemos proceder com cautela e considerar determinadas condições econômicas, sociais e de concorrência da época eram diferentes das condições atuais. Também devemos considerar a Teoria Clássica, que teve um foco importante na busca pelo aumento da produtividade na empresa. Após a Administração Científica, praticamente não surgiu nenhuma teoria com proposta para aumento da produtividade e eliminação dos desperdícios. A busca pelo aumento da produtividade só foi retomada com o movimento da qualidade total nos anos 80, quando as empresas passaram a sofrer uma concorrência intensa por parte dos países denominados de tigres asiáticos, tendo o Japão como o mais atuante. E ainda, diante de qualquer das teorias ou questões, é recomendável que ao invés de aprovar ou negar tudo, procuremos extrair os aspectos positivos e os negativos e fazer as considerações. $"X$!&,%+7!&, '(!Y$"!&, .-4!, !"#$%$&'(!)*+,3$-%':;$3! !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 35 '-+($!, 345&&$3!, 9, ;!I+4$&#+ Da mesma forma que fizemos com a Administração Científica, nos conduziremos, agora, ao estudo da Teoria Clássica. Um dos grandes contribuidores dessa teoria foi Henri Fayol, sobre o qual conheceremos um pouco da sua história. Silva (1974) faz as seguintes considerações sobre Fayol: Fayol construiu a sua teoria administrativa com os materiais vivos da prática. Foi vendo administrar e administrando que vislumbrou, deduziu, identificou e enunciou os seus princípios administrativos. As observações de que se valeu para elaborar a sua doutrina, ele as colheu e analisou durante mais de 50 anos, ao longo de sua longa carreira de administrador; [...] O mérito principal de Fayol consiste no lançamento da idéia de que a administração pode e deve ser ensinada, e na introdução do raciocínio experimental nos domínios da administração; '-+($!,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+,9,!,%!'/(-Y!,"!&,3+%'($1/$)F-& "-,M-%($,;!I+4 Fayol deu muitas contribuições para a Teoria Clássica da Administração, entre elas estão: as 5 funções essenciais da empresa; a definição de Administração; a importância relativa das diversas capacidades do pessoal das empresas; os princípios gerais de Administração e seus elementos. Estudaremos agora, cada uma delas. As seis funções essenciais da empresa Segundo Fayol, as seis funções essenciais da empresa são: 1. Operações técnicas: produção, fabricação, transformação; 2. Operações comerciais: compras, vendas, permutas; 3. Operações financeiras: procurae gerência de capitais; 4. Operações de segurança: proteção de bens e de pessoas; 5. Operações de contabilidade: inventários, balanços, preços de custo, estatística, etc.; 6. Operações administrativas: previsão, organização, direção, coordenação e controle. Você deve estar se perguntando: como localizar as seis funções essenciais da empresa prescritas por Fayol, nas empresas do início do século XXI? Calma, vamos ver uma por uma! /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 36 1. Operações Técnicas (Fayol - produção, fabricação, transformação) Funções Técnicas (atualmente, Funções de Produção) 2. Operações Comerciais (Fayol - compras, vendas e permutas) Funções Comerciais (atualmente, Funções de Marketing) Quando Fayol publicou seu livro em 1916, o Marketing encontrava-se em fase de surgimento na Inglaterra e nos Estados Unidos, não sendo ainda de aplicação corrente nas empresas americanas e nas empresas européias. No Brasil, as funções de Marketing surgiram na década de 50, trazidas pelas empresas americanas que aqui se instalaram na fase da industrialização. Na década de 60, já fazia parte do curso de Administração de Empresas da EAESP-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo) da Fundação Getúlio Vargas. A partir de meados da década de 70, o Marketing passa a ser adotado nos cursos de Administração que passaram a ser criados de forma mais acelerada. A disciplina era tratada por muitos sob a denominação de “Técnicas Comerciais”. Até hoje, ainda é possível encontrarmos no Brasil, empresas adotando a função comercial sob a denominação de gerência comercial ou diretoria comercial. !