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Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Professor: Me. Klaus André de S. Medeiros Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais CONTEÚDO 1 – ENSAIOS DE TRAÇÃO E COMPRESSÃO; 2 – DIAGRAMAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO; • COMPORTAMENTO DÚCTIL E FRÁGIL; • REGIMES DE COMPORTAMENTO ELÁSTICO E PLÁSTICO; • TIPOS CONVENCIONAIS DE DIAGRAMAS; • LIMITES IMPORTANTES NO DIAGRAMA. 3 – ESTRICÇÃO; 4 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO; 5 – COEFICIENTE DE POISSON; 6 – DIAGRAMA TENSÃO−DEFORMAÇÃO DE CISALHAMENTO; 7 – FALHA DE MATERIAIS DEVIDA À FLUÊNCIA E À FADIGA; Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 1 – ENSAIOS DE TRAÇÃO E COMPRESSÃO • A resistência de um material depende de sua capacidade de suportar uma carga sem deformação excessiva ou ruptura; • Essa propriedade é inerente ao próprio material e deve ser determinada por métodos experimentais, como o ensaio de tração ou compressão; RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais • Uma máquina de teste é projetada para ler a carga exigida para manter a taxa de alongamento uniforme até a ruptura. Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 2 – DIAGRAMAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO 2.1 - Introdução • O diagrama tensão-deformação de um material estrutural fornece informações sobre suas características de comportamento mecânico quando utilizado como peça estrutural; • O diagrama é traçado a partir de ensaios de tração ou compressão axial realizados sobre corpos-de-prova típicos do material (conforme normas da ABNT); • Tensão nominal, ou tensão de engenharia: • Deformação específica, ou nominal, ou de engenharia: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 2.2 – Comportamento dúctil e frágil: - Material Dúctil • Quando o corpo-de-prova ou peça constituída por este material apresenta grandes deformações antes de romper; • Exemplos: materiais metálicos: aço, alumínio, latão, cobre. (avisam antes de romper); • Apresentam escoamento (com patamar nítido ou não) no diagrama tensão-deformação; • O escoamento é uma fase de comportamento do diagrama onde as deformações crescem bastante com quase nenhuma variação da tensão atuante. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos - Material Frágil • Quando o corpo-de-prova ou peças constituídas por este material quase não se deformam antes de se romper. • Exemplos: vidro, ferro fundido, concreto. (não avisam antes de romper) Comportamento dos materiais dúcteis e frágeis no gráfico Tensão x Deformação RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos OBSERVAÇÕES: I) Relação entre ductilidade e temperatura: • Altas temperaturas tendem a promover o comportamento dúctil; • Baixas temperaturas tendem a promover o comportamento frágil. II) Limite entre Material Dúctil e Material Frágil Sendo eR a deformação específica após a ruptura, do corpo-de-prova: l ll l RR R e • Se eR > 5% Material Dúctil; • Se eR < 5% Material Frágil. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 2.3 – Regimes (fases) de comportamento elástico e plástico • Todo material estrutural (frágil ou dúctil) possui uma fase elástica e uma fase plástica de comportamento; • Dentro dos limites elásticos: – Fase de proporcionalidade direta entre as tensões e as deformações específicas Lei de Hooke (s E∙e); – Região de linearidade no diagrama tensão-deformação do material. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais E = Módulo de deformação longitudinal Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos O material que constitui uma peça estrutural, deformada por um conjunto de solicitações externas, pode trabalhar em dois regimes de comportamento diferentes. I. Regime de comportamento Elástico: Ocorre quando ao se retirar de sobre a peça o conjunto de cargas deformadas, ela volta inteiramente à forma e dimensões primitivas. II. Regime de comportamento Plástico: Ocorre quando ao se retirar de sobre a peça o conjunto de cargas deformador ela não volta mais à forma e dimensões primitivas, ou seja, ela apresenta deformações irreversíveis, que são chamadas deformações permanentes ou deformações residuais. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos • Se um corpo de prova de material dúctil for carregado na região plástica e, então, descarregado, a deformação elástica é recuperada. • Entretanto, a deformação plástica permanece, e o resultado é que o material fica submetido a uma deformação permanente. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 2.4 – Tipos convencionais de diagramas tensão-deformação A diversidade de diagramas tensão-deformação dos materiais estruturais é devida ao comportamento por eles apresentado além do limite da proporcionalidade. Assim, tem-se três tipos convencionais de diagramas tensão-deformação para os materiais estruturais: I) Diagrama Tensão-Deformação para Materiais Dúcteis com patamar de escoamento definido: s PATAMAR DE ESCOAMENTO e Material dúctil com patamar de escoamento Ex: Aço RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos II) Diagrama Tensão-Deformação para Materiais Dúcteis sem escoamento nítido: s e Ex: Alumínio Material dúctil sem patamar de escoamento nítido RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos III) Diagrama Tensão-Deformação para Materiais Frágeis: s e Ex: Ferro fundido Material frágil RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 2.5 – Limites importantes no diagrama tensão-deformação I) Limite de Proporcionalidade – É a tensão correspondente ao último ponto de comportamento linear do diagrama tensão-deformação do material, representado por sP. Ex: s e sP RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos II) Limite de Elasticidade – É a tensão correspondente ao último ponto de comportamento elástico do material, sEL. Ex s e sEL sP fase de comportamento elástico linear fase de comportamento elástico não-linear OBS: Para a maioria dos materiais tem-se sP =sEL. Quando sEL ≠ sP , tem-se sEL > sP. