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Concreto é um material de construção resultante da mistura de um aglomerante (cimento), com agregado miúdo (areia), agregado graúdo (brita), água e eventualmente aditivos em proporções exatas e pré definidas. A pasta formada pelo cimento e água atua envolvendo os grãos dos agregados, enchendo os vazios entre eles e unindo esses grãos, formando uma massa compacta e trabalhável. A função dos agregados é dar ao conjunto condições de resistência aos esforços e ao desgaste, e também redução no custo e redução na retratração. Após a mistura, obtém-se o concreto fresco, material que deve oferecer plasticidade e trabalhabilidade adequada ao emprego que se destina, permitindo a sua moldagem. Ao longo do tempo, o concreto endurece em virtude de reações químicas entre o cimento e a água (hidratação do cimento). A resistência do concreto aumenta com o tempo, propriedade esta que o distingue dos demais materiais de construção. O concreto simples possui elevada resistência aos esforços de compressão, mas sua resistência a tração é muito baixa. A resistência a tração é da ordem de 1/10 da resistência a compressão. Devido a baixa resistência a tração, procurou-se então, adicionar ao concreto simples outros materiais para melhorar sua resistência. A utilização de barras de aço juntamente com o concreto, só e possível devido as seguintes razões: 1) Trabalho conjunto do concreto e do aço é assegurado pela aderência entre os dois materiais: Na região tracionada, onde o concreto possui resistência praticamente nula, ele sofre fissuração, tendendo a se deformar, o que graças a aderência, arrasta consigo as barras de aço forçando-as a trabalhar absorvendo os esforços de tração. Nas regiões comprimidas, uma parcela de compressão poderá ser absorvida pela armadura, no caso do concreto, isoladamente, não ser capaz de absorver a totalidade dos esforços de compressão. 2) Os coeficientes de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente iguais: A A 3) O concreto exerce dupla proteção contra a oxidação do aço da armadura garantindo a durabilidade da estrutura: Proteção física: através do cobrimento das barras protegendo-as do meio exterior; Proteção química: em ambiente alcalino que se forma durante a hidratação do concreto, forma-se uma película quimicamente inibidora de reagentes, em torno da armadura. Concreto Armado é um material de construção resultante da união do concreto simples e de barras de aço, envolvidas pelo concreto, com perfeita aderência entre os dois materiais, de tal maneira que resistam ambos solidariamente aos esforços a que forem submetidos. cimento + água = pasta de cimento pasta de cimento + agregado miúdo = argamassa argamassa + agregado graúdo = concreto comum concreto + armadura passiva = concreto armado concreto + armadura ativa = concreto protendido neste caso a armadura (ou a cordoalha) é preliminarmente submetida a esforços de tração visando melhorar o desempenho estrutural da peça. 1. Grande Economia quando os agregados são provenientes de locais próximos a obra, exceto em casos de vãos muito grandes. 2. Não exige mão de obra especializada ou equipamento específico por possuir fácil emprego e manuseio. 3. Resistência ao desgaste mecânico e a pequenos choques ou vibrações. 4. Adaptação a qualquer tipo de forma. 5. Baixa manutenção e conservação. 6. Resistência ao fogo. 7. Impermeabilidade. 8. Durabilidade. 1. Grande peso-próprio 2500 kg / m3 (pode ser reduzido com utilização de agregados leves). 2. Demora de utilização (o prazo pode ser reduzido com a utilização de aditivos). 3. Reforma e demolições difíceis ou até impossíveis. 4. Baixo grau de proteção térmica. Segundo BAUER (1979), o estudo dos agregados deve ser considerado imprescindível em um curso de tecnologia do concreto, tendo em vista que de 70% do volume do concreto é constituído pelos agregados, bem como é o material menos homogêneo com que se lida na fabricação do concreto e das argamassas. A principal aplicação dos agregados, seja a areia ou a pedra, na fabricação do concreto é de natureza econômica, tendo em vista tratarem-se materiais de baixo custo unitário, inferior ao do cimento. No entanto, os agregados possibilitam que algumas outras propriedades do concreto apresentem melhor performance, tais como: redução da retração da pasta de cimento; aumento da resistência ao desgaste; melhor trabalhabilidade; aumento da resistência ao fogo. Na preparação do concreto, com as mistura dos agregados graúdos e miúdos com cimento e água, tem início a reação química do cimento com a água, resultando gel de cimento, que