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5/6/2014 FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
http://professoradalton.blogspot.com.br/ 1/10
1- Introdução: cientificismo e organicismo
A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo, a primeira
a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação.
Definir a especificidade do estudo científico da sociedade conseguiu distinguir-se de outras
ciências estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade.
O positivismo derivou do "cientificismo", isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da razão
humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Seu conhecimento
pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais o
homem explicava a realidade.
Essa tentativa de derivar as ciências sociais das ciências físicas é patente nas obras dos primeiros
estudiosos da realidade social. O próprio Comte deu inicialmente o nome de “física social” às suas
análise da sociedade, antes de criar o termo sociologia. Seu conhecimento pretendia substituir as
explicações teológicas, filosóficas e de senso comum. Segundo o positivismo os princípios
reguladores do mundo social diziam respeito a acontecimentos exteriores aos homens, questões
humanas, e a rápida evolução dos conhecimentos das ciências naturais - física, química, biologia -
e o visível sucesso de suas descobertas no incremento da produção material e no controle das
forças da natureza atraíram os primeiros cientistas sociais para o seu método de investigação. 
Essa filosofia social positivista se inspira no método de investigação das ciências da natureza,
assim como procurava identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os
cientistas explicavam a vida natural. A própria sociedade foi concebida como um organismo
constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente. Por isso o
positivismo foi chamado também de organicismo.
Auguste Comte (1798-1857). Nasceu em Montpellier, França, de uma família católica e
monarquista. Tornou-se um discípulo de Saint-Simon, de quem sofreu enorme influência. Devotou
seus estudos à filosofia positivista, considerada por ele uma religião, da qual era o pregador.
Segundo sua filosofia política, existiam na história três estados: um teológico, outro metafísico e
finalmente o positivismo. Este ultimo representava o coroamento do progresso da humanidade,
sobre as ciências, distinguia-se as abstratas das concretas, sendo que a ciência mais complexa e
profunda seria a sociologia, ciência que batizou em sua obra Curso de filosofia positivista, em seis
volumes, publicada entre 1830 e 1842. 
2 - O darwinismo social
A expansão da Revolução Industrial pela Europa trouxe consigo a destruição da velha ordem feudal
e a consolidação da nova sociedade – a capitalista - , estruturada sobre a indústria. Surgia a época
dos monopólios e dos oligopólios, que, associados ao capital dos grandes bancos, dá origem ao
capital financeiro. Esta reestruturação do capitalismo estava associada às sucessivas crises de
superprodução na Europa, que traziam consigo a morte de milhares de pequenas indústrias e
negócios. Estas, por sua vez, tiveram de se unir ao capital bancário para sustentar e financiar sua
própria expansão. Crescer para fora dos limites da Europa. Desencadeava-se, assim, a corrida para
a conquista de impérios além-mar; os alvos eram a África e a Ásia. Nesses continentes podia-se
obter matéria-prima bruta a baixíssimo custo, bem como mão-de-obra barata; eram também
pequenos mercados consumidores. Assim a conquista, a dominação e a transformação da África e
da Ásia pela Europa precisavam apresentar uma justificativa que ultrapassasse os interesses
econômicos imediatos. Assim, conquista e dominação foram transformadas em “missão
civilizadora”. A “civilização” era oferecida, mesmo contra a vontade dos dominados, como forma
de “elevar” essas nações do seu estado primitivo a um nível mais desenvolvido, no sentido de
transformar suas formas tradicionais de vida e neles introduzir os valores do colonizador.
Tais idéias, transpostas para a análise da sociedade, resultaram no darwinismo social, isto é, o
princípio de que as sociedades se modificam e se desenvolvem num mesmo sentido e que tais
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transformações representariam sempre a passagem de um estágio inferior para outro superior, em
que o organismo social se mostraria mais evoluído.
Os principais cientistas sociais positivistas, inspirados na perspectiva de Darwin entendiam que as
sociedades tradicionais encontradas na África, na Ásia, na América e na Oceania não eram senão
“fósseis vivos”, “primitivos”, do passado da humanidade.
