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Circuitos de Corrente Cont´ınua - Aula 13 Prof. Giovanni Cordeiro Barroso 9 de maio de 2017 Resumo Forc¸a eletromotriz (FEM), Resisteˆncias em se´rie e em paralelo, Leis de Kirchhoff, Circuitos RC. 1 Forc¸a Eletromotriz (FEM) Uma bateria ideal produz em seus terminais uma diferenc¸a de potencial cons- tante ao longo do tempo. Sendo assim, a corrente em qualquer circuito em que esta bateria esteja ligada e´ constante em magnitude e direc¸a˜o. Estes circuitos sa˜o chamados de Circuitos de Corrente Cont´ınua e a bateria e´ sua fonte de forc¸a eletromotriz (FEM). A FEM E e´ a maior diferenc¸a de potencial que a bateria pode fornecer entre seus terminais. Uma bateria real possui resisteˆncia ao fluxo de carga, a qual e´ denominada de resisteˆncia interna r . Para uma bateria ideal, com resisteˆncia interna zero, a diferenc¸a de potencial entre seus terminais e´ igual a` FEM. Para uma bateria real, a diferenc¸a de potencial entre seus terminais e´ sempre menor que sua FEM quando existe corrente no circuito. Para o circuito apresentado na Figura 1, veja que a bateria e´ represen- tada pela FEM E em se´rie com sua resisteˆncia interna r e um resistor R e´ conectado entre os terminais da bateria. Atrave´s deste circuito se estabelece uma corrente constante I. Assim, a diferenc¸a de potencial entre os terminais da bateria ∆V = Vb − Va e´: ∆V = E − rI (1) 1 Figura 1: Circuito de corrente cont´ınua cuja fonte e´ uma bateria de resisteˆncia interna r. Quando a corrente no circuito e´ igual a zero, a diferenc¸a de potencial entre os terminais da bateria ∆V e´ igual a E . Se a corrente no circuito e´ diferente de zero, enta˜o, ∆V depende do valor da corrente e e´ igual a` diferenc¸a de potencial entre os terminais do resistor R, denominado de resisteˆncia de carga. A diferenc¸a de potencial entre os terminais de R e´ ∆V = RI. Combinando esta expressa˜o com a Equac¸a˜o 1, tem-se: E = RI + rI (2) Resolvendo para I, tem-se: I = E R + r (3) Multiplicando a Equac¸a˜o 2 por I, obte´m-se: EI = RI2 + rI2 (4) A Equac¸a˜o 4 mostra que a poteˆncia total liberada pela bateria (EI) e´ con- sumida, parte pela resisteˆncia interna da bateria (rI2) e parte pela resisteˆncia de carga (RI2), ou seja: 2 Ptotal = PR + Pr 2 Resistores ligados em se´rie e em paralelo 2.1 Resistores em se´rie Quando dois ou mais resistores esta˜o conectados como apresentado na Figura 2, a mesma corrente I se estabelece atrave´s dos mesmos. Isso constitui uma ligac¸a˜o de resistores em se´rie. Figura 2: Circuito com treˆs resistores ligados em se´rie. A mesma corrente I se estabelece em todos os resistores. Nesse tipo de ligac¸a˜o, a diferenc¸a de potencial nos terminais da fonte ∆V e´ igual a` soma das diferenc¸as de potencial em cada resistor, assim: ∆V = ∆V1 +∆V2 +∆V3 (5) Como ∆V = RI, substituindo em 5 tem-se: ∆V = R1I +R2I +R3I (6) Colocando I em evideˆncia: 3 ∆V = I(R1 +R2 +R3) (7) ou ∆V I = Req = R1 +R2 +R3 (8) Assim, a resisteˆncia equivalente Req de dois ou mais resistores ligados em se´rie e´ igual a` soma dos resistores: Req = R1 +R2 +⋯ +Rn (9) Um exemplo de resistores (cargas) ligados em se´rie sa˜o aquela fila de laˆmpadas ornamentais normalmente usadas na e´poca do Natal. ———————— Exerc´ıcio 1. Se acrescentarmos mais um resistor em se´rie no circuito apre- sentado na Figura 2, o que acontece com: (a) a corrente da fonte? (b) a tensa˜o da fonte? 