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 37 3. Operações Financeiras (Fayol - procura e gerência de capitais) Funções Financeiras (atualmente, Funções Financeiras) A procura e gerência de capitais até um determinado limite de valor são exercidas pela gerência financeira. Após um limite de valor, é exercida pela diretoria financeira ou presidência da empresa, respectivamente. A função financeira absorve as funções de gerência ou gestão de capitais, orçamento, planejamento do lucro e controle dos custos de produção e das despesas administrativas, comerciais e financeiras incorridas pela empresa e a função de contabilidade, que praticamente exerce as funções consideradas por Fayol. Exceto a contabilidade fiscal, referente à contabilização dos tributos a pagar e pagos pela empresa, que não foi explicitada por ele. Quanto à estatística, atualmente ela é exercida por todas as funções da empresa. 4. Operações de segurança (Fayol - proteção de bens e de pessoas) Funções de segurança (atualmente, Funções de Administração de Pessoas) /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 38 A função de segurança tem sido contratada sob forma de prestação de serviço ou terceirização, com o intuito de proteger bens e pessoas. Mesmo sendo terceirizada, normalmente ela tem se reportado ao Departamento de Administração de Recursos Humanos (ou de pessoas), atuando na vigilância geral, na portaria, atendendo pessoas de fora, realizando o controle das entradas, das saídas e transporte de bens e malotes, para evitar roubos e proteger o patrimônio da empresa. Nas empresas industriais, temos a função segurança exercida sob a denominação de Higiene e Segurança do Trabalho, no intuito de cuidar da prevenção e das estatísticas, de evitar os atos inseguros das pessoas (provocados pelos funcionários) e condições inseguras (existentes nos locais de trabalho). Temos a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, nas empresas em geral, com mais de 100 funcionários. A abordagem de Fayol, apesar de ter sido no âmbito administrativo, não explicita a função Administração de Pessoas, e sim, a capacidade requerida para as pessoas em relação aos tipos de cargos existentes na empresa. 5. Operações de contabilidade (Fayol - inventários, balanços, preços de custo, estatística, etc.) Atualmente, Funções de contabilidade As operações de contabilidade, atualmente, pertencem à função financeira da empresa, na qual a contabilidade realiza os registros dos atos e fatos de natureza monetária. Além disso, a função de contabilidade apura relatórios contábeis, a exemplo do balanço patrimonial e da demonstração de resultados. Ela prepara também estatísticas sobre tais variações de preços e custos e faz o controle dos inventários, ou seja, o controle entre saldos contábeis e físicos dos itens de estoque. !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 39 6. Operações administrativas (Fayol - previsão, organização, direção, coordenação e controle) Até hoje, a tipologia das funções administrativas prescritas por Fayol continuam reconhecidas – Prever, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar. Salientando que elas, atualmente, encontram-se significativamente aprimoradas. 1ª - A função administrativa denominada por ele de prever, atualmente, é denominada de planejar. Planejar, atualmente, é determinar o que deve ser feito. Não queremos dizer que a Administração não faça previsões, estas vêm antes do planejamento, que é uma determinação do que deve ser feito e não uma previsão do pode ser feito; 2ª - Fayol não desenvolveu essas funções suficientemente, mesmo na época dele. Mais tarde, na década de 50, é que as funções administrativas foram enriquecidas em seu conteúdo, ganhando novas classificações e aplicações, a exemplo do Planejamento Estratégico; 3ª - A função administrativa denominada por Fayol de coordenar, uma função que liga e harmoniza as demais funções, sempre ofereceu dificuldade de entendimento no que se refere à maneira de aplicação, ficando mais habitual o uso de planejar, organizar, comandar e controlar. Tem sido mais viável adotar essa função mediante a prática da comunicação, visando unir e harmonizar as demais funções que estão sob o alcance