É importante situar o desenvolvimento do pensamento positivista no contexto histórico do século
XIX. A expansão da Revolução Industrial pela Europa, obtida pelas revoluções burguesas que
atingiram todos os países europeus até 1870. A Europa deparou com civilizações organizadas sob
princípios tais como o politeísmo, a poligamia, formas de poder tradicionais, castas sociais sem
qualquer tipo de mobilidade, economia agrária de subsistência, em sua grande maioria, ou voltada
para um pequeno comércio local e artesanato Doméstico. Assim, o europeu teve primeiro de
organizar, sob novos moldes, as nações que conquistava, estruturando-as segundo os princípios
que regiam o capitalismo. De outra forma seria impossível racionalizar a exploração da matéria-
prima e da mão-de-obra, de modo a permitir o consumo de produtos industrializados europeus e a
aplicação rentável dos capitais excedentes na Europa, nesses territórios. A justificativa de que a
Europa tinha, diante dessas sociedades, a obrigação moral de civilizá-las, de retirá-las do atraso
em que viviam. Nesse sentido, entendia-se que o ápice da humanidade - o mais alto grau de
civilização a que o homem poderia chegar - seria a sociedade industrial européia do século XIX. Se
o homem constitui sociologicamente uma espécie, o mesmo não se pode dizer das diferentes
culturas que ele desenvolveu. Além disso, o caráter cultural da vida humana imprime, no
desenvolvimento das suas formas de vida, princípios diferentes daqueles existentes na natureza.
Os princípios da seleção natural são aplicáveis às espécies cujo comportamento é expressão das
leis imperativas da natureza.
Hoje, sente-se que a complexidade da cultura humana tem concorrido para limitar a ação da lei de
seleção natural. A adaptabilidade do homem e a sua dependência cada vez menor em relação ao
meio têm transformado o ser humano numa espécie à qual a seleção natural se aplica de maneira
especial e relativa. 
No darwinismo social, isto é, o princípio de que as sociedades se modificam e se desenvolvem num
mesmo sentido e que tais transformações representariam sempre a passagem de um estágio
inferior para outro superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais adaptado
e mais complexo. Os frutos do progresso não eram igualmente distribuídos, nem todos
participavam igualmente das conquistas da civilização. Como o positivismo explicava essa
distorção?
3 - Uma visão crítica do darwinismo social – ontem e hoje
A adaptabilidade do homem têm transformado o ser humano numa espécie à qual a seleção natural
se aplica apenas de maneira especial e relativa. Essa transposição serviu entretanto como
justificativa de uma ação política e econômica que nem sequer avaliava efetivamente aquilo que
representaria o “mais forte” ou mais evoluído. A regra darwinista da competição e da
sobrevivência do mais forte é aplicada as leis de mercado, principalmente pela doutrina do
liberalismo econômico.
Se o homem constitui sociologicamente umaespécie, o mesmo não se pode dizer das diferentes
culturas que ele desenvolveu. Além disso, como vimos no início deste livro, o caráter cultural da
vida humana imprime, no desenvolvimento das suas formas de vida, princípios diferentes daqueles
existentes na natureza. A adaptabilidade do homem e a sua dependência cada vez menor em
relação ao meio têm transformado o ser humano numa espécie à qual a seleção natural de maneira
especial e relativa. A regra darwinista da competição e da sobrevivência do mais forte é aplicada
às leis de mercado, principalmente pela doutrina do liberalismo econômico.
Pressupõe-se que competitividade seja o princípio natural - e, portanto universal e exterior ao
homem - que assegura a sobrevivência do melhor, do mais forte e do mais adaptado.
4 - Duas formas de avaliar as mudanças sociais
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O darwinismo social, além de justificar o colonialismo da Europa mo resto do mundo, refletia o
grande otimismo com que o progresso material da industrialização era recebido pelo europeu.
O desenvolvimento industrial gerava a todo o momento novos conflitos sociais. Os primeiros
pensadores sociais positivistas responderam com as idéias de ordem e progresso.
Haveria, então, dois tipos característicos de movimento na sociedade. Um levaria à evolução
transformando as sociedades, segundo a lei universal, da mais simples a mais complexa, da menos
avançada a mais evoluída.
Os movimentos reivindicatórios, os conflitos, as revoltas deveriam ser contidos sempre que
pusessem em risco a ordem estabelecida ou o funcionamento da sociedade, ou ainda quando
inibissem o progresso.
Privilegiar o estático sobre o dinâmico, o progresso deveria aperfeiçoar os elementos da ordem e
não destruí-los.
Assim se justificava a intervenção na sociedade sempre que fosse necessário assegurar a ordem
ou promover o progresso.
5 - Organicismo
Não podemos deixar de nos referir, num capítulo que trata do positivismo e do darwinismo social,
a outra escola que se desenvolveu no rastro da conquista das ciências biológicas e naturais e da
teoria evolucionista de Charles Darwin. Foi o organicismo, que teve como seguidores cientistas que
procuraram aplicar seus princípios na explicação da vida social.