constitui a massa coesiva de cimento hidratado. A reação química de hidratação do cimento ocorre com redução de volume, dando origem a poros, cujo volume é da ordem de 28% do volume total do gel. Durante o amassamento do concreto, o gel envolve os agregados e endurece com o tempo, formando cristais. Ao endurecer, o gel liga os agregados, resultando um material resistente e monolítico. A mistura de cimento e água forma uma solução alcalina de PH entre 11 e 13, onde os silicatos se solubilizam formando cristais de hidratados insolúveis que se entrelaçam, solidificando a mistura. As propriedades e os teores médios dos componentes responsáveis por estas reações são dados na tabela a seguir: A estrutura interna do concreto é bastante heterogênea: ela adquire forma de retículos espaciais de gel endurecido, de grãos de agregados graúdo e miúdo de várias formas e dimensões, envoltos por grande quantidade de poros e capilares, portadores de água que não entrou na reação química e, ainda, vapor d’água e ar. A NBR 6118/03 se aplica a concretos com massa específica entre 2.000 kg/m3 e 2.800 kg/m3. Não sendo conhecida a massa específica real, pode-se adotar o valor de 2.400 kg/m3 para o concreto simples e 2.500 kg/m3 para o concreto armado. Considerando para as estruturas comuns uma taxa média de armadura de 100 kg de aço para cada metro cúbico de concreto, a massa específica do concreto armado resulta 2.500 kg/m3 Pg 13 No Brasil o órgão responsável pelas atividades normativas é a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Existem diversos tipos de normas técnicas: Procedimento (NB) Especificação (EB) Método de Ensaio (MB) Padronização (PB) Terminologia (TB) Simbologia (SB) Classificação (CB) Quando uma norma qualquer dos tipos citadas anteriormente é registrada no INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, recebe um número colocado após a sigla NBR, que significa Norma Brasileira Registrada. As principais normas relacionadas com estruturas de concreto armado são: O corpo-de-prova padrão é cilíndrico, com 10cm de diâmetro e 20cm de altura, e a idade de referência para o ensaio é 28 dias. Os corpos de prova são moldados de acordo com o método MB 2 (NBR 5738) e rompidos conforme o método MB 3 (NBR 5739). Resumidamente, para “n” corpos de prova rompidos, originários de um mesmo lote de concreto, pode-se identificar a frequência das resistências destes corpos de prova. Após ensaio de um número muito grande de corpos- de-prova, pode ser feito um gráfico com os valores obtidos de fc versus a quantidade de corpos-de-prova relativos a determinado valor de fc, também denominada densidade de frequência. A curva encontrada denomina-se Curva Estatística de Gauss ou Curva de Distribuição Normal para a resistência do concreto à compressãoNa curva de Gauss encontram-se dois valores de fundamental importância: fcm resistência média do concreto à compressão fck resistência característica do concreto à compressão D e n s id a d e d e F re q u ê n c ia O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o conjunto de corpos-de-prova ensaiados, e é utilizado na determinação da resistência característica, fck, por meio da fórmula: fck = fcm − 1,65 . s D e n s id a d e d e F re q u ê n c ia O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o conjunto de corpos-de-prova ensaiados, e é utilizado na determinação da resistência característica, fck, por meio da fórmula: fck = fcm − 1,65 . s D e n s id a d e d e F re q u ê n c ia O desvio-padrão “s” corresponde à distância entre a abscissa de fcm e a do ponto de inflexão da curva (ponto em que ela muda de concavidade). O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o conjunto de corpos-de-prova ensaiados, e é utilizado na determinação da resistência característica, fck, por meio da fórmula: fck = fcm − 1,65 . s D e n s id a d e d e F re q u ê n c ia O valor 1,65 corresponde ao quantil de 5%, ou seja, apenas 5% dos corpos-de- prova possuem fc < fck, ou, ainda, 95% dos corpos-de-prova possuem fc ≥ fck. O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o conjunto de corpos-de-prova ensaiados, e é utilizado na determinação da resistência característica, fck, por meio da fórmula: fck = fcm − 1,65 . s D e n s id a d e d e F re q u ê n c ia Portanto, pode-se definir fck como sendo o valor da resistência que tem 5% de probabilidade de não ser alcançado, em ensaios de corpos-de-prova de um determinado lote de concreto. Como será visto posteriormente, a NBR 8953 define as classes de resistência em função de fck. Exemplo: ◦ Concreto classe C30 corresponde a um concreto com fck = 30MPa. Em