2.2 Resistores em paralelo Quando dois ou mais resistores esta˜o conectados conforme apresentado na Fi- gura 3, todos os resistores esta˜o submetidos a` mesma diferenc¸a de potencial. Isso constitui uma ligac¸a˜o de resistores em paralelo. Neste caso, a corrente total da fonte I se divide em I1 (corrente que passa em R1) e I2 (corrente que passa em R2), assim: I = I1 + I2 (10) 4 Figura 3: Circuito com dois resistores ligados em paralelo. Todos os resistores esta˜o submetidos a` mesma diferenc¸a de potencial ∆V . ou ∆V Req = ∆V R1 + ∆V R2 (11) Colocando ∆V em evideˆncia no lado direito da Equac¸a˜o 11: ∆V Req = ∆V ( 1 R1 + 1 R2 ) (12) Eliminando ∆V na Equac¸a˜o 12: 1 Req = ( 1 R1 + 1 R2 ) (13) Enta˜o, para dois ou mais resistores conectados em paralelo, tem-se a seguinte relac¸a˜o: 5 1 Req = ( 1 R1 + 1 R2 +⋯ + 1 Rn ) (14) Achando o valor de Req (para dois resistores em paralelo) na Equac¸a˜o 13, tem-se: Req = R1R2 R1 +R2 (15) Um exemplo de resistores (cargas) ligados em paralelo sa˜o os aparelhos ele´tricos, as laˆmpadas e os aparelhos eletroˆnicos de sua casa. ———————— Exerc´ıcio 2. Na Figura 4 a chave C, que esta´ em se´rie com a resisteˆncia R2, esta´ aberta, portanto, na˜o existe corrente atrave´s desta resisteˆncia, somente atrave´s de R1. Se a chave for fechada, enta˜o se estabelece uma corrente em R1 e outra em R2. O que ocorre com a corrente I da fonte neste instante: (a) ela aumenta? (b) ela diminui? (c) ela permanece constante? Figura 4: Figura relativa ao Exerc´ıcio 2 ———————— 3 Leis de Kirchhoff Para ana´lise de circuitos mais simples de uma u´nica malha, ou mesmo de va´rias malhas, basta que se saiba usar a expressa˜o V = RI e as regras para 6 combinac¸a˜o de resistores em se´rie e em paralelo. No entanto, existem circui- tos com va´rias malhas em que na˜o e´ poss´ıvel se achar uma soluc¸a˜o usando apenas o que se aprendeu ate´ aqui. Circuitos mais complexos podem ser analisados usando-se as Leis de Kirchhoff, quais sejam: 1. Lei dos no´s – A soma das correntes em um no´ e´ igual a zero: ∑ no´ I = 0 (16) 2. Lei das malhas A soma das tenso˜es de todos os elementos de uma malha fechada e´ igual a zero ∑ malha fechada ∆V = 0 (17) A lei dos no´s e´ uma declarac¸a˜o da conservac¸a˜o da carga ele´trica, a soma das correntes que chegam a um no´ e´ igual a` soma das corrente que saem deste no´. Observando a Figura 5 e aplicando a lei dos no´s, tem-se que: Figura 5: Correntes em um no´ de um circuito ele´trico. I1 − I2 − I3 = 0 ou I1 = I2 + I3 (18) 7 Convenciona-se que a corrente que chega em um no´ e´ positiva e a que sai e´ negativa. A lei das malhas e´ derivada da lei da conservac¸a˜o da energia. Movendo-se uma carga atrave´s de uma malha fechada, quando a mesma retorna ao seu ponto de partida, o sistema circuito-carga tem que possuir a mesma energia que ele tinha antes da carga se mover. A soma do aumento de potencial quando a carga atravessa um elemento do circuito deve ser igual a` soma da queda do potencial quando a carga atravessa um outro elemento do circuito. Observando a Figura 6 e percorrendo a malha no sentido hora´rio, come- c¸ando no ponto a, ao atravessar a fonte, chegando no ponto b, ocorre um aumento de potencial igual a ∆V . Ao atravessar a resisteˆncia R1 e retornar ao ponto a, ocorre uma queda de potencial igual a −RI, cujo valor e´ igual a ∆V , pois se retornou ao ponto de partida. Como o circuito e´ composto apenas por uma fonte e uma resisteˆncia, enta˜o, o aumento de potencial na fonte e´ igual a` queda de potencial no resistor. Figura 6: Circuito de uma u´nica malha Para aplicar as