da função de direção; 4ª - A partir da década de 50, a Teoria Neoclássica (Renovação da Teoria Clássica) trouxe, e continua a trazer em nossos dias, um significativo aperfeiçoamento das funções do Processo Administrativo, mediante a participação de profissionais experientes, a exemplo de Peter Drucker, William H. Newman, Harold Koontz e Cyril O’Donnell – conceitos e técnicas trazidos pela Administração Japonesa em relação a seus conceitos e sua prática, de acordo com as funções organização, direção e controle – funções que nenhum /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 40 governo, empreendedor ou profissional que lida com as empresas poderá ignorar. Não se preocupe! Reservamos adiante uma unidade para o estudo mais detalhado dessas funções e você se sentirá muito mais seguro. Entretanto, sinta-se a vontade para tirar suas dúvidas. Os professores tutores estão a sua disposição. "-;$%$)*+,"-, !"#$%$&'(!)*+ Segundo Fayol (1975), administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar • Prever é considerar o futuro e traçar um programa de ação. • Organizar é constituir um duplo organismo material e social da empresa. • Comandar é dirigir o pessoal. • Coordenar é ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços. • Controlar é velar para que tudo corra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Para lembrar use POC3: Prever, organizar, comandar, coordenar e controlar! Ao invés de prever, a função atualmente considerada é a de planejar. Agora, planejar significa determinar o que deve ser feito e prever, estabelecer possibilidades sobre o que poderá acontecer. A previsão geralmente antecede ao planejamento. Por exemplo: quando tiramos a média das vendas de um determinado produto final nos últimos 12 meses e chegamos ao número de 600 unidades, significa que as vendas mensais nos próximos meses irão se repetir ou se aproximarão dessa quantidade. A partir do momento em que o gerente de Marketing registra 600 unidades para cada um dos próximos 4 meses, num formulárioou Planilha on-line, sob o título de Plano de Vendas e o envia para o PCP – Planejamento e Controle da Produção, ele está determinando as quantidades do produto que a produção deverá providenciar efetivamente e colocar a disposição do Departamento de Marketing da empresa, todas as quantidades determinadas nos respectivos meses. $#.+('Z%3$!,(-4!'$7!,"!&,"$7-(&!&,3!.!3$"!"-&,"+,.-&&+!4,"!& -#.(-&!& Fayol criou uma tipologia de capacidades que a direção e as pessoas que trabalham nas empresas devem ter, são elas: administrativa, técnica, comercial, financeira, de segurança e contabilidade. Considerando apenas o que ele denominou de pequena, média, grande empresa e empresa do Estado, vejamos a distribuição proporcional a 100% da exigência e exercício das capacidades requeridas para os "$3! "$3! !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 41 chefes, sendo as mais relevantes, as seguintes capacidades: administrativa, técnica e comercial. Você acha que o tamanho de uma empresa influencia na sua administração? Vamos refletir sobre isso? Então, preste atenção! !&,3!.!3$"!"-&,[/-,!,"$(-)*+,"-7-,'-(,.+(,'!#!%M+,"!,-#.(-&! A partir de seus estudos, Fayol admitia que o tamanho da empresa é que servia de orientação sobre a exigência de menor ou maior participação e capacidade administrativa, dentre um conjunto de capacidades. Numa pequena empresa a exigência de capacidade administrativa é de 25%, na grande aumentava para 50%, enquanto a capacidade técnica variava inversamente, ou seja, de 30% para a pequena empresa e 10% na grande empresa. 3!.!3$"!"-&,.-4+&,'$.+&,"-,3!