Um deles foi o alemão Albert Schäffle, que se dedicou ao estudo dos “tecidos sociais”. Ninguém,
entretanto, se destacou como Herbert Spencer, filósofo inglês que procurou estudar a evolução da
espécie humana. Se seguidor, o francês Alfred Espinas, afirma que os princípios da biologia são
aplicáveis a todo ser vivo.
Todos esses cientistas partem do princípio de que existem caracteres universais presentes nos
mais diversos organismos vivos, dispostos sob a forma de órgãos e sistemas.
6 - Da filosofia social à sociologia
Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia natural entre os
indivíduos, ao bem-estar do todo social. Tenham servido como lemas de uma ação política
conservadora, como justificativa para as relações desiguais entre sociedades, é preciso lembrar
que eles representaram um esforço concreto de análise científica da sociedade.
Primeiras formulações objetivas sobre a sociabilidade humana.
6 - Da filosofia social à sociologia
Diante desses estudos, devemos não perder a perspectiva crítica, mas entende-los como as
primeiras formulações objetivas sobre a sociedade humana. Foram teorias que abriram as portas
para uma nova concepção da realidade social com suas especialidades e regras.
Entre os filósofos sociais franceses, pode-se destacar Hipolite Taine, cujas idéias sofreram menor
influência de Comte. Formulou uma concepção de realidade histórica como determinada por três
forças primordiais: a “raça”, que constituiria o fundamento biológico; o “meio”, que incluiria
aspectos físicos e sociais; e o “momento”, que se constitui no resultado das sucessões históricas. 
Outra figura relevante é Gustave Le Bon, médico e arqueólogo, contemporâneo de Taine, autor de
pioneira e controvertida obra sobre a “psicologia das multidões”, na qual reflete sobre as crenças
sociais mais gerais formadoras da “mentalidade coletiva” e a sua ação em indivíduos agrupados
em multidão. Pierre Le Play, outro destes filósofos sociais, havendo concentrado seus esforços na
busca da “menor unidade social”, comparável ao átomo da física ou as células da biologia. Le Play
estabeleceu a família como essa unidade básica e universal.
O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade européia do século XIX, em franca
expansão. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia
natural entre os indivíduos, ao bem-estar do todo social.
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http://professoradalton.blogspot.com.br/ 4/10
Postado por Professor Adalton às 16:21
Por mais evidentes que sejam hoje os limites, interesses, ideologias e preconceitos inscritos nos
estudos positivistas da sociedade, por mais que eles tenham servido como lemas de uma ação
política conservadora, como justificativa para as relações desiguais entre sociedades, é preciso
lembrar que eles representaram um esforço concreto de análise científica da sociedade.
A simples postura de que a vida em sociedade era passível de estudo e compreensão; que o homem
possuía - além de seu corpo e sentimentos - uma natureza social; que as emoções, os desejos e as
formas de vida derivavam de contingências históricas e sociais -, tudo isso foram descobertas de
grande importância.
Quase todos os países europeus economicamente desenvolvidos conheceram o positivismo. No
entanto, foi na França, por excelência, que floresceu essa escola, a qual, partindo de uma
interpretação original do legado de Descartes e dos enciclopedistas, buscava na razão e na
experimentação seus horizontes teóricos.
Quase todos os países europeus economicamente desenvolvidos conheceram o positivismo. No
entanto, foi na França, por excelência, que floresceu essa escola, a qual, partindo de uma
interpretação original do legado de Descartes e dos enciclopedistas, buscava na razão e na
experimentação seus horizontes teóricos.
Hipolite Taine formulou uma concepção da racionalidade histórica como determinada por três
forças primordiais: a "raça", que constituiria o fundamento biológico; o "meio", que incluiria
aspectos físicos e sociais, e o "momento", que se constitui no resultado das sucessões históricas.
Outra figura relevante e Gustave Le Bon, médico e arqueólogo, contemporâneo de Taine, autor de
pioneira e controvertida obra sobre a "psicologia das multidões", na qual reflete sobre as crenças
sociais mais geniais formadoras da "mentalidade coletiva" e sua ação em indivíduos agrupados em
multidão. Pierre Le Play, outro destes filósofos sociais, tinha uma perspectiva naturalista bem
acentuada, havendo concentrado seus esforços na busca da "menor unidade social", comparável ao
átomo da física ou às células da biologia. Le play estabeleceu a família como essa unidade básica e
universal, postulando que as relações sociais seriam decorrência das relações familiares, em grau
variável de complexidade. Fora da França cabe lembrar mais uma vez o trabalho do inglês Herbert
Spencer, por suas reflexões na linha do evolucionismo e do organicismo.