leis de Kirchhoff na ana´lise de um circuito voceˆ precisa saber quantos no´s e quantas malhas o circuito possui. Voceˆ pode usar quantas equac¸o˜es da lei dos no´s forem necessa´rias, desde que inclua uma corrente que na˜o tenha sido usada em uma equac¸a˜o anterior. Em geral, o nu´mero de equac¸o˜es da lei dos no´s e´ igual a n − 1 no´s que aparecem no circuito. Voceˆ pode aplicar a lei das malhas quantas vezes for necessa´rio, desde que um novo elemento de circuito (resistor ou bateria) ou uma nova corrente aparec¸a em cada nova equac¸a˜o. Em geral, para resolver um circuito particular, o nu´mero de equac¸o˜es independentes que voceˆ precisa para obter das duas leis e´ igual ao nu´mero de correntes desconhecidas nocircuito. Circuitos com muitas malhas possuem geralmente um nu´mero muito grande de correntes desconhecidas e, portanto, necessitam de igual nu´mero de 8 equac¸o˜es lineares independentes. Para encontrar a soluc¸a˜o para tais proble- mas, e´ necessa´rio o uso de a´lgebra matricial e um programa computacional. ———————— Exemplo 1. Para o circuito de uma u´nica malha apresentado na Figura 7 ∆V1 = 10 V , ∆V2 = 2 V e R1 = 4 Ω. Usando as leis de Kirchhoff, encontre o valor da corrente I no circuito. Figura 7: Figura relativa ao Exemplo 1. R – Como o circuito possui uma u´nica malha, enta˜o, o mesmo na˜o possui nenhum no´, pois so´ existe a corrente I no circuito. Desta forma, na˜o seria necessa´rio usar as leis de Kirchhoff para encontrar a corrente no mesmo. No entanto, usaremos a lei das malhas so´ para exercitar. Percorrendo o circuito no sentido hora´rio e iniciando no ponto a, tem- se: ∑∆V = 0→∆V1 −R1I −∆V2 = 0→ I = V1 − V2 R1 Substituindo os valores: I = 10 − 2 4 = 2 A ———————— Exerc´ıcio 3. Qual a nova corrente do circuito da Figura 7 se a polaridade da bateria 2 (∆V2) for invertida? ———————— 9 Exemplo 2. Encontre as correntes I1, I2 e I3 para o circuito apresentado na Figura 8 usando as leis de Kirchhoff. (∆V = 10 V ; R1 = 8 Ω;R2 = 6 Ω;R3 = 3 Ω) Figura 8: Figura relativa ao Exemplo 2 R – Analisando a figura, pode-se determinar que o circuito possui 3 cor- rentes, assim, sa˜o necessa´rias treˆs equac¸o˜es linearmente independentes para que se encontre a soluc¸a˜o desejada. Para a lei dos no´s tem-se que: I1 = I2 + I3 Basta agora encontrar duas equac¸o˜es de malha (usando a lei das ma- lhas) para que se tenha o sistema com treˆs inco´gnitas e treˆs equac¸o˜es. O circuito possui duas malhas internas, a da esquerda e a da direita e uma malha externa. Pode-se escolher duas dentre as treˆs. Escolhendo a malha interna da esquerda, constitu´ıda da fonte ∆V e dos resistores R1 e R2 e a malha externa, constitu´ıda da fonte ∆V e dos resistores R1 e R3: ∆V −R1I1 −R2I2 = 0 ∆V −R1I1 −R3I3 = 0 Assim, tem-se o seguinte sistema de equac¸o˜es: ⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩ I1 + I2 + I3 = 0 (1) 10 − 8I1 − 6I2 = 0 (2) 10 − 8I1 − 3I3 = 0 (3) 10 Encontrando o valor de I1 em (1) e substituindo em (2) e (3): { 10 − 8(I2 + I3) − 6I2 = 0 (4) 10 − 8(I2 + I3) − 3I3 = 0 (5) Rearranjando (4) e (5): { 10 − 14I2 − 8I3 = 0 (6) 10 − 8I2 − 11I3 = 0 (7) Resolvendo o sistema de duas equac¸o˜es e duas inco´gnitas em (6) e (7) e substituindo em (1), encontram-se: I1 = 1 A; I2 = 0,34 A; I3 = 0,66 A ———————— 4 Lista de Exerc´ıcios 1. Se va´rios resistores sa˜o conectados em se´rie, qual(is) das opc¸o˜es se- guintes esta´(a˜o) correta(s)? (a) a resisteˆncia equivalente e´ maior que a maior das resisteˆncias do conjunto; (b) a resisteˆncia equivalente e´ menor que a menor das resisteˆncia do conjunto; (c) a resisteˆncia equi- valente depende da diferenc¸a de potencial aplicada ao conjunto; (d) a resisteˆncia equivalente e´ igual a` soma das resisteˆncias; (e) nenhuma das opc¸o˜es anteriores. 