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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG CENTRO DE HUMANIDADES - CH UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA TURMA 2 – 2016.2 PROFESSOR: ADEILDO PEREIRA ALUNO: LUCAS ALEXANDER NUNES BATISTA NÚMERO DE MATRÍCULA: 116230452 OS MITOS DA LÍNGUA PORTUGUESA ENCONTRADOS NO LIVRO “PRECONCEITO LINGUÍSTICO” DE MARCOS BAGNO E SUAS DESMITIFICAÇÕES Campina Grande – PB Março, 2017 2 Mito 1: “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente" Configuração do mito: Acredita-se que o Brasil como um todo fala a mesma língua e, portanto, deve aprender as mesmas normas. Assim, é padronizado o mesmo ensino em todo o país. Desmitificação: A língua falada no Brasil apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, e milhões que falam o português não padrão, por falta de escolarização e oportunidades. O fato de o português ser a língua falada pela maioria dos brasileiros, não o transforma num bloco homogêneo, coeso e compacto. Mito 2: “Brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala bem português" Configuração do mito: Além da reclamação frequente de que se está corrompendo o português verdadeiro e de que cada vez mais se fala errado no Brasil, ainda se diz que apenas em Portugal se fala o português “correto". Desmitificação: O Brasil possui uma gramática própria em funcionamento que se distancia da gramática portuguesa. Existem muito mais falantes de português no Brasil, que é muito maior que Portugal. Além do mais, até o lá se cometem “pecados" contra a gramática normativa portuguesa. Mito 3: “Português é muito difícil" Configuração do mito: Muitas pessoas saem da escola se sentindo incompetentes quando se trata de redigir redações ou para falar em público, por considerarem a língua portuguesa quase impossível de aprender. Desmitificação: As regras aprendidas na escola se baseiam em uma língua que não é usada no cotidiano, arcaica, então é necessário decorar conceitos e normas que não fazem mais sentido para a maioria das pessoas. Além disso, só se diz que português é muito difícil para se ganhar status e até dinheiro em cima dessa dificuldade. 3 Mito 4: “As pessoas sem instrução falam tudo errado” Configuração do mito: Se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa em todo o Brasil, ensinada na escola e explicada na gramática e nos dicionários. Desmitificação: As pessoas que falam o português não padrão não sofrem pela simples forma de falar, mas pelo preconceito social. O peso do preconceito elitista pesa sobre a linguagem também. O problema sempre é quem fala e não como fala, já que certas pronúncias são repudiadas em setores da sociedade e em outros, não. Mito 5: “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão” Configuração do Mito: Essa ideia surgiu pelo fato de se conjugar o pronome tu corretamente no Maranhão, ou seja, seguida das formas verbais com terminação em –s. Desmitificação: “Não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente ‘melhor’, ‘mais pura’, ‘mais bonita’, ‘mais correta’ que outra. Toda variedade linguística atente às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar às novas necessidades.” (p. 48) Mito 6: “O certo é falar assim porque se escreve assim” Configuração do mito: É um consenso entre a maioria dos escritores de gramática e dos professores de língua portuguesa fazer com que as regras da linguagem escrita sejam respeitadas pela linguagem falada. Desmitificação: A escrita alfabética é apenas uma tentativa de representação gráfica da língua falada, mas com suas limitações. Ela não consegue, por exemplo, representar as variedades linguísticas regionais ou inflexões. O aprendizado da língua falada precede o da escrita, mas a gramática tradicional despreza seus fenômenos. Mito 7: “É preciso saber gramática para falar e escrever bem” 4 Configuração do mito: Uma ideia de muita aceitação. Dizer que a gramática é fundamental para se dominar a língua, se expressar e escrever bem. Além de ser cobrado que as crianças saiam da escola sabendo o funcionamento da linguagem. Desmitificação: Quase todos os (grandes) escritores negam saber gramática. Saber gramática não torna ninguém mais falante ou bom escritor, e ás vezes até cria um sentimento negativo em relação ao estudo da língua. “A gramática normativa é decorrência da língua”, mas se tornou um instrumento de poder. Ela deveria ensinar as diferentes formas de se falar, mas elegeu uma como a correta e exclui qualquer uma que não corresponda a esse ideal. Mito 8: “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social” Configuração do mito: É comum dizer que é necessário ensinar a todos a língua padrão, as normas cultas da língua portuguesa, para todos possam “subir de nível” na sociedade. Desmitificação: Assim como existem muitos ricos que falam o português “correto”, existem muitos que o falam “errado”. Saber a língua padrão não muda magicamente a vida das pessoas, é apenas mais um mito que tenta mudar a superfície do problema ao invés de cuidar da raiz da maioria dos problemas econômicos e políticos da sociedade. 5 Bibliografia BAGNO, Marcos Araújo. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 30.ed. São Paulo: Loyola, 2004. p.15-72.
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