A maioria dos primeiros pensadores sociais positivistas permanece presa por uma reflexão de
natureza filosófica sobre a história e a ação humanas
Diante desses estudos, devemos não perder a perspectiva crítica, mas entende-los como as
primeiras formulações objetivas sobre a sociedade humana. Foram teorias que abriram as portas
para uma nova concepção da realidade social com suas especialidades e regras.
Entre os filósofos sociais franceses, pode-se destacar HipoliteTaine, cujas idéias sofreram menor
influência de Comte. Formulou uma concepção de realidade histórica como determinada por três
forças primordiais: a “raça”, que constituiria o fundamento biológico; o “meio”, que incluiria
aspectos físicos e sociais; e o “momento”, que se constitui no resultado das sucessões históricas. 
Outra figura relevante é Gustave Le Bon, médico e arqueólogo, contemporâneo de Taine, autor de
pioneira e controvertida obra sobre a “psicologia das multidões”, na qual reflete sobre as crenças
sociais mais gerais formadoras da “mentalidade coletiva” e a sua ação em indivíduos agrupados
em multidão. Pierre Le Play, outro destes filósofos sociais, havendo concentrado seus esforços na
busca da “menor unidade social”, comparável ao átomo da física ou as células da biologia. Le Play
estabeleceu a família como essa unidade básica e universal.
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Q U I N T A - F E I R A , 6 D E M A R Ç O D E 2 0 1 4
CRISTINA COSTA. RESUMO ATÉ CAP. IV: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
RESUMO: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
O RENASCIMENTO
5/6/2014 FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
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O Renascimento, mais do que a maioria dos diversos momentos históricos suscita grandes
controvérsias. Há quem veja nesse movimento filosófico e artístico o momento de ruptura entre o
mundo medieval – com suas características de sociedade agrária, estamental, teocrática e
fundiária – e o mundo moderno urbano, burguês e comercial. Mudanças significativas ocorrem na
Europa a partir de meados do século XV lançando as bases do que viria a ser, séculos depois, o
mundo contemporâneo. A Europa medieval, relativamente estável e fechada, inicia um processo de
abertura e expansão comercial e marítima. A identidade das pessoas, até então baseadas no clã e
na propriedade fundiária, vai sendo progressivamente substituída pela identidade nacional e pelo
individualismo. A mentalidade vai se tornando paulatinamente laica – desligada das questões
sagradas e transcendentais -, as preocupações metafísicas vão convivendo com outras mais
imediatistas e materiais, centradas principalmente no homem. Embora as questões metafísicas e
filosóficas tenham sido consideradas desde a Antiguidade, no Renascimento a nova sociedade que
emerge exige a distinção entre conhecimento especulativo e o pragmático.
Analisar as contradições sociais e procurar resolvê-las, acreditar que o bem-estar do homem
depende das condições sociais é o germe do pensamento sociológico.
A ILUSTRAÇÃO E A SOCIEDADE CONTRATUAL
O Renascimento desenvolveu nos homens novos valores, diferentes daqueles vigentes na Idade
Média. Os valores renascentistas estavam mais adequados ao espírito do capitalismo, um sistema
econômico voltado para a produção e a troca, para a expansão comercial, para a circulação
crescente de mercadorias e para o consumo de bens materiais. Instalava-se uma sociedade
baseada na distinção pela posse de riqueza e não pela origem, nome e propriedade fundiária. Essa
mudança radical no mundo ocidental exigia uma nova ordem social, dirigida por pessoas dispostas
a buscar um espaço no mundo, a competir por mercados e a responder de forma produtiva à
ampliação do consumo. Pessoas cuja vida estivesse direcionada para a existência terrena e suas
conquistas, e não para a vida após a morte e para os valores transcendentais. Todas essas
mudanças se anunciavam no Renascimento e se tornavam cada vez mais radicais à medida que se
adentrava a Idade Moderna e a Revolução Industrial se tornava realidade. A nova concepção de
lucro, elaborada e praticada pelo comerciante burguês renascentista, é a marca decisiva da ruptura
com os valores e as idéias do mundo medieval. O lucro não é mais apenas o valor que se paga ao
comerciante pelo trabalho realizado. O lucro expressa a premissa da acumulação, da ostentação,
da diferenciação individual e assim realiza a idéia de que tenho o direito de cobrar o máximo que
