Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BARRA DO BUGRES FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO OTALINA DOS ANJOS VELASCO CRISPIM NOTA PROMISSÓRIA E CHEQUE Barra do Bugres – MT JULHO/2017 OTALINA DOS ANJOS VELASCO CRISPIM NOTA PROMISSÓRIA E CHEQUE Trabalho apresentado à Disciplina de DIREITO EMPRESARIAL II [7ª fase] do curso de Direito, da Faculdade de Ciências Exatas, Tecnológicas e Jurídicas da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Profª Ms. Cintya Leocadio Cunha Barra do Bugres – MT JULHO/2017 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem a finalidade de analisar de forma sucinta os dois tipos de créditos próprios: nota promissória e cheque, destacando as suas particularidades. 1. NOTA PROMISSÓRIA 1.1. Conceito A nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz à outra. Sua emissão, decorre de uma declaração unilateral de vontade e não de um contrato. Aquele que promete pagar é o sacador, também chamado de emitente ou subscritor. O sacado é o beneficiário do pagamento. 1.2. Requisitos e características: Os requisitos essenciais se encontram no art.75 da Lei Uniforme: I - denominação "nota promissória" inserta no próprio texto; II - a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; III - dia do vencimento; IV - indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; V - nome do beneficiário; VI - a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; VII - assinatura do sacador (subscritor). Caso não conste na nota promissória a data e local de pagamento, considera-se título pagável à vista no local do saque, nos termos das alíneas segunda e terceira do art. 76 da LU, e Dec. n. 2.044/1908, art. 54, § 2º. A nota promissória não pode ser emitida ao portador. O emitente da nota promissória é seu devedor principal, logo, o protesto é facultativo, e com o pagamento da nota, extingue toda a relação cambial, lembrando que só existirá protesto por falta de pagamento. Vale ressaltar, que caso não conste a data da emissão e se não for inserida até o ajuizamento da execução, este perderá sua eficácia de título de crédito. De acordo com os arts. 76 da Lei Uniforme e 54, § 4º, do Decreto n. 2.044/1908, caso falte algum dos requisitos supra, não será possível de qualquer efeito enquanto nota promissória. Sendo a Nota Promissória uma promessa de pagamento, ela não necessita de aceite, pois este somente existe para as ordens de pagamento. A NP pode se emitida a termo certo, sendo que o aval em branco da mesma favorece o subscritor. 1.3. Prazos Prazos prescricionais para a execução: a) 3 anos, a contar do vencimento, para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e seu avalista. ; b) 1 ano, a contar da data do protesto ou na hipótese de “cláusula sem despesas” do seu vencimento para execução contra os coobrigados. c) 6 meses, a contar da data do pagamento ou ajuizamento da ação cambial – para o direito de regresso. 1.4. Regime Jurídico A NP é disciplinada pelas mesmas regras da letra de câmbio. Portanto, pela Lei Uniforme nossa arts. 77 e 78 e, em caso de lacuna, aplicam-se os princípios do Decreto n.º 2.044, de 1.908. Assim, o endosso, aval, vencimento, pagamento, protesto e execução da nota promissória são idênticos aos da letra de câmbio, exceto no que se refere ao aceite, tendo em vista que na promissória não se utiliza o instituto do aceite. 2. CHEQUE 2.1. Conceito O cheque é uma ordem de pagamento à vista, sobre certa quantia em dinheiro emitida contra um banco ou instituição financeira assemelhada, com base em provisão de fundos ou decorrente de contrato de abertura de crédito. É um título muito utilizado atualmente, devido às suas características especiais, entre elas a facilidade de transação comercial. Regulamentada juridicamente pela Lei 7357/85, Lei uniforme do cheque. 2.2. Intervenientes Emitente: a pessoa que dá a ordem de pagamento para o sacado, após verificação dos fundos, pagar. É o devedor principal. Sacado: o banco ou instituição financeira a ele equiparada. O sacado de um cheque não tem qualquer obrigação cambial. Beneficiário: a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida pelo sacador Importante ressaltar que os fundos disponíveis em conta corrente pertencem, até a liquidação do cheque, ao correntista sacador. 2.3. Requisitos São requisitos do cheque: a) A denominação “cheque”, inscrita no próprio texto e expressa na língua em que este é redigido; b) A ordem incondicional de pagar uma quantia determinada; c) O nome do banco/instituição que deve pagar (sacado) d) A indicação do lugar de pagamento; e) A indicação da data e do lugar de emissão; f) A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais 2.4. Modalidades de cheques a) Cheque cruzado: possibilita a identificação do credor e só poderá ser pago através de uma instituição financeira/banco, via depósito na conta do beneficiário. Pode ser geral: Dois traços paralelos no anverso e; especial: entre os traços, figura o nome do Banco b) Cheque para ser creditado em conta: O emitente/portador proíbe o pagamento em dinheiro mediante a inscrição