obras com pequeno número de corpos-de- prova ensaiados, calcula-se fck,est valor estimado da resistência característica do concreto à compressão. É usado para confirmar se o traço do concreto atingiu resistência a compressão desejada. Nesse teste, o concreto é moldado em corpos de prova cilíndricos e rompido após o tempo desejado, através de uma prensa. Verifica-se então, a resistência a compressão que o corpo de prova suporta. A quantidade de corpos de prova deverá ser especificada em projeto, mas em geral, são moldados 4 corpos de prova por carga de concreto, para os ensaios que serão realizados após 7 (50 a 60%Fck), 14 (80%Fck), 21 (90%Fck) e 28 (100%Fck) dias, períodos correspondentes às diversas etapas da cura. No caso de concreto usinado, os testes de resistência são realizados pela concreteira, mas é recomendável que a construtora recolha amostras para realizar testes com laboratórios independentes. 1. Coletar volume suficiente, na betoneira estacionária ou caminhão-betoneira, para moldagem dos corpos- de-prova e para o ensaio do abatimento do tronco de cone, nunca na primeira ou última descarga. 2. A amostra deve ser conduzida ao local da moldagem, área protegida ou abrigada de interferências com as rotinas da obra. Os moldes devem ser posicionados em base regularizada e plana. Após a moldagem, devem permanecer intactos por no mínimo 24 horas, no intuito de preservar as características do concreto. 3. Para o adensamento, a amostra é colocada no molde em 3 camadas para de CP 15X30cm e em 2 camadas para CP 10X20cm 4. O adensamento pode ser manual ou vibratório. 5. O adensamento manual é executado com haste metálica lisa de 600mm por 16mm com 25 golpes por camada para CP 15X30cm, ou 12 golpes por camada para CP 10X20cm. 6. Durante a compactação de uma camada a haste não deve penetrar na camada já adensada. A haste do vibrador não deve atingir o fundo ou as laterais do molde. 7. A desforma deve ocorrer após 24 horas com os cuidados necessários para não abalar ou danificar o corpo-de-prova. Neste momento é vital cuidar da preservação do sistema de identificação. Procurar marcar com lápis de cera nas laterais do CP o número do lote. Não colocar nada além do número do lote na lateral do CP. Imediatamente após a desforma, colocar o mesmo em tanque com água onde deve permanecer até o momento do deslocamento ao local de ruptura, que deve ser com no mínimo 24 horas antes da data de ruptura. 8. A ficha de moldagem de cada lote deve conter: - fck - Aplicação - Abatimento - Número de corpos-de-prova do lote - Hora da moldagem - Nome do moldador - Nota fiscal do caminhão betoneira ou marca do cimento utilizado - Número do lote ou da série moldada. 9. Nunca encaminhar corpos-de-prova ao laboratório sem as devidas fichas de moldagens. Até o ano de 1986, a unidade em que se media a resistência do corpo-de-prova padronizado era o quilograma-força por centímetro quadrado. A partir do ano de 1987, a resistência à compressão dos cimentos brasileiros passou a ser expressa pela unidade internacional chamada Mega Pascal, conforme determinação do INMETRO. Essa nova unidade é abreviada como MPa e como 1 MPa é exatamente igual a 10,197 kgf/cm2, essa relação é arredondada para 1 MPa ≅ 10 kgf/cm2. Uma das principais características do concreto é a plasticidade (o quanto o concreto é mole em seu estado fresco, mantendo as características de resistência após endurecimento). A plasticidade do concreto influi na trabalhabilidade (aplicação ou o acabamento da peça concretada) e no bombeamento (concreto muito duro em seu estado fresco não passa na bomba). Para atestar o abatimento, é usado o ensaio de abatimento de tronco de cone. No Brasil este ensaio é regulamentado pela NBRNM67(1998) – Determinação da Consistência pelo Abatimento do Tronco de Cone. O ensaio basicamente consiste no preenchimento de um tronco de cone em três camadas de igual altura, sendo em cada camada dados 25 golpes com uma haste padrão. O valor do abatimento é a medida do adensamento do concreto logo após a retirada do molde cônico. A A = slump ou abatimento Superfície porosa -falta de argamassa Superfície compacta, sem vazios, indicando o teor ideal de argamassa. Agregados graúdos desprendendo da massa argamassa abaixo do ideal Concreto coeso, sem o desprendimento de agregados graúdos Pinheiro, L. M., Muzardo C. D., Santos S. P. CONCRETO (2004). Notas de aula – Departamento de Engenharia de Estruturas – USP BAUER, L. A. F. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO. v. 1. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
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