2. Se va´rios resistores sa˜o conectados em paralelo, qual(is) das opc¸o˜es seguintes esta´(a˜o) correta(s)? (a) a resisteˆncia equivalente e´ maior que a maior das resisteˆncias do conjunto; (b) a resisteˆncia equivalente e´ menor que a menor das resisteˆncia do conjunto; (c) a resisteˆncia equivalente depende da diferenc¸a de potencial aplicada ao conjunto; (d) a resisteˆncia equivalente e´ igual a` soma das resisteˆncias; (e) nenhuma das opc¸o˜es anteriores. 3. Os terminais de uma bateria esta˜o conectados aos terminais externos de dois resistores ligados em se´rie. Os resistores possuem resisteˆncias di- ferentes. Qual(is) das opc¸o˜es seguintes esta´(a˜o) correta(s)? (a) Passa 11 mais corrente pelo resistor de maior resisteˆncia; (b) a corrente em am- bos os resistores e´ a mesma; (c) A diferenc¸a de potencial e´ maior no resistor de maior resisteˆncia; (d) A diferenc¸a de potencial e´ maior no resistor de menor resisteˆncia; (e) nenhuma das opc¸o˜es anteriores. 4. Encontre as correntes e as tenso˜es nos pontos a, b, c, d, e do circuito apresentado na Figura 9. Todos os resistores tem seus valores em ohms e a tensa˜o no ponto e e´ igual a zero (Ve = 0 V ). Figura 9: Figura relativa ao Exerc´ıcio 4. 5. Uma bateria cuja F.E.M. E = 20 V , possui uma diferenc¸a de potencial ∆V = 15 V entre seus terminais. Se a bateria esta´ liberando uma poteˆncia de 15 W para uma resisteˆncia de carga R, qual o valor da: (a) resisteˆncia de carga? (b) corrente do circuito? (c) resisteˆncia interna da bateria r? 6. Uma laˆmpada incandescente dissipa 100 W quando ligada a uma tensa˜o de 120 V . Por um problema na rede ele´trica, a tensa˜o sobe para 140 V por um pequeno intervalo de tempo. Qual a porcentagem de aumento de sua poteˆncia? Suponha que a resisteˆncia da laˆmpada na˜o se modifique. 7. Considere o circuito apresentado na Figura 10. Encontre: (a) a dife- renc¸a de potencial entre os pontos a e b; (b) a corrente no resistor de 20 Ω. Figura 10: Figura relativa ao Exerc´ıcio 7 12 8. O dono de um carro esquece os dois faro´is ligados apo´s estacionar. A bateria de seu carro, cuja tensa˜o e´ de 12 V , fornece uma corrente a uma taxa de 90 A.h. Cada farol requer uma poteˆncia de 36 W . Quanto tempo leva a bateria para descarregar totalmente? 9. Uma bateria, cuja tensa˜o e´ igual a 6 V , fornece corrente para o cir- cuito apresentado na Figura 11. Quando a chave S esta´ aberta, como mostrado na figura, a corrente da bateria e´ de 1 mA. Quando a chave e´ fechada na posic¸a˜o a, a corrente da bateria e´ de 1,2 mA. Quando a chave e´ fechada na posic¸a˜o b, a corrente da bateria e´ de 2 mA. Encontre o valor das resisteˆncias. Figura 11: Figura relativa ao Exerc´ıcio 9. 10. Encontre a resisteˆncia equivalente entre os pontos a e b do circuito apresentado na Figura 12. Figura 12: Figura relativa ao Exerc´ıcio 10. 13 5 Resposta aos exerc´ıcios 4. Ia = Ib = 2 A; Ie = 1 A; Ic = Id = 1 A; Va = 12 V ; Vb = Vc = 6 V ; Vd = 4 V . 5. (a) R = 15 Ω; (b) I = 1 A; (c) r = 5 Ω. 6. A porcentagem de aumento da poteˆncia e´ de 36,1%. 7. (a) Vab = 5,68 V ; (b) I = 227 mA. 8. A bateria leva 15 h para descarregar. 9. R1 = 1 Ω; R2 = 2 Ω; R3 = 3 Ω. 10. Req = R. 14
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