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BENEFÍCIOS DA TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS EM IDOSOS


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Benefícios da Terapia Assistida por Animais em Idosos 
Autores: Mayara Laiz Minotto MATTEI¹, Amanda D’avila VERARDI², Eduardo Negri MUELLER³, Débora Cristina 
OLSSON³, Júlia Balena SPRICIGO³, Karina ALLIEVI³, Laura CAON³, Luciana CORASSA³. 
Identificação dos autores: Autor-Bolsista¹ PROEX/PROPI Edital 444/2014, orientador IFC-Campus Concórdia² e 
colaboradores³. 
 
Introdução 
A benéfica interação dos animais com os seres humanos vem sendo construída desde a 
antiguidade, seja por fins de produção ou simplesmente companhia (DOTTI, 2005, apud 
CARVALHO Camila. et al, p 149). Admite-se que felinos tenham sido introduzidos 
voluntariamente pela população neolítica. Os felinos tinham a função de controlar a 
população de ratos que atacavam as plantações de cereais e é provável que sua domesticação 
tenha começado entre 12 e 14 mil anos atrás. A interação entre homem e animal tornou a ter 
caráter terapêutico em 1792, com a realização de um programa alternativo de tratamento, em 
uma instituição para deficientes mentais localizada na Inglaterra. Em 1867 a mesma técnica 
foi utilizada com pacientes psiquiátricos em uma instituição na Alemanha, mas somente em 
1960 surgiram, de fato, às primeiras observações científicas dos benefícios da então chamada 
TFC (Terapia Facilitada por Cães) e nos anos de 1980, relevantes pesquisas científicas 
surgiram, provando o benefício à saúde humana a partir da interação com animais, 
difundindo-se rapidamente no Reino Unido, Estados Unidos e na Europa (MARTINS 2005, 
apud CARVALHO Camila. et al). Por este modo surgiram os conceitos da Terapia Assistida 
por Animais (TAA) que pode ser considerada uma nova ciência natural e médica cujo 
objetivo é estudar o uso de animais na resolução de problemas humanos (BUDZIÑSKA-
WRZESIEÑ Elzbieta. et al). 
A TAA visa promover a saúde física através da diminuição da solidão e da depressão, 
auxilio em síndromes genéticas, mal de Alzheimer e hiperatividade, prevenindo o estresse, 
diminuindo a ansiedade, estimulando os pacientes para atividades recreativas e 
consequentemente melhorando a qualidade de vida dos mesmos. Os recursos da TAA podem 
ser direcionados a pessoas de diferentes faixas etárias, instituições penais, hospitais, casas de 
saúde, escolas e clínicas de recuperação. 
 
 
O projeto objetivou promover a melhora social, emocional ou física de idosos com 
danos emocionais e deficiências intelectuais através da Terapia Assistida por Animais 
utilizando filhotes de gatos. 
Material e métodos 
De acordo com o Estatuto do Idoso, regulamentado pela Lei nº 10,741, é considerada 
idosa qualquer pessoa que apresente idade igual ou superior a 60 anos, levando em 
consideração que o envelhecimento traz sinais específicos como diminuição da acuidade 
visual e auditiva, demência, depressão, exclusão social e sentimento de abandono familiar. 
Muitos idosos que se encontram institucionalizados apresentam emoções de forma mais 
intensa, pela falta do convívio familiar, além de apresentarem ansiedade, solidão, depressão e 
dependência emocional. 
De acordo com SANTOS et. al., (2002) avaliar a qualidade de vida do idoso implica 
na adoção de vários critérios de natureza biológica, psicológica e socioestrutural, pois vários 
elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice, como 
longevidade, saúde biológica e mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, 
produtividade, atividade, eficácia cognitiva, status social, renda, continuidade de papeis 
familiares, ocupacionais e continuidade de relações informais com amigos. Nesse contexto o 
uso da TAA facilita a socialização, pois o contato se inicia por algum assunto referente ao 
animal e estimula atividades referentes ao mesmo. 
Para o animal ser considerado um co-terapeuta ele deve ser extremamente dócil, 
sociável e saudável, a terapia também exige algumas precauções como a prevenção da 
disseminação de doenças e avaliações a possíveis alergias, fobias e aversões causadas pelo 
contato com o animal. 
O trabalho de TAA consistiu-se de visitas semanais ao Recanto Do Idoso localizado 
na cidade de Concórdia, Santa Catarina sendo que há aproximadamente 40 idosos na 
instituição. As visitas foram realizadas com duração máxima de uma hora (1h) e para a 
realização das atividades, utilizaram-se dois co-terapeutas da espécie felina, sendo um macho 
e outra fêmea. As visitas foram realizadas sempre nas sextas-feiras para que os animais não 
ficassem estressados e sobrecarregados e o paciente somente tinha contato com o animal caso 
permitisse. Os felinos foram vacinados e vermífugados, suas unhas cortadas e foram banhados 
previamente as visitas. Os terapeutas seguiram as indicações de possuírem ótimo 
 