(2+&,"-,3M-;$! Segundo Fayol (1975), a partir de seus estudos, o tipo de cargo é que servia de orientação sobre a exigência de menor ou maior participação, capacidade administrativa, dentre um conjunto de capacidades. Um cargo de Contramestre exigia 15% de capacidade administrativa, requeria 60% de capacidade técnica. Um cargo de Diretor exigia 40% de capacidade administrativa e 15% de capacidade técnica, sendo que para os níveis intermediários de chefia, técnicos e chefes de divisão, a exigência variava entre 30 / 35% de capacidade administrativa e 30% de exigência de capacidade técnica. Enquanto para um Diretor se admitiu uma exigência para as capacidades administrativa, técnica e comercial, respectivamente de 40%, 15% e 15%, para um Contramestre se admitiu uma exigência para as mesmas capacidades, respectivamente de 15%, 60% e 5%. Para o nível intermediário, o caso de chefe de divisão, que poderíamos considerar o cargo atual de gerente, uma exigência para as capacidades administrativa, técnica e comercial é, respectivamente de 35%, 30% e 10%. Das capacidades exigidas pelos cargos da empresa, as mais significativas que podemos perceber foram a administrativa e a técnica, nas quais a pessoa que ocupa o cargo de chefia ou direção necessita ter mais capacidade administrativa do que técnica e os cargos de natureza técnica necessitam mais de capacidade técnica do que administrativa, existindo um acréscimo ou decréscimo de participação percentual da capacidade administrativa à medida que os cargos de chefia se aproximam ou se afastam do cargo de nível mais alto da hierarquia dos cargos da empresa. Quanto mais os cargos de direção ou chefia se aproximam da execução, a exigência de capacidade técnica aumenta. Para a época e mesmo hoje, a preocupação demonstrada por Fayol em relação às capacidades é relevante. Entretanto, dependendo de cada época elas podem mudar de proporção e de características. As atividades de 7!#+&, (-;4-'$( /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 42 um Diretor Comercial da época são muito diferentes do Diretor de marketing atual, que além de lidar com técnicas avançadas de sua área, precisa conhecer bastante de administração financeira, planejamento estratégico, economia nacional e internacional, produção, administração de pessoas, sociologia, psicologia do consumidor e assim por diante. Com o correr do tempo, as empresas vão desenhando e redesenhado os perfis de seus cargos. O que era considerado técnico por Fayol (o modo de fazer as coisas físicas) é diferente do que as empresas consideram hoje (indo muito além das mercadorias, atingindo o âmbito virtual das organizações). Aliás, aspectos que serão estudados depois. .($%3:.$+&,"-, !"#$%$&'(!)*+,.(-&3($'+&, .-4!, '-+($!, 345&&$3! Assim como a Administração Científica, a Teoria Clássica também apresenta alguns princípios. Primeiramente, veremos os princípios da Teoria Clássica segundo Henri Fayol e depois de acordo com Lyndall Urwick. De acordo com Fayol (1975) os Princípios Gerais da Administração são 14: 1º - Divisão do trabalho: tem por finalidade produzir mais e melhor, com o mesmo esforço; 2º - Autoridade e responsabilidade: consiste no direito de mandar e no poder de se fazer obedecer. Não se concebe a autoridade sem a responsabilidade, isto é, sem a sanção – recompensa ou penalidade – que acompanhar o exercício do poder; 3º - Disciplina: consiste, essencialmente, na obediência, na assiduidade, na atividade, na presença e nos sinais exteriores de respeito, demonstrados segundo as convenções estabelecidas entre a empresa e seus agentes; 4º - Unidade de comando: para a execução de um ato qualquer, um agente deve receber ordens somente de um chefe. Conseqüências da dualidade de comando: hesitação do subalterno, perturbação, atrito de interesses opostos, aborrecimentos do chefe que não foi informado do que se passava, desordem no trabalho, etc.; 5º - Unidade de direção: um só chefe, um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. A unidade de comando não pode existir sem a unidade de direção, mas aquela não é conseqüência desta; 6º - Subordinação do interesse particular ao interesse geral: numa empresa, o interesse de um agente ou de um grupo de agentes não pode, não deve prevalecer sobre o interesse da empresa; 7º - Remuneração do pessoal: é o prêmio pelo serviço prestado. Deve ser eqüitativa, tanto quanto possível, satisfazer, ao mesmo tempo, ao pessoal e à empresa, ao empregador e ao empregado; 8º - Centralização: em si não é um sistema de administração, nem bom nem mau, podendo ser adotado ou abandonado à vontade dos dirigentes ou das circunstâncias; entretanto, existe sempre em maior ou menor grau. O problema da centralização ou descentralização é uma simples questão de medida. Trata-se de encontrar limite favorável à empresa; !