no anverso da expressão: “para ser creditado em conta” (art. 46 da Lei n. 7.357/85). O sacado somente poderá proceder ao lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que valerá como pagamento. Permite que a pessoa em favor de quem foi pago o título seja identificada. c) Cheque visado: é aquele em que o banco sacado lança declaração de suficiência de fundos, a pedido do emitente ou do portador legitimado, sendo obrigado ao banco sacado, após ter visado o cheque, reservar da conta corrente do sacador, em benefício do credor, quantia equivalente ao valor do cheque, durante o prazo de apresentação. d) O cheque administrativo é aquele sacado pelo próprio banco contra um de seus estabelecimentos. Nessa modalidade, sacador e sacado se identificam, bem como só pode ser emitido de forma nominativa, tendo também maior garantia, visto que o sacado é o próprio banco. 2.5. Endosso: De acordo com o art. 17 da Lei n. 7.357/85 A transmissão de cheque pagável a pessoa nomeável é transmissível através do endosso, com ou sem a cláusula “à ordem”. Com o CPMF, endossa-se apenas uma vez. A sua circulação segue a mesma regulamentação da letra de câmbio, com as seguintes diferenças: a) não se admite o endosso-caução; b) o endosso do sacado é nulo, valendo apenas como quitação (exceção: endosso feito por um dos estabelecimentos do sacado para pagamento em outro estabelecimento); e c) o endosso feito após o prazo de apresentação serve apenas como cessão civil de crédito. 2.6. Aval O cheque pode ser garantido em todo ou em parte, por aval prestado por terceiro. Podendo ser avalistas terceiros estranhos ao título ou um de seus signatários. O sacado não pode ser avalista conforme o art. 29 da Lei n. 7.357/85. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente. 2.7. Aceite O cheque não admite aceite, visto que o banco/sacado não é devedor da relação jurídica. A praça é obrigada a aceitar pagamentos em cheque. 2.8. Vencimento Sempre à vista, contra apresentação. O cheque para se levar em conta somente é liquidado por lançamento contábil por parte do sacado. O prazo para pagamento a contar do dia da emissão, é de 30 dias para mesma praça e 60 se for de praça distinta. Sendo que a apresentação fora do prazo ocasiona a perda de direito de regresso contra os coobrigados, e também contra emitente, comono caso de que havia fundos, mas deixaram de existir por circunstância alheia. O cheque pode servir como instrumento de prova de pagamento e extinção de obrigação (art.28, Parágrafo único da Lei n. 7.357/85). 2.9. Pagamento Deve ser apresentado a pagamento, em 30 dias da emissão se for cheque da mesma praça e em 60 dias da emissão se for cheque de praças distintas. Sendo tipificado como estelionato o cheque sem fundos. O sacado/banco não deve pagar o cheque após o prazo de prescrição. O credor que não observar o prazo de apresentar o cheque está sujeito às seguintes consequências: a) perda do direito de executar os coobrigados do cheque; b) perda do mesmo direito contra o emitente, se havia fundos durante o prazo de apresentação e eles deixaram de existir, em seguida ao término deste prazo, por culpa não imputável ao correntista (art. 47, II, e seu § 3º da LC). 2.10. Da Sustação de Cheque A lei prevê duas modalidades de sustação: a) revogação (contraordem), notificação dos motivos, efeitos após o prazo para apresentação do cheque; b) oposição, aviso escrito, relevante razão de direito, antes da liquidação do título. A sustação pode configurar crime de fraude no pagamento por cheque (art.171). O sacado não pode questionar a ordem. 2.11. Prazo prescricional a) 6 meses, contados da expiração do prazo de apresentação: do portador contra o emitente e seus avalistas, do portador contra os endossantes e seus avalistas. Caso em que este deve ter sido apresentado em tempo hábil e a recusa do pagamento comprovada pelo protesto/declaração do sacado; b) 6 meses contados do dia em que pagou o cheque ou foi acionado, de qualquer dos coobrigados contra os demais. Vale ressaltar que a ação de enriquecimento ilícito contra o emitente ou coobrigados prescreve em 2 anos contados do dia em que se consumar a prescrição da ação de execução. A execução do cheque sem fundos prescreve, no prazo de 6 meses contados do término do prazo de apresentação a pagamento contra qualquer devedor (art. 59). Prescreve em 6 meses o direito de regresso de um coobrigado contra outro, contra o devedor principal ou seu avalista, contados do pagamento ou da distribuição da execução judicial contra ele (art. 59, parágrafo único). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Coelho, Fábio Ulhoa Manual de direito comercial : direito de empresa / Fábio Ulhoa Coelho. – 23. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011. 1. Direito comercial I. Título Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Títulos de crédito e contratos mercantis/Victor Eduardo Rios Gonçalves. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012. – (Coleção Sinopses jurídicas; v. 22) 1. Contratos (Direito comercial) 2. Títulos de crédito – Brasil I. Título. II. Série.