uma pessoa pode pagar. A idéia e a realização do lucro não eram de forma alguma novas. Eram
conhecidas desde a Antiguidade, a partir do momento em que surgiu o comércio usando o dinheiro
como equivalente de troca e, em decorrência, a acumulação de riqueza. No entanto, a forma de
pensar e praticar o lucro era distinta. No Império Romano o comércio realizado com a prática de
preços considerados abusivos era considerado ilegal e pouco nobre, e a Igreja Católica considerava
pecaminosa a atividade econômica. Vejamos essa situação hipotética: na Grécia, um armador
vivia da compra, do transporte e da venda de azeitonas à Europa. O preço final do produto
remunerava o comerciante por seu trabalho de intermediação. Nesse preço estavam embutidas a
reposição dos navios e dos escravos e a viagem de volta. Muitos comerciantes enriqueceram,
porque agora também se cobrava o máximo possível pela mercadoria. Essa forma de entender o
lucro era nova na história e foi instaurada pela burguesia a partir do Renascimento. Se um
comerciante pode auferir numa troca comercial o maior preço possível que a situação permite –
resultante da relação entre oferta e procura e de outras condições produtivas e de mercado -,
então é preciso que a produção seja racional e em larga escala. O fato de a concordância ser cada
vez maior também exige maior racionalidade e previsão. A procura por novas técnicas mais
eficientes se torna uma constante. Muitos prêmios são oferecidos aos inventores, e projetos como
os de Leonardo da Vinci, que ficaram apenas no papel, passam a fazer enorme sucesso.
Desenvolvem-se a ciência e a tecnologia, enquanto na filosofia cada vez mais se procuram as
raízes das formas de pensar. 
O Renascimento introduziu e desenvolveu o antropocentrismo, a laicidade, o individualismo e o
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racionalismo. Com relação à vida social, passou-se a concebê-la como uma realidade própria sobre
a qual os homens atuam; percebeu-se também a existência de diferentes modelos – a República, a
Monarquia – e passou-se a analisa-los e a defender um ou outro modelo. Conseguiu-se vislumbrar a
oposição entre indivíduo e sociedade, entre vontade individual e regras sociais. 
A Ilustração, movimento filosófico que sucedeu o Renascimento, deu um passo além. Concebeu
novas idéias de vida social e entendeu a coletividade como um organismo próprio. Começou a
discernir aspectos e áreas da indústria, a cidade, o campo. O conceito de nação, como forma de
organização política pela qual as populações estabelecem relações intersocietárias, já se cristaliza
na Ilustração. O nacionalismo emergente do Renascimento, identificado ainda com o monarca e
preso ao sentimento de fidelidade e sujeição, dá lugar à noção de organismo representativo da
coletividade, independentemente de quem ocupa, por certo tempo, os cargos disponíveis. 
O princípio da representatividade política, revelando um aprofundamento no entendimento da vida
social, assim como o aparecimento de teorias capazes de explicar a origem do valor das
mercadorias e outros mecanismos sociais, mostram o grau de desenvolvimento do pensamento
social. Já era possível identificar fenômenos sociais e concebe-los em sua natureza própria
diferenciada. O surgimento de conceitos, como Valor e Estado, revela a existência de uma
metodologia e a emergência de uma nova forma de conhecer a realidade social. O Renascimento
correspondeu a uma primeira fase da sistematização do pensamento burguês, na medida em que
procurava trazer a volta à Europa os valores laicos, o gosto pela vida e o racionalismo, e atribuía
ao indivíduo valores pessoais que não provinham da sua origem. Embora ainda tivesse um certo
caráter religioso, o Renascimento exaltava a natureza e os prazeres da vida terrena, fosse oêxtase religioso ou o simples prazer dos sentidos, que se consegue junto à natureza. 
Nos séculos XVII e XVIII, entretanto, a burguesia avança na concepção de uma forma de pensar
própria, capaz de transformar o conhecimento não só numa exaltação da vida e dos feitos de seus
heróis, mas também num processo que frutificasse em termos de utilidade prática. Afinal, o
desenvolvimento industrial se anunciava em toda sua potencialidade; os empreendimentos, quando
bem dirigidos, prometiam lucros miraculosos. Portanto, era preciso preparar a sociedade para
receber os resultados desse trabalho. Os próprios sábios deveriam se interessar em desenvolver
conhecimentos de aplicação prática. 