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 43 9º - Hierarquia: a via hierárquica é o caminho que segue, passando por todos os graus da hierarquia, as comunicações que partem da autoridade superior ou que lhe são dirigidas; Podemos acrescentar a consideração feita por Fayol dizendo que a Hierarquia pode também ser denominada de cadeia escalar. 10º - Ordem: é conhecida como a fórmula da ordem material: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. A fórmula de ordem social é idêntica: um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar; 11º - Eqüidade: para que o pessoal seja estimulado a empregar no exercício de suas funções toda a boa vontade e o devotamento de que é capaz, é preciso que ele seja tratado com benevolência; eqüidade resulta da combinação da benevolência com a justiça; 12º - Estabilidade do pessoal: um agente precisa de tempo para iniciar- se em uma nova função e chegar a desempenhá-la bem – admitindo que seja dotado das aptidões necessárias. Se for deslocado assim que sua iniciação acabar ou antes que ela termine, não terá tido tempo de prestar serviço apreciável; 13º - Iniciativa: Conceber um plano e assegurar-lhe o sucesso é uma das mais vivas satisfações que o homem inteligente pode experimentar; é, também, um dos mais fortes estimulantes da atividade humana. Essa possibilidade de conceber e de executar é o que se chama de iniciativa; 14º - Espírito de equipe: O provérbio “A união faz a força”impõe-se à meditação dos chefes da empresa. A harmonia e a união do pessoal de uma empresa são grande fonte de vitalidade para ela. É necessário, pois, realizar esforços para estabelecê-la; Para Lyndall Urwick, a Administração tem quatro 4 princípios: 1º - Princípio da especialização: cada pessoa deve preencher uma função, o que determina divisão especializada do trabalho. Este princípio dá origem à organização de uma linha: a de staff e a funcional; 2º - Princípio de autoridade: deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos, desde o topo da organização até cada indivíduo da base; 3º - Princípio da amplitude administrativa ou da amplitude de controle (span of control): cada superior deve ter um certo número de subordinados para supervisionar. O número ótimo de subordinados varia segundo o nível e a natureza dos cargos, a complexidade do trabalho e o preparo dos subordinados; 4º - Princípio da definição: os deveres, a autoridade e responsabilidade de cada cargo e suas relações com os outros cargos devem ser definidos por escrito e comunicado a todos. 3\<=EA=]B]?8 Encontramos em Lodi (1971) que Lyndall F. Urwick foi autor de diversos livros de Administração na Inglaterra. Seus livros foram lançados a partir de Cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai da autori- dade superior aos subor- dinados de nível hierárquico inferior. /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 44 meados da década de 40. Uma de suas grandes contribuições foi ter abordado a adoção do Staff como forma de especialistas contribuírem com os cargos cujos ocupantes tivessem experiências gerais, favorecendo a melhoria de coordenação na empresa. Elementos da Administração Vejamos, abaixo, os Elementos da Administração segundo Fayol e Urwick. HENRI FAYOL LYNDALL URWICK 1 - Previsão 1 - Investigação 2 - Organização 2 - Previsão 3 - Comando 3 - Planejamento 4 - Coordenação 4 - Organização 5 - Controle 5 - Coordenação 6 - Comando 7 - Controle 3. Principais críticas dirigidas à Teoria Clássica As críticas dirigidas à Abordagem Clássica é um fechamento de todas as dirigidas à Administração Científica e à Teoria Clássica de Fayol e seus seguidores. Entretanto, Chiavenato (1999) as remete à Teoria Clássica de Administração. Leia, abaixo, parte da exposição dele: 1ª Abordagem simplificada da organização formal Os autores clássicos conceberam a organização em termos lógico, formal, rígido, psicológico e social com a devida importância, restringindo-se apenas à organização formal, estabelecendo esquemas lógicos e preestabelecidos, segundo os quais todas as organizações devem ser construídas; 2ª Ausência de