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos III) Limite de Escoamento – É a tensão correspondente ao patamar de escoamento, sE. s e PATAMAR DE ESCOAMENTO sE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entreos Limites Elásticos s e Reta paralela à parte linear, traçada até encontrar a curva sE 0,2% OBS: Quando o material dúctil não apresenta patamar de escoamento definido, determina-se sE da seguinte forma: - Determinação de sE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos s e IV) Limite Último – É a tensão correspondente ao máximo valor de carga que o corpo-de-prova do material pode suportar; representa a resistência estática do material e é indicado por sU. sU RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos s e V) Limite de Ruptura – É a tensão correspondente ao instante de ruptura do corpo-de-prova do material e é geralmente representada por sR. sR OBS: Para alguns materias, tem-se sR =sU. Quando sR ≠ sU, tem-se sR < sU. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 3 – ESTRICÇÃO É a fase de comportamento do corpo-de-prova entre o limite último (sU) e o limite de ruptura (sR), a qual possui uma alta taxa de deformação localizada (redução da seção transversal). Corpo-de-prova antes do ensaio Corpo-de-prova após ensaio, com estricção. estricção RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 4 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO • Quando um material é deformado por uma carga externa, tende a armazenar energia internamente em todo o seu volume; • Essa energia está relacionada com as deformações no material, e é denominada energia de deformação. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais • Quando a tensão atinge o limite de proporcionalidade elástico, a densidade da energia de deformação é denominada módulo de resiliência, ur. para s E∙e e s/E Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos • Módulo de tenacidade, ut, representa a área inteira sob o diagrama tensão-deformação. Indica a densidade de energia de deformação do material um pouco antes da ruptura. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos Exemplo: O diagrama tensão-deformação para uma liga de alumínio utilizada na fabricação de peças de aeronaves é mostrado abaixo. Se um corpo de prova desse material for submetido à tensão de tração de 600 MPa, determine o módulo de deformação do material e a deformação permanente no corpo de prova quando a carga é retirada. Calcule também o módulo de resiliência antes e depois da aplicação da carga. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 5 – COEFICIENTE DE POISSON É representado por n ou m, constitui uma constante de cada material estrutural dentro da faixa elástica e é definido por: L T ε ε ν Onde: eT = Deformação específica transversal, ou seja, deformação específica em qualquer dimensão da peça perpendicular à carga axial considerada. eL = Deformação específica longitudinal (na dimensão paralela à carga axial considerada). OBS: Para a maioria dos materiais tem-se 0,25≤ n ≤ 0,35 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Porque é negativo? Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos Exemplo: Dois materiais diferentes A e B são ensaiados à tração usando corpos de prova com 12 mm de diâmetro, medindo-se a distância entre dois pontos que inicialmente era 50 mm (ver a figura). Quando ocorre a ruptura, a distância entre os pontos de referência são 54,1 mm e 52 mm, respectivamente. Além disto, os diâmetros são 11,5 mm e 11,7 mm, respectivamente, quando a peça se parte. Determine: a) Os percentuais de deformação na direção longitudinal e transversal. Informar se foi encurtamento ou alongamento; b) O valor do coeficiente de Poisson; c) A classificação dos materiais como dúcteis ou frágeis. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 6 – O DIAGRAMA TENSÃO−DEFORMAÇÃO DE CISALHAMENTO • Para cisalhamento puro, o equilíbrio exige que tensões de cisalhamento iguais sejam desenvolvidas nas quatro faces do elemento. • Se o material for homogêneo e isotrópico, a tensão de cisalhamento distorcerá o elemento uniformemente. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos • A maioria dos materiais na engenharia apresenta comportamento elástico linear, portanto a lei de Hooke para cisalhamento pode ser expressa por: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais • As constantes do material, E, ν e G, estão relacionadas pela equação: Onde G é o módulo de elasticidade ao cisalhamento ou módulo de rigidez transversal. Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos Exemplo: Um corpo de liga de titânio é testado em torção e o diagrama tensão-deformação de cisalhamento é mostrado na figura abaixo. Determine o módulo de cisalhamento G, o limite de proporcionalidade e o limite de resistência ao cisalhamento. Determine também a máxima distância d de deslocamento horizontal da parte superior de um bloco desse material, se ele se comportar elasticamente quando submetido a uma força de cisalhamento V. Qual é o valor de V necessário para causar esse deslocamento? RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 7 – FALHA DE MATERIAIS DEVIDA À FLUÊNCIA E À FADIGA 7.1 – Fluência • Quando um material tem de suportar uma carga por muito tempo, pode continuar a deformar-se até sofrer uma ruptura repentina; • Essa deformação lenta ao longo do tempo é conhecida como fluência; • De modo geral, a tensão e/ou temperatura desempenham um papel significativo na taxa de fluência. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos • Outros fatores podem influenciar na fluência, como por exemplo, a umidade do ar e as dimensões da peça. • Gráfico deformação-tempo mostrando a recuperação das deformações: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais Capítulo Primeiro: Tração e Compressão Simples entre os Limites Elásticos 7.2 – Fadiga • Quando um material é submetido a ciclos repetidos de tensão ou deformação, sua estrutura irá resultar em ruptura. Esse comportamento é chamado fadiga. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Propriedades Mecânicas dos Materiais • Limite de fadiga é um limite no qual nenhuma falha é detectada após a aplicação de uma carga durante um número específico de ciclos. • Esse limite pode ser determinado no diagrama S-N.
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