A sociedade apresentava necessidades urgentes ao desenvolvimento científico: melhorar as
condições de vida; ampliar a expectativa de sobrevivência humana a fim de engrossar as fileiras
de consumidores e, principalmente, de mão-de-obra disponível; mudar hábitos sociais e formar
uma mentalidade receptiva às inovações técnicas. A prática de elaboração dos projetos científicos
para o desenvolvimento da indústria passa a ser aplicada à sociedade, pois sem um planejamento
racional dos meios de transporte terrestres e marítimos, da distribuição e armazenamento dos
produtos, da melhoria da infra-estrutura, todo o esforço produtivo estaria perdido. O planejar e o
projetar o futuro trouxeram consigo também o conceito de nação, correspondendo à extensão
territorial onde a burguesia de determinado país teria total controle sobre o mercado. A nação
deveria se submeter a uma organização política que pudesse favorecer o desenvolvimento
econômico e estimulá-lo. Dentro dessa nova organização política da sociedade deveria privilegiar-
se o indivíduo, principal motor do progresso econômico. Este deveria estar livre das amarras
impostas até então pela sociedade feudal, pois, de posse de sua total liberdade de agir, mover-se
e estabelecer-se, o individuo poderia promover o progresso econômico. 
Novos valores guiando a vida social para sua modernização, maior empenho das pesquisas e do
saber em conquistar avanços técnicos, melhora nas condições de vida, tudo isso somado levou a
esse surto de idéias, conhecido pelo nome de Ilustração. Após um primeiro momento em que a
existência de um poder central garantia a emergência e a organização dessa nova ordem social, o
mercado exigia liberdade de expansão. As novas formas de pensar e agir aliavam-se à necessidade
de a burguesia libertar-se das amarras estabelecidas pelas monarquias absolutas, que não
permitiam a livre iniciativa, a liberdade de comercio e a livre concorrência de salários, preços e
produtos. 
Assim, a Ilustração foi essencialmente pragmática e liberal, uma vez que a burguesia queria uma
ordem econômica, política e social em que tivesse participação no poder e pudesse realizar seus
negócios sem entraves. Podemos dizer que a burguesia já se sentia suficientemente forte e
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confiante em seus próprios objetivos de vida para dispensar a figura do rei como mercantilista,
onde o Estado favorecia uma política de acumulação. Fortalecida, a burguesia propunha agora
formas de governo baseadas na legitimidade popular, ate mesmo governos republicados.
Conclamava o povo a aderir à defesa da igualdade jurídica e do sufrágio universal. 
O pensamento burguês representou uma ruptura com relação ao mundo medieval. O
desenvolvimento do capitalismo estimulou a sistematização do pensamento sociológico. A filosofia
social da ilustração levou a descoberta das bases materiais das relações sociais. 
A CRISE DAS EXPLICAÇÕES RELIGIOSAS E O TRIUNFO DA CIÊNCIA
Vários aspectos da filosofia da Ilustração prepararam o surgimento das ciências sociais no século
XIX. O primeiro deles foi a sistematização do pensamento cientifico. Os efeitos de novos inventos,
como o pára-raios e as vacinas, e desenvolvimento da mecânica, da química e da farmácia, eram
amplamente verificáveis e pareciam coroar de êxitos as atividades cientificas. Claro está que a
sociedade européia da época não se dava conta das nefastas conseqüências que a Revolução
Industrial do século XVIII traria para o mundo tradicional agrário e manufatureiro. Aos olhos dos
homens da época, eram vitoriosas as conquistas do conhecimento do humano, no sentido de abrir
caminho para o controle sobre as leis da natureza. As idéias de progresso, racionalismo e
cientificismo exerceram todo um encanto sobre a mentalidade da época. A vida parecia submeter-
se aos ditames do homem esclarecido. Preparava-se o caminho para o amplo progresso cientifico
que aflorou no final do século XIX. Se esse pensamento racional e científico parecia válido para
explicar a natureza, intervir sobre ela e transformá-la, ele poderia também explicar a sociedade
vista como um elemento da natureza. E a sociedade, da mesma forma que a natureza, poderia ser
conhecida e transformada. 
Se a ciência tinha sucesso na explicação da natureza, poderia também explicar a sociedade, como
elemento da natureza. O pensamento laico-científico permitiu pensar a sociedade como obra
humana e não divina. 