trabalhos experimentais Os autores clássicos fundamentam seus conceitos baseados na observação e no senso comum. Seu método é empírico e concreto, baseado na experiência direta e no pragmatismo. Costumavam caracterizar as idéias mais importantes como princípios, o que provocou muitas críticas, pois o princípio utilizado como sinônimo de lei deve, como esta, envolver um alto grau de regularidade e consistência, permitindo razoável previsão na sua aplicação, tal como acontece nas outras ciências; 3ª Extremo racionalismo na concepção da Administração Os autores clássicos se preocupam com a apresentação racional e lógica das suas proposições, sacrificando a clareza das suas idéias. O abstracionismo e o formalismo levam a análise da Administração à superficialidade, à supersimplificação e à falta de realismo * *Cit. Por Chiavenato. A. A Simon. Comportamento Administrativo. FGV, 1970. 4ª Teoria da Máquina [...] pelo fato de considerar a organização sob os primas do comportamento mecânico de uma máquina: determinadas ações ou causas decorrerão determinados efeitos ou conseqüências dentro de alguma correlação; !"#$%$&'(!)*+,"-,-#.(-&!& 45 5ª Abordagem incompleta da organização A Teoria Clássica se preocupou com a organização formal, descuidando- se da organização informal. A preocupação com a forma, a ênfase na estrutura, levou a exageros. 6ª Abordagem do sistema fechado A abordagem do sistema fechado [...] “visualiza as empresas como se elas existissem no vácuo, ou como se fossem entidades autônomas, absolutas e hermeticamente fechadas a qualquer influência vinda de fora delas”. Salientamos que a busca de aumento de eficiência e eficácia por parte das organizações atuais mais competitivas tem sido realizada pela utilização cada vez maior da organização informal do que pela organização formal. A organização formal atrai a organização informal para uma ação conjunta em busca de aumento de qualidade e de produtividade da empresa, trabalhando-se, assim, com o envolvimento das pessoas com os meios e com os fins (resultados). Trabalham com responsabilidades distribuídas ao longo de processos e não especificamente sobre tarefas. Os grupos que compõe a organização informal têm recebido denominações do tipo: forças- tarefas, equipes multifuncionais, CCQ – Círculos de Controle de Qualidade, etc. Idéias novas trazidas pela Teoria Clássica /%$"!"-,0,9,!1+("!2-#,345&&$3!,"!,!"#$%$&'(!)*+ 46 Agora que você completou o estudo da primeira e mais polêmica abordagem teórica da Administração, ficará mais fácil o entendimento da próxima teoria, a Teoria das Relações Humanas, que surgiu por oposição, ou seja, frontalmente contrária à Teoria Clássica. Enquanto na abordagem clássica foi dada mais ênfase na tarefa mediante as experiências de Taylor e nas capacidades exigidas dos ocupantes dos cargos da estrutura organizacional e as funções das empresas e administrativas, mediante as experiências de Fayol, a Teoria das Relações Humanas vai se opor a isso ao dar ênfase apenas às pessoas e não às tarefas. . Essa teoria representa um marco na Teoria da Administração por introduzir os conhecimentos da psicologia no âmbito das organizações. Bom, é melhor deixar você descobrir o restante por conta própria, aperfeiçoando, assim, cada vez mais, a capacidade de leitura e de assimilação, o aprendizado não só do conteúdo, mais o do adquirir independência para aprender! X,M+(!,"-,&-,!7!4$!(^ Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Saiba que ao compreender bem o conteúdo dessa a unidade, você recebe uma espécie de batismo ou de iniciação quanto “ao saber” exigido pela profissão relacionada com a Teoria da Administração que você escolheu e que deposita toda a confiança de se sustentar com ela num futuro próximo. Lembre-se de que se ainda não for, você poderá e certamente será referencial de admiração e de orientação para outras pessoas. O “saber” adquirido de forma honesta e sólida, conquistado sem práticas facilitadoras ou ilusórias é o mais valioso dos presentes que uma pessoa pode dar a si mesma, pois dele decorrerá todos os outros. Se dê esse presente sempre! Vamos à terceira unidade!
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