 
temperamento e comportamento, serem sociáveis e receptíveis. Durante toda a visita os 
animais estavam sendo supervisionados por alunas do projeto, visando o bem estar do 
contactante. 
Resultados e discussão 
O projeto iniciou-se em março de 2015 e os resultados foram obtidos através da 
observação do comportamento dos idosos pelas alunas do projeto e também por meio da 
aplicação de questionários. Os questionários foram aplicados quinzenalmente de forma 
aleatória sendo que foram respondidos pelos idosos e por funcionários do local. A totalidade 
de questionários aplicados foram de quinze sendo os mesmos compostos de sete questões e 
espaço para comentários. Os questionários eram ligados a satisfação e bem estar dos pacientes 
voltados à terapia assistida por animais. Dentre uma das perguntas que compõe o questionário 
64,28% dos pacientes acharam muito importante as visitas semanais da TAA e 35,71% 
importante, nenhum idoso achou que tem pouca importância ou nenhuma importância. Em 
relação a felicidade após as visitas, 100% dos questionários respondidos avaliaram que os 
pacientes ficaram mais felizes após as visitas. Sobre a convivência social durante a TAA, 
85,71% responderem que houve melhora e 14,71% avaliaram que não teve influência as 
visitas dos co-terapeutas. Um dos pacientes comentou sobre a espera dos animais e amigos 
nas sextas-feiras de manhã e outra avaliou que não gosta muito das visitas, porém sabe que 
faz bem para os outros idosos. 
Durante as visitas foi notável perceber a alegria, satisfação, bem estar e distração dos 
pacientes. Os idosos tinham grande interesse pelos felinos, pois lembravam de acontecimentos 
na infância, assim perguntavam se os animais eram castrados e também sobre cuidados com 
banho, alimentação e local de permanência dos felinos. Foram receptivos aos animais e 
ficavam tristes quando era chegada a hora de ir embora. Houve muitas mudanças positivas no 
comportamento dos pacientes, principalmente em relação à interação social e melhora do 
humor. 
Durante a execução do projeto percebeu-se que os idosos associavam o dia com a 
chegada dos co-terapeutas e como respondido em um dos questionários aplicados, na sexta-
feira pela manhã já esperavam os animais. Outra grande mudança notada pelas alunas do 
projeto ocorreu em uma paciente a qual sempre estava triste e reclusa. Com várias sessões de 
TAA a paciente iniciou a socializar-se e a acariciar um dos animais. 
 
 
Para os idosos as visitas semanais dos felinos eram motivo de euforia, espera e alegria, 
onde a rotina de tristeza tornava-se esquecida pelo carinho e companhia dos animais. 
 
Conclusão 
Após as sessões de terapia, percebeu-se a melhora do humor com a presença dos 
animais, curiosidade a respeito dos mesmos, euforia, lembrança da infância, emoção, aumento 
da interação social com os outros idosos, refletindo diretamente na melhora da qualidade de 
vida dos internos. O projeto terá continuidade utilizando locais como a APAEe o lar Anjo 
Gabriel na cidade de Concórdia, Santa cantarina, distribuindo alegria e carinho a mais 
pessoas. 
Conclui-se com o presente trabalho que a Terapia Assistida por Animais é um ótimo 
recurso a ser estudado e utilizado para beneficiar a qualidade de vida, aumentando o bem-
estar, satisfação e interação social dos pacientes. 
 
Referências 
BRASIL, Lei nº 10.741/2003. Estatuto do idoso. Brasília: DF. Outubro de 2003 
 
BUDZIÑSKA-W, Elzbieta. et al. Therapeutic role of animal in human life – Examples of 
dog and cat assisted therapy. 2012. p. 1372-1379. 
 
CARVALHO F, D, Camila. et al. Uso da atividade assistida por animais na melhora da 
qualidade de vida de idosos institucionalizados. 2011.p. 149-150. 
 
MACHADO, D, A, C, Juliane. et al. Terapia Assistida por animais (TAA). Revista 
científica eletrônica de medicina veterinária. Ano VI-Número 10- Janeiro de 2008.p. 1. 
SANTOS, D, R, Sérgio. et al Qualidade de vida do idoso na comunidade: aplicação da 
Escala de Flanagan. Revista Latino Americana de Enfermagem. vol.10. n 6. Ribeirão 
Preto: Dezembro de 2002.p. Disponível em:< 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692002000600002>. 
Acesso em: 20 set. 2015.