POSITIVISMO: UMA PRIMEIRA FORMA DE PENSAMENTO SOCIAL
A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo, a primeira
a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Além
disso, o positivismo, ao definir a especificidade do estudo cientifico da sociedade, conseguiu
distinguir-se de outras ciências estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade. Seu
primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador francês Auguste Comte. O
positivismo derivou do “cientificismo”, isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da razão
humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Essas leis seriam a base
da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e do próprio universo. Seu
conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por
meio das quais – até então – o homem explicava a realidade. O positivismo reconhecia que os
princípios reguladores do mundo físico e do mundo social diferiam quanto à sua essência: os
primeiros diziam respeito a acontecimentos exteriores aos homens; os outros, a questões
humanas. Entretanto, a crença na origem natural de ambos teve o poder de aproxima-los. Além
disso, a rápida evolução dos conhecimentos das ciências naturais – física, química, biologia – e o
visível sucesso de suas descobertas no incremento da produção material e no controle das forças
da natureza atraíram os primeiros cientistas sociais pra o seu método de investigação. Essa
tentativa de derivar as ciências sociais das ciências físicas é patente nas obras dos primeiros
estudiosos da realidade social. O próprio Comte deu inicialmente o nome de “física social” às suas
análises da sociedade, antes de criar o termo sociologia. Essa filosofia social positivista se
inspirava no método de investigação das ciências da natureza, assim como procurava identificar
na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida
natural. A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes integradas e
coesas que funcionavam harmonicamente, segundo o modelo físico ou mecânico. Por isso o
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positivismo foi chamado também de organicismo. Podemos apontar, portanto, como primeiro
princípio teórico dessa escola a tentativa de constituir seu objeto, pautar seus métodos e elaborar
seus conceitos à luz das ciências naturais, procurando dessa maneira chegar à mesma objetividade
e ao mesmo êxito nas formasde controle sobre os fenômenos sociais. 
O positivismo reconheceu a existência de princípios reguladores do mundo físico e do mundo
social. Acreditando na superioridade de sua cultura, os europeus intervieram nas formas
tradicionais de vida existentes nos outros continentes, procurando transforma-las. O darwinismo
social justificava o colonialismo europeu e refletia o otimismo dos europeus em relação à sua
cultura. Os organicistas procuravam características universais da espécie humana, deixando de
lado suas particularidades. O positivismo exaltava a coesão social e a harmonia dos indivíduos em
sociedade. 
A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM
Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha-lhe dado esse nome, Durkheim é
apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçavam por
emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la com disciplina
rigorosamente científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o
método e as aplicações dessa nova ciência. Em uma de suas obras fundamentais, As regras do
método sociológico, publicada em 1895, Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia – os
fatos sociais. Distingue três características: 
1a) A coerção social – a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se
às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa força se
manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um
determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.
O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará
sujeito quanto tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser legais ou espontâneas.
Legais – são as prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se estabelece a infração e
a penalidade subseqüente. 
Espontâneas – são as que afloram como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do
grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence. 
Por exemplo, uma ofensa num grupo social pode não ter penalidade prevista por lei, mas o grupo
pode espontaneamente reagir penalizando o agressor. A reação negativa a certa forma de
comportamento é, muitas vezes mais, mais intimidadora do que a lei. Jogar lixo no chão ou fumar
em espaços particulares – mesmo quando não proibidos por lei nem reprimidos por penalidade
explicita – são comportamentos inibidos pela reação espontânea dos grupos que a isso se
opuserem.
A educação – entendida de forma geral, ou seja, a educação formal e a informal – desempenha,
segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que
vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em
hábitos. O uso de uma determinada língua ou o predomínio no uso da mão direita são
internalizados no indivíduo que passa a agir assim sem sequer pensar a respeito. 
2a.) Os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou
de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os costumes,
as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos de
coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e
dotados de existência exterior às consciências individuais. 
3a.) A generalidade é a terceira característica dos fatos sociais. É social todo fato que é geral, que
se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos
sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de
habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.
Durkheim aconselhava o cientista a estudar os fatos sociais como coisas, fenômenos que lhe são
exteriores e podem ser observados e medidos de forma objetiva. A generalidade de um fato social
representava o consenso social e a vontade coletiva. Aquilo que põe em risco a harmonia e o
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consenso representa um estado mórbido da sociedade. Aos poucos começa a se desenvolver na
sociologia a preocupação com o particular (pequenos grupos, sentimentos comuns resultantes da
convivência social). 
SOCIOLOGIA ALEMÃ: A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER
A França desenvolveu seu pensamento social sob influência da filosofia positivista. Como potência
emergente nos séculos XVII e XVIII foi, com a Inglaterra, a sede do desenvolvimento industrial e da
sedimentação do pensamento burguês. O desenvolvimento da industria e a expansão marítima e
comercial colocaram esses paises em contato com outras culturas e outras sociedades, obrigando
seus pensadores a um esforço interpretativo da diversidade social. O sucesso alcançado pelas
ciências físicas e biológicas, impulsionadas pela indústria e pelo desenvolvimento tecnológico, fez
com que as primeiras escolas sociológicas fossem fortemente influenciadas pela adaptação dos
princípios e da metodologia dessas ciências à realidade social. Na Alemanha, no entanto, a
realidade é distinta. O pensamento burguês se organiza tardiamente e quando o faz, já no século
XIX, é sob influência de outras correntes filosóficas e da sistematização de outras ciências
humanas, com a história e a antropologia. A associação entre história, esforço interpretativo e
facilidade em discernir diversidades caracterizou o pensamento alemão e quase todos os seus
cientistas. Weber foi o grande sistematizador da sociologia na Alemanha, consegue combinar duas
perspectivas: a histórica, que respeita as particularidades de cada sociedade e a sociológica, que
ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico
Uma das diferenças existentes entre o positivismo e o idealismo é a importância que o segundo dá
a história. Weber conseguiu desenvolver a perspectiva histórica e sociológica. Cada indivíduo age
levado por motivos que resultam da influência da tradição, dos interesses racionais e da
emotividade. A tarefa do cientista era descobrir os possíveis sentidos da ação humana. Afirmava
que o cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura e sua
tradição. Qualquer que seja a sua perspectiva, ela será sempre parcial. 
KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM
Vimos até agora que o pensamento sociológico, em seu desenvolvimento, abordou níveis
diferentes da realidade. O método positivista expôs ao pensamento humano a idéia de que uma
sociedade é mais do que a soma de indivíduos, que há normas, instituições e valores estabelecidos
que constituem o social. Weber reorganizou os fatos sociais “à luz” da história e da subjetividade
do agente social. 
A corrente mais revolucionária do pensamento social tanto nas conseqüências teóricas quanto na
prática social, é o materialismo histórico de Karl Marx. Marx produziu muito e suas idéias se
desdobraram em várias correntes e foram incorporadas por inúmeros teóricos. Com o objetivo de
entender o capitalismo, Marx produziu obras de filosofia, economia e sociologia. Sua intenção não
era apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação
política, econômica e social. Sua obra O capital, destinava-se a todos os homens, não apenas aos
estudiosos da economia, da política e da sociedade. Este é um aspecto singular da teoria de Marx:
há um alcance mais amplo nas suas formulações, que adquiriram dimensões de ideal revolucionário
e de ação política efetiva. As contradições básicas da sociedade capitalista e as possibilidades de
superação apontadas pela obra de Marx não puderam, pois, permanecer ignoradas. 
Podemos apontar algumas influências básicas no desenvolvimentodo pensamento do referido
autor: a leitura crítica da filosofia de Hegel, de quem Marx absorveu e aplicou, de modo peculiar, o
método dialético. Destacava o pioneirismo dos críticos da sociedade burguesa, mas reprovava o
“utopismo” das suas propostas de mudança social. As teorias desenvolvidas tinham como traço
comum o desejo de impor de uma só vez uma transformação social total, implantando, assim, o
império da razão e da justiça eterna. Nesses sistemas elaborados havia a eliminação do
individualismo, da competição e da influência da propriedade privada. Tratava-se de descobrir um
sistema novo e perfeito de ordem social, vindo de fora, para implantá-lo na sociedade, por meio
da propaganda e, sendo possível, como o exemplo, mediante experiências que servissem de
modelo. Com esta formulação, desconsideravam a necessidade da luta política entre as classes
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sociais e o papel revolucionário do proletariado na realização dessa transição. 
A trajetória de Marx é marcada pelo desenvolvimento de conceitos importantes como alienação,
classes sociais, valor, mercadoria, trabalho, mais-valia, modo de produção. 
Marx afirmava que as relações entre os homens são relações de oposição, antagonismo e
exploração. A Revolução Industrial acelerou o processo de alienação do trabalhador dos meios e dos
produtos de seu trabalho. O capitalismo transformou o trabalho em mercadoria. As classes sociais
não apresentam apenas uma diferente quantidade de riqueza, mas também posição, interesse e
consciência diversa. O estudo do modo de produção é fundamental para se saber como se organiza
e funciona uma sociedade. A realidade social era uma concretude histórica – um conjunto de
relações de produção que caracteriza um momento histórico. Contribuiu para uma nova abordagem
do conflito, da relação